ceder 2.0

— Bom dia. — A voz sonolenta chamou atenção dos pais.

— Bom dia, minha cerejinha. — Felix cumprimentou e sorriu para a mesma. — Como está?

— Com muito sono. — Respondeu o encarando e indo até o ômega, o abraçando carinhosamente.

— Eu já estou preocupado com tanto sono que sente. — Hyunjin comentou a olhando. — Devemos levá-la ao médico?

— Não precisa, coroa, eu só estou repondo o que perdi nos dias lá na fazenda... Mas agora eu estou com fome!

— Você sempre está com fome. — Felix recrutou brincalhão. — Que tal descermos e desfrutar do café da manhã italiano?

— Acho uma boa ideia. — Hyunjin concordou e ambos olharam para a mais nova.

— Se é por comida, não me importo de descer. — Deu de ombros e ambos saíram do quarto. — Aliás, o que irão fazer hoje?

— Irão? — Hyunjin indagou. — Eu pensei em irmos a um templo arqueológico, é um dos pontos turísticos daqui.

— Parece ser interessante. — Felix disse alisando os fios escuros da filha, já que a mesma se apoiava em si.

— Parece mesmo. — Concordou a adolescente.

Assim que o elevador se abriu, os mais velhos e a mais nova embarcaram, cumprimentando os outros hóspedes do resort.

— Sinceramente, não acho que está tão animada assim. — Replicou, Hyunjin, um tanto chateado.

— Pai...

— Vamos tomar café, sim? Ainda temos uma semana pela frente. — Desconversou, não querendo deixar um clima chato, só por conta do desânimo da filha, ao qual tinha motivos suficientes.

Amanhã se resumiu a isso, um café da manhã caprichado e digno de elogios, depois os três seguiram para o quarto. Soojin voltou para o quarto, Felix aproveitou para conhecer a piscina e Hyunjin preferiu conhecer ao redor.

Tempo depois, o ômega voltou e resolveu fazer o almoço, uma refeição mais farta. Arroz a maionese, purê de batata, farofa de banana frita, salada e bife milanesa, isso com todas as compras que tinha na geladeira do apartamento.

Felix se juntou ao almoço e ambos engataram em uma conversa sobre seus trabalhos. Hyunjin falou de seus planos para expandir a Le Todd Café e o alfa sobre trabalhar em casa. Home Office. Em seguida falaram de Jeongin e Changbin, que estão ansiosos para ver o pequeno Haneul.

Conversa vai e conversa vem, eles acabaram por preferir ficar em casa ao invés de sair e deixar a filha sozinha.

[...]

O Vale inclui vestígios de sete templos, todos em estilo dórico. Os templos são: Templo de Juno, construído no século V a.C. e queimado em 406 a.C. pelos cartagineses. Geralmente usado para celebrações de casamentos. Templo de Concórdia, cujo nome vem da inscrição em latim encontrada na região, e que também foi construído no século V a.C. Transformada em uma igreja no século VI é hoje uma das mais preservadas do vale. Templo de Héracles, que foi um dos mais venerados na Grécia Antiga. É o mais antigo do vale; destruído por um terremoto, hoje existem somente oito colunas. Templo de Zeus Olímpico, construído em 480 a.C. a fim de celebrar a vitória sobre a cidade-estado de Cartago. É caracterizado pelo uso de atlas de grandes escalas.

Templo de Castor e Pólux. Apesar de restarem somente quatro colunas, hoje é o símbolo da moderna Agrigento. Templo de Vulcano, também datado do século V a.C. Acredita-se que foi a construção mais imponente do vale; hoje é uma das mais destruídas. Templo de Asclépio, localizado longe das antigas muralhas da cidade; era o local que os peregrinos procuravam para cura das doenças.

O Vale também é onde encontra-se a Tumba de Terone, um grande monumento em formato piramidal; estudiosos acreditam que foi construído a fim de homenagear os romanos mortos na Segunda Guerra Púnica.

Hyunjin lia para o alfa, que o encarava atento, enquanto olhava na pesquisa.

Depois da filha ter os convencido - lê-se obrigou - a saírem, os dois, com muita relutância, decidiram ouvir a filha, claro depois de muitas recomendações.

— O que estão fazendo aqui? — Soojin perguntou ao ver os pais assistindo alguma besteira na tevê.

— Como assim, o que estamos fazendo aqui? — Felix indagou, confuso

— O senhor não disse que estava com vontade de visitar uma zona arqueológica? — Replicou com uma pergunta.

— E você acha mesmo que iria a deixar aqui sozinha?! — Dessa vez, quem disse foi Hyunjin.

— E qual é o problema de eu ficar sozinha aqui, pai?

— Soojin, você ainda está cansada do cio, mal come, na verdade, você só come, se eu levar até o quarto. — Hyunjin falou com uma expressão séria. — E o passeio pode esperar.

— Não pode não! — Exclamou. — Vamos, se levantem!

— Soojin...

— Não, pai, eu não quero que fiquem enfurnados dentro do quarto por minha casa, não faz sentido. — Disse enquanto puxava os pais, ou tentava. — Não quero me sentir culpada por desanimá-los, já não basta eu.

— Mas...

— Eu quero que vocês saem e se divirtam, com ou sem eu, só não posso deixar vocês pararem nossas férias, por causa do meu sono, não mesmo. — Interrompeu ao pai novamente. — O senhor decidiu vir e eu chamei o meu velho para vir conosco, mas meu cio, chegou de repente, mas não significa que têm que deixar de fazer o que querem por mim. — Suspirou e cruzou os braços, séria. — Não fazem me sentir mal, por favor.

— Não queremos que você se sinta mal, Soojin, mas também não podemos sair e te deixar sozinha aqui. — O ômega mais velho.

— Podem sim, não é como se eu fosse fugir, eu vou está dormindo, e é bem capaz de quando voltarem, eu ainda estar dormindo. — Replicou. — Por favor, papai, eu quero que se divirtam, eu devo isso a vocês.

Os mais velhos encaram a menina por um tempo, sem falar nada.

— Tudo bem, filha. — Hyunjin quebra o silêncio e a garota, antes que comemorar por ter conseguido os convencer, o mais velho a interrompe. — Não se anime tanto, okay? — Frisou seriamente.

— Certo.

— Nós só estamos indo, porque não queremos que fique mal com besteira. — Disse e sorriu minimamente. — E outra, você vai comer, antes de irmos.

— Sim senhor, senhor! — Bateu continência, de forma brincalhona e os mais velhos resolveram se arrumar e partir para o passeio.

— Acho que valeu a pena vir aqui, não é? — Hyunjin perguntou encantado.

O monumento histórico era lindo, mesmo que tenha uma construção arcaica, não tirava o charme e a história por trás de cada coluna.

O lugar estava cheio, nativos e estrangeiros contemplavam um dos pontos turísticos de Sicília.

— Soojin gostaria de vir, já que é apaixonada por mitologia grega. — Comentou o alfa, também olhando a grande construção do templo. — Ela só iria reclamar da distância. — Riu, imaginando a filha murmurando a viagem toda. — Quer um gelato? — Indagou repentinamente.

— Como? Não tem uma sorveteria por aqui, Felix.

— Tem um daqueles conversível, bem ali, veja! — Apontou para uma direção e o ômega seguiu, logo avistando um daqueles carros, que se via bastante nas ruas de Seul.

— Eu não vi isso, quando chegamos. — Comentou seguindo Felix, que já se caminhava na direção.

— Você estava tão distraído no que a guia falava, que esqueceu tudo ao seu redor. — Disse e o ômega riu, corado.

Hyunjin observou as costas do alfa, o mesmo vestia um conjunto de blusa social branca - com as mangas dobradas até o cotovelo e os primeiros botões abertos -, uma calça também do mesmo estilo, cropped, preta e um par de sapatênis de cor escura.

Os cabelos negros estavam amarrados em um coque, que deixava um ar sexy, na opinião do ômega e de muitos outros.

— Ah! — O ômega gemeu doloroso ao bater o pé em um pedra e Felix se aproximou, preocupado.

— Tenha cuidado, Hyunjin! — Ouviu a voz do alfa, mas o seu foco está na formigação no lugar que Felix tocava. — Ei, Hyunjin!

— Uh? Ah, oi.

— O que você está pensando tanto? Venha, vamos logo, eu estou com calor. — É... Eu também. — Sussurrou para si mesmo e seguiram até o conversível.

Buon pomeriggio, prenderemo due gelati al pistacchio, per favore. — Felix falou em italiano e o arrepio que o ômega sentiu ao ouvir o sotaque forte coreano misturado ao italiano, foi inexplicável.

— Sì signore, un minuto. — O senhor sorriu gentilmente aos dois, e foi fazer o pedido.

— Como foi o meu italiano? Eu pratiquei um pouco. — Perguntou o alfa, agora encarando o mesmo.

— Não acho que sou adequado a falar isso, tendo em conta, que só sei o básico. — Respondeu desviando o olhar.

Desde o que aconteceu na fazenda dos pais, Hyunjin não conseguia encarar muito o alfa, não quando seu corpo, às vezes, falava mais alto ou que seus pensamentos o levava para um lugar, proibido e quente.

— Ecco signore, spero vi piaccia! — Entregou o pedido e Felix pagou.

Grazie. — Agradeceu. — Tim tim. — Disse batendo o copo ao do ômega, que acabou rindo. — Buon appetito.

스물

Mais uma hora na volta.

Felix e Hyunjin, ainda ficaram na Zona Arqueológica Agrigento ouvindo a história por trás dos templos.

Levava cerca de um hora - do hotel em que estavam hospedados até o ponto turístico -, o que explicava o fato de terem saído mais cedo do local, o céu ainda estava claro, quando resolveram voltar, mas mesmo assim, ao chegar no Grand Palladium, já havia anoitecido.

Quando chegaram no resort, Felix e Hyunjin preferiram subir, não se surpreendendo ao ver o quarto escuro e o silêncio predominante, mas tranquilizando ambos ao verem a pia suja, o que indicava que a filha comeu.

Após um banho, os dois decidiram descer novamente para desfrutar de um jantar e um bom vinho.

— Soojin está dormindo que nem pedra. — Hyunjin disse rindo ao que olhava os números do painel interno do elevador — Realmente sua filha.

— Ya, você também tem o sono pesado. — Recrutou.

— Não tanto quanto você, meu caro.

— Isso já é perseguição. — O ômega riu abertamente e o alfa focou no seu rosto.

Felix sempre admirava o encantador sorriso do ômega. Na sua concepção, era um dos mais belos sorrisos que vira em toda sua vida, mesmo antes de se apaixonar pelo o dono das madeixas loiro mel.

— Felix?

— Quê?

— Não sei, do nada ficou me olhando sem falar nada, tem algo na minha cara? — Indagou, passando a mão no rosto.

— Nada. — Murmurou e desviou os olhar para cima.

O som de 'pi' tocou e assim que a dupla abriu, ambos saíram e seguiram para o restaurante.

Os dois caminharam para uma mesa vaga. Felix, educado, afastou a cadeira para o ômega sentar, sendo agradecido pelo mesmo e em seguida sentou-se. Felix pegou o cardápio e abriu - pois se assemelha a um livro - e olhou todo o cumprimento.

Itália é conhecida por muitas coisas, dentre elas, as massas.

— Scusa, vuoi già ordinare? — Um garçom, com seu uniforme impecável, perguntou ao chegar próximo do casal.

Un ravioli, per favore. — Felix falou calmo.

Vorrei lo stesso. — Hyunjin disse ao ter os olhos do outro em si. — Algo para beber? — Vinho?!

Un chianti. — O garçom saiu, após ouvi-los, os deixando sozinhos. — Um chianti? Um dos vinhos mais famosos da Itália... — Comentou o alfa. — Não tem graça vir à Itália e não provar de suas massas e vinhos.

— Verídico.

Após cerca de dez minutos, os pratos chegaram na mesa e com um sorriso de agradecimento e bom apetite, o alfa e ômega provaram do ravioli e do tinto, satisfeito por terem optado por provar uma das culinárias italiana.

[...]

Depois de degustar do bom jantar, isso por volta das oito da noite, os dois retornaram para o quarto, discutindo o que fariam no dia de amanhã, já esperançosos de que a filha participaria.

— O que ela disse? — Hyunjin perguntou ao ver o alfa, de volta à sala.

— Que estava sem fome. — Respondeu se sentando ao lado do mesmo. — Isso me faz lembrar que no seu primeiro cio, você ficou do mesmo jeito.

— Mas eu fiquei um dia, somente, e ela está há três dias. O cio dela acabou no quarto dia, Felix, ela teve um dia de descanso na fazenda e esses dois dias aqui. — Suspirou. — Não quero me preocupar, mas não consigo, e bom... Nós só estamos aqui por ela, sabe? Ela teve o primeiro coração partido e eu queria a distrair.

— Você não devia se preocupar com tão pouco, Hyun, ela está bem, e aposto que amanhã, ela vai sair com a gente.

— Eu espero, Felix. — Bufou e teve um momento de silêncio. — Quer beber? — Pergunto inesperadamente, fazendo o alfa lhe encarar confuso.

— Por que tão de repente?

— Quer ou não?

— Tanto faz.

— Ótimo! — Levantou-se e foi até a cozinha, sob o olhar do moreno.

Hyunjin abriu a geladeira e dela tirou duas garrafas de cerveja, retornando ao cômodo anterior e estendendo uma das bebidas, na sua direção.

— Obrigado. — Agradeceu e tomou um gole, logo depois de abrir a mesma.

— Felix, você alguma vez se sentiu tão confuso ao ponto de querer fazer uma loucura? — Hyunjin perguntou encarando o teto, já que sua cabeça se apoiava no estofado.

— Acho que todo mundo já se sentiu assim. — Respondeu na mesma posição que o ômega. — Mas depende.

— De quê?

— Do que está te deixando desse jeito. — Cerrou os lábios e virou levemente o rosto na direção do loiro. — Por que a pergunta? Por acaso, está confuso com algo?

— Sim, na verdade, muito. De um lado, quero jogar tudo para o alto, simplesmente, dando o foda-se e do outro, só quero deixar como está, para no fim não me arrepender. — Falou baixo.

— O que quer?

— O que eu quero... — Hyunjin soltou um suspiro longo e tomou mais um pouco da bebida amarga.

Mais cedo, eu bebi vinho e agora cerveja. Por acaso, estou assim por causa da bebida? - Pensava o ômega, sem notar o olhar firme do outro em si.

— Não sei... Se escuto a razão... Ou a emoção... É tudo tão embaralhado, Lee! — Disse frustrado.

— Bom, eu não sei o que você tanto pensa, mas procure escutar os dois lados, sei que é difícil, porém é melhor fazer e se arrepender mais tarde, do que não tentar e se arrepender do mesmo jeito. Os dois lados, vão levar ao mesmo sentimento... O arrependimento. — Disse firme. — Escute o que quer realmente ouvir, Hyun.

O Hwang piscou os olhos lentamente, processando o que mais novo disse. Escutar o que eu quero ouvir?... Ouvir?!... Escutar o que realmente quero...

Em um piscar de olhos, a imagem dos beijos com Felix tocou sua mente, o arrepiando. Era o que ele queria ouvir? - Perguntou-se e sentou-se, bruscamente. É isso que quer escutar? Seus desejos?

Felix o fitou em um misto de curiosidade, mas resolveu o deixar pensar por si só, seja qual for o que o perturbava.

— Eu quero... — Pausou e virou-se para mirar o alfa.

— Quer? — Incentivou.

— Quero ceder. — Felix o olhou sem entender. — Eu quero ceder aos meus desejos, Felix... Sem pensar no amanhã, sem dar ouvidos às minhas razões, sem desculpas... Sem arrependimentos. — Os dois se encararam, sem desviar os olhos.

De uma hora para outra, o clima esquentou, os deixando inquietos pela magnitude dos olhos que se olharam.

Hyunjin foi o primeiro a tomar a iniciativa, quebrando a distância entre os dois corpos.

Quando os lábios carnudos do ômega tocou ao do alfa, uma explosão de sensações o invadiram. Desejo, dentre eles, que queimavam seus âmagos.

Eles queriam tanto aquilo, a tempos, sem medo, sem arrependimentos!

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