[68] | Capítulo 9 - Mundo Branco

O sol já radiava no alto de um céu limpo e azul, poucas nuvens se encontravam no vasto céu, enquanto o Estrella Siriah, ancorado em alto mar, balançava suavemente contra as ondas do oceano e o vento que soprava do oeste para sudeste. Enquanto isso, no refeitório do navio, todos os alunos estão presentes, onde quietos e sonolentos, disponham-se a servir-se com o café da manhã. A animação deles estava uma das piores que já tiveram naquele dia, tanto que um deles ligou um rádio a pilha que tocava uma música qualquer, até que de repente, a "There Is A Light That Never Goes Out", dos Smiths, começou a tocar no rádio. Thomas, que andava próximo do rádio, ainda sonolento e vez ou outra bocejava constantemente, aumentou o volume do aparelho de som que começou a tocar a bela melodia da banda inglesa. Jessie e Violet, que estavam se servindo com o café da manhã, começou a cantarolar a canção e Jessie logo puxou o braço de Thomas enquanto dançava suavemente. De repente, de uma outra para a outra, todos no refeitório já começaram a dançar, batucar com as mãos ou colheres nas mesas, bater pamas e estalar os dedos no ritmo da música. Logo, o refeitório do navio virou um verdadeiro musical. No entanto, no exato momento em que Alice passava pelo refeitório, indo para o convés exterior, Thomas estava cantando o exato refrão, que dizia: "E se um ônibus de dois andares colidir contra nós, morrer ao seu lado, é um jeito tão divino de morrer". Tímida, Alice sorriu e Tom jogou uma piscadela para ela. A loira continuou o seu caminho sem parar, onde ao chegar no convés, avistou Oliver, encostado numa grade olhando o oceano pensativo. Ele avistou Alice chegando e apoiando-se na grade de proteção do navio, onde ambos fizeram um breve contato visual e Oliver abriu um sorriso fraco, enquanto ela devolvia a mesma coisa.

Enquanto isso, o musical ainda prosseguia no refeitório, com todos ali presentes cantando, dançado e se divertindo. Até Marge, que os observava, também já cantava e dançava com qualquer tripulante por ali. A música estava alta e podia se ouvir em todo o navio. Tanto, que Barrett, agora em sua cabine trocando a sua roupa, acabara ouvindo a festa no refeitório e decidiu ir ver o que estava acontecendo lá. Quando chegou ao seu destino, pôde ver que o seu navio havia se tornado um verdadeiro show musical. Irritado, ele caminhou silenciosamente até o rádio e o desligou de uma só vez, fazendo todos que se divertiam, pararem surpresos com o que havia acontecido. Alguns, como Ramiro e Jessie, que estavam de pé sobre os bancos, rapidamente desceram deles assustados e envergonhados. Houve um silêncio ensurdecedor ali naquele local, agora podia-se ouvir o vento do lado de fora do navio, coisa que não era possível alguns segundos antes. Todos olharam envergonhados e sem jeito para o comandante, que agora olhava todos com uma expressão fechada e em um completo poço de mal-humor.

- O QUE É ISSO? UM NAVIO ESCOLA OU UMA DESPEDIDA DE SOLTEIRO? - Gritou o comandante olhando para todos naquele local. - ESTAMOS A DERIVA EM UM NAVIO NO FIM DO MUNDO E EU QUERO ORDEM AQUI. FUI CLARO?

Todos assentiram envergonhados e rapidamente, sentaram em seus devidos lugares, quietos e comportados. Até mesmo Oliver e Alice, ambos nos conveses Barrett, que havia avistado Marge próximo da cozinha, caminhou calmamente até ela, onde está estava meio sem jeito por conta da ordem do comandante.

- Preciso falar com você depois na ponte de comando... - ele ordenou quase sussurrando em seu ouvido. - Estará livre depois, Marge?

- Sim, claro. Estarei lá em poucos minutos!

O comandante assentiu, depois, ele deixou o local, onde ficou todos os alunos pensativos e quietos, enquanto Marge os observava e com isso, uma bela ideia surgiu na sua cabeça.

━─━─━─「⊱✠⊰」─━─━─━─

- Dói aqui?

- Ai! - Disse Nicolas após a doutora por a mão em seu ferimento. - Dói muito!

A doutora assentiu. Susan, que havia descoberto e noticiada de que Nicolas havia sido golpeado na cabeça, e rapidamente se dispôs a fazer um curativo na cabeça do rapaz, que sangrava constantemente e fazia a cabeça do brasileiro latejar.

- Doutora, porque sequestraram o imediato Pearson?

Susan, que estava em silêncio, ficou pensativa por alguns segundos.

- Eu não sei!

A doutora logo começou a passar uma espécie de remédio na cabeça do rapaz, enquanto ele vez ou outra acusava de que estava sentindo dor.

- Por quê somente ele? - Nicolas perguntou mais uma vez. - O que eles querem com ele?

- Eu não sei, Nicolas... - ela respondeu mais uma vez. - Pronto. Terminei o seu curativo!

Susan retirou as suas luvas e quando olhou para as janelas da enfermaria, avistou Hayes fumando um cigarro serenamente. Ambos fizeram um breve contato visual e ela sabia que ele estava apenas esperando Nicolas sair para poder falar com ela. O assunto era o mais óbvio possível. "Eles".

Nicolas agradeceu a doutora e logo saiu dali, onde em seguida, Hayes entrou no local e rapidamente caminhou até a doutora e ainda fumando o seu viciante cigarro, enquanto a doutora guardava os seus instrumentos e medicamentos.

- Você sabe que o projeto não pode ser colocado em risco, não é?

Susan ficou em silêncio.

- E que ninguém deve saber sobre ele, sim? - Hayes questionou e a doutora apenas assentiu. - E porque Barrett perguntou sobre os nosso chefes?

Susan parou por alguns segundos e respirou fundo.

- Ele acabou descobrindo sobre o projeto...

Hayes suspirou profundamente irritado e deu alguns passos para longe dela e depois voltou rapidamente.

- Você sabe que um dos protocolos de segurança do projeto é que ninguém fora da irmandade saiba... - Hayes disse rangendo os dentes. - E agora o comandante sabe tudo sobre os oito navios lá fora.

- Você queria que eu fizesse o quê? Mentisse para ele mais uma vez? - Susan o questionou irritada enquanto ele tragava o seu cigarro. - Mesmo com que ele tendo descoberto sobre todo o projeto? Não adianta fazer mais nada agora, Hayes, tudo o que precisamos fazer é apenas torcer para que ninguém mais saiba!

Hayes baforou a fumaça do seu cigarro.

- É a única solução. - Hayes respondeu. - Se não, o nosso fim será idêntico ao fim dos tripulantes do Luna de Sangre!

Susan ficou pensativa.

- Portanto, tente fazer contato com eles, antes que Pearson seja sepultado no mar.

Susan ainda continuava pensativa e segundos depois, Ethan entrou na enfermaria.

- Bom dia, vocês viram o Harry por aí? - Ethan perguntou. - Já faz mais de a hora que era para ele comparecer à sala de máquinas e até agora nada, eu já fui na cabine dele e não o vi lá... Vocês sabem onde ele está?

- Não, eu não o vi. - Hayes respondeu sério e frio.

Susan e Hayes se entreolharam sérios. Harry também havia sido levado com Pearson. Mas, porque queriam o pobre auxiliar de convés do Estrella?

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Barrett estava na ponte de comando, pensativo e observando o oceano onde a sua cabeça martelava constantemente sobre o sequestro de Pearson - e aparentemente agora, Harry também havia sido sequestrado - e no silêncio do local, que era intercalado pelo barulho das ondas do mar, o comandante tentou se comunicar com alguém ou algo através do rádio amador, mas não obteve respostas e logo ele desistiu após tentar todos os canais do rádio. Em seguida, Marge entrou na ponte de comando, onde caminhou até ele e se encostou na banca de aparelhos da ponte, na qual, o comandante refletia bastante. Ela estava radiante. Um belo sorriso estava estampado em seu rosto. Mal sabia ela sobre o que havia acontecido.

- Bom dia, William. - ela o cumprimentou. - O que você queria falar comigo?

William suspirou profundamente.

- Bom, eu... eu... eu queria te dizer que... - Barrett gaguejou enquanto tentava inventar uma boa desculpa para Marge. - Pearson me mandou dizer que ele estará ausente no Estrella hoje, porque ele achou um bom local para pescar e que está dando muitos peixes e por isso, ele está fora do navio hoje...

Marge franziu o cenho.

- Ele foi para onde?

- Ele está a umas seis milhas daqui e pediu para que nos afastassem dele para que pudesse pescar em paz e não atrapalhar os peixes! - Barrett mentiu mais uma vez. - E ele me disse que não tem hora prevista para voltar, sim?

Marge assentiu pensativa.

- Que estranho, porque ele não me avisou?

- Ele saiu de madrugada e só não lhe avisou para não lhe acordar!

Marge assentiu.

- Enfim, espero que ele volte logo!

Barrett ficou pensativo.

- Eu também espero.

- Bom William, eu queria falar algo com você. É sobre o que aconteceu mais cedo. - disse Marge e ele assentiu. - Aquilo ficou ruim para você... Coitado deles, William... Há meses que eles não se divertem como se divertiam antes!

Barrett abaixou o olhar.

- Deixe eles se divertirem, pelo menos uma vez!

O comandante suspirou profundamente.

- Está bem, eu deixo. Podem fazer o que quiserem, mas que não passem das onze da noite, sim?

Marge sorriu.

- Pode deixar comigo. - Ela disse enquanto se afastava calmamente. - E aliás, hoje no Estrella Siriah se canta e se dança, sim?

Barrett sorriu e assentiu. Depois, a cozinheira deixou o local.

- Pobre Marge, mal sabe ela onde Charles está...

No entanto, nem ele mesmo sabia, pois até aquele momento, ele também não sabia que Harry também havia sido sequestrado e muito provavelmente, ele e o imediato estavam juntos no mesmo lugar.

━─━─━─「⊱✠⊰」─━─━─━─

Um feixe de luz branca invadia os olhos dele. "Onde eu estou?", a voz dele ecoou em sua mente e ao redor. Tudo era de seu branco, a luz, a parede e tudo o que tinha naquele lugar. No entanto, a luz branca era tão forte, que fazia com que os seus doessem. Deitado sobre uma maca, ele se levantou e ainda com a visão um pouco obstruída pela luz do teto, ele olhou para tudo ao redor. Era uma sala acolchoada nas paredes, havia um sofá, uma maca, uma estante de livros e uma mesa de centro. Aquilo era idêntico a uma sala de espera de um consultório médico. Ele pôde notar que estava sozinho naquele lugar silencioso, onde somente a sua respiração era o que ele poderia ouvir. Sentindo fortes dores no braço esquerdo, Harry saiu da maca e andou calmamente pelo local, analisando cada detalhe e foi nisso que ele percebeu que tinha uma porta em sua frente, ele andou cambaleando até ela, mas percebeu que ela não tinha maçaneta e aparentava ser uma porta com alguma espécie de senha. Ele tentou descobrir algum botão secreto ou sensor, mas assustou-se quando ouviu passos atrás da porta e rapidamente ele se afastou receoso. A porta se abriu rapidamente como um flash, e atrás dela, três homens com roupas brancas e máscaras de gás apareceram e jogaram na sala um homem muito desesperado, na qual ele tentou sair, mas os homens fecharam a porta rapidamente. O homem pedia para sair enquanto esmurrava a porta tentando quebrá-la, foi nisso que Harry pôde reconhecer aquele homem em desespero.

- Imediato?

O homem assustado olhou para trás e ficou surpreso.

- Harry? Você também está aqui? - Ele abraçou fortemente o auxiliar. - Eles também te sequestraram?

- Sim, mas eu não sei o porque... - disse o auxiliar confuso. - O senhor sabe de algo?

- Infelizmente não, Harry. Eles colocaram uma venda em meus olhos e tampões de ouvido. - Disse o imediato analisando a sala. - Que lugar é esse, Harry?

- Eu não sei imediato, eu acordei agora pouco e não sei como vim parar aqui! - respondeu o rapaz que olhava para todos os lados. - E ainda me colocaram essa roupa!

Harry e Pearson usavam a mesma roupa, que era uma camisa, calça e sapato. Exatamente como um uniforme de enfermeiro.

- Isso parece uma espécie de hospital... - Pearson comentou olhando para todos os lados da sala. - Mas, hospitais não existem mais, a não ser se for uma enfermaria de um navio!

- Bom, não estamos em um navio, porque não balança... - respondeu Harry olhando para o chão e depois olhou para o teto, na tentativa de escutar algo. - E eu não escuto motores!

Pearson começou a ficar assustado.

- Onde estamos, Harry?

Harry olhou para ele receoso e assustado.

- Eu não sei, imediato!

Segundos depois, ouviu-se passos mais uma vez vindo atrás da porta, onde ela se abriu rapidamente e mais uma vez os homens de branco e com máscara de gás entraram na sala. Dessa vez eles estavam em quatro, mas um deles tinha uma caixa retangular pequena em uma de suas mãos enluvadas. Três homens caminharam na direção de Harry, que apenas se afastava lentamente e logo, dois homens seguraram o auxiliar e o fizeram deitar sobre a maca, onde de dentro da caixa uma seringa com um líquido azul foi tirada.

- Não! NÃO. NÃO! - gritou Pearson indo na direção deles. - LARGUEM ELE, DEIXE-O EM PAZ!

Porém, antes que o imediato pudesse chegar até os homens, um deles era forte demais e segurou Charles, enquanto os outros três faziam o serviço. O braço esquerdo de Harry foi esticado e um deles preparou a seringa com o líquido azul, e após uma pequena injetada para fora - onde ele verificou se a mesma funcionava - ele aplicou suavemente o líquido nas veias do braço do auxiliar, que aos poucos foi se acalmando e quando o líquido se acabou, o rapaz já não tinha mais forças para dizer ou fazer algo. Os quatro homens se retiraram como fantasmas e por fim, eles estavam presos de novo naquela sala.

- Harry, você está bem? - Perguntou o oficial preocupado. - Eles fizeram algo com você?

- Apenas injetaram algo em... mim!

Ele estava fraco, tanto que unia todas as suas forças para formar palavras.

- Acalme-se, eu vou dar um jeito de sair daqui!

Pearson afastou-se de Harold olhando para todos os lados da sala e notou que sobre a mesa de centro, havia uma bandeja com algumas comidas e entre essas comidas, um garfo de plástico azul aparentava brilhar em meio aquele mundo branco. Pearson pegou o garfo, quebrou-o fazendo ele ter um lado pontiagudo e correu numa parede próximo a Harry, onde ao tocar, ele viu que ela acolchoada e rapidamente, ele cortou o tecido da parede em forma de X, e quando ele rasgou mais um pouco do buraco que havia feito, ele viu algo inacreditável e que o deixou mais assustado ainda.

- Concreto? - Ele disse batendo duas vezes na parede de cimento e depois olhou ao seu redor. - Onde estamos?

Aquilo era assustador e perturbador. Ele estavam em uma sala acolchoada e um trás de todo o tecido, uma parede de concreto sólido era a surpresa da cartola. Onde eles estavam? Quem era aqueles homens com máscaras de gás? O que eles querem? Essas são perguntas tão difíceis de serem respondidas.

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Música: There Is A Light That Never Goes Out
Artista: The Smiths

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