Capítulo Vinte e nove | Bultaurone


— O que vocês achavam que estavam fazendo? — questionei depois de um tempo, enquanto puxava um Taehyung semi-cego pelo pulso até o elevador do prédio aonde moro.

Tinha o salvado de um quase inevitável linchamento ameaçando todo mundo com meu Spray que aliás foi um herói e tanto essa noite, nunca agradece tanto a mim mesma por ter a ideia de comprá-lo.

— Não sei. — murmurou coçando com as costas da mão os olhos inchadinhos e vermelhos.

Bufei rolando os olhos entrando na caixa metálica acionando o meu andar, observei o nosso reflexo pelo espelho vendo nossa nítida diferença de altura, até porque eu sou quase uma nanica, vi que Taehyung olhava para nós também e semicerrei os olhos para ele por ainda estar brava e ele fez biquinho baixando a cabeça.

O elevador abriu e eu voltei a puxá-lo pelo pulso.

— CHOI! — me assustei com alguém gritando meu nome e reparei em Daejung me olhando de olhos arregalados no meio do corredor. — Você está viva!

— Pois é né, parece que sim. — murmurei irónica passando por ele com Tae em meu encalço.

— Cara, eu tomei um susto! Estava quase chamando todas as forças armadas pra te procurar. — falou afoitamente e eu arqueei uma sombrancelha fitando a caixa de pizza e uma garrafa de Fanta laranja em suas mãos.

— Tô vendo.

— Quem é ele? — Daejung perguntou enquanto eu digitava a senha para abrir a porta.

— Isso meio que não é da sua conta — eu disse.

— Ele me parece familiar. — Daejung disse olhando desconfiado para Taehyung que lhe fez uma careta, a típica de quando não gostava de alguém.

— Aish. Ele é meu namorado! Satisfeito? — falei impacientemente, na esperança de que ele me deixasse em paz.

— O quê!? Mas-

— Adeus! — fechei a porta na cara dele e suspirei cansada me virando e encontrando Taehyung me olhando sem piscar.

— O que foi?

— Eu sou seu namorado? — questionou baixo.

— Não. — respondi seca passando por ele. — Vou tomar um banho. Não toque em nada! — falei quando me virei e encontrei ele pegando no vaso de flores da mesinha central. Ele escondeu as mãos atrás do corpo.

Simbolizei um “Estou de olho em você” e dei as costas indo para o meu quarto. Diferente do quarto azul do Jimin, que era onde eu dormia antes, esse tinha a cor bege e eu até gostei. Calmamente retirei minhas roupas e fui até o banheiro, mas parei em frente ao espelho grande que se encontrava por cima da pia e sorri olhando para minha barriga já grande, afinal são cinco meses atualmente, confesso que tinham várias desvantagens de conviver com um barrigão enorme que a cada dia cresce mais, como a dor na coluna, a limitação de certos movimentos, a posição de dormir, os pés inchados entre outros, mas tudo isso ameniza quando penso que esse é o caminho que tenho que percorrer para ter meu feijãozinho nos braços.

Tomei um banho relaxante, aproveitando lavar meus cabelos outra vez naturais e castanhos, e acho que por um bom tempo os manterei assim. Estava totalmente despreocupada, até lembrar que deixei um Taehyung sozinho no meio da minha sala novinha o que me fez parar o banho na hora e me envolver em um roupão felpudo e longo e uma toalha na cabeça.

Digamos que desde o fogo na cozinha ninguém mais confia nem nele nem no Jimin.

— Você não quebrou nada não é!? — falei indo checar se as paredes continuavam nas paredes antes de voltar para o quarto me vestir. Mas me surpreende ao chegar na sala.  — O que vocês fazem aqui!? — cruzei os braços.

— É assim que você recebe suas visitas? — Jin questionou comendo os pãezinhos doces que eu tinha feito mais cedo.

Espera! Ele estava fuxicando minha cozinha?

O que eu tô perguntando? É claro que sim!

Namjoon estava folheando os livros da minha estante, Yoongi estava deitado no chão apoiando a cabeça em uma mão, Jungkook estava tão entretido quanto Hoseok no programa que passava na televisão e Taehyung junto com Jimin pareciam mais interessados em avaliar centímetro a centímetro o meu apartamento como se nunca tivessem visto um na vida.

— A gente veio buscar o Tae. — Namjoon murmurou sem me olhar parecendo entretido no livro de receitas de bolo em suas mãos.

— Já podem levar ele. Tchau! — falei.

— Aish, não seja assim. Nós acabamos de chegar e estamos cansados por ter corrido naquele cemitério. — Seokjin falou de boca cheia.

— Ah, isso me lembrou que estou brava com vocês! — falei me sentindo mal humorada assim que revive o que eles me fizeram. — Qual era o vosso plano ein! Que ridículo! Quem raios tirou essa ideia maluca!? — andei até eles parando no centro. — Aposto que foi você! — apontei.

— Porque eu? — Hoseok questionou de olhos arregalados parecendo ofendido. — Porque você sempre me culpa!?

— É, Choi, porque você sempre culpa ele? — Seokjin se intrometeu.

— Na verdade... — Taehyung disse se aproximando. — Foi ele quem tirou a ideia — apontou para o dito cujo. — E eu só tratei de convencer os outros.

— O quê!? — abri a boca surpresa — Eu esperava isso de todos menos de você Jungkook! — falei balançando a cabeça negativamente pondo as mãos na cintura.

— Me desculpe noona. — pediu baixando a cabeça.

Revirei os olhos pela sua forma de tratamento, desde que me mudei ele simplesmente cismou em me chamar assim — sou apenas três meses mais velha. — e agora mesmo eu pedindo ele não para.

— Onde você achou isso? — perguntei para Taehyung que tinha um sutiã meu nas mãos.

— Por aí. — deu de ombros.

Estava pronta para arrancar aquilo das suas mãos e de brinde dar um tapa nele por ser um fuxiqueiro intrometido mas fui interrompida por um Jimin muito, muito inquieto.

— Gente... — falava se coçando no rosto, nos braços e em torno do tronco parecendo agoniado. — V-vocês não estão sentindo uma coceira estranha? — questionou se contorcendo de jeito esquisito tentando alcançar as costas.

— Agora que você fala nisso... — Hoseok disse coçando a cabeça. — Sim, sim eu sinto.

— E-eu também... — Jungkook disse e então começou a coçar desesperadamente seu corpo.

Todos desviamos a atenção para Yoongi que se contorcia afobado no chão coçando tudo que alcançava, principalmente o pescoço.

Semicerrei os olhos desconfiada.

— Isso não é mais um plano vosso né? — cruzei os braços.

— Não! — responderam em uníssono.

Continuei desconfiada observando eles. Jimin estava começando a ficar vermelho de tanto se coçar, Hoseok choramingava por não alcançar a parte de trás, então foi até uma parede e ficou esfregando as costas lá afoito, Namjoon batia em seu próprio corpo com os livros talvez na esperança disso amenizar a coceira, Taehyung estava se coçando com o meu pente de cabelo — acho que vou ter que revistar ele antes de sair — Yoongi parecia estar sendo possuído e Seokjin esfregava os bolinhos na pele.

Ok. Jin nunca, sobre hipótese nenhuma desperdiçaria comida! Agora fiquei preocupada.

Me aproximei do aroxeado começando a ajudá-lo a se coçar quando de repente meu olhos capturaram algo de estranho e minúsculo no tecido do manto que usava.

— Ei Jin, o que é isso? — falei mostrando um bichinho vermelho-alaranjado para ele.

O de ombros largos arregalou os olhos.

— Que horror! Onde achou!?

— Na sua roupa.

— Tem na minha também! — Jimin gritou.

— E na minha! — Jungkook falou pegando um bichinho como o que eu tinha pego.

Das duas uma, ou eles
foram infestados ou Rogivaldo lançou uma praga neles.

— São os mantos! — Namjoon praticamente berrou.

Jimin e Yoongi que se levantou rapidamente, seguraram nas barras das suas vestes prontos para tirar.

— Ei, esperem! — intervi erguendo as mãos, os parando. Então olhei para todos eles. — Vocês estão usando roupas por baixo dos mantos certo? — averiguei.

— Err...

— Na verdade...

— É que tava muito calor sabe?

— Então...

— Meio que-

— ...Não.

— Cueca ou boxer conta? — Hoseok que agora estava do lado do Namjoon indagou.

— Não. — respondi logo, firmemente.

— Mas-

— Não!

— A gente está morrendo.

— Foda-se!

Eles logo murcharam, voltando a si coçar como condenados. Naquele momento a campainha tocou e eu tive que desviar minha atenção dos rapazes para ir abrir a porta, e foi o que eu fiz, me arrependendo em seguida.

— Choi! — Daejung disse em frente a porta. — Nós ainda não tinhamos terminado de conversar, você ainda não me contou o que acontec- — De repente ele parou de falar olhando para algo além de mim.

Curiosa, girei o pescoço querendo sanar a dúvida do porque da sua paralisia repentina e me surpreendi com a imagem dos meninos perambulando semi-nus na minha sala ainda se coçando, porém com menos intensidade.

— Ei! Eu mandei vocês não tirarem as roupas! — ralhei.

— Nos desculpe noona. — Jungkook pediu novamente, passando as unhas no seu braço tatuado. — Não conseguimos aguentar.

Irritada voltei a olhar para frente encontrando um Kim Daejung pálido como papel me olhando de forma que eu podia descrever como chocada e assombrada. Ele passou os olhos os olhos pelo meu corpo ainda coberto pelo roupão, depois para os meninos.

Para mim. Para os meninos. Para mim. Para os meninos.

— E-eu t-tenho que voltar pra c-casa. — gaguejou e sem dar mais tempo para que eu o respondesse correu para o outro lado do corredor.

— Cara esquisito. — uma voz grossa murmurou atrás de mim. — Quem é?

— Meu vizinho. — eu disse dando de ombros fechando a porta. Mas no momento em que me virei choquei meu rosto com um peitoral.

— Desculpa. — Namjoon pediu sorrindo timidamente dando espaço para eu passar.

A cada passo que eu dava era uma marca diferente de cuecas e boxer que eu via. Calvin Klein, Lupo, Zorba... Engasgei. Pelo santo Senhor! Minha casa virou um cabaré de alta qualidade e eu nem sabia.

Pigarriei tentando me recompor e focar nos rostos.

— Okay, agora sério, todo mundo fora da minha casa! — exclamei alto e em bom som.

— O quê!? — Jin disse saindo da cozinha. — Não podemos ir agora.

— Ele está certo Choizinha — Hoseok falou — Não podemos ir, está tarde, nenhum de nós levou o carro, não trouxemos dinheiro, tem uma gente assassina lá fora nos caçando e não podemos andar semi-nus por aí sem  correr o risco de sermos atacados.

— Ele tem razão. — Namjoon concordou.

Suspirei vencida.

— Tá! Okay... — cedi e eles comemoraram. — Mas vocês vão ter que voltar a colocar os mantos!

— Não! — Jimin disse rapidamente.

— Sim! — falei e então peguei em uma das vestimentas abandonadas no chão e forcei contra o corpo do rosado. — Coloca essa merda Park Jimin!

Eu não quero ficar encarando feito idiota o seu abdômen definido!

— Não!

— Sim! — Então perdendo totalmente a paciência comecei a forçar mais o tecido contra Jimin querendo obrigá-lo a vestir mas ele estava realmente relutante.

E então uma pequena comoção se formou na sala, comigo tentando vestir Jimin de qualquer jeito e o outros tentando me segurar falando coisas ao mesmo tempo.

— Yah, já chega! — Yoongi deitado no sofá disse. — Parem com isso agora mesmo ou eu taco o bultaurone em todo mundo!

— Ai! — exclamei surpresa colocando as mãos na barriga de repente.

— Choi? Tudo bem?

— O que foi?

— É algo com o bebê? — todos eles se aproximaram formando um círculo em volta de mim me olhando preocupados.

Mas o que eu queria mesmo era sorrir em pura felicidade e alegria.

— E-eu... Acho que o bebê chutou... — murmurei desacreditada.

Eles fizeram feições surpresas.

— O quê!? Tipo agora!? — Jin questionou boquiaberto.

— Sim, foi agora, depois que o Yoongi falou...

— Que ia tacar o bultaurone em vocês? — o loiro ergueu uma sobrancelha.

— Ai! — exclamei novamente ao sentir a leve dor e uma movimentação dentro da barriga. — Ele chutou de novo! — sorri animada e um pensamento me veio a cabeça. — Yoongi, diz essa palavra outra — pedi ansiosamente e Namjoon junto com Seokjin colocaram uma mão na minha barriga querendo sentir também.

— Bultaurone?

— ELE CHUTOU! — Jin gritou e depois riu com gosto.

— Eu acho que ele ou ela gostou dessa palavra. — Namjoon disse.

— Ai meu Deus! Eu quero sentir também! — Taehyung gritou animado e então como o Jin e o Nam colocou uma mão na minha barriga. Jungkook, Hoseok, Yoongi e Jimin fizeram o mesmo. Cada um com uma só mão.

Todos fizemos silêncio ficando quietos esperando Yoongi dizer as palavras mágicas.

—... Bultaurone.

*Chute*

— Waw!! — Todos exclamaram sonoramente extasiados.

Os olhos de Yoongi brilhavam enquanto ele exibia o sorriso gengival mais lindo, largo e genuíno que eu já vi. Todos eles eles sorriam desse jeito e eu não estava diferente.

— Volta pra casa... — Hobi suplicou me olhando com ternura e emoção.

— Okay... Me dêem apenas uma semana. — propus e eles acentiram me envolvendo em um abraço em grupo. Mas daí eu abri meus olhos de súbito. — Yah! Vocês ainda estão sem roupas seus... Seus... Seus pelados!

Eles riram.

— Hyungs, eu acho melhor a gente ir pra casa para fazer vocês-sabem-oquê. — Jungkook alertou me fazendo franzir o cenho desentendida.

— Ah, sim! O nós-sabemos-oquê! Eu tinha me esquecido disso, melhor irmos embora. — Seokjin disse.

— É mesmo. — Namjoon disse pegando em um dos mantos jogados no chão começando a sacodi-lo. Os outros fizeram o mesmo.

— Mas e os perigos lá fora? — questionei.

— Ah, não se preocupe, nós iremos sobreviver. — Hoseok disse já vestido bagunçando meu cabelo. Jimin veio até mim com um sorriso e beijou minha bochecha antes de seguir para a saída.

— Fica bem. — Yoongi passou por mim, me surpreendendo com um abraço.

— Vocês também. — falei o abraçando de volta e depois ao Namjoon. Um a um eles foram saindo se despedindo de mim. Exceto Taehyung que ainda estava semi-nu saindo do corredor que dava para o meu quarto.

— Tchau. — ele disse simplesmente passando por mim indo pegar o manto que sobrou. Semicerrei os olhos em desconfiança.

— Espera só um minuto Kim Taehyung. — segurei seu braço.

— Que foi?

— Devolve! — exige.

— O quê? — se fez de egípcio.

— O que você pegou, devolve! — cruzei os braços.

— Do que está falando!? Eu não peguei nada! — ele disse então mostrou suas mãos vazias para validar sua inocência.

— E então o que é isso aí? — apontei para o volume suspeito dentro da sua boxer.

O moreno olhou para baixo e depois para mim, sorrindo arteiro.

— Quer mesmo saber?

— Taehyung!!

— Aish, Tá, tá... — ele resmungou então se virou de costas para mim e remexeu a mão para dentro da boxer, virando emburrado para mim em seguida. — Toma. — me entregou meu gloss labial a contragosto.

Peguei da sua mão rudemente e guardei na mesinha de centro.

— Agora eu posso-

— Tae! — o repreendi fazendo-o bufar e se virar de costas de novo. Novamente ele mexeu algo lá.

— Aqui. — ele me entregou meu celular sem me olhar, fazendo careta desgostosa. Guardei o aparelho e ergui a mão para ele de novo, que revirando os olhos, se virou e tirou o sutiã que eu o tinha visto segurando mais cedo. O engraçado é que ele devolvia as minhas coisas fazendo biquinho e cara feia. Ele se virou novamente e de lá tirou um abajur.

— Mas o que...!? — arregalei os olhos. — Como é que você...!? Como... Eu — balbuciei. — Quer saber!? Pode ficar com as coisas!

— Sério!?

— Sim, sério, apenas saia daqui! — falei começando a empurrá-lo para fora. — Adeus, Tchau, Xó, Xispa!

— Até mais Choizita! — se despediu já vestido antes que eu fechasse a porta na sua cara.

Suspirei, e ainda dizem que eu é que sou a doida da história.



[❤️]

E aí? (Morta de cansaço)

Gostaram? Eu achei que meio blé mas vida que segue né, ou é o sono me embriagando.

CURIOSIDADES ALEATÓRIAS SOBRE MIM:

1.Quando comecei a escrever, eu tinha dificuldade para descobrir em que categoria de histórias eu me encaixava escrevendo. E durante muito tempo, eu me foquei no Romance pq é o tipo de livro que eu gostava mais. Mas me falta dom. Tipo, sério, eu gostaria de saber escrever aqueles romances bonitos, profundos, clichês, poéticos... Mas não, ao que parece esse gênero nunca foi pra mim ;--; sofro.

2. Tenho uma pintinha no lábio superior.

3. Nos meados do ensino médio, eu tinha o apelido besta criado pelos meus colegas de "Santinha" pq eu era bastante quieta e normalmente me negava a fazer qualquer coisa que eles quisessem mas que eu julgava errado. Eu odiava.

4. Me deixa muito feliz interagir com vocês, por isso não hesitem me procurar no pv ou encher meu mural com assuntos banais. Eu gosto ❤️

Não se esqueça de votar.
Beijos 😘

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