Capítulo 20🦋


Aviso de gatilho!

Neste Capítulo, teremos relato de assédio e brigas familiares. Se sentir desconfortável para ler, por favor me procure. Estamos aqui para nós ajudarmos!💖

Alícia Parker...

Assim que entrei no quarto dele, eu o abracei. Ele me apertou de volta e comecei a chorar desesperadamente. Quanto mais eu chorava, mais ele me apertava. Nunca vou esquecer o que aconteceu e o quanto minha mãe foi injusta. Como ela sendo mãe e mulher pode ter me dito tantas coisas ruins? Eu não entendo.

Jhonan começou a acariciar meus cabelos enquanto eu me acalmava em seus braços!

— Morena, você precisa de alguma coisa? Quer que eu faça algo pra você comer, ou quer ir tomar banho, ir ao banheiro? - Ele perguntou ainda abraçado a mim, depois que meus soluços diminuíram.

— Só quero ficar aqui e chorar!

— Eu to aqui! Faço qualquer coisa! Odeio ver você chorando assim!

— Obrigada por estar aqui! Não sei o que faria sem sua ajuda! - O apertei mais uma vez e me afastei ficando de frente para ele — Por que não gosta de me ver chorar? Vou me controlar agora, prometo!

— Não morena! Não faz isso! Não gosto de te ver chorar porque sei que quando isso acontece é que a dor ficou insuportável demais! - Ele segurou meu rosto e acariciou minhas bochechas com os polegares — Não gosto de te ver chorar, mas gosto de ser um porto seguro pra você!

— Você acertou em tudo que disse! - O abracei mais uma vez, rapidamente e ele segurou minhas mãos me puxando para andar até sua cama.

— Vem senta aqui na minha cama - Eu me sentei e ele abriu o guarda-roupa — Vou pegar um travesseiro e um cobertor aqui pra mim. Posso dormir aqui no chão ou você prefere que eu durma no sofá?

— O quarto é seu! Deixa que eu durma no sofá.

— Então pode ficar aí que eu desço! Se precisar de alguma coisa me avisa. - Eu acenei com a cabeça e ele já ia sair pela porta. Mas não era isso que eu queria.

— Jhonan! - Chamei-o — Fica! Não quero ficar sozinha! - Seu sorriso em resposta me mostrou que era o que ele queria ouvir. Deu meia volta, entrou e fechou a porta.

— Tem certeza que quer que eu fique? - Ele se sentou à minha frente, nós dois com as pernas em formato de borboletas e entrelaçou nossos dedos, com as duas mãos.

— Tenho! Não quero ficar aqui sozinha. Você traz calma ao meu coração!

— E você ao meu!

Ficamos em silêncio. Nossos olhares diziam tantas coisas. O peso das nossas palavras ditas mais cedo, me rodeava. Eu tentei não me deixar levar pelos sentimentos antigos. Mas só de olhar em seus olhos eu perdia toda a noção de realidade que eu criava. Ele foi o primeiro a quebrar o silêncio entre nós.

— Quer conversar sobre o que aconteceu com vocês?

— Não queria, mas sei que preciso te explicar as coisas. E se eu não falar, vai morrer de curiosidade!

— Ai não vale! Você é sempre cheia de mistérios! Minha natureza é curiosa!

— Eu sei bobo! - Rimos do que ele disse — Obrigada por deixar as coisas mais leves! Se você não aparecesse, ou não atendesse o telefone, eu nem sei o que..

— Hey! Calma! Já passou! - Só notei que uma lágrima escapou pois ele passou o polegar na minha bochecha para afastá-la e depois voltou a entrelaçar nossos dedos. Respirei fundo.

— Obrigada, Jhonan! Obrigada mesmo! - E eu só consigo dizer isso. Palavras entaladas na minha garganta teimam para sair!

— Vai me contar ou eu vou ter que implorar? - Ele perguntou com os olhos aflitos.

— Hum, isso é bem tentador! Talvez eu espere você implorar! - Ele me olhou com uma expressão de quem não acredita no que acabou de ouvir e eu comecei a rir — Tudo bem, vou te contar! - Ganhei um beijo nas costas das mãos

— Até que enfim! Agora me fala, o que aquele homem fez com você? - Seus olhos ficaram escuros na mesma hora que me perguntou sobre o namorado da minha mãe.

— Lembra que te falei sobre um cara que minha mãe levou lá em casa ontem? - Ele afirmou com a cabeça e eu prossegui — Ela chamou ele de novo lá pra casa. Mesmo depois do que ele fez, me olhando como se eu fosse um pedaço maldito de carne

— Não acredito que ela chamou ele de novo! Por que ela fez isso?

— Calma, brigão! Ela é louca! Ela disse que o que rolou não foi culpa dele, foi minha por não saber me arrumar de acordo com a ocasião e chamei muita atenção pra mim! O que não tem o menor cabimento!

— Não tem mesmo! Nenhuma mulher tem culpa disso! O doente sempre será o homem que não sabe controlar os próprios impulsos. Nenhuma roupa impediria ele de fazer isso com você - Olhei pra ele com brilho nos olhos e meu coração se apertou de tanto orgulho dele.

— Exatamente! Mas para não contrariá-la e perder os desenhos que me restam, eu coloquei calça comprida, blusa preta de mangas e gola comprida. Prendi meus cachos, não disse uma palavra durante o jantar e mesmo assim ele continuou jogando piadinhas de duplos sentidos e me encarava quando ela não estava olhando. Continuou me olhando com malícia o que me causava repulsa! Eu praticamente nem comi nada de tão enjoada que ficava só de olhar pra cara daquele monstro.

— Sua mãe não percebeu nada? Em nenhum momento?

— Se percebeu, fingiu que não! Ela continuou conversando e quando deu o jantar por encerrado eu subi direto pro meu quarto.

— Da onde sua mãe conhece ele? Por que pra uma mulher que vive no trabalho, quando foi que ela começou a sair para encontros?

— Pelo o que eu entendi, ela conheceu ele no hospital mesmo, mas não, ele não era nem médico, nem enfermeiro. Ele foi atendido lá pois estava com uma virose e depois que ele melhorou chamou ela pra sair. Sabe aquelas noites que ela disse que tava de olho em mim, mas vivia saindo com as "amigas"? - Ele assentiu e eu prossegui — Então, as amigas na verdade era ele. Ele insistiu em me conhecer pois eu sou filha dela e queria as coisas tranquilas e como devem ser. Só de pensar meu estômago já revira!

— Ele foi um grande filho da puta então!

— Sim, foi!

— Entendi essa parte, o que tô mais preocupado é como ele fez pra chegar até você, antes da confusão toda.

— Depois que fui pro quarto, eu me troquei e fui deitar. Coloquei meu pijama e fiquei pensando em nós! No que tínhamos conversado..

— Conversado não, discutido por causa da sua cabeça dura!

— Jhonatan! - Cruzei os braços e fechei minhas feições para demonstrar minha braveza — Nós dois estávamos chateados e falamos demais!

— A gente fala disso depois! Termina o que você estava me contando!

— Ta! Enfim, fiquei pensando em como vai ser difícil não ter você por perto e como queria que você estivesse ali comigo.

— Se você me pedisse, eu ficaria Ali! Eu ficaria por nós!

— Jamais te pediria para abandonar seu sonho, Jhonan!

— Eu sei! Mas às vezes os sonhos mudam!

— Não esse sonho! Já conversamos sobre isso! Somos muito novos e ainda temos uma estrada longa pela frente! Tudo pode acontecer e se por algum motivo a gente não der certo você me culparia por te atrapalhar a viver o seu sonho!

— Eu não faria isso!

— Não temos como saber e quando estamos magoados sempre culpamos alguém!

— Ok! Não vamos falar disso agora! Deixa eu deitar pois minhas costas estão doendo! - Ele se esticou na cama e eu encostei as minhas costas na parede — Continua! Depois de tanto pensar você dormiu?

— Sim! Eu dormi!

— Aconteceu o mesmo comigo! - Ele se colocou de lado e começou a desenhar círculos em minhas pernas que estão dobradas em formato borboleta.

— Eu apaguei e acordei com a mão gelada do homem nas minhas coxas.

— Meu Deus Ali! - Ele falou espantado apoiando o cotovelo esquerdo na cama — Como, como ele entrou no seu quarto? A porta estava destrancada?

— Não! Minha porta está sempre trancada. Ele pegou a chave extra no quarto da minha mãe. Quando eu vi ele em cima de mim, comecei a gritar e não demorou muito pra minha mãe aparecer no quarto. Eu já estava enrolada no edredom e ele com as mãos pra cima dizendo que não tinha acontecido nada.

— Filho da puta! Espero que sua mãe vá fazer o boletim de ocorrência!

— Eu também espero. Depois disso, ela explodiu e começou a jogar as coisas nele aos berros. Me xingou de vagabunda, disse que eu me ofereci pra ele a noite inteira e depois que me deu um tapa no rosto eu corri pro banheiro e me tranquei. Ela não percebeu pois estava preocupada em jogar as coisas no Dominic.

— O nome dele é Dominic?

— Sim! Acho que nunca mais vou esquecer! Nunca senti tanto medo na minha vida!

— O desgraçado foi convicto do que queria fazer com você, então!

— Foi! E isso é o que mais me apavora. O pior é que eu nem sabia que ele tinha dormido lá. Dormindo com a minha mãe! O quão doente esse cara é, ao ponto de dormir com a minha mãe e depois querer fazer isso comigo?

— Eu também não entendo esse tipo de ser humano! Me dá nos nervos! E se tem uma coisa que eu jamais vou fazer depois que me formar, é defender gente como ele! Não importa quanto dinheiro vão querer me pagar, jamais aceitarei!

— Se você não tivesse atendido minha ligação, não sei o que faria! Eu estava apavorada!

— Quando ouvi você chorar no telefone eu também fiquei. Sai daqui sem nem pensar em nada, agi completamente no automático!

— Desculpa te deixar preocupado!

— Não me peça desculpas por isso! Você não tem culpa de nada e se eu pudesse voltaria no tempo para evitar isso. Te pegaria no colo e te arrastaria pra cá, mesmo depois de termos brigado!

Sorri pra ele e deitei ao seu lado. Ele me abraçou e beijou o topo da minha cabeça. Sentir o perfume dele me trouxe um conforto e uma calmaria. Me senti segura e mais aliviada.

— Sabia que quase te agarrei quando disse pra sua mãe que éramos namorados?

— Se você faz isso, aí que não saio viva de lá!

— Boba, ela jamais teria forças pra tirar você dos meus braços.

— Hum, que homem forte! - Gargalhei e ele também!

— Mudando de assunto agora, vamos ter que contar pra minha mãe o que aconteceu lá com vocês. Dona Cíntia não é tão fácil de se enganar e ela sabe que ainda não somos namorados.

— Ainda é?

— Ainda! Mas sei que você vai mudar de idéia logo, logo.

— Ata! Vai sonhando bebê! Espera sentado que em pé você cansa!

— Poxa morena! É uma ideia tão ruim ser minha namorada assim?

— Não, não é isso Jhonan! É só que...- Não tive o que dizer e mudei de assunto — Outro dia a gente conversa sobre isso. Vamos dormir porque daqui a pouco amanhece.

— Primeiro eu quero um beijo de boa noite!

— Te dou quantos quiser!

Ele levantou meu queixo e ajeitou o corpo um pouco para baixo, na cama, e beijou a ponta do meu nariz, desceu até meu queixo, beijou minhas duas maçãs do rosto, minhas pálpebras e por fim meus lábios. Nosso beijo era calmo e me remetia a uma valsa bem ensaiada, com movimentos precisos, certeiros, intensos na medida certa. Nossos lábios estavam perfeitamente encaixados, sua língua deslizou por meu lábio superior e gentilmente encontrou a minha.

Meu corpo respondeu ao seu toque com um arrepio por ele todo. Sensações e lembranças invadiam minha mente e me deixei levar pela paixão transmitida naquele beijo. Sua mão que estava livre em cima dos meus ombros, descia pelo meu braço e minha costela, mas em nenhum momento ele avançou o sinal. Cruzei os braços atrás do pescoço dele e puxei seus cabelos com a quantidade de força certa e nosso beijo ficou mais intenso. Não demorou muito para que o corpo dele reagisse a nós.

— Desculpa! - Ele falou assim que afastou nossos lábios — As vezes não consigo evitar! - Ele virou de costas pra mim.

— Não precisa se desculpar, Jhonan! É normal que aconteça, já que a gente estava se agarrando.

— Eu sei, mas não queria que você interpretasse de maneira errada!

— Não interpretei! Pode relaxar!

— Estou tentando relaxar! - Eu dei risada mas logo parei pois notei que ele estava constrangido.

— Vou virar de costas então! Fica melhor pra você!

— Ah não Ali! Ai você vai ficar de bundinha pra mim! Não sou de ferro, morena! Vou ir pegar um ar lá fora rapidinho, vou no banheiro e já volto!

Ele levantou correndo e eu puxei o cobertor pra mim dando risada do que tinha acabado de acontecer. Cada minuto que passo com ele, sinto mais raiva da decisão de afastá-lo, que tomei! Ele me faz bem, me quer bem, não tenho motivos a não ser a distância que ficaremos em alguns dias, para não aceitar ser a Alicia do Jhonan.

Acho que agora me dei conta de que o que eu sinto por ele vai muito além de uma afinidade ou desejo carnal. Ele conseguiu pegar algo ruim que me aconteceu e transformar a sensação ruim que eu estava carregando em mim, em algo mais leve. O dia de hoje foi uma merda desde a hora que acordei, mas ele vem e me faz ter um momento mais descontraído com ele fazendo eu perceber o quanto ele ficou vulnerável por minha causa. E assim de uma maneira leve ele me fez sentir tranquila e segura, em paz como não me sentia a muito tempo!

— Agora vamos dormir morena! - Ele entrou no quarto e deitou de barriga pra baixo ao meu lado. Eu o abracei!

— Vamos pois eu estou morta!

Deitei a cabeça em seu ombro e simplesmente dormi. Dormi com um sorriso nos lábios. Só lembro que o céu estava clareando lentamente, pois foi a última coisa que olhei, através da janela fechada e persianas abertas de seu quarto.

[...]

— Jhonatan, meu filho, levanta que já... Ah! Alícia?

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🦋Contém 2330 palavras🦋
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Bom amigos. Tá aí os dois capitulos da semana.
Obrigada por lerem! Amo vocês. E fiquem sempre a vontade para comentarem e votar na 🌟. Me ajuda muito saber o que vcs estão achando!

Beijinhos💖🦋

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