[77] | Capítulo 18 - Explicações

De certo era, que quem estivesse no horizonte poderia ver aquele bergantim de velas brancas vindo a toda velocidade indo para uma coordenada desconhecida próxima do último edifício do mundo. Sob a velocidade de 18 nós, equivalente a 33 quilômetros por hora, os pistões e as grandes turbinas do navio escola batiam a cada segundo. Tal velocidade nunca havia sido testada anteriormente e com a ajuda das velas, exceto quando precisaram atravessar o ciclone para resgatar Harry da prisão do Tridente de Poseidon. O Estrella Siriah era um dos navios mais velozes do Projeto Amazon, perdendo apenas para o Estrella del Sul, um navio semelhante ao Siriah, só que este era russo e havia alguns tripulantes espanhóis a bordo. Enquanto isso, a bordo do navio, ninguém sabia da troca de rumo e somente Barrett, Pearson, Harry e Ethan sabiam, porém, logo Finnley ficou sabendo através dos tripulantes do Scorpion que o ligaram. Bravo com toda a situação, ele correu até a cabine de Hayes para que esse resolvesse algo.

— Desde quando trocamos de rota?

Hayes o olhou sério e sem esboçar nenhuma reação.

— Por acaso, eu sou o capitão do navio? Por acaso, eu mexo com mapas e coordenadas? — Hayes perguntou sendo ignorante. — Por acaso, eu manipulo timões?

Finn revirou os olhos irritado.

— Bastava apenas me dizer quando foi que trocamos de rota.

— Eu não sei, porque não pergunta ao capitão!

Hayes estava fechando a porta quando Finn o impediu colocando a mão.

— Porque "eles" mandaram você. — Finn disse olhando fundo nos olhos do professor. —Afinal, não sei se você sabe, estamos indo em direção ao Estrella del Sul!

John ficou em silêncio, pois ele sabia como era a capitã do navio russo e também sabia como ela agia conforme os seus prisioneiros.

— Pois bem, vá até a ponte de comando e trate saber disso. — Finn o ordenou sério. — Pois eu sou o seu chefe e Doonan vai adorar saber que você me desobedeceu!

Hayes o olhou sério e o passageiro pôde notar a raiva em seus olhos.

— Estamos entendidos, Sr. Hayes?

John hesitou em responder.

— ESTAMOS ENTENDIDOS, SR. HAYES?

— Sim, estamos!

Finnley sorriu orgulhoso.

— Certo, quero a resposta de tudo isso em minha cabine dentro de uma hora!

John assentiu em silêncio e Finn saiu sem dizer mais nada. O professor sabia que não seria fácil viver com Finnley a bordo.

⊱✠⊰

Os motores do Estrella Siriah batiam freneticamente e agora a quilha do navio cortava as ondas majestosamente, seguindo a noroeste, rumo ao pedido de socorro de Darwin, o comandante logo traçou planos e estratégias de ataques, caso fossem atacados. Barrett logo se reuniu com Hayes para elaborar um exército de defesa. O professor convocou os mesmos soldados principais da última batalha: Alice, Annabeth, Jessie, Violetta, Violet, Nicolas, Oliver, Ramiro e Thomas. Os soldados da linha de frente tinham que estar em seus postos às 22h30, que era o horário de chegada nas coordenadas. Mas, o que os tripulantes não sabiam era que não havia hotel nenhum e que o ataque era de um navio mais veloz que o Estrella. No entanto, enquanto eles seguiam até Darwin, perceberam que havia algo grande e pesado na popa, que fora localizado pelo radar. Pearson correu para a popa e com os binóculos pode ver o que era e assustou-se. Era um grande iceberg, que navegava a favor das correntes marítimas que empurravam o navio.

— William, o que você ver no radar não é um navio.

Houve um breve silêncio.

— O que é então, Charles?

O imediato suspirou profundamente devido ao extremo frio.

— É um imenso iceberg e está vindo contra a nossa popa!

— Certo. Retorne a ponte e iremos decidir o que fazer!

O imediato, com o seu uniforme de cor preta e com um sobretudo, correu em direção a ponte, mas em um certo ponto ele escorregou e caiu no chão, e quando levantou-se reclamando de dor, ligou a sua lanterna e apontou para o que lhe fez cair. Ele ficou surpreso. O convés estava congelando. Em seguida, não demorou muito para que o imediato se apresentasse na ponte.

— William, o convés está congelando na popa!

O capitão apontou para os vidros da ponte.

— Não é somente o convés que está congelando!

O imediato ficou surpreso, os vidros das janelas da ponte estavam congelando cada vez mais, ao ponto de não deixar a visibilidade aos tripulantes presentes na ponte.

— Precisamos chegar mais rápido até Darwin, não podemos deixar aquelas pessoas e nem ele sofrer nas mãos de quem for... — Barrett disse agora andando pela ponte. — Precisamos de mais força!

Charles acendeu um charuto e baforou a fumaça deste.

— Infelizmente o Estrella só alcança dezoito nós, o que não é nada em comparação com o Tridente do Poseidon ou o Sentinella do Norte!

Houve um breve silêncio, até que Harry, que estava no timão se lembrou de algo.

— Podemos desligar a calefação e mandar todo a pressão para os motores... — Harry comentou manipulando levemente o timão. — Isso funcionou quando o Titanic estava afundando e o Carpathia o alcançou em quatro horas com apenas dezessete nós, o comandante usou o vapor da calefação para os motores!

Pearson balançou a cabeça negando.

— Isso é maluquice, Harry! — reclamou o imediato. — Lá fora está fazendo menos três graus e sem a calefação iremos morrer congelados!

— Mas, pode dar certo! — o comandante disse olhando para todos ali. — Se toda a pressão da calefação for para os motores, teremos mais pressão e poderemos ir mais rápido!

Charles começou a reclamar.

— Minha mãe que me pariu. William, isso é suicídio! Se fizermos isso não poderemos chegar vivos lá. — reclamou o imediato ainda com o seu charuto entre os dedos da mão esquerda. — Isso será um verdadeiro massacre. Se o Estrella não alcança 20 nós com todos os propulsores a bordo, quem dirá com milímetros de vapor de uma calefação!

O comandante coçou a nuca.

— Charles, essa é uma ótima estratégia de chegarmos a tempo até Darwin e resgatá-lo em segurança. — Barrett andou até ele. — Não podemos perder tempo, Charles, e sim ganhar tempo!

O imediato baforou a fumaça do seu charuto.

— Certo, se você quer, vá em frente. — disse o oficial levando o charuto de volta a sua boca. — Quando der errado, não me chame para resolver.  

William sorriu com a resposta de seu amigo e rapidamente pegou o walkie-talkie do bolso.

— Ethan, estás aí?

Houve um silêncio de segundos.

— Sim senhor, capitão!

— Certo, quero que toda a pressão da calefação se dirija para os motores, a fim de irmos mais rápido!

Houve outro silêncio de segundos. Com toda a certeza, Ethan também discordava dessa ideia.

— Sim senhor, comandante!

Barrett encerrou a comunicação com Ethan e ligou o seu aparelho com os altos falantes do navio.

— Boa noite a todos, aqui é o comandante, solicito que todos os marinheiros e marinheiras se apresentem no refeitório em meia-hora! — a voz grave de Barrett ecoou por todos os altos falantes do navio. — Repito: todos no refeitório em meia-hora!

Barrett encerrou o comunicado.

— Eu e Pearson iremos ao refeitório, Harry, avise-nós sobre qualquer coisa!

O auxiliar assentiu e os dois homens deixaram a ponte e seguiram até a passarela, está que ficava atrás da ponte e de lá, tinha uma ampla vista de todos os alunos, que em grupos, começaram a aparecer no salão. Não demorou muito para que todos estivessem lá presentes e atentos ao que o comandante tinha para dizer.

— Boa noite a todos, eu vos convoquei aqui para lhe avisar sobre os acontecimentos que se seguem nesta noite. Primeiramente, peço que todos vistam as roupas mais quentes que tiverem, pois a calefação foi desligada para que possamos chegar mais rápido até Darwin. Segundamente, peço que sigam as ordens de Hayes, assim como foi a última vez! — o comandante disse em voz alta do alto da passarela. — Terceiramente, depois daqui, seremos invisíveis assim como na última vez, não quero nenhuma luz acesa e somente lamparinas em fogos baixos, também quero que desliguem os seus walkies-talkies, pois outras pessoas poderão ouvir os nossos planos a longas distâncias!

Muitos ouviram as ordens de Barrett e acharam exagero sobre o walkie-talkie e outros acharam que era motivo de segurança para todos a bordo.

— Entraremos na zona de guerra em uma hora, por isso, peço a Hayes que organize o exército o mais rápido possível! — o capitão completou. — Se caso fomos atacados, defendam o Estrella como se defendessem suas vidas!

Todos assentiram corajosos. Barrett e os outros tripulantes contavam com a coragem dos alunos para defender a casa flutuante deles e todos sabiam que juntos, conseguiriam defender o navio.

⊱✠⊰

Não demorou muito para que as luzes de navegação do Estrella fossem apagadas e agora em completo escuro, o navio seguia navegando cegamente e sendo guiado unicamente pelo radar, que rastreava diversos icebergs ao redor do navio. Eles agora navegavam sobre um campo de gelo, em que a cada passagem tinham que desviar de um a dois icebergs seguidos, pois não queriam ter o mesmo fim que o Titanic. Os vidros da ponte de comando congelavam a todo segundo e agora, parcialmente congelados, era impossível de se enxergar alguma coisa, então, Barrett solicitou um dos marinheiros para ir para o cesto da gávea, onde seria os olhos do navio. O sortudo foi Oliver, que apesar de ser padre, recusou a usar qualquer tipo de arma, pois era contra os seus princípios e leis. Enquanto isso, às 21h50min, o padre, com um par de binóculos, avista uma luz piscando acima da superfície do oceano e rapidamente contata com o comandante na ponte através de um tubo de comunicação, este que era usado na Segunda Guerra Mundial.

— Capitão, há uma luz piscando no horizonte... — avisou o padre com a voz embargada devido ao frio. — Como se estivesse tentando se comunicar conosco, só que através de código morse!

Pearson olhou para o radar e avistou um ponto pequeno entre vários pontos grandes e de todas as formas.

— Certo, Charles assuma o timão e Harry tente se comunicar com a luz!

Os dois bateram continência e seguiram aos seus postos.

⊱✠⊰

O comandante logo já havia dado a ordem para o professor montar o seu exército na proa e assim se fez. Harry em meio aos alunos com armas de todos os tipos, ligou a lâmpada Morse e com uma folha e lápis que pegou na ponte, começou a se comunicar, na qual se passava por outro navio, onde na mensagem de código morse, ele se apresentava como um navio norte-americano que se chamava Pittsburgh. Enquanto Harry esperava pela resposta, ele parou para analisar a artilharia do Estrella, na qual na proa, atrás dos que tinham arpões - entre eles Ramiro se encontrava -, estavam os arqueiros, com Nicolas entre eles e no centro destes, havia um canhão de 12 polegadas. Canhão esse que estava escondido em partes secretas dos porões do navio, este fora colocado por Ethan e por Wallace, porém, este continha apenas cinco bolas de aço e só poderia ser usado em ocasiões de vida ou morte. Mas, aquela exata situação era realmente necessária para usar o "Ballard", apelido dado ao canhão por Ethan. Não demorou para receber a resposta da luz ao horizonte. Curta e direta, o auxiliar anotou tudo na folha de papel e leu brevemente em silêncio e animou-se ao reler a mensagem, em seguida, correu para a ponte.

— Capitão, a luz ao horizonte é Darwin! — Harry anunciou com um belo sorriso no rosto. — Ele está em um barco e este está inundado!

O comandante sorriu de orelha a orelha.

— Ótimo. Avise a ele de que estamos indo em sua direção!

O auxiliar sorriu e logo deixou a ponte, onde começou a se comunicar com Darwin na luz ao horizonte. Para que o aprendiz reconhecesse o navio, a buzina do Estrella foi tocada duas vezes e em poucos segundos, o bote já estava sendo amarrado na passarela de embarque em estibordo. Missão cumprida. Darwin foi resgatado novamente e agora com vida. O Estrella Siriah já poderia retornar para a sua rota, agora sem mais nenhum imprevisto. A primeira pessoa a receber Darwin fora Pearson, que com um abraço demorado, logo foi recebido por seus amigos, que de um a um, foram abraçando o aprendiz, que recebeu também cobertores e xícaras de chá quente, para conter a hipotermia que estava começando a dar os seus sinais. O aprendiz entrou para o refeitório e foi recebido por mais de seus amigos.

— Darwin, finalmente você voltou! — comentou Thomas abraçando o seu amigo. — Eu senti tanta a sua falta, principalmente quando eu aprontava algo e não tinha ninguém para assumir a culpa por mim!

O aprendiz sorriu.

— Também senti saudades, Tom!

O jovem McMullen começou a olhar ao redor procurando por sua amada, mas ela não estava entre os que vieram lhe receber. Ele logo estranhou. Primeiro desconfiou de que estivesse com Finn, mas este estava por perto e cumprimentou o aprendiz quando ele o viu descer as escadas da passarela.

— Onde está Violetta, Tom?

— A última vez que eu a vi, ela estava em sua cabine!

— Há quanto tempo?

— Uns cinquenta minutos a uma hora atrás. — respondeu o mais baixo um pensativo. — É por aí!

O aprendiz assentiu e ainda com o cobertor, correu em direção a cabine das meninas nos conveses baixos do navio. Ele pulou escadas e colidiu com alguns alunos em ronda pelos corredores e em meio ao escuro, se confundiu com corredores e logo chegou na cabine da sua amada, onde abriu a porta e a encontrou no escuro e de costas para a porta sob a luz de uma lamparina. O coração de Darwin palpitou mais forte do que nunca, pois ela estava lá, parada e lhe esperando. Em passos largos, ele andou até ela e a abraçou por trás. Houve uma explosão de sentimentos tanto nele como nela. Agora, dois corpos nascidos para suprir a necessidade um do outro, estavam unidos novamente depois de tanto tempo.

— Como eu lhe prometi... — ele sussurrou no ouvidos dela. — Eu voltei para você...

Ela se arrepiou dos pés a cabeça. A voz de Darwin era um verdadeiro bálsamo para a jovem que há tempos, esperava por ouvir aquela voz um pouco grave novamente. Ela virou-se para ele e um beijo doce e um pouco selvagem foi selado entre os dois, aquele beijo foi a melhor coisa que aconteceu na vida de ambos durante esses longos dias de distância. O amor entre Darwin e Violetta ainda era algo real. Totalmente real. O beijo entre eles foi encerrado devido a falta de fôlego e foi nesse momento que algo aconteceu.

— Eu senti a sua falta... — ela sussurrou enquanto as suas mãos se encontravam nos ombros dele. — Mas, quero que me explique algo!

O aprendiz franziu o cenho.

— Explicar o quê?

A moça se afastou dele, pegou a lamparina e retirou uma fotografia do bolso, onde aproximou a fotografia para perto da luz da lamparina e ali ele pôde ver do que se tratava. Darwin ficou surpreso e nervoso.

— Essa garota embarcou no Estrella com a intenção de nos matar... — Violetta disse seriamente enquanto ele analisava a foto. — Quais eram as suas intenções e relações com ela, Darwin? Isso é, se esse é o seu verdadeiro nome!

O aprendiz olhou receoso e confuso para a foto e depois para a sua amada que estava em sua frente esperando por respostas e isso estava matando pouco a pouco Darwin, que não sabia o que dizer e nem explicar sobre tudo aquilo. Quem realmente fez tudo aquilo, teve a real certeza de que o relacionamento de ambos iria por água abaixo.

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