Capítulo 23🦋
Alícia Parker...
"— Eu até posso te encontrar. Mas não crie expectativas. O máximo que posso te garantir é que vou te ouvir!
— Já vale pra mim, minha filha. Mas não conte a sua mãe. Assim que você sair da escola eu passo para te buscar.
— Não! Me encontre na praça do chafariz. É perto da escola e a Juliana vai comigo.
— Tudo bem. Te esperarei lá!"
Sim, esse foi um telefonema do meu pai ou o Sr Frederico, como você preferir. Aparentemente existe algum segredo na minha família envolvendo o meu nome e não, eu não faço ideia do que seja! E somente por isso, estou indo encontrar o cara que me abandonou no dia do meu aniversário, quando eu ainda era uma criança!
Eu e a Ju estamos chegando no colégio. As aulas voltam hoje e espero não sofrer tanto com a ausência do Jhonan. São duas semanas sem nenhum contato com ele. Ele prefere assim, e talvez eu também. Tem sido mais doloroso do que eu pensava, mas assim que eu começar a me concentrar no que eu preciso, isso vai diminuir.
— Amiga! Vamos a aula vai começar. Você ouviu o que o diretor falou? Achei que você ia ficar mais triste com a notícia do que eu! - Juliana desatou a falar e eu não sei sobre o que é.
— Ju? O que? Repete! Tô boiando aqui - Falei com todas as interrogações aparentes em minha testa!
— O diretor disse que o professor GG não está mais na escola. Ele teve que mudar de cidade.
— O que? Ah, poxa! O que será de nós sem as quintas calorosas do GG? Espero que tenhamos um refrigério.
— Acho difícil amiga. Agora vamos pra sala pois o Diego já separou nossos lugares.
— Ah ninguém merece! Você e Diego estão muito amiguinhos pro meu gosto.
— Para de ser chata Ali. Quando meu irmão te sequestrava pra ele, o Di que me fazia companhia.
— Não precisava me lembrar dele, sua chata! Vamos logo que hoje não tô de bom humor. Ah e você vai comigo encontrar meu pai depois da aula.
— O que? Por que não me avisou antes?
— Porque eu acabei de combinar com ele! Agora vamos!
A aula correu normal e apesar de alguns alunos novos serem totalmente insuportáveis, principalmente um tal de Nathan, tudo correu bem. E tenho a impressão de que logo, o Diego vai se declarar pra minha amiga. tá escrito na testa dele que está afim dela e só ela não vê! Ele se ofereceu para levá-la em casa na moto, mas ela disse que não dava pois eu e ela tínhamos combinado uma coisa depois da aula que era muito importante.
Agora estamos a caminho da praça, e Juliana não para de reclamar que tá morrendo de fome. Eu já até perdi a fome de tão nervosa que estou com esse encontro. Mas, enfim, chegamos na praça.
Olho para todos os lados e não vejo o Fred. Provavelmente não vai vir. Juliana está percebendo minha frustração e segurou minha mão para me dar apoio.
— Ele não vai vir. Não sei por que fui acreditar que ele queria falar comigo. Sou muito idiota mesmo!
— Calma amiga! As vezes é o trânsito ou alguma coisa que o atrasou na hora de sair. Tenha calma.
— É difícil acreditar que seja algo simples assim, é como se meu cérebro estivesse programado para não acreditar em nada que ele diz.
— Respira Alícia! Sei que é difícil, mas o que ele tem pra te falar pode mudar o rumo das coisas pra você! Então calma. A gente acabou de chegar aqui.
Apenas confirmei com a cabeça e ela me puxou para sentar no banquinho debaixo da única árvore perto do chafariz e nos sentamos lá.
Cerca de cinco minutos se passaram desde que me sentei aqui e ele nem sinal de vida. Peguei meu telefone para ver a hora e o mesmo tocou na hora. Era o Fred. Aposto que ele não vem!
"— Alícia?
— Fala. Onde você está? Estou aqui faz tempo!
— Estou estacionando o carro e quero saber se quer comer alguma coisa. eu levo pra você
— Não, obrigada! Só quero poder ir embora logo!
— Ok! Estou indo!"
Desliguei o telefone e não demorou muito para que ele chegasse. Minhas mãos estão suando muito, então esfrego elas nas pernas e já estou em pé com o coração apertado e um peso no estômago. Talvez eu coloque todo o café da manhã para fora!
Respira Alícia! Você consegue!
— Amiga, vou ficar na barraquinha de pipoca. Se precisar de mim é só gritar! - Ela disse enquanto ele se aproximava de onde estávamos.
— Tá bom Ju. Obrigada por estar aqui - Me abaixei um pouco para abraçá-la.
— Oi, minha filha! - Ele falou e eu me soltei do abraço que eu e a Ju trocamos, o encarei e não disse nada — Olá Juliana! Quanto tempo! - ele estava nervoso e meio sem graça de falar com a minha amiga.
— Vamos acabar com essa conversa de uma vez Fred. Eu preciso ir pra casa ainda - Fui mais rude do que gostaria.
— Calma amiga - Ju disse apertando minha mão — Olá senhor Frederico. - Ela deu um meio sorriso para ele e se virou pra mim mais uma vez — Estou ali na frente se precisar! Com licença! - Disse para nós dois a última frase.
Fred se aproximou de mim e se sentou onde Ju estava há pouco. Me sentei na outra ponta e respirei fundo antes de começar a falar alguma coisa.
— Bom, agora já estamos aqui. O que de tão importante você tem para me falar?
— Antes de qualquer coisa eu vou te pedir perdão mais uma vez, Alícia. Eu sei muito bem que não tenho nenhum direito de te pedir isso, mas eu espero que um dia isso seja possível. Me arrependo de não ter voltado antes para te ver, de ter te deixado nas mãos da Lavínia, de tudo! Eu me arrependo de tudo! - No momento talvez eu não seja capaz de dizer que ele estava realmente sendo sincero,pois eu não o conheço, mas é o que seus olhos tristes me revelam, sinceridade.
— Olha, eu já disse que ainda não estou pronta pra isso e não quero que você insista mais. - Eu sei fui grossa de nova.
— Me perdoe se sentes que eu te pressiono, mas não é o que estou fazendo. Estou fazendo apenas o que meu coração e minha consciência me pedem há anos. Sou um péssimo pai, se é que posso me colocar nessa posição, pois quando mais precisou de mim eu não estava. Mas, não é sobre isso que vim falar com você Ali, vim contar o porquê de algumas coisas terem acontecido a você!
— Pois então para de enrolar e fala de uma vez!
— Há umas duas semanas e meia recebi uma ligação de um rapaz que se importa muito com você! Ele me ligou querendo saber por onde eu andava, o porquê de eu ter sumido durante tantos anos e reaparecido de repente e te dado um cheque sem mais nem menos.
— Como ele conseguiu seu número? - Jhonatan não falou nada, por que me escondeu isso?
— Alícia, escute e depois eu respondo qualquer pergunta sua - Acenei em confirmação e ele prosseguiu — Esse rapaz depois de me ouvir, me contou o que anda acontecendo entre você e a Lavínia. E filha, eu juro por Deus que se eu soubesse que ela te tratava dessa maneira eu já teria voltado muito antes. Então, ele me pediu que te procurasse e te ajudasse a enfrentar a Lavínia, mas isso é algo muito complicado e vamos ter que esperar você fazer 18 anos pra isso.
— Do que você está falando?
— Os avós da Lavínia eram pessoas muito bem de vida. Eles que criaram a sua mãe, como filha deles, pois a sua avó morreu no parto assim que sua mãe nasceu. Ela é filha única. Você só tem uma tia e um tio que são meus irmãos. Sua mãe era uma filha muito rebelde e fez muita coisa errada quando adolescente. Quando eu a conheci em um dos shows que naquela época a minha banda fazia, já éramos adultos e sua mãe ainda agia como uma adolescente. Mas nós nos apaixonamos de verdade. Sua mãe era a morena mais linda daquele lugar, tinha um samba no pé que era natural!
— O Senhor pode pular essa parte melosa? Detesto essa melação toda.
— Só quero que você entenda tudo o que realmente aconteceu.
— No caso, o que realmente aconteceu no seu ponto de vista né! Mas tá, prossiga.
— Depois de dois meses vivendo um relacionamento às escondidas, pressionei sua mãe para que me levasse até a família dela para me apresentar formalmente e oficializar o nosso namoro. Naquela época, essas coisas contavam muito. Os avós dela quando me conheceram não gostaram muito, mas permitiriam nosso relacionamento pois Lavínia parecia outra pessoa depois que me conheceu.
— Entendi essa parte, quero saber o que eu tenho a ver com tudo isso!
— Quando pedi a mão da sua mãe em casamento eles ficaram muito felizes e aliviados. Seu bisavô estava com câncer de próstata e sua mãe deixava ele muito preocupado, pois pensava que quando ele se fosse, sua mãe acabaria com toda a riqueza que eles construíram durante toda uma vida. Sua mãe só queria saber do dinheiro deles e nunca demonstrou gratidão por nada que eles fizeram por ela. Abigail era o nome da sua bisa, e ela morreu de desgosto antes de você nascer e antes do seu avô que já estava muito debilitado devido ao câncer.
— Por que Abigail morreu de desgosto?
— Sua mãe planejou envenenar o seu Jorge, seu bisavô. Ela descobriu pois encontrou um papel com o valor de remédios que o matariam silenciosamente. Sua mãe já estudava para ser enfermeira e quando dona Abigail viu aquilo a pressionou para saber a verdade.
— Eu não posso acreditar nisso! Ela é louca, mas jamais mataria alguém! Ela não é... não pode...- As palavras estavam sumindo e minha mente fervilhava com tanta informação. Até que ponto será que é verdade. Fred percebeu que minha mente já estava longe e chamou minha atenção.
— Alícia! Essa é a parte da história que você entra. - Olhei pra ele e ele continuou — Quando sua mãe confessou aquilo, ela soube que seria expulsa de casa e então inventou uma gravidez falsa. Dona Abigail começou a ficar muito mal pois já não dormia mais a noite com medo de que ela fizesse algo. Nosso casamento foi adiantado pois sua mãe estava supostamente grávida. Mas com os meses passando e nada da barriga da sua mãe aparecer dona Abigail percebeu que era uma farsa.
— Isso parece uma bela novela mexicana. Tá sendo muito difícil de acreditar. - Falei com deboche pois era difícil de acreditar que a mulher que me colocou no mundo, por mais que não me ame, ela seria capaz de fazer esse tipo de coisa
— Pois acredite minha filha, eu descobri muitas dessas coisas bem depois, e muitas delas foram motivos de eu ter ido embora.
— Tá continua pois estou curiosa agora. - Ele riu e continuou.
— Dona Abigail morreu cinco meses depois do casamento na madrugada de uma sexta para um sábado. Parada Cardíaca.
— Tadinha da dona Abigail - Falei me sentindo triste de verdade. Abigail parecia ser aquela avó doce e gentil.
— Você se parece muito com ela Ali. Os Olhos, o cabelo, são muito parecidos.
— Principalmente pelo fato de nós duas sofrermos na mão da Lavínia. - Ele soltou um riso nervoso e sacudiu a cabeça em negação.
— Depois disso, sua mãe cresceu para cima do seu Jorge e quando ela achou que ia ficar com tudo pra ela, você veio. Seu Jorge parou com o tratamento que fazia há anos e disse que viveria o tempo suficiente para te pegar no colo e que depois descansaria em paz! - Senti um aperto no coração com essa nova informação
— Ele conseguiu? - Fred me olhou com as sobrancelhas franzidas — Me segurar no colo?
— Ele morreu quando você ainda tinha cinco meses de vida.
— Nossa! Gostaria de ter podido conhecê-lo. Sinto que perdi pessoas importantes mesmo sem tê-los conhecido.
— Você foi o que manteve seu Jorge vivo. Ele morreu na mesa de café da manhã sentado. Sem nenhum sofrimento.
— Nossa! Impressionante.
— Sim, minha filha! E o que deixou sua mãe com mais ciúmes de você foi o que ele fez sem ela saber!
— E o que foi?
— Ele deixou em contrato, registrado no cartório oficial de São José dos Campos, que toda a fortuna que ele tinha, só poderia ser mexida por você quando você completasse seus 18 anos, estando solteira e caso você tivesse algum problema, sua responsável poderia assumir por você!
— Mas, como? Por que? Eu tô muito confusa! Por que a Lavínia nunca falou nada? Eu não entendo!
— Alícia, sua mãe nunca falou nada porque se você soubesse ela não teria como alegar que você é incapaz e assumir todo o dinheiro.
— Meu Deus! Quanto mais você fala, mas impressionada eu fico. Você tem como provar isso?
— Sim! Eu tenho uma cópia do contrato. Consegui assim que descobri isso.
— Há quanto tempo você sabe?
— Pouco mais de um ano.
— E por que só agora resolveu me contar ou me procurar?
— Sua mãe tem um mandado de afastamento entre eu e vocês. Ela conseguiu isso há algum tempo. Eu estou tentando reverter e consegui uma abertura pra te ver aquele dia em casa.
— Por que ela fez isso?
— Porque ela descobriu que eu também tenho uma parte do dinheiro, pouca coisa comparado a você! Mas também só posso usar depois que você liberar!
— Você realmente traiu a mamãe com outras mulheres durante os shows?
— Eu traí sua mãe, sim! Não sou santo e nem tudo é culpa dela. Eu fiz escolhas erradas naquela época em relação ao nosso casamento, coisas que eu me arrependo pois foram o estopim para ela me separar de você por todo esse tempo!
— Entendo. Aquele dia foi o pior de toda a minha vida. Era a droga do meu aniversário e eu queria um abraço de vocês e escutar o quanto eu era especial. Lavínia só se lembrou de falar comigo a noite quando a tia Cíntia e a Juliana apareceu lá em casa.
— Perdão, filha! Me perdoa por todos esses anos que você tem sofrido com ela. Eu passei tanto tempo me lamentando por ter feito o que fiz e me mantendo separado de vocês por pensar que era o melhor pra você, que...
— Olha, eu não vou dizer que acredito 100% nessa história maluca, pois você acabou de voltar pra minha vida. Literalmente! Então vou ler esse contrato que você tem a cópia e depois vou confrontar a Lavínia.
— Você não pode confrontar a Lavínia, Alícia! Se ela descobrir que você sabe, nem sei o que ela seria capaz de fazer a você... - Ele parou para pensar, suspirando pesadamente e passando as mãos na cabeça de cabelo bem baixo, quase raspado e me deixando um pouco perdida — Filha, se você precisa de provas de que o que eu estou falando é verdade, procure na internet sobre o Ateliê de Jóias Abigail. Você vai ver toda a história sobre o casal e que não pode dar continuidade ao legado pois a única filha morreu no parto e a única neta sumiu no mundo.
— Tudo bem, eu vou procurar. E obrigada por me contar. Vou pensar sobre tudo isso e ver o que fazer da minha vida!
— Obrigado por me ouvir. Eu espero que algumas coisas possam estar esclarecidas e sempre que quiser falar comigo é só me ligar que eu venho te encontrar! - Dei um sorriso pra ele que me retribui no mesmo instante — Posso te dar um abraço filha?
— Não sei, talvez seja um pouco cedo demais. Ainda não consigo ultrapassar algumas barreiras.
— Tudo bem minha filha. Não se preocupe. Quando você estiver pronta, eu estarei! - Sorrimos um para o outro novamente — Então eu me vou. Você tem meu telefone e depois que pensar sobre o assunto me liga pra me dizer se pretende fazer alguma coisa ou se vai seguir em silêncio até os 18. Vou te apoiar em qualquer decisão.
— Eu te ligo. E obrigada de novo! - Ele abaixou a cabeça como um cumprimento antigo e foi embora. Juliana veio correndo até mim. Me sentei de volta no banco.
— E aí amiga? Como foi? Quer pipoca? - Senti o cheiro da pipoca doce e me levantei.
— Vamos embora... - Minha fala foi cortada quando começou a me dar ânsia de vômito.
— Ali, o que foi? Você está me assustando!
— Não... - Mais uma vez. Corri até o latão de lixo perto do poste na entrada da praça e vomitei.
— Amiga, o que aconteceu? Pelo amor de Deus, você me deixa nervosa! - Terminei de por tudo pra fora e coloquei a mão na frente da boca pra falar com ela.
— Preciso ir pra sua casa. Te conto tudo lá.
— Tudo bem, vou avisar a minha mãe que tenho uma emergência de amigas e depois eu vou para a confeitaria. Aproveito pra trocar de roupa pois hoje começo o curso de enfermaria.
— Então vamos!
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🦋 Contém 2850 palavras 🦋
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Fotinho de como eu vejo o pai da Ali. Mas você pode imaginar como quiser!
Olá Clichezeiros do meu coração 💖
Liberando os capítulos da semana pra vocês. Espero que gostem!!
Comentem aí pra eu saber o que acharam dessa história que o Fred contou pra Ali.
Beijos!!
Obs: já já libero o próximo capítulo!!!!🦋
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