62 - Confusão na Sala
... e o prato não quebrou. Constantino só ficou olhando o objeto intacto próximo aos seus pés.
_ Por que esse prato não quebrou? _ Perguntou ao filho. Heitor estava com tanto medo da fúria do pai, que não sabia o que dizer. Helena se aproximou para verificar o que aconteceu, pegou o prato e viu que era de plástico. Por isso que não quebrou, o que o deixou ainda mais zangado: _ como você se atreve a me dar um prato de plástico? _ Mais uma vez perguntou ao filho, que olhou com suplica para Sophia, que se manteve calma o tempo todo.
_ Fui eu que arranjei este prato de plástico. Da última vez em que você surtou, você quebrou todos os pratos da casa e a gente teve que comer em cumbuquinhas. E eu não ia deixar você quebrar os pratos novos que os nossos filhos se ajuntaram para comprar.
Até que neste ponto, ela tinha razão. Mesmo assim, resolveu perguntar à filha:
_ Isto o que o seu pai comentou é verdade kori mu ?
_ Mãe não é nada disso! Foi só um mal entendido e...
Quem disse que Sophia prestava atenção na explicação de Helena. Assim que pôs os olhos em Ray, se esqueceu da confusão.
_ Ela Christe ke Panagia koúkla, realmente ele veio pedir a sua mão! _ Sophia tascou um beijo para lá de melado na testa de Helena, que quase a fez cair no chão. Depois foi praticamente saltitando na direção dele para se apresentar:
_ Muito prazer, eu sou Sophia Dimitrius Petropoulos, mãe de Helena e sua futura sogra!
_ Muito prazer senhora, sou Ramón Enrique Acevedo Kerkadó, mas como a senhora já deve saber, sou Raymond Acevedo. E agora sei de quem Helena herdou toda a sua beleza!
Vendo que tinha o apoio de Sophia, Ray se aproveita da situação e jogou todo o seu charme. E realmente Sophia, mesmo depois de ter três filhos e com o passar dos anos, ainda conservava os seus mais belos traços. Assim como Helena, era considerada uma beldade grega quando mais jovem. Era uma coroa enxuta!
_ Que beleza, além de ter que aguentar este cara agarrar a minha filha, ainda vem xavecar a mulher dos outros... _ Constantino bufou para Heitor.
_ Oh obrigada! E sim, eu sei quem é você. Nossa, como você cresceu e ficou tão lindo... e é com muito gosto que lhe entrego a minha Helena! E não se preocupe, ela tem todos os dentes!
Ao ouvir aquilo, Helena se sentiu uma égua genitora sendo oferecida a um garanhão puro sangue. E para piorar, ele dava risada com tudo aquilo.
_ Ela também sabe cuidar da casa, trabalha, cozinha e tem bastante saúde. É uma ótima filha e tem tudo para ser uma boa esposa. E tem quadris de parideira! _ Nesta última frase, Sophia fez questão de dar um tapa no traseiro da filha.
_ Ai mãe!
_ Mas koúkla o seu noivo precisa saber disso, se não ele não vai querer se casar com você, né Raymond?
_ Oh sim, eu sei. Ela é linda, poderosa e guerreira! _ Disse concordando meio que de brincadeira. Helena só olhou incrédula para ele. E vendo que a esposa estava muito animada, Constantino teve outro surto psicótico.
_ Ah então quer dizer que esse aí invade a nossa casa, se agarra com sua filha e você acha tudo normal, né Sophia?
Ela só fez cara de paisagem para o marido e comentou:
_ Sinceramente eu não sei o porquê você tá fazendo tanto alvoroço... a gente fez a mesma coisa quando namoramos.
_ O que? _ Helena e Heitor perguntaram ao mesmo tempo, escandalizados com a revelação da mãe sobre o pai.
_ Mas é verdade. O avô de vocês, que os Deuses o tenham quase atirou o seu pai pela janela.
_ É diferente. Ao contrário desse aí, que mal chegou e foi logo agarrando a nossa filha, eu tinha boas intenções com você. E a gente já namorava a tempos. Só tive o azar de seu pai chegar na hora errada e interpretar tudo errado.
_ Hum sei... _ Sophia concordou com sarcasmo.
_ Mãe entenda foi sem querer. _ Helena tentou se defender, mas foi interrompida por Ray.
_ Oh por favor me perdoem, senhora Sophia e senhor... eu não sei o seu nome. _ Perguntou para Constantino, que se manteve em posição de ataque. Parecia que ia pôr a casa abaixo a qualquer momento. Sophia precisou chamar a atenção dele.
_ Tino deixa de ser mal-educado. O rapaz veio de tão longe para pedir a mão de nossa filha e você faz essa cara de bode velho?
Ele olhou atravessado para a mulher, que nem lhe deu as horas...
_ Primeiro, bode velho é o compadre do seu padrinho. Segundo, para que ele vai pedir a mão se já se apossou do corpo inteiro? Na hora de ficar de lesco-lesco com a nossa filha, ele não lembrou que ela tem família. E terceiro, como você sabe que ele veio pedir a mão dela?
Mais uma vez Sophia fez pouco caso de suas perguntas. Ela tinha a mais absoluta certeza de que Ray veio pedir a mão de sua filha em casamento. Afinal, ele está ali no meio da sala e insistiu ao marido que conversasse com ele. Por mais que não quisesse, o patriarca da família finalmente se manifestou:
_ Constantino Petropoulos. Pai de Helena. Dono desta casa e chefe desta família. E eu não sei como é o costume de sua terra, mas aqui a gente respeita a casa e a família dos outros. Você não tem que vir e se agarrar com a filha de ninguém. Não é porque vocês se agarraram lá em Paris que tem que se agarrar aqui também!
_ Pai?
_ Pó pó pó pó pó, que é isso homem? Isso lá é jeito de falar da menina?
_ Pó pó pó pó pó digo eu...
Pronto, começaram... Quando Constantino e Sophia começavam a discutir, era tanto pó pó pó pó pó daqui e dali que não acabava mais. Os três olhavam para a cena assustados. Helena só olhou para Ray com uma baita vergonha. Teve de intervir na discussão dos pais, junto com o irmão.
_ Dá para vocês pararem de discutir, temos visita aqui em casa.
_ Ó Christé mou é verdade, o que Sabriel vai pensar da gente, que nós não temos educação. _ depois se virou para ele: _ vamos até a kuzina (cozinha), a Helena acabou de fazer uns biscoitos típicos da nossa Grécia. Vou passar um cafezinho para nós e...
_ Caraca mamá, para ele a senhora faz biscoitos e para mim não!
Sophia lançou o seu olhar repreendedor para o filho do meio.
_ É claro né Heitor. Eu só faço quando Helena está aqui em casa porque é a única que vai até a cozinha para me ajudar. Você só lembra do caminho da kuzina para comer. _ De novo se virou para Ray: _ nos desculpa pelo transtorno.
_ Oh no, estás todo bien. Eu que peço desculpas. E realmente eu vim para...
Na hora em que ele ia dizer o motivo da visita, o filho mais novo entrou com tudo para dentro de casa, com as roupas rasgadas, complemente suado e com cara de quem viu o diabo.
_ Pó pó pó pó pó mas o que é isso? _ Perguntou Sophia assustada com o estado do filho.
_ O que foi que você aprontou? _ Perguntou Constantino, querendo descontar a sua raiva em alguém.
_ Mítera, pátera, tem uma multidão de mulheres gritando na frente de nossa casa! _ Disse apavorado com o que viu lá fora.
_ Como assim uma multidão? _ Perguntou Helena.
_ Sim uma multidão de mulheres malucas gritando na frente de nossa casa por um cara com um nome engraçado, um tal de.... qual o nome dele mesmo?
Helena só deu uma olhada para Ray, também já irritada e meio que apreensiva com a situação. Quando foram lá fora para ver o que se passava, realmente um aglomerado de gente tomou conta da rua. Era uma mistura de repórteres, curiosos e principalmente de fãs ensandecidas dele.
_ Me deixa ser a sua chica! _ Algumas fãs gritavam.
_ Credo como foi quem todo mundo ficou sabendo que ele estava aqui? _ Ela perguntou assustada com tanta gente.
_ Eu acho que já sei quem deve ter nos denunciado... _ Concluiu Sophia ao ver a antipática da Joaquina espionando pela janela do sobrado do outro lado da rua. Vendo que não dava mais para continuar ali, Ray achou melhor ir embora. Mas prometeu procura-la uma outra hora para conversar.
_ Não se preocupe chica, eu te encontro.
Como ele vai encontrá-la? Ninguém sabe.
Se despediu da família e foi embora escoltado pelos seguranças. Mas antes de entrar no carro, fez questão de jogar um beijinho para ela e outro para as fãs. O comboio de carros foram embora. Algumas fãs saíram correndo atrás. Outras pessoas da imprensa ficaram para tentar conversar com Helena. Ela teve que se trancar junto com sua família dentro de casa para escapar mais uma vez da mídia.
_ É isto mesmo que você quer para sua vida? Dividir o seu namorado com esse mulherio todo que tava lá fora? _ Perguntou Constantino ainda furioso com todo aquele rebuliço.
Era exatamente o que Helena estava pensando. Não que ela fosse ciumenta. Afinal, Ray era um homem bonito e famoso e era natural a mulherada se jogar em cima dele. Mas ela já passou por maus bocados com Luiz, que nem era tão famoso e deu no que deu.
Ela nem respondeu. Saiu correndo para o seu antigo quarto para poder chorar em paz. Sophia foi atrás dela olhando atravessado para o marido. Ele ficou ali na sala recebendo o olhar reprovador dos filhos.
_ Poxa pai, o senhor pegou pesado com a Lê...
_ Estou tentando proteger a minha filha. Dá para vocês entenderem isto ou tá difícil?
_ Pai a Lena não é mais criança. Não pode protegê-la o tempo todo...
_ Não interessa. E meu dever de pai proteger a minha filha e minha família. Se eu não o fizer, serei castigado pelos deuses!
Vendo que não tinha como discutir o pai, eles preferiram se calar.
*
Lá no quarto, mais uma vez Helena chorou um mar de lágrimas. Se ela queria casar e ter filhos, sim ela até queria, mas para isso precisa de um marido que esteja disposto a oferecer isso a ela. Mais que isso, um companheiro que esteja sempre ao seu lado. E ela queria muito que este homem fosse ele. Na verdade, que fosse o homem que esteve com ela em Paris. Sophia tentou consolar a filha.
_ Acalme-se Kori mu, seu pai não falou por mal, ele só está preocupado com você.
_ Mas ele tem razão mamá. Eu não sei se vou aguentar tudo isso. E eu o amo
_ Você o ama?
_ Sim...
_ Bom koúkla, então precisa ficar do lado dele, assim como ele precisa estar do seu. Ele não viria de tão longe à toa... Bom é o que eu acho!
Helena pediu e muito aos deuses para a mãe estar certa, para que esta visita inesperada de Ray não fosse apenas uma mera visita.
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