primeira desilusão 1.3
Soojin (dias atrás)
Mais cedo, por volta das nove da manhã, Soojin recebeu uma mensagem no celular, dizendo:
Eu preciso falar com você.
Podemos nos encontrar na quadra?!
Debaixo da arquibancada.
Estarei te esperando!
Será que ele vai se declarar? - Se perguntava a garota, saltitante.
A garota não tinha se questionado e nem achado estranho, já que a foto do garoto que ela gostava estava no perfil. Soojin tinha pedido permissão para a professora deixá-la ir ao banheiro e claro, que a famosa tática, não faltaria. Desviando da rota, a ômega foi para o lado oposto, onde ficava a quadra esportiva da escola e procurou ao redor por Miyeon.
O seu coração batia com rapidez, assim como suas mãos suavam e seu estômago se revirava. Ansiedade, medo e a genuína alegria, a cercava.
A menina limpou as mãos na calça do uniforme e se "escondeu", à espera do garoto.
Cinco minutos se passaram e nada da Miyeon aparecer, e nesse meio tempo, ela mandava mensagens perguntando dela, mas não era respondida, o que a fez soltar um suspiro desanimado. Ela esperou mais cinco minutos, antes de se levantar - já que havia se sentado - e sair, porém uma cena lhe chamou atenção.
Na entrada da quadra, ela viu Miyeon e uma garota, as duas abraçadas.
A mesma piscou lentamente, querendo se convencer de que não era a Miyeon, mas era sim, ele ali. Não podia negar.
Sentindo um nó se formar na garganta, ela engoliu em seco e voltou a se esconder debaixo da arquibancada, para que nenhum dos dois a vissem.
Ele observou as duas se aproximando, tentando ao máximo não chamar atenção e ser motivo de piada.
— E aí, como está o seu envolvimento com aquela tonta? — A menina de cabelo longo e liso perguntou.
— Quem? A Soojin?
— Quem mais seria, sua idiota? — Recrutou a garota, sorrindo ladino.
— Hum... Ela é apaixonada por mim, isso está na cara, mas ela é sem sal e filhinha de papai. — Soojin ao ouvir, mordeu a mão para impedir de sair algum som da sua boca. — Estou tentando, ao menos beijar ela, para poder ganhar a aposta, mas 'oh garotinha difícil. — A alfa revirou os olhos e a beta, a que chegou com ela, olhou na direção da arquibancada e sorriu ao ver Soojin com os olhos marejados. — São 500000 na conta.
— Isso não é nada para ela.
— Mas é para mim, eu preciso desse dinheiro para pagar uns negócios ai. — Falou beijando o pescoço alheio. — Mas vamos deixar de falar daquela sem graça, uh?!
— É, vamos deixar! — E as duas iniciaram um outro beijo.
Soojin aproveitando aquele momento, correu sem chamar atenção, indo direto para o banheiro, ignorando as regras da escola e da possível advertência que iria levar por passar quase meia hora fora de sala.
A menina chorou ao ponto de soluçar.
Como pode ser tão burra a esse ponto? - Se questionava em meio ao choro enquanto se lembrava das palavras do alfa.
Ela era só uma aposta maldita.
Eu só valho 500000? - pensava.
Naquele mesmo dia, ela foi para casa da amiga, junto com Ryujin e Shotaro, contando a todos o que aconteceu, o que não agradou ninguém. Shotaro ficou possesso, Jisoo e Ryujin também, porém no momento, eles só queriam consolar - nem que seja um pouco - a amiga, que tinha sofrido sua primeira desilusão amorosa.
No dia seguinte, Soojin faltou, não se sentia bem para encarar a alfa, então pediu ao pai para faltar, sendo assim feito, já que o ômega via que a filha não estava bem.
No outro dia, Soojin foi, porém diferente do seu habitual, estava mais quieta, não falava muito, não comia e mal participava das aulas, ela só estava marcando presença. Nessa mesma manhã, houve uma pequena confusão.
MIyeon ao se aproximar de Soojin, fingindo preocupação, não imaginava que acabaria machucada e humilhada. A ômega com fúria, levantou-se e tirou algumas notas de 50000 da carteira e jogou na cara dela.
— Não era isso que queria? Eu só valho 500000, não é? Então pegue! — A mesma cansada e fatigada disse alto. — Cadê seus amigos? Eu só fui uma aposta para vocês... A menina sem sal e filhinha de papai!
— Soo...
— Você só se aproveitou de mim, Miyeon! Se aproveitou do meu sentimento por você, e isso foi tão baixo. — Disse com a voz embargada.
Elas estavam no refeitório, então a grande parte da escola se encontrava ali, assistindo a cena, calados.
— Você queria 500000, não queria? Pronto, conseguiu e nem precisou me beijar! Ou quer mais, eu posso lhe dar, não tem problema, isso não é nada — Repentinamente, jogou mais notas de dinheiro na cara dela, fazendo alguns se surpreenderem ao ver a garota tão gentil, tratando a outra assim.
Por outro lado, a alfa não sabia como reagir, não esperava nada daquilo.
— Você me machucou tanto, não por fingir ser interessado em mim, mas por me ver como um nada. Uma simples, aposta, um nada. — A menina não se incomodou em chorar na frente de todos. — Mas não pense que por conta disso, eu vou mudar, Miyeon! Meus pais me ensinaram muitas coisas e as principais delas é ter humildade, respeito e caráter, coisa que você não tem, e eu agradeço por ter me mostrado quem é de verdade, pois não merece meu sentimento. — Soojin sorriu fechado e negou com a cabeça. — Nunca mais se aproxime de mim! — Ditou firme e deu as costas para a mesma, que continuava digerindo o que ela falou.
Ela não imaginava que doeria ser desprezada daquela forma. O olhar que recebeu da garota, não condiz com a gentileza da sua voz e do seu jeito, contudo ela só teve reação quando sentiu um soco de encontro com o seu rosto, seguido de arfares surpresos.
— Nunca mais se aproxime dela, sua babaca! — Shotaro apontou o dedo no seu rosto ao que as meninas o afastaram. — Você e seus amigos de merda são tudo a mesma coisa. Uns bostas.
O quarteto saiu da cantina sob olhares dos outros, mas pouco se importando com os puxões de orelhas que poderiam levar ou da fama que ganhariam com a cena que acabara de fazer.
[...]
Já se passaram alguns dias, desde o dia em que a garota descobriu sobre Miyeon. Seu comportamento se restringiu, não tinha ânimo para nada, o que deixava dois adultos nervosos. Soojin após terminar de tomar um banho, resolveu ir até a cozinha, acabando por encontrar seu pai, bisbilhotando a geladeira.
Era quase meia-noite e a ômega não tinha comido nada, além do café da manhã. Quando a mesma o viu, pensou em voltar para o quarto, não querendo falar com o mais velho, porém não funcionou, pois no momento que virou-se para concretizar seu pensamento, a voz de Hyunjin a fez parar.
— Você não comeu nada. — O mais velho olhou para filha, a vendo cabisbaixa. — Soojin, filha, eu não aguento mais não saber o que está acontecendo. Eu e seu pai estamos preocupados.
— Não é nada, papai, é besteira minha. — A resposta não agradou a Hyunjin, esse que movido pela preocupação acabou por deixar seu cheiro mais forte, mostrando sua raiva naquela atitude da adolescente.
— E você acha que eu e Felix somos idiotas? Você está há dias assim, Soojin. Mal sai do quarto, quase não comeu, seus olhos estão sempre vermelhos e inchados... Custa pensar em mim e no seu pai? — A menina sentiu os olhos arder e passou a mão por eles. — Nós te amamos, me parte o coração ver você assim, não quero que você piore. Por favor, Filha... Fale com a gente... Comigo.
O silêncio durou alguns minutos, Hyunjin encarava a filha com pena e dor. Em seguida, viu o olhar da mesma mudar e seus olhos se encherem de lágrimas.
— Eu só fui uma aposta, papai! — Disse com a voz embargada. — Miyeon só se aproximou de mim para ganhar uma aposta de 500000. É isso que eu valho? — Perguntou entre as lágrimas e Hyunjin foi até a filha, a abraçando. — Ele brincou com os meus sentimentos, pai, e isso dói tanto.
O ômega acariciava os fios curtos da menina enquanto a via desabafar em seus braços. Bem que eu desconfiei... - Hyunjin pensou.
Após alguns minutos - de choro e soluços -, a mais nova se sentiu mais aliviada ao ter seu pai ali, cuidando de si, sem sermão e com carinho.
— Me desculpe por isso. — Se desculpou com a voz rouca, apontando para a blusa que o pai usava, melada com as lágrimas e o catarro.
— Tudo bem, minha pequena. — Passou os polegares nas bochechas molhadas da garota. — Estou mais aliviado por ter desabafado comigo, mesmo que assim.
— Por que ela fez isso comigo, pai? Eu não entendo.
— Ela não amadureceu ainda, meu amor, e talvez não vá tão cedo. — Respondeu enquanto pegava um copo de água para a mesma. — Brincar com os sentimentos dos outros é errado, seja qual for o motivo, porque machuca... E uma vez machucado, só o tempo pode resolver.
— Eu não quero sentir mais isso, pai, é horrível! Saber que ela brincou comigo por dinheiro é o que me machuca. — A mesma bebeu um pouco de água e suspirou. — O senhor sofreu assim com o papai? Porque ele te abandonou enquanto eu ainda era bebê, deve ter sido horrível... Acho que entendo porque não gosta dele. É melhor assim.
— Soojin, não fale assim do seu pai! — Repreendeu a filha, sério. — São circunstâncias diferentes. Sei que está sofrendo por sua primeira paixão, mas você ainda é nova, terá anos pela frente, mas não desconte em Felix.
A menina quando se deu conta do que disse, abaixou a cabeça envergonhada.
— Ele nunca nos abandonou, trocou ou "vendeu", Soojin, então não repita mais isso. — Hyunjin escorou-se na pia ao que cruzava os braços. — Não compare seu pai a qualquer um e, muito menos, defina os sentimentos dos outros. — O ômega, apesar de estar preocupado com a garota, consegue ser firme, então não podia deixar que a filha dissesse algo daquele modo. — Eu já lhe contei sobre eu e seu pai, e também acredito que ele fez o mesmo. — Soltou uma respiração curta. — Nós éramos jovens, quando a tivemos e isso é difícil até os dias de hoje. Eu e seu pai passamos por muita coisa, Soo, mas em nenhum momento descontamos em você. Ouvimos coisas tristes, fomos julgados por ser pais tão jovens e isso aos 16 anos. Quantos homens e mulheres têm bebês na adolescência...? Interrompendo os estudos, sendo expulsos de casas, desprezados pela sociedade que só sabe julgar... Seu pai foi aquele que esteve ao meu lado, desde que descobrimos sobre você, não te deixou faltar nada. Amor, carinho, cuidado, presença... Ele te deu tudo isso e muito mais. Você é a cerejinha dele, a garotinha dele, Soojin, você é a nossa eterna ligação.
— Eu sinto muito, papai, eu exagerei.
— Sim, exagerou, mas te entendo, meu bem, só nunca mais fale isso, pois me machuca também. — Disse voltando a se aproximar e levantar o rosto alheio para encará-la nos olhos. — O que você passou com esse garoto, não vai durar para sempre. Você só tem 14 anos, querida, tem muito pela frente, então não foque nisso. Com o tempo, vai esquecer e vai ser só uma lembrança ruim, mas que será ocupada por coisas boas. Tudo bem?
— Sim, papai. — Assentiu e Hyunjin beijou a testa da mesma, com carinho. — Obrigada.
— Sempre estarei aqui, minha princesinha, não importa o que passe, não tenha medo de se abrir comigo mais vezes, certo? — Soojin o abraçou com força.
— Eu sei. E certo!
열셋
Assim que a ômega chegou na escola, como as outras vezes, foi o centro da atenção, porém ignorou, como sempre fazia.
Era o dia seguinte, após a conversa de ontem com o pai ômega, a menina comeu um lámen que o mais velho fez, mas apesar da conversa, tanto ela quanto a pai sabia que demoraria um pouco para a mesma superar, já que a primeira vez é sempre a mais difícil de esquecer, seja qual for.
Não demorou muito para ver os amigos conversando, próximo a sua carteira, ao entrar na sala.
— Uau, quem é essa menina tão linda entrando na sala? — Shotaro foi o primeiro a ver a garota e sorriu caloroso, a abraçando. — Mademoiselle, dê-me um sorriso, por favor, sinto falta do seu sorriso quadrado. — Brincou tentando tirar um riso da mesma, porém nada.
Dias que a amiga não reagia às suas brincadeiras, contudo nem ele e muito menos, Ryujin e Jisoo desistiram.
— Oi, pessoal. — Cumprimentou baixo.
— Minha vaquinha, eu já estou ficando triste em te ver assim, sinto falta até das suas respostas para a Lisa, acho que ela também. — Comentou a alfa, trazendo atenção da mesma para si.
— Por que diz isso?
— Ontem, no banheiro, ela me perguntou sobre você. — Soojin não deixou de ficar surpresa com o que a amiga disse. — Pois é, eu também fiquei estupefata, mas ela não parecia estar de brincadeira.
— Ah.
— Ai, amiga, eu sei que aquele horrorosa te machucou, mas ela não merece uma gota da sua lágrima. — Ryujin a abraçou por trás, sorrindo levemente.
— Eu sei, mas é um pouco difícil. — Recrutou. — Só que eu vou superar, não é? — É claro, você é lee Soojin.
— Com certeza, amiga, porque você é minha best.
— E você ainda tem dúvidas?!
Os três falaram ao mesmo tempo, tirando, pela primeira vez, um sorriso frouxo da garota, o que deixou os amigos animados.
Ambos cercaram o corpo da ômega em um abraço de grupo, fazendo Soojin agradecer ao pai e aos amigos - mentalmente - por ter pessoas tão especiais que o apoiam.
[...]
Soojin e os amigos estavam na cantina, comendo seus lanches, quando alguém se aproximou.
A ômega ao ver quem era, somente voltou a olhar para seu prato e continuar sua refeição. A pessoa era a mesma garota que flagrou na quadra aos beijos com Miyeon.
Uma menina do segundo ano, 16 anos. Beta, baixinha, magra, cabelo longo e branquinha. Uma garota bem bonita ao ver da ômega, porém uma sacana, na sua opinião.
— Oi, meu anjo, como vai? — O tom debochado atingiu aos quatro.
— Quem é você? — Jisoo perguntou a beta.
— Ela é a garota que estava aos beijos com Miyeon. — Respondeu Soojin, fazendo os amigos fecharem o semblante para a garota, que ainda sorria.
— O que está fazendo aqui? — Ryujin indagou. — Aqui não é lugar para você!
— Aqui é público, que eu saiba. — Recrutou a beta. — E meu papo é com ela e não com você.
— Pouco nos importa, ela é nossa amiga e se quiser falar com ela, ou fale com a gente aqui ou... É melhor nem falar, não falamos com gente da sua laia.
— O que quer comigo? Já não basta o que fez?
— Eu tinha que te pôr no seu lugar. — Replicou.
— Já pôs, caso não lembre. Você me humilhou, já não basta? — Recrutou a encarando. — Ou você quer dinheiro também? — Perguntou debochada. — Descobri que as pessoas se aproximam de mim por causa do dinheiro dos meus pais, não é diferente de você, não é? — Então a pose da beta se desfez, dando lugar a raiva.
— Quem você pensa que é? Só por causa que é rica, você pode humilhar os outros, como fez com a minha namorada?!
— sua namorada... Uau, eu devo parabenizar? Mandar flores e um bilhete de seja-feliz?! — Ironizou a ômega. — Pouco me importa, o que você e Miyeon são, okay?! Se for só isso, pode ir embora, não quero gastar saliva com alguém, como você!
— Olha aqui, sua meti...
— Aliás, cuidado... O que vai... Volta! E o que fez comigo voltará mais cedo ou mais tarde. — Soojin pegou sua bandeja de cima da mesa e se levantou, ficando de frente para a beta. — Meu pai costuma dizer que o mundo não gira, ele capota. — A mesma desviou do corpo e os amigos a seguiram, em silêncio, orgulhosos da atitude da ômega. — Ah! — Exclamou, parando no meio da cantina e olhando para trás, pelos ombros.
Assim como no dia em que Miyeon foi exposto, a cantina tinha os olhos atentos em mais uma treta da filha do lee.
— Parabéns pelo relacionamento de vocês. — Deu um sorriso curto, se surpreendendo quando algumas pessoas vaiaram e aplaudiram a atitude da mesma.
Após mais esse episódio, todos voltaram para suas salas e continuaram mais um dia. Soojin estava forte na frente da beta, mas quando chegou em casa, sua postura caiu e mais uma vez, o travesseiro foi seu colo, como nos dias passados.
Com o tempo, vai esquecer e vai ser só uma lembrança ruim, mas que será ocupada por coisas boas. - Foi o último pensamento da ômega, antes de cair no sono.
Esperava que o pai estivesse certo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top