[75] | Capítulo 16 - Um Milagre!
O tempo estava cada vez mais frio desde o dia anterior da véspera de Natal, muitos alunos ainda estavam deitados em suas camas quando o sol amanheceu entre nuvens cinzentas e escuras no horizonte. Às 07h40, alguns tripulantes trocaram de turno no convés e foi nesse momento que alguns walkie-talkies desses tripulantes começaram a emitir transferências, como se alguém estivesse tentando algum contato. Às 08hrs, os altos falantes do Estrella ecoaram por toda a embarcação com uma frase que alegraram a todos: "Feliz Natal, Estrella Siriah". Esse foi o passe para muitos alunos saírem de suas camas correndo e seguirem para o refeitório, onde continuaram a festejar. Marge, naquela manhã, fez um belo café da manhã e serviu a todos ali, que desfrutaram de um belo café. Alguns alunos conversavam entre si e outros desfrutavam do café, quando o professor de sobrevivência, Hayes, que com a sua mesma expressão de sempre, adentrou no salão e a primeira pessoa com quem ele se encontrou foi Marge.
— Bom dia, Hayes. — ela sorriu ao ver o professor. — Feliz Natal!
O professor a olhou com uma expressão de mórbido e mal humor.
— Marjorie, não me venhas com animações em plena oito horas da manhã.
Marge franziu o cenho e sorriu.
— Anime-se John, é Natal!
Hayes a olhou raivoso mais uma vez.
— Marge, eu odeio o Natal e todas as festividades, só estou aqui hoje porque estou com fome e estou aqui apenas porque preciso desse navio pra sobreviver. — Hayes a olhou bravo e de face fechada. — Agora se você me permite, eu preciso ir!
Hayes saiu sem dizer nada, deixando uma Marge em confusão.
— Hayes, se não mudar vai acabar sozinho, sim? — a cozinheira gritou apontando para o homem que sumiu indo em direção a proa. — Vai acabar sozinho!
Violetta que estava por ali, logo se aproximou curiosa, pois fazia muito tempo que a mesma não via Marge tão irritada assim.
— O que houve, Marge?
— Nada, apenas me estressei com Hayes. — a cozinheira bebericou o seu café. — Nada anima aquela rocha ambulante!
Violetta sorriu.
— Porque a senhora acha que eu o deixei?
Marge voltou a sorrir.
— Ainda bem, porque eu estava vendo o seu tio em tempo de explodir! — Marjorie respondeu e em seguida terminou de beber o seu café. — O que você tinha em sua cabeça para ter algo com ele?
Violetta sorriu mais uma vez.
— Eu não sei o que tinha, Marge!
A cozinheira sorriu e depois saiu do local deixando Violetta sozinha, tanto que não demorou muito para que Ramiro e Harry chegassem no local.
— Bom dia, Violetta, teve mais alguma notícia de Darwin? — Ramiro perguntou. — Afinal, já faz quartoze dias que não recebemos nada sobre ele!
— Não recebi nada, Ramiro. — Violetta respondeu pegando um biscoito de um pratinho sobre a mesa. — O sinal está bem curto para ter contato com ele!
Os meninos assentiram.
— Espero que esteja tudo bem com ele! — Harry disse. — Aliás, você viu o comandante por aí?
— Não, não vi ele hoje!
— Certo. Bom dia, Violetta!
Harry deixou o local e foi seguido de Ramiro. Violetta, que permaneceu sozinha no local, logo viu que faltava alguém naquele lugar e percebeu que Finnley estava fora dali, pois ele sempre estava pontualmente no salão, antes mesmo de Violetta chegar. Desconfiada de que possa ter acontecido algo, ela logo rumou para a sua cabine.
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Na cabine dos meninos, onde dormiam Oliver, Harry, Nicolas, Thomas e agora Finn, encontrava-se o próprio "passageiro de honra", como Barrett chamava, estava analisando algo em uma pasta preta, onde vários papéis que continham grandes listas estavam reunidos. Finnley analisava cada detalhe daqueles papéis, onde um deles continha até a planta de construção do Estrella, e o passageiro analisava cada detalhe da planta do navio, como se planejasse algo. Tranquilamente e sem nenhum receio, ele folheava as folhas de vez em quando procurando algo e aqui e acolá, anotava algo em um pequeno caderno. Em um completo silêncio que era intercalado pelas folhas da pasta, logo ele ouviu passos e batidas na porta da cabine, que por sinal estava muito bem trancada.
— Estou indo!
Finnley rapidamente pegou as suas coisas e jogou debaixo da cama, em seguida, retirou a camisa e pegou uma toalha, onde colocou a mesma no ombro e bagunçou o cabelo como se estivesse saindo do banho no exato momento. Então, calmamente ele abriu a porta da cabine e animou-se ao ver quem era.
— Bom dia, Violetta... — ele sorriu para ela. — O que desejas?
— Bom, eu vim ver se não aconteceu alguma coisa com você. — ela sorriu de volta. — Afinal, você não estava lá pontualmente no refeitório.
— Eu acordei tarde e acabei me atrasando aqui, mas já estarei indo para lá!
— Ok. Ande logo, pois se não quando você chegar não vai mais haver café da manhã!
— Está bem. — ele sorriu fechando a porta. — Até daqui a pouco!
Violetta assentiu e saiu do local. Finnley fechou a porta e em seguida, ele escutou um toque de telefone. Exatamente um telefone do modelo de walkie-talkie. Então, seguindo o som do telefone que estava escondido junto com as suas coisas, ele achou o telefone, puxou a antena do aparelho e atendeu.
— Sim?
— Você sabe que eles não podem chegar antes de nós!
— Sim, disso eu sei bem, mas o que vocês realmente desejam?
— O que fomos buscar quando pegamos Wallace e o imediato!
Finn ficou em silêncio por alguns segundos.
— Busque a pasta vermelha e entregue-nos amanhã no amanhecer!
— Sim, vou ver se consigo, afinal, Wallace escondeu isso muito bem e pode não estar aqui e sim em outros navios!
Finnley esperou por respostas, mas não ouviu nada, pois "eles" já haviam encerrado a ligação. Finn já sabia o que devia fazer e precisava agir logo, pois não devia esperar o que "eles" pudessem fazer.
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O dia já estava começando e o vento estava favorável para o navio escola, que agora com as velas infladas seguia feroz e majestosamente pelas águas do oceano, onde vez ou outra, apresentava leves balançados de bombordo a estibordo, se não, proa a popa. Todos os tripulantes já estavam entrando em seus turnos para fazer o Estrella chegar o mais rápido possível na tão prometida terra firme. Enquanto os tripulantes trabalhavam, no alto do mastro principal, no cesto da gávea, o jovem sacerdote se encontrava enrolado em cobertores e acordando depois de uma noite de sono. Este, ao ver o sol raiando no céu e as nuvens tão brancas iguais a algodão, levantou-se e segurou firme o cobertor e o seu cachecol, enquanto se segurava nos cabos de apoio do mastro e analisava o oceano. Não demorou muito para que cuidadosamente, ele descesse pelas escadas e logo chegasse ao convés, onde se enrolou com os seus cobertores e entrou para o refeitório. Ao chegar no local, encontrou diversos alunos e alguns amigos seus, como Nicolas e Violet, que estavam em maiores chamegos entre si.
— Bom dia Oliver, feliz Natal! — Violet cumprimentou sorridente o padre. — Por onde esteve?
— Sim Oliver, onde dormiu essa noite?
O padre sorriu.
— Eu dormi no mastro principal!
Nicolas e Violet franziram o cenho confusos.
— Mas, porque dormiu lá? — Violet perguntou confusa. — Os meninos te expulsaram da cabine?
O padre continuou sorrindo.
— Não, não, ninguém me expulsou... — Oliver respondeu sorridente e ajeitou o cachecol. — Eu dormi lá por motivos pessoais.
Nicolas e Violet se entreolharam e ambos fizeram um gesto com as sobrancelhas demonstrando surpresa.
— Ah sim, entendo. — Violet respondeu ajeitando uma mecha do cabelo. — Enfim, Marge estava preocupada com você, se eu fosse você eu iria comer logo, se não ela vai enlouquecer porque você ainda não comeu!
Oliver sorriu.
— Certo, é melhor eu ir. — ele retirou o cobertor de si e o colocou sobre o braço. — Feliz Natal para vocês dois!
O casal sorriu.
— Feliz Natal, Oliver. — respondeu o brasileiro sorridente logo após a sua amada. — Tenha um bom dia!
O padre sorriu e deixou o local. No entanto, enquanto seguia andando calmamente até a mesa, ele avistou Alice, Thomas e Ramiro conversando entre si, porém, nesse exato momento, a loira e Tom olharam para ele, o padre sem esboçar reação, desviou o olhar segundos depois e seguiu com o que estava fazendo. Alice, abaixou o olhar brevemente e voltou a conversar com os seus amigos e Thomas também fez o mesmo.
Não muito longe dali, o comandante e o imediato caminhavam calmamente sobre a passarela de embarque, seguindo em direção a ponte de comando. Barrett estava com o seu uniforme azul escuro com faixas vermelhas, assim como Pearson também estava. O comandante portava uma xícara de café e o imediato fumava o seu velho charuto, um dos últimos existentes no mundo. Ambos caminhavam e vez ou outra, paravam para olhar os alunos no refeitório logo abaixo conversando.
— Nem parece que há mais de dois meses atrás estávamos aqui fazendo uma inspeção nas bagagens deles... — comentou Barrett bebericando o seu café. — E olha só onde estamos comemorando o Natal.
— Graças ao fim do mundo. — Charles baforou o seu charuto. — Se não fosse ele, estaríamos em casa agora comemorando com nossos familiares.
Barrett abriu um sorriso fraco e bebeu mais um pouco do seu café.
— Por falar nisso, Darwin até hoje não deu mais notícias.
— O sinal está curto demais para ele, ainda mais com o sinal fraco do Handel. — Pearson levou o charuto até a boca. — Espero que esteja tudo bem com ele!
Barrett assentiu.
— Vamos para a ponte, precisamos analisar o curso até a terra.
O imediato assentiu e ele seguiram andando, mas quando chegaram na porta da ponte, o walkie-talkie do comandante começou a emitir ruídos, como se alguém estivesse tentando contato, mas o sinal estava muito curto. Barrett pegou o aparelho e esse continuava emitindo as interferências.
— Desde quando zarpamos do Handel, é a primeira vez que ele emite esses ruídos.
Pearson franziu o cenho.
— Seria alguém tentando contato?
— Eu não sei, mas pode ser alguma interferência qualquer devido aparelhos próximos um do outro. — respondeu o comandante. — Você está com o seu walkie não é?
Pearson confirmou balançando a cabeça.
— Talvez seja porque o meu e o seu estejam próximos demais!
— Assim esperamos. — o imediato baforou a fumaça do seu charuto. — Mas que é estranho, é estranho sim!
Barrett assentiu e em seguida, ambos adentraram na ponte de comando.
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Enquanto isso, na enfermaria, a doutora trabalhava incansavelmente nas pesquisas e amostras de sangue que havia coletado de Harry para os seus exames. Susan havia virado a noite trabalhando nos exames do auxiliar, ela conseguia driblar o sono com xícaras de café e isso afetava a sua expressão, que passou de uma mulher bonita para uma senhora cansada e cheia de rugas. Susan nunca havia trabalhado com algo igual, pois nunca havia trabalhado também com coisas envolvendo câncer e ainda mais de estômago e na fase dois. O câncer de Harry já era algo que persistia a um tempo curto, foi descoberto a cinco dias atrás, porém, Susan não queria preocupar o rapaz nisso e por isso, não lhe disse nada. Mas, sentiu-se mal por não ter falado quando ele fora sequestrado por "eles". Susan já havia trabalhado no exame de Harold antes de seu sequestro, mas parou depois, pois não havia como coletar o sangue deste. 09h05min, a doutora já estava quase desistindo quando descobriu algo que mudou toda a sua pesquisa. No início, quando ela descobriu, duvidou dos resultados e procurou exames anteriores para confirmar a sua descoberta. Ela rapidamente pegou a sua pasta com exames do rapaz, pegou também suas coisas e correu atrás do jovem, encontrando-o no refeitório, onde estava com alguns de seus amigos, como Oliver e Ramiro.
— Harry, venha aqui. — ela o chamou e o rapaz chegou até ela curioso. — Depois de trabalhar durante a noite inteira, descobri algo...
O auxiliar franziu o cenho confuso e esperou pela resposta da doutora.
— Bom, agora pouco, eu estava trabalhando nos seus exames e... — ela entregou a folha do resultado para o rapaz. — Você não tem mais câncer nenhum!
Aquilo foi um choque para Harry. Ele não acreditava, como o câncer foi embora de uma hora para outra, ainda mais um câncer em estágio dois e no estômago. Harry ainda estava sem acreditar e se perguntava se aquilo tudo era real.
— Mas, como isso? Como?
Susan sorria constantemente.
— Possivelmente, ejetaram radiação em seu corpo durante o sequestro e ainda mais que você esteve com Eliott, então você já sabe como foi, provavelmente, curado.
Harry continuou a sorrir.
— Significa também que eles acharam a cura sem o 940!
— Pode ser, mas eu considero isso um... um...
De repente, Oliver se aproximou sorridente.
— Um milagre!
Harry e Susan sorriram e se abraçaram, assim como Oliver também fez. O auxiliar e a doutora sabiam que aquilo tinha dedo dos tripulantes do Scorpion e sabiam que o 940 foi a peça fundamental para a cura de Harry, porém, mesmo assim, ainda era algo inacreditável para Harry. Aquilo, possivelmente, era o sinal que Oliver havia pedido na noite anterior no alto do mastro do navio. Um verdadeiro milagre no dia de Natal.
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