36 - O melhor momento da minha vida
— Na hora nem parecia que era eu que estava ali com ele, que eu via tudo do alto. Tinha a certeza que eu não sonhava, que a noite linda continuava e ele com aquela voz tão doce, que me falava "o mundo pertence a nós" ... foi o melhor momento da minha vida, até agora.
Era Helena no dia seguinte e já na casa de Dayane, narrando como foi o seu dia e a sua noite romântica com Ray para suas amigas... e para Thierry. Sim, o trio de amigas agora virou um quarteto fantástico do avesso.
Durante toda a conversa, ela pensava em algum modo de dizer que durante o passeio, Ray lhe pediu para ficarem juntos e que pensou seriamente em largar tudo o que conquistou para ir embora com ele.
— Oh mon Dieu! — Dayane comentou admirada: — você se apaixonou por ele!
— Pois é, eu me apaixonei... e ele me pediu para ir embora com ele. — Disse logo de uma vez.
— E você, é claro que não aceitou. — Samantha afirmou, com a absoluta certeza de que a amiga não aceitaria abandonar a sua vida por homem nenhum. E admirou-se ao ver que ela não respondeu e sorria o tempo todo.
— O QUÊ, VOCÊ ACEITOU? — Os três deram um pulo para cima dela. Helena se encolheu toda, achando que apanharia deles.
— Eu não acredito que você faria isso, logo você que sempre priorizou a sua vida, a sua carreira, os seus estudos, o seu trabalho... — criticou. Samantha sabia, ou pelo menos achou que sabia o quanto Helena valorizava as suas conquistas pessoais e profissionais e nunca imaginou vê-la abrindo mão de sua vida por ninguém, mesmo que estivesse muitíssimo apaixonada.
— Gente quem é este homem que conseguiu o que nenhum namorado seu nunca conseguiu fazer? — Dayane perguntou ainda admirada com a atitude da amiga.
— Eu aposto com todas as minhas fichas que é o el boniton lá do prédio. Olé! — Suspirou Thierry sapateando o que parecia ser um passo de flamenco pra lá de desajeitado. Helena não aguentou e caiu na risada com a dancinha tosca que ele acabara de realizar. Samantha e Dayane olharam-se entre si, se perguntando sobre quem eles falavam.
— De quem vocês estão falando? É do cara que viu o vídeo da Núbia?
Helena não respondeu, pelo menos não de imediato. Sabendo o quanto Samantha é estourada, escutaria um tremendo sermão junto com um baita cascudo.
— Pelo seu silêncio é ele, non? — Perguntou Dayane preocupada com a reação de Samantha e rindo por dentro com as caras de pau de Helena e Thierry.
— Sim... é ele. — Disse já se preparando para um possível soco ou uma enxurrada de palavrões. Mas para a sua surpresa, a amiga somente perguntou como foi que eles se reencontraram.
— Foi no encontro literário na Livraria Shakespeare e Company. Ele estava lá graças ao Thierry. Aliás, eu queria e muito saber como ele te convenceu a convida-lo?
As três olharam para Thierry só esperando a sua resposta. E ele é claro fez questão de contar:
— Bom, primeiro ele veio atrás de mim..., não exatamente de mim né. O motivo era que ele queria notícias suas. Mas como eu achava que ele havia feito algum mal a você, não quis lhe dar um pingo de confiança... se fosse outra ocasião, eu daria de bom grado.
Helena, Samantha e Dayane não aguentaram aquela narrativa de Thierry e deram altas risadas, só imaginando a cena.
— Do que estão rindo monas? É sério, não foi fácil ter aquele espetáculo de homem atrás da minha pessoa e não poder tirar nenhuma lasquinha, oh Mon Dieu.
— Tudo bem, continue. — Pediu Helena contendo o riso.
— Depois de muita insistência da parte dele, resolvi escutar o que o bofe tinha a dizer... Queria saber se você estava bem depois do que aconteceu, pois segundo ele, tentou falar com você e não conseguiu. Foi aí que soltei as minhas farpas. Eu disse que era porque você não estava a fim de falar com ele por ter sido um idiota em acreditar em fofocas de internet.
— Nossa. Depois dessa, ele não foi grosso com você? — Samantha perguntou.
— Oh mon petit, não se preocupe, ele não foi. E está tudo bem se tivesse sido. Até porque eu adoro homens grossos, se é que vocês me entendem...
As três soltaram uma tremenda gargalhada com a sua frase de duplo sentido.
— Continuando... em sua defesa, ele disse que em momento algum não acreditou no que aquela mocreia mal oxigenada falou no YouTube, embora admitiu que ficou um tanto confuso e só queria entender o que está acontecendo. E me perguntou se eu sabia de algo...
— E você contou? — Dayane perguntou.
— Olha chéri... — Thierry tentou explicar: — ... quem deveria contar era você, já que a história a sua e eu não tenho esse direito de sair espalhando por aí. Mas como você não o atendia e ele insistiu tanto, que acabei contando meio que por alto. E é claro que perguntei o porquê ele queria saber.
— O que ele te disse? — Helena perguntou com medo da resposta dele. Samantha e Dayane temeram pela amiga.
— Disse que era para te ajudar... bom foi isso que ele me falou. Não acreditei muito, mas resolvi dar um voto de confiança ao bofe e o mandei ir ao lançamento do meu livro, que a chica dele estaria lá. No caso, você... — neste momento, ele pegou na mão de Helena: — E se realmente gosta de você, que a procure para tentarem se entender. Resultado: ele foi. Palmas para mim!
Samantha e Dayane aplaudiram a atitude de Thierry ao querer ajudar Helena. E não acreditaram quando ele mandou o seu chofer os levar para um motel.
— Ai amiga eu só queria ajudar. Do jeito que vocês estavam, precisavam mesmo era "bater os pentelhos"!
Pronto, elas riram que se acabaram.
— Valeu meu querido, a gente não foi para o motel, mas em compensação tive bons momentos com ele.
— Você ainda não nos disse o nome dele. — Comentou Dayane.
— É mesmo, quem é o felizardo que teve a honra de desfrutar de sua companhia? — Perguntou Samantha.
— Ramón... Ramón Enrique... Ramón Enrique Acevedo Kerkadó. É porto-riquenho, mas ele mora nos Estados Unidos — Sorriu ao se lembrar dele. E fez questão de mostrar uma foto dele no seu celular para seus amigos.
— Já reparou com você fala o nome dele? Parece até um daqueles personagens de novela mexicana! — Samantha comentou, tirando uma com ela.
Helena se divertia à beça com os comentários de seus amigos. Na verdade, a sua intenção mesmo nem era conhecer ninguém..., mas como a vida é sempre cheia de surpresas, por que não aproveitar o momento?
Não queria criar expectativas, mas criou. Não queria se envolver, mas se envolveu. Não queria se apaixonar, mas se apaixonou.
E Helena Petropoulos se apaixonou por Ramón Enrique... no caso, Ray.
— Bem, como vai ser? Vocês vão se ver de novo, depois da Semana da Moda? — Dayane perguntou ansiosa.
— E você vai pelo menos voltar para o Brasil para se despedir da sua família e pedir demissão da Shinguen? — Samantha perguntou curiosa.
— Ah eu não sei... acho que não...
— Mas por que não? Você não quer mais vê-lo? — Perguntou Thierry.
— Sim eu quero, mas...
— Mas o que? — Perguntaram os três ao mesmo tempo.
— Bom eu não sei... quando acordei, estava sozinha na cama dele. Me vesti e fui procurar por ele e não o encontrei. Resolvi esperar por ele. Foi quando recebi uma mensagem no WhatsApp.
— E o que dizia a mensagem? — Perguntaram os três. Helena precisou respirar bem fundo para responder. O recado de Ray dizia:
"Perdóname mi amor, mas aconteceu um imprevisto e precisei sair
Talvez eu demore para voltar. Te ligo después. Besitos chica te amo ❤"
A mesma mensagem que recebera de Luiz, quando ele desaparecera e de repente apareceu com outra garota...
— Acha que ele vai te ligar? — Perguntou Dayane preocupada com o estado que Helena ficou ao mostrar o recado de Ray.
— Eu não tenho a menor ideia... e acho que prefiro não ter.
— Poxa Lena... nós sentimos muito por você. — Samantha a puxou para um abraço, tentando-lhe consolar. Elas ficaram felizes por Helena conhecer alguém, mas lamentaram o fato de ela e Ray terem se desencontrado. Aquela conversa tosca rendeu um momento piti de Thierry:
— Que é isso? Vocês estão agindo como se ele tivesse dado um fora nela, coisa que eu duvido muito. — disse querendo acreditar nas próprias palavras, não por ele, mas por Helena. Depois virou-se para ela: — Chéri, eu tenho a mais absoluta certeza de que aconteceu alguma coisa, mas não se preocupe. Ele vai te procurar.
— Tá tudo bem gente. Foi um romance de viagem, já sabia desde o inicio... o mais importante nesta história é que durante o pouco tempo em que ficamos juntos, eu fui feliz. Ele me fez a mulher mais feliz do mundo, como não me sentia antes. E eu espero também tê-lo feito feliz, onde quer que ele esteja.
Mas claro que não está tudo bem e seus amigos já perceberam. Apesar de Helena demonstrar não estar chateada por Ray ter sumido, ela estava. Tudo bem que não esperava que realmente ficassem juntos..., mas que ele pelo menos não tivesse desaparecido.
Talvez o que ela não esperava mesmo era se apaixonado...
Para disfarçar a tristeza, decidiu mudar o foco da conversa perguntando onde as duas foram durante o evento, enquanto ela estava com Ray. As duas a olharam sem entender nada:
— Não se façam de desentendidas. Vocês arrumaram "outros entretenimentos" ... — Usou a mesma expressão de Thierry e fazendo aspas com os dedos: _ e sumiram no meio da festa, praticamente me deixando sozinha.
— Bom... — Dayane foi a primeira a se explicar: — eu e Mitchel nos acertamos e fui com ele até a região da Normandia.
Não foi muita novidade ao saber que ela e o namorado se acertaram. Porém não esperava que fossem viajar para o litoral francês, o que significa que não estavam em casa. Só falta Samantha também dizer que conheceu alguém no evento e fugiu para algum lugar com ele. Se foi isso mesmo, ela ficou com paranoia por achar que a casa estava cheia de bobeira.
— Não conheci ninguém interessante lá... em compensação, eu e Thierry fomos a um bar no bairro Belleville. E adivinha quem encontramos lá? O Pierre.
— O mesmo Pierre que queria pegar todas nós e no final se pegou um resfriado foi muito? — Helena pediu aos Deuses para que não fosse o mesmo cara, mas do jeito como Samantha e Thierry riam, deveria ser e já foi logo intimando se eles também se entenderam.
— Mas nem que fosse para pagar promessa! Se não ficamos naquela noite na Torre Eiffel, não será agora que ficaremos. E outra, eu estava muito bem acompanhada. — Pegou na mão de Thierry.
— Como amigos que apenas queriam curtir a noite e na companhia um do outro, que fique bem claro. — Ele declarou em sua defesa. Elas riram.
— Ou seja, eu fiquei paranoica à toa?
— Por que à toa? Você não estava com Ray? — Dayane perguntou sem entender o motivo de tanta paranoia.
— E pelo o que a gente sabe, foi a senhora que nos largou para sair com o seu porto-riquenho. — Respondeu Samantha em sua defesa.
— Mas foram vocês que saíram do evento e... — De repente parou e olhou de soslaio para Thierry. Na verdade, as três olharam para ele, que hora fez mil e umas caras, bocas e poses. Quando acabou o seu estoque, finalmente confessou que foi armação dele com Ray.
— Ai gente eu fiquei com pena do bofe. Tadinho. Ele só queria falar com você. Qual é o problema de conversar com ele?
De novo elas se acabaram de tanto rir, mas apesar do clima descontraído durante a hora do café, seus amigos queriam que ela e Ray ficassem juntos...
Era o que ela queria também.
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