71 - Demissão
No dia seguinte, Helena foi até o escritório da Shinguen S/A., porém não foi para trabalhar..., mas sim para acertar contas com Roberto. E como é contadora, sabia acertar contas como ninguém.
E se fosse preciso, acertaria também aquela cara de pau dele.
Nem mesmo depois da noite maravilhosa que passou nos braços de Raymond foi o suficiente para fazê-la esquecer o que aquele almofadinha de merda, como Luiz o chamou, fez para ela. Estava decidida.
Passou pela portaria e cumprimentou todos que estavam ali como sempre fez. E como sempre foi mais uma vez alvo de fofocas. Mas desta vez foi diferente. Todas as vezes que Helena sempre escutava alguma fofoca com seu nome, mostrava-se superior, não dando audiência e seguia em frente. Mas hoje fez questão de dar uma bela resposta para aquele bando de desocupados.
_ Vão trabalhar seus vagabundos! Vão cuidar da vida de vocês!
Finalmente colocou tudo para fora o que estava entalado na sua garganta há muito tempo. É claro que aquele ataque de fúria vai render mais comentários, mas ela já estava farta de tudo aquilo. E para piorar, deu de cara com a pessoa da qual mais odiava na empresa: a bruxa da Olga.
_ Olha só quem resolveu dar o ar da sua desgraça! Qual é Helena, esqueceu de vir trabalhar porque Raymond Acevedo esteve aqui no Brasil é?
Helena só observou aquela velha de cima a baixo. Em alguns tempos atrás, sentiria pena dela por ser tão amarga. Mas ela já estava cansada de sentir pena do outros, de ser legal e só levar a pior. Então hoje decidiu partir para o ataque.
_ Bom dia para você também Olga, foi bom mesmo ter lhe encontrado. Eu estava mesmo querendo brigar.
Por essa ela não esperava. Ficou ali parada, olhando assustada. Aliás, ninguém ali esperava que Helena fosse dizer aquilo. Esta por sua vez, se manteve firme e forte em cima dos seus saltos agulha... que aliás fez questão de usa-los por um motivo.
_ Eu vou te fazer uma pergunta e acho bom você me responder. E se eu não gostar da resposta, meto a mão na sua cara.
_ Eu não tenho nada para falar com uma messalina feito você...
Helena nem a deixou terminar a frase. Deu uma tremenda bofetada na cara dela, que a fez cair no chão, não se importando com o fato de ser uma senhora idosa. Aliás, ela já não se importava com mais nada.
Não esperou Olga se levantar do chão. Já perguntou dali mesmo o porquê ela não a suporta. Em outra ocasião, até pediria desculpas se tivesse feito algo. Mas naquele momento, não pediria mesmo se tivesse feito.
_ Porque você não presta...
_ Como você sabe que eu não presto? É por causa do Roberto?
Quando Helena perguntou do Roberto, Olga arregalou os olhos. Estava mais do que claro que tinha dedo dele nesta história. Na verdade, ele estava por inteiro.
_ Porque desde que você veio trabalhar aqui, ele nunca mais me quis. Eu o ajudei a consegui emprego aqui na empresa e para quê? Para você simplesmente chegar e tira-lo de mim?
_ Você e o Roberto? _ Ela custou e muito para acreditar no que acabou de ouvir. Aliás ela e todos que estavam ali na hora. Olga tinha idade para ser mãe dele.
Então foi assim que Roberto conseguiu o emprego. Ele estava de caso com a velha secretaria do presidente da empresa, mas assim que viu Helena, a dispensou sem mais nem menos. Agora sim ela sentiu mais nojo dele. E de Olga, só sentia... para falar a verdade, não sentia nada.
Particularmente não tinha nada contra uma mulher mais velha se envolver com um homem mais jovem ou vice-versa, desde que o amor seja verdadeiro ou então no máximo um caso de momento e de preferência sem nenhum interesse material de ambas as partes.
_ Tá deixa eu ver se eu entendi... O cretino do Roberto te usou para arranjar uma vaga aqui na empresa e assim que ele conseguiu, resolve te dar um pé na bunda e ao invés de você dar a volta por cima e seguir em frente, não, você simplesmente desconta toda a sua frustração em cima de mim? Mulher, se situa! Sai dessa fossa e vai tratar de ser feliz.
_ Um dia você também vai levar um pé na bunda! _ Gritou Olga quase chorando. Para a sua surpresa, ela só a viu Helena estender a mão para ajuda-la a se levantar do chão. Após levanta-la, fez questão de lhe dar um conselho.
_ Caso você não se lembre, já levei e sei o quanto dói. Mas vai por mim, descontar nos outros não é a solução.
Foi direto ao RH para pedir a sua demissão. O pessoal estranhou aquele pedido repentino dela... e estranhou ainda mais quando disse que era para hoje mesmo e nem um minuto a mais. Depois foi ao departamento jurídico da empresa. Chegando lá, encontrou a coitada da Luísa chorando.
_ O que houve Luísa?
_ Oh senhorita Helena, me desculpe, eu não a vi chegar... está tudo bem, não foi nada...
_ Como assim "não foi nada" mulher? Te encontro aqui chorando de soluçar e não é nada? _ imaginou que deveria ser coisa do Roberto. De repente viu um objeto muito familiar sua na mesa, o celular de Dayane: _ de quem é este celular?
_ Foi o Dr. Roberto que me deu. O que eu achei estranho ele ter me dado porque às vezes ele nem me dá bom dia...
_ E você estava chorando porquê?
_ Bom fui testar o aparelho e estava bloqueado. Também vi que algumas instruções estavam em francês. Fui perguntar onde ele comprou para me passar a nota de compra e então ele...
Luísa começou a chorar de novo. Helena ficou com pena dela. Não deve ser nada fácil para ela e nem para ninguém dali do setor jurídico ter um chefe feito Roberto.
_ Luísa... ele fez alguma coisa com você? Porque se ele fez, tem que denuncia-lo!
_ Ele foi muito grosso comigo...
Aquilo foi a gota d'água para ela. Mesmo sob os protestos de Luísa, Helena entrou com tudo na sala de reuniões do setor jurídico. Roberto estava em reunião com a sua equipe... na verdade ele estava mesmo era esculhambando com todos ali. Na certa, devia estar muita com raiva por não conseguir acabar com Mitchel e resolveu descontar em seus subordinados.
_ O que é isso? O que está fazendo aqui? _ Perguntou ao vê-la entrar na sala de reuniões. E ela fez questão de responder, dando um tremendo murro na cara dele. Foi tão forte que o fez cair estatelado no chão.
_ Como você pôde ser tão falso comigo, hein?
Helena não esperou Roberto responder ou sequer levantar do chão. Deu-lhe um chute bem na boca do estômago. Todo o departamento assistia de camarote a cena e a maioria vibrou com aquilo. Pelo o que se sabe, ninguém ali gostava de Roberto, só o aguentavam porque ele era o chefe.
_ Eu não sei do que você está falando... _ choramingou tentando recuperar o fôlego.
_ Ah você não sabe? Pois eu vou refrescar a porra da sua memória "coleguinha de trabalho". Você e a cadela da sua priminha Núbia se juntaram para me separar do Luiz!
Helena só ouviu os "Ohhhs" ecoarem pela sala de reuniões.
_ Espere... deixa eu explicar...
_ Explicar o que hein seu monte de bosta? Que você armou para acabar com o meu namoro, achando que eu ficaria com você?
_ Helena... olha para você, olha para aquele cara! Vocês não se combinavam! Não ficava bem uma profissional do seu nível ajuntada com um neandertal feito aquele Luiz!
_ E por acaso você é melhor do que ele? NÃO! Você é tão filho da puta quanto ele!
_ Você é uma tola, sabia? Eu posso te oferecer o mundo se quisesse. O que aquele brucutu tem para te oferecer? Nada. E acha que aquele cantor vai te fazer feliz? Ele vai te largar na primeira oportunidade!
_ Pois é né, eu devia mesmo ter ficado com você, porque para te aguentar, só mesmo na base do interesse! Depois lhe daria um belo chute na bunda, assim como fez com a sua amante Olga.
Todos ali se horrorizaram com a revelação de Helena. E Roberto não sabia onde enfiar a cara. Bom para falar a verdade, ele nem tinha mais cara. Estava de nariz quebrado.
_ Pode ficar com o seu mundinho rico e esnobe, eu não preciso dele!
E saiu de lá para nunca mais voltar.
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