vinho e recordações 0.8
Hyunjin olhava com encantamento o nascer do Sol.
Os primeiros raios da estrela iluminavam aquele local, trazendo uma imagem linda aos olhos do ômega. As grandes rochas da cachoeira se iluminavam e juntos com elas, a água cristalina, que batia no lago abaixo, em seus tons: azul escuro, azul piscina e verde-água. O amanhecer estava meio friozinho, os cantos dos pássaros e o som do vento batendo contra os galhos das grandes árvores era a coletânea daquele começo de dia.
Hyunjin foi o primeiro a acordar. O ômega havia esquecido de desligar o despertador, mas agradeceu pelo o alfa e a filha não terem acordado. Não conseguindo dormir novamente, ele aproveitou para ver o Sol nascer e com ele as belezas da natureza.
No dia anterior, após chegarem, eles não aproveitaram como imaginaram. Todos estavam cansados de ter passado horas na estrada, mas valeu a pena, somente de ver aquela paisagem.
Ao redor, alguns já acordaram e outros ainda iam acordar, e apesar de está um pouco afastado dos outros visitantes, ainda podia se ver alguns transitando.
O mesmo desviou sua atenção do céu ao escutar um murmúrio atrás de si e virou-se, encontrando o alfa com o rosto amassado e se espreguiçando. Quando o ômega acordou, ele viu que Felix, acabou por dormir na beirada da cama para dar espaço aos dois ômegas, então a careta de dor foi nítida a Hyunjin, que sorriu levemente.
— Bom dia, Felix. — Desejou ao outro, esse que acenou e se aproximou. — Bom dia, Hyun. — O alfa suspirou ao encarar o céu. — É tão lindo!
— Sim, demais. — Concordou o ômega, encarando o alfa ao seu lado.
Os fios negros e naturais estavam soltos e volumosos. Seu rosto tinha pequenas marcas de linha e seus olhos estavam inchados, mas apesar da expressão sonolenta, o alfa contemplava o céu de olhos fechados enquanto sentia a pele morninha do amanhecer e o cheiro de grama molhada.
— Ainda é muito cedo, não conseguiu dormir bem? — Perguntou o alfa de olhos fechados, como se tivesse aproveitando daquele momento.
— Esqueci de desligar o despertador e não consegui dormir, então aproveitei para ver o nascer do Sol. — Respondeu gentil. — Mas e você? Não costuma acordar cedo no fim de semana.
— Soojin me chutou. — Resmungou o alfa com um careta. — Às vezes, eu esqueço que nossa filha é espaçosa. Puxou você! — Acusou.
— Ei, eu não sou espaçoso. — Recrutou o ômega, empurrando o alfa de leve.
— Não, imagina, só falta tomar a cama só para você. — Ironizou e desviou de um tapa. — Estou com fome, eu vou fazer o café da manhã. — Avisou se afastando.
— Eu te ajudo! — Hyunjin falou rapidamente e seguiu o alfa.
Os dois entraram no trailer sem fazer muitos barulhos e na parte da cozinha, o cômodo - que não era separado -, tinha um fogão acoplado, um frigobar médio e um armário pequeno para pratos, talheres e algumas comidas guardadas.
— Você comprou uma cafeteira? — Hyunjin questionou surpreso. — Você sempre prefere o café tradicional, coado na hora.
— E ainda prefiro, mas acho que é prático para esses dias, não? — Replicou enquanto pegava um mixer e uma bacia de plástico.
— Ah, isso é verdade.
Felix assentiu e abaixou-se para pegar o ovo e leite dentro da mini geladeira, e algumas frutas que comprou um dia antes.
Enquanto Hyunjin fazia o café na cafeteira elétrica, Felix fazia a massa de panqueca. Trigo, água, leite, sal e açúcar foi batido com o mixer até se formar uma massa homogênea.
Com o fogão elétrico cooktop de quatro bocas, o alfa o acendeu e pôs a panquequeira para esquentar, passando somente um pouco de manteiga.
— Você está bem preparado em lee... — Hyunjin comentou observando o alfa.
— Foi o jeongin que me recomendou, na verdade, acho que foi uma boa ideia, no final. — Hyunjin sorriu concordando.
Felix virou a massa com um movimento de jogar para cima e deixou a outra parte esquentar, antes de colocá-la no prato que separou.
O trailer, apesar de grande, é bem divido, daria para um pessoa até morar, porém a cozinha e banheiro não eram os cômodos mais espaçosos, já que onde ficava a cama móvel - essa que podia desmontar para virar um sofá - tomava o maior espaço.
— Quer ajuda em algo mais?
— Sim... Que tal preparar a mesa lá fora enquanto faço o café da manhã? — O alfa o encarou por alguns segundos. — Eu posso cuidar de tudo, além de que precisa de um tempo, longe da cozinha, certo?! Okay, agora xô!
— Está me expulsando? — Perguntou incrédulo.
— Se você abrir uma portinha na lateral, ela vai se transformar em um mesa pequena, mas serve, então faça isso, hum? Eu agradeço. — Falava rapidamente que virava outra massa.
O Hwang soltou um suspiro e saiu do carro, fazendo o que alfa disse. Assim que o ômega puxou, aquela parte do trailer, virou um mesa e ele ficou surpreso.
— Uau! — Exclamou e ouviu o alfa dizer algo sobre banquinhos.
Uma hora depois, Felix terminou de fazer o desjejum.
panquecas recheadas, torradas, salada de frutas, suco, queijo e leite faziam parte do café. Felix organizou tudo na mesa portátil e antes de acordar a filha, que roncava levemente e baixinho, o mesmo pegou o mixer na cozinha e começou a bater o leite quente, até que se tornasse um leite cremosinho.
O ômega de fios loiros mel olhava admirado para a mesinha, não poupando elogios ao alfa, que sorria envergonhado.
Logo após, o alfa acordou a filha e esperou a mesma usar o banheiro para tomarem café.
— Uau, pai, o cheiro está tão bom. — Elogiou a menina ao ver os pais sentados do lado de fora. — Aliás, bom dia aos homens da minha vida! — Abraçou aos dois, um de cada vez, e sentou-se no outro banco. — Só de ver, me deu fome.
— Bom, eu fiz isso mesmo, então aproveitem. — Felix acenou com a mão e pegou uma xícara.
O mesmo colocou um pouco do café na xícara e em seguida o leite. O alfa provou um pouco do líquido e elogiou mentalmente o café do ômega.
Soojin também fez o mesmo que o pai, mas somente depois de untar a torrada com requeijão, mordendo um pedaço e tomando o café com leite, após.
Hyunjin, ao contrário do alfa e ômega, preferiu o suco de laranja.
— O que tem na panqueca? — Perguntou o de fios mel, pegando uma.
— Morango e banana com uma calda de mel. — Respondeu e Hyunjin pegou um garfo e faca para cortar um pedaço e provar. — Está bom?
— Perfeito. Parabéns! — Disse e Felix suspirou aliviado. — Pronto pra casar! — Falou brincalhão e o alfa se engasgou momentaneamente. — Ei, é brincadeira, lee! Nunca ouviu isso?
— Provem a salada de fruta, é feita com iogurte, eu vi em um site e tentei fazer hoje. — Desviou do assunto, comendo a própria panqueca. — Ainda temos que aproveitar muito esse lugar!
— Eu quero nadar na cachoeira, posso? — Perguntou a menina de boca cheia.
— Soojin! — Os dois mais velhos falaram ao mesmo tempo, repreendendo a filha pela falta de educação.
— Perdão...
— Eu não vejo problema, eu também quero ir. — O alfa falou com a atenção na filha. — Geralmente quando se está em grupo, uma acampamento é mais aproveitado, mas como são só nós três, eu não sei muito o que fazer.
— Oras, pai, nós temos essa cachoeira, assar carne, assistir, assar marshmellow, tomar chocolate quente, conversar, eu não me importo muito, eu estou gostando dessa vibe, acredite! — Soojin falou rapidamente ao que comia queijo com goiabada. — Porra! Esqueci de tirar fotos para mostrar ao pessoal quando voltarmos. — Bateu na própria foto e logo resmungou de dor ao sentir a orelha sendo puxada. — Ai ai, pai! O que foi?
— Olha a boca, lee felix! — O ômega disse sério e olho para Felix , esse que estava concentrado na própria comida. — Não vai falar nada? — Indagou para o mesmo. — Eu não gosto que fale palavrões, Soojin, quantas vezes, eu tenho que dizer?
— Qual é, Hyunjin?! Todo mundo fala palavrão e eu não acho que porra é um, sinceramente! — O alfa falou distraidamente.
— Também não acho!
— Você fique calada, mocinha! — Replicou ainda encarando Felix. — Eu não sei o que eu faço contigo, Felix... Não sei mesmo. — O alfa levantou a cabeça para encarar o rosto sério do ômega. — Mas vamos deixar essa conversa para depois.
Soojin encarou o pai alfa, esse que a olhou e imitou o ômega mais velho e a mesma tampou a boca para não rir.
— E não me imite, lee Felix!
— E eu teria essa coragem de onde?
Hyunjin semicerrou os olhos na sua direção e o alfa coçou a garganta, desviando o olhar dos olhos chocolate.
— Sei...
— Uau, essa salada ficou boa, não é? — Perguntou provando das frutas temperadas com iogurte e mel. — Já aprovou, minha cerejinha? Seu pai é muito bom no que faz.
— Isso eu sei, pois eu nasci! — A menina diz, de repente, se gabando e os mais velhos a encararam. — O quê? Não é a verdade?
Felix a olhava com a sobrancelha arqueada e se perguntando de onde a adolescente tinha tirado isso, já Hyunjin pensava o quão aleatória a filha é.
— Qual dos pais ela falou? — Felix perguntou olhando ao ômega. — Obviamente a mim, ela é minha cópia. — Respondeu convencido.
— Exibido...
— Apenas realista!
— Para mim, é ser exibido! Mas okay né...
— Okay. — Hyunjin disse, deixando os dois Yang se encarando para rirem em seguida.
[...]
Felix observava a filha se divertindo com Hyunjin no lago.
Já se passava do meio-dia e o alfa se responsabilizou para fazer o almoço. Após o café da manhã, Hyunjin e Soojin lavaram a louça e arrumaram a cama dobrável, antes de escovar os dentes e trocar a roupa por uma mais leve.
A ômega usava um maiô e canga, já Hyunjin optou por um bermuda e camiseta, eles aproveitaram a cachoeira o quanto antes.
Felix assava a carne enquanto os ômegas nadavam na cachoeira. O arroz, maionese, farofa e batata doce já estavam prontas, somente a carne ainda não estava no ponto. O mesmo soltou o garfo longo e abanou-se com a blusa, que havia tirado horas antes. Diferente de mais cedo, naquela hora, o Sol estava forte, o deixando com bastante calor ao ponto de ficar somente de calção e ter um copo de água com gelo ao lado. Ele queria poder entrar naquela água geladinha da cachoeira, mas preferia olhar a filha e o pai da mesma se divertirem e cuidar do almoço.
— O almoço está pronto! — Falou um pouco mais alto chamando atenção dos ômegas.
Hyunjin balançou a cabeça, assim que nadou até a borda e saiu da água cristalina e fria. Logo atrás, Soojin o acompanhava.
— A água está tão boa, lixie! — Comentou, trazendo a atenção do alfa para si.
Faz tanto tempo que não ouvia o apelido carinhoso que o ômega lhe deu no passado que não soube reagir.
— O que foi? — Indagou enxugando os fios na toalha que a filha o estendeu. — Nada! — Exclamou rapidamente. — Depois de almoçarmos, eu vou.
— O cheiro está bom, pai. — Elogiou a filha, que roubou um pedaço de carne. — E o sal na medida. Se não fosse meu pai... Mamma mia. — A mesma disse brincalhona e Felix deu um tapa fraco na coxa da menina.
— Vá fazer seu prato.
— Sim, senhor, senhor!
Felix negou sorrindo e soltou um profundo suspiro.
— lee? — O alfa encarou Hyunjin, em silêncio.
— O que foi?
— A carne, por favor.
— Ah, claro, desculpe! — Coçou a garganta e colocou alguns pedaços no prato do mesmo. — Bom apetite.
— Obrigado e para você também. — Desejou e sentou em uma das espreguiçadeiras ali. — Deixe isso de lado e vai pôr sua comida. Relaxe um pouco.
— Eu estou bem.
— Pai, eu quero algumas gordurinhas. — Soojin se aproximou falando e com a boca melada de farofa.
— Parece até uma criança. — lee falou ao que limpava a boca da filha. — Tome! — Colocou os pedaços de carne no prato da mesma e a viu sentar em outra cadeira.
Felix não queria comer. Ele beliscava, de vez em quando, a comida, logo se enchendo. O mesmo mirou os dois ômegas.
Eles estavam corados, do pouco Sol que pegaram. Os cabelos de cor mel, alguns dos fios estavam grudados na testa, a roupa molhada grudada ao corpo, dando um leve vislumbre da silhueta do mais velho.
Soojin estava concentrada em sua própria refeição, não reparando no olhar do pai alfa para o ômega.
— Sua comida melhorou muito, sabia? — Perguntou o ômega provando da maionese.
— Ou eu aprendia a cozinhar direito, ou morria de fome, então a resposta é óbvia. — Recrutou comento um gordurinha. — Foram muitos ovos queimados para chegar aqui. — Brincou, arrancando um riso do ômega.
— Eu me lembro, você era péssimo na cozinha, mas agora... Só orgulho. — Hyunjin piscou na direção do mesmo e o alfa revirou os olhos. — Tá ficando um velho bem dono de casa.
— Você também vai começar a me chamar de velho? Já não basta sua filha. — Recrutou fingindo uma expressão séria. — Quer saber? Eu vou nadar, é o melhor que faço. Licença!
O alfa deu as costas para o ômega, seguindo para a cachoeira, não demorando para dar um mergulho na água clara e gelada. Assim que o corpo morno tocou a água fria do lago, lee sentiu-se arrepiar, mas deixou de lado.
Ele nadou até a parte mais funda e submergiu, soltando um suspiro aliviado pelo o calor ter diminuído.
여덟
Os três sentados em volta da fogueira conversavam animados. Horas atrás - quando o dia se trocava pela noite - ambos resolveram fazer a fogueira e conversarem entre si. O vento batia com força nas árvores, deixando o clima frio, mas não menos agradável.
O céu estava estrelado, a lua em seu estado minguante que iluminava pouco, mas não deixava de ser bonita aos olhos de quem via, seja o momento em família rodeado com a beleza natural do lugar ou só pela companhia das pessoas importantes.
Soojin assava um marshmallow com uma varinha de madeira enquanto tomava uma caneca de chocolate quente, que Hyunjin fez para os três.
— Sabe... Eu estou feliz de ter vindo com vocês. — Hyunjin comentou ao lado do alfa, esse que o encarou em silêncio. — Eu precisava relaxar, espairecer... Pensar.
— Fico feliz em ter ajudado, de certa forma. — Replicou com um leve sorriso. — Ela se divertiu também, não foi?!
— Sim. — Respondeu e ambos olharam para a filha, que comia a massinha branca levemente assada na ponta.
Os dois não falaram mais nada, o silêncio era confortável e o suficiente, porém não durou muito, pois a adolescente resolveu tirar fotos com os pais, para registrar aquele momento leve e descontraído. Após algumas selfies tiradas, ambos entraram em uma conversa qualquer com gargalhadas alegres, Felix, Soojin e Hyunjin viram as horas se passarem.
[...]
Por volta das dez da noite, Soojin e Hyunjin acabaram por dormirem na espreguiçadeira, fazendo o alfa, os carregarem nos braços até o trailer. Após ver que estava tudo certo com a dormida dos ômegas, o mesmo foi até o frigobar e tirou uma garrafa de vinho tinto, uma taça e um pratinho com queijo e azeitona.
O mesmo sentou-se em uma rocha mais alta próximo a beirada do lago e abriu a garrafa, despejando um pouco do líquido vermelho na taça e bebeu em seguida, fechando os olhos ao sentir o gosto meio doce e meio amargo na boca, suspirando satisfeito.
O alfa pensava em tudo e ao mesmo tempo em nada. Ele estava aliviado, satisfeito e feliz por presenciar o sorriso da sua filha e da pessoa por quem ainda era apaixonado, desde anos atrás.
Lembranças dos dias da primeira vez que viu o ômega, das conversas e do primeiro beijo invadiram sua mente, assim como o dia que soube que iria ser pai, de quando ouviu o coração do bebê batendo - através do ultrassom - o dia em que descobriu que teria uma menina e quando Soojin nasceu.
Um leve sorriso serpenteava nos lábios cor de pêssego e tomou outro gole, já acostumado com o gosto no paladar.
O alfa soltava algumas notas de alguma música qualquer, absorto ao redor - somente aproveitando a última noite naquele lugar -, que mal percebeu um certo ômega se aproximar de onde estava. Ele só se deu conta, quando sentiu o aroma natural de morango e coco vindo de trás de si.
— Não consegue dormir? — A voz sonolenta do ômega mais velho perguntou ao ver a imagem do alfa sentado e com a taça quase vazia ao lado junto da garrafa de tinto.
— Estou aproveitando a noite, só isso. E você? Por que está acordado?
— Soojin me chutou e eu acabei me assustando. — Respondeu e o alfa riu levemente. — Eu te vi aqui e vim te fazer companhia, espero que não tenha problema.
— Quer um pouco? — Ofereceu a bebida e Hyunjin assentiu, pegando a taça que o alfa estendeu e esperou o mesmo o servir, o tomando em seguida.
— Parece um pouco pensativo, o que está pensando? — Indagou após tomar um gole generoso do vinho, fazendo uma careta ao sentir o amargor.
— De tudo um pouco. — Respondeu sem olhar. — Soojin... O passado... — Soojin? O que exatamente?
— No dia que me deu a notícia que estava esperando um bebê meu, da ultrassonografia, dos primeiros passos, as noites sem dormir, as primeiras palavras e etc. — Disse nostálgico e Hyunjin o encarou intensamente. — Até parece ontem, sabe? Agora nossa menininha, já não é mais uma neném chorona.
— Estamos ficando velhos, não é!? — Comentou brincalhão e Felix revirou os olhos para o comentário. — Nossa garotinha tem 14 anos e a qualquer momento, ela vai querer ser independente, quer dizer, mais. O que me lembra um certo alfa. — Insinuou empurrando com o ombro.
Hyunjin estava sentado ao lado de Felix, na mesma rocha e dividindo o vinho. Próximos e relaxados na presença um do outro.
— Eu não era o único. — Recrutou e ambos riram. — Mas... A criamos bem, não é? — O alfa indagou, um tanto hesitante e o ômega percebeu. — Eu me pergunto se sou um bom pai, ao menos.
— Eu também me pergunto. — Felix o encarou firme e negou com a cabeça. — Não acredita em mim?
— Você é confiante, Hyunjjn. Soojin sempre o elogia e diz o quão você é incrível, eu vejo como ela tem orgulho de ser sua filha. — Respondeu baixinho. — Tem momentos que eu me sinto só, dentro daquele apartamento. Vazio, solitário e incômodo.
— Por que não a chama? Sabe que não proíbo. — Hyunjin retrucou o olhando sério. — Felix...
— Não vamos falar disso. Acho que estou bêbado. — Comentou meio embolado.
— Não está não.
— Como tem certeza?
— Porque eu te conheço! — Exclamou firme. — Você costuma beber em dois motivos... Quando está animado ou cabisbaixo, mas tem alta tolerância.
— Podia não saber! Eu estava prestes a fazer uma besteira. — Sussurrou para si mesmo, mas Hyunjin ouviu e de forma estranha, sentiu-se nervoso.
— Não é muito velho para fazer uma besteira? — Replicou e pegou a garrafa esverdeada com a logo do vinho, colocando mais um pouco do líquido na taça.
Repentinamente, assustando ao ômega, Felix aproximou abruptamente o rosto de Hyunjin e o encarou sério e intenso.
O de fios loiros mel engoliu em seco ao ver os olhos tão escuros quando o céu estrelado daquela noite, o fitando firme. O clima ficou tenso entre os adultos, a respiração se tornou fraca e falha, devido a aproximação abrupta.
— Felix, o que está fazendo? — Perguntou baixinho depois de um tempo.
— Não sei... — Suspirou contra o rosto alheio, ainda sem se afastar.
Hyunjin piscava os olhos lentamente, afetado.
— Não sabe?
— Talvez sim.
Os dois se entreolharam com intensidade, os corações batendo em sincronia, o calor nas bochechas - tanto pela bebida quanto pelo o clima instalado, repentinamente -, a respiração rasa, estavam tão absorto um nos olhos do outro, que não se atentaram o quão próximos estavam seus rostos.
Hyunjin desviou o olhar para a boca avermelhada pela bebida. Parecia tão convidativo, naquele momento.
Felix passou a língua sobre os lábios, não deixando de reparar o olhar da cor de chocolate derretido em sua boca. Parece tão certo...
O alfa engoliu em seco e estava prestes a se afastar, quando reparou que faria algo irreversível, porém o ômega o impediu.
— Você disse que estava prestes a fazer uma besteira... — Hyunjin aproximou-se do alfa, deixando seus rostos tão próximos que seus narizes se tocavam e o hálito morno batia um contra o outro.
— Hyun...
— Talvez eu também queira que faça isso. — O ômega interrompeu o alfa, que manteve-se calado com a frase dita do mesmo.
Ele podia estar sendo movido pela bebida ou por desejos internos, mas qualquer coisa culparia o álcool.
Felix foi o primeiro a quebrar a distância entre eles.
Os lábios se tocaram em um selinho longo e carinhoso, antes do alfa pousar uma das mãos na cintura fina e grudarem seus corpos. O ômega soltou um suspiro ao sentir o alfa morder levemente o seu lábio inferior com delicadeza, começando a intensificar.
Tudo ao redor pareceu parar para os dois. A atenção dos adultos estavam totalmente focados na boca, uma contra a outra e no aroma inebriante de cada um.
Hyunjin entreabriu os lábios ao sentir Felix passar a língua entre os seus, aprofundando o ósculo. O ômega segurou na nuca do alfa ao que sentia o músculo molhado tocar a sua com volúpia. Os narizes se tocaram, quando Felix inclinou a cabeça contrária de Hyunjin para o sentir melhor. Apesar da lentidão - como se estivessem somente aproveitando o beijo - era intenso.
As bocas se aproveitavam uma da outra, mantendo um ritmo lento, mas profundo, com desejo e algo mais. Aos poucos, o ósculo foi diminuindo, quando o ar foi se tornando mais preciso até que terminassem com selinhos curtos.
Felix, vagarosamente, entreabriu os olhos para encarar o rosto à sua frente e percebeu que o ômega já o encarava.
— Eu não vou pedir desculpas. — Disse se afastando, após recobrar e acalmar o turbilhão de sentimentos dentro de si.
— Alguém falou alguma coisa? — O ômega recrutou sem o encarar. — Idiota! — Murmurou mordendo o lábio inferior, tentando não sorrir.
Talvez já esteja bêbado.
— Só para ressaltar. — Replicou com um sorriso bobo nos lábios, meio avermelhados, pelo beijo recente.
Após alguns minutos conversando de coisas banais, o ômega e alfa retornaram para o carro e não demoraram a dormir, afinal a noite terminou do jeito que não esperavam, mas não estavam arrependidos.
Mas sentiam que podiam perder o controle dos batimentos de seus corações.
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