Capítulo Um | Quem veio primeiro?
❤️
- Positivo.
Falei baixinho observando aquele palito branco com duas linhas rosa indicando que estava esperando um bebê. Tipo, uma criança de verdade. Uma vida na minha barriga.
- Eu tô grávida. - constatei o óbvio e comecei a rir freneticamente, na realidade gargalhar loucamente, pois eu estava esperando um bebê na pior hora e momento possível e possívelmente eu mataria essa criança de um jeito ou de outro porque eu não faço ideia como manter uma flor viva quanto mais um bebê. Eu nem mesmo sei cuidar de mim e...
Meu Deus...
SOCORRO EU ESTOU GRÁVIDA!!!
De repente toda realidade me bateu em cheio na fuça.
Senti meus joelhos doerem e fraquejar, e tão logo perderem a força. Caí no chão e senti meus olhos encherem de lágrimas e mais lágrimas. Porque:
1. Eu sou uma imprestável, sem emprego nem família para recorrer.
2. Daqui a dois dias, serei despejada do meu apartamento velho pois não paguei o aluguel dos últimos dois meses.
3. Eu estou fucking grávida e terei a porra de um bebê no lixão. Que motivos mais vocês querem?
Chorei até meu rosto ficar inchado e vermelho, me perguntando o que eu faria com minha vida agora... Na verdade nossas vidas agora. Fiquei ainda mais assustada pois além de destruir minha vida, eu destruiria uma outra. Inocente e desprotegida.
Levantei tremula e observei minha imagem no espelho. Meus cabelos negros tingidos de loiro estavam ressecados, meu rosto só faltava ficar roxo e eu tinha uma aparência desgastada e miserável.
Reuni forças e pensando no bebê cuja existência descobre dez minutos atrás engoli meu orgulho para andar até a sala de estar, segurei meu celular de tela rachada e disquei o número que promete a mim mesma nunca mais marcar na minha tela.
Coloquei o celular próximo a orelha e o esperei que o maldito atendesse.
Uma, duas, três... Quinze tentativas e continuava indo para a caixa postal ou as chamadas eram simplesmente recusadas.
Cretino!
Okay, talvez eu deva tentar o plano "B"
Espera! Qual o meu plano "B" mesmo?
Andei de um lado para o outro na minha sala pequena roendo as unhas. Não importava o quê, a minha prioridade era o crescimento dessa criança.
É inesperada? Sim!
Eu quero ser mãe? Não!
Mas aborto? Nunca e está fora de cogitação! Que culpa essa criança tem de ter uma mãe irresponsável e chapada como eu?
Rapidamente peguei minha bolsa e sai para fora do apartamento, e já que eu não existe nem elevador nessa droga tiver que ir descendo do quinto andar.
Eu preciso desesperadamente achar um emprego.
[...]
- Lamento, mas estamos sem vagas... - a moça atrás do balcão murmurou mascando um chiclete sem sequer me olhar, concentrada demais no celular.
- Ah, tudo bem. Obrigada na mesma. - ela nem sequer pareceu me ouvir. Em outras ocasiões, eu provavelmente teria xingado ela por me ignorar, mas ali, saindo do vigésimo quinto ou quarto estabelecimento que eu visitava tudo o que eu mais queria era me jogar no chão e esperar minha morte.
Suspirei cansada por ter girado boa parte da cidade à pé e andei mais um pouco quase sem motivação, e quando meus olhos pararam em frente á um bar de aparência semelhante a um restaurante. Um Basrante não vi porque não tentar.
Entrei, e um ar um tanto quanto fresco arrepiou minha pele. Como eu disse, quase parecia um restaurante, era bonito e até agradável de se estar. Me aproximei do balcão guardando minha bolsa no mesmo, um homem alto conversava com um cliente esbanjando um sorriso enorme.
Um lindo sorriso, só para que conste.
- Eu estou te falando! Primeiro veio o ovo depois a galinha! - ele dizia convicto para o outro homem.
- Nesse caso, de onde esse ovo surgiu?
- E se for a galinha como você diz, de onde ela surgiu?
- Hã... Desculpe? - chamei o homem interrompendo a conversa, ele se virou para mim com prontidão.
- Sim? Posso ajudá-la?
- Eu gostaria de saber... - comecei e por alguma razão me senti envergonhada por estar naquela situação. - ... Se estão aceitando vagas para novos funcionários.
- Oh... - o sorriso bonito do homem sumiu dando lugar a um semblante penoso. Ali estava minha resposta. - Eu sinto muito mas...
- Tudo bem! Eu compreendo. - o cortei cansada de ouvir as mesmas palavras o dia inteiro. Sorri fraco vendo ele retribuir do mesmo jeito e levantei pronta para sair, mas parei pelo caminho - E só para que saiba... - falei, chamando sua atenção -... A galinha veio primeiro!
E então saí.
Já tinha anoitecido, e o caminho de casa era meio longe. Suspirei, eu não queria ter que gastar o dinheirinho que eu ainda tinha com coisas como ônibus, mesmo que eu tivesse que andar de noite e eu tivesse um baita medo.
- Pelo menos eu não tô sozinha. - murmurei olhando para minha barriga. - Vai me proteger né, feijãozinho? - olhei para o céu escuro e a rua pouco movimentada - Eu espero que sim.
❤️
Quem vocês acham que veio primeiro? O ovo ou a galinha?
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