[46] | Capítulo VII - Sim e Não!

A sessão espírita ainda continuava acontecendo. Todos estavam tensos e assustados por terem descoberto quem era o espírito, porém, o que a doutora não imaginava era que ele, era uma entidade feminina e que havia feito de tudo para atrapalhar o seu relacionamento com Arnold. Ela se chama Ellory. Ela havia retornado ao Estrella para vingar-se do seu assassino, que era uma pessoa que estava a bordo e que Susan sabia muito bem quem era. Porém, não temia de que a entidade fosse atrás dele. Sharon continuou a comunicar-se com a entidade, tanto que até os números foram utilizados na tábua ouija para a comunicação. Não se passava das 00h40min, a naufraga estava quase terminando a sessão, quando ela se calou, apertou as suas mãos firmes em cima da mesa e abaixou a cabeça. Seamus e Cedric desconfiaram. Em seguida, ela começa a emitir suspiros ofegantes e altos.

— Eu não aguento. Eu não aguento. Não aguento! — repetia a mulher ainda de cabeça baixa e apertando as mãos na mesa. — Me deixe sair. Me deixe sair. ME DEIXE SAIR!

Sharon colocou a tremer-se dos pés a cabeça.

— VOCÊ IRÁ ME PAGAR. O QUE VOCÊ FEZ COMIGO NÃO IRÁ PASSAR EM BRANCO! — Gritou a mulher olhando raivosamente para Susan. — PENSAS QUE EU ESQUECI, MAS ESTAS ENGANADA!

A doutora e os demais assustaram-se.

— Pare com isso agora. — Ordenou Seamus aproximando-se da mesa. — O espírito de Ellory assumiu o corpo de Sharon e se não pararem, a alma dela irá possuir o corpo dela!

— VOCÊ E O JOHN IRÃO ME PAGAR! — Sharon continuou gritando. — ME AGUARDEM!

Todos ainda estavam assustados.

— Já chega! — Ordenou Seamus, que pegou um copo de água e jogou contra o rosto de Sharon. — Volte para onde você veio, Ellory. Volte... Rápido, Cedric, apaguem as velas!

O rapaz de cabelos castanhos correu até algumas velas e as apagou, depois correu até outras e fez o mesmo. Tudo ficou em uma densa escuridão, porém, havia uma lamparina embaixo da mesa e então, com aquele objeto luminoso segurado por Pearson, eles iluminaram o rosto de Sharon que estava de olhos fechados. Como se estivesse dormindo.

— Sharon, Sharon acorde! — chamou Cedric dando leves tapas no maxilar dela. — Sharon, acorde!

Em seguida, a moça abriu lentamente os olhos e olhou para todos ali. Porém, sentiu uma forte dor de cabeça.

— O quê aconteceu? — Ela perguntou bocejando. — O que houve?

— Eu acho que o espírito de Ellory tentou dominar o seu corpo! — Seamus respondeu aproximando-se dela. — Porém, conseguimos reverter isso!

Sharon pôs a mão na cabeça na tentativa de aliviar a dor. Porém, sem sucesso.

— Misericórdia, que dor de cabeça! — Disse a mulher apertando os olhos com força. — Me arrependo de fazer isso!

Ela levantou-se e recebeu ajuda de Seamus.

— Enfim, eu acho melhor irmos dormir e amanhã talvez resolveremos isso. — anunciou ela indo em direção a escada que levava ao convés debaixo. — Boa noite, vamos Seamus!

O homem a seguiu e ambos desapareceram em meio a escuridão.

— Eu vou voltar pra minha vigília! — disse Pearson acendendo a sua lamparina. — Boa noite!

O imediato deixou o local rapidamente assim como Sharon.

— Bom, eu vou dormir! — Cedric despediu-se dela e ligou uma pequenina lanterninha. — Boa noite, doutora!

O rapaz também foi um dos que desapareceram em meio a escuridão, sem dizer mais nada. Agora, Susan se viu sozinha em meio a escuridão daquele refeitório. Naquela noite, tudo estava mais escuro do que o normal.

— Boa noite! — ela respondeu e a sua voz ecoou.

Depois, sob passos calmos e tranquilos, ela deixou o local com uma lanterna que havia trago consigo. Com um certo receio, ela seguiu andando, porém, em um certo ponto começou a escutar passos e pancadas leves nas paredes de aço dos corredores. As pancadas eram leves e outras pesadas, além de alguns passos, passos esses que aparentavam que a pessoa usava uma botina de couro. Após ouvir essa série de acontecimentos, Susan rumou rapidamente para a sua cabine e chegou lá em apenas cinco minutos, adentrou dentro da mesma e a trancou. Em seguida, sentou-se em sua cama e ajeitou o cabelo. Depois, recordou-se da estranha risada de Ellory e como aquilo lhe trazia raiva, ódio, dor e angústia. Após alguns minutos ali sentada, ela deitou-se e lá dormiu.

Mais um dia nasceu a bordo do navio-escola e mais uma vez, a rotina desde o primeiro dia foi mantida. Porém, aquele dia foi diferente, porque a ordem de "divirtam-se e tenham um ótimo dia de folga" foi dada pelo capitão Barrett. Os alunos tiveram a manhã inteira livre, inventaram jogos, leram livros, divertiram-se no clube acima do refeitório e entre esses que estavam lá, era Thomas, Alice, Ramiro, Lucy e Jessie. Ambos conversavam bastante e vez ou outra tomavam um suco ou água, porém, o mais usado ali era a água porque - segundo Susan - seria um dia bem quente e por isso, Barrett decidiu manter a posição do Estrella para que eles pudessem se divertir e refrescar-se nas águas. Assim se fez. Enquanto isso, eles ainda continuavam conversando e ouvindo uma música bastante eletrizante.

— Vocês não acham estranho como a Sharon tem se comportado estranho pro lado da doutora? — Ramiro questionou. — Tipo, elas se olham como se antes, de estarem aqui, tiveram um desentendimento!

— Sim, eu tenho percebido! — Respondeu Jessie franzindo o cenho. — Tanto que eu não sei se vocês perceberam, mas no primeiro dia em que nós vimos eles, elas se olharam estranho!

Todos ali pensaram e por um segundo assentiram.

— Enfim, eu vou buscar mais água para nós! — Alice levantou-se levando os cinco copos. — Não demoro!

— Vou com você, Alice! — Jessie levantou-se rapidamente e seguiu a moça. — Preciso conversar contigo uma coisa!

A moça de cabelos quase loiros e a outra de cabelos grandes e pretos deixaram o local. Enquanto isso, eles continuaram a conversar. Até que Sariah - a naufraga do New Glasgow - chegou e sentou no lugar onde estava Alice - que era de frente para Tom - e ela o encarou sensualmente e pôs a sua mão em cima da dele. Com isso, o jovem Thomas acabou ficando nervoso e sem ação.

— Enfim, você vem sempre por aqui? — Ela perguntou acariciando a sua mão. —... Ou está apenas de passagem!

Thomas abriu um sorriso meio sem jeito.

— Mas, não há outro lugar para eu ir a não ser aqui! - Thomas respondeu e ela sorriu. — Aqui temos o limite para andar apenas de 70 a 90 metros!

Sariah sorriu mais uma vez e em seguida, pôs a mão no rosto dele e acariciou.

— Puxa vida, como você é lindo!

Ramiro arregalou os olhos e passou a mão na nuca, em sinal de desconforto. Thomas ficou sem palavras e Lucy apenas os observaram.

— Tome cuidado, Sariah! — Ela a avisou e a naufraga revirou os olhos em sinal de tédio. — Ele tem namorada!

Sariah continuou a acariciar o rapaz.

— Eu não estou vendo a tão famosa namorada dele!

— Ah não? — A voz de Alice tomou o lugar. — Vire-se e verá!

Sariah virou-se e avistou a jovem Campbell com um olhar de poucos amigos e segurando os copos, com a ajuda de Jessie.

— Nossa, grandes coisas essa sua namorada, Tom!

Alice enfureceu-se e apertou o copo, depois, colocou os mesmos na mesa e pegou no braço da jovem, a retirando do seu lugar.

— Vamos, fora daqui! — Ela o empurrou. — FORA!

— E quem é que vai me tirar daqui?

Alice aproximou-se dela e ambas se encararam cara a cara.

— Eu mesma. Porquê? — a jovem debochou. — Estás incomodada?

Em seguida, Thomas e Ramiro interferiram ali e retiraram a loira dali.

— Isso mesmo, tirem essa miserável daqui! — Sariah disse. — Não é nem da minha altura e já se acha a maioral!

Alice revoltou-se mais uma vez.

— O que você disse, sua prostituta? — ela questionou com raiva. — Repita se você tiver coragem!

— Não é nem da minha altura e já quer ser a maioral. — Sariah debochou dela mais uma vez. — Vai fazer o quê? Chorar?

Alice sorriu maliciosamente.

— Eu não vou chorar! — ela disse e pegou um dos copos cheio de água. — Mas irei fazer isso!

Em seguida, ela jogou toda a água que estava dentro do copo no rosto de Sariah, que se molhou toda.

— Vai fazer o quê? — Alice a imitou. — Vai chorar?

Sariah não disse mais nada e saiu exalando raiva. Ela passou por Annabeth, que a olhou com ódio e seguiu resmungando indo em direção a sua cabine.

— O que aconteceu com a tonta da novata? — Questionou Annabeth sentando-se ao lado de Jessie. — Porque ela saiu toda molhada daquele jeito?

— Alice jogou nela um copo cheio de água! — Jessie respondeu e bebericou um pouco mais de sua água. — Simplesmente por ter debochado da sua cara!

Annabeth sorriu.

— Bem feito!

O silêncio manteve-se por ali. Até que Violet chegou com um belo sorriso no rosto.

— Ei pessoal, que tal nós passarmos o dia no convés? — ela sorriu e todos se entreolharam. — A gente pode tomar banho de sol e mar, pode inventar brincadeiras e tudo mais!

— Até que não é uma má ideia! — Comentou Alice olhando para todos ali. — Podemos até fazer um piquenique lá!

— Sim! - Respondeu Lucy animada e levantando-se do seu assento. — Eu vou buscar minhas coisas e chamar o Oliver e Nicolas!

— Não. Ninguém aqui gosta de você! — Annabeth reclamou. — Então, ninguém a convidou!

Porém, Lucy deu de ombros e saiu saltitante dali. Anna bufou de raiva.

— Mas enfim, me ajudem a pegar as coisas lá no depósito! — Violet os chamou e eles a seguiram.

— Espero que não seja muita coisa!

Eles partiram dali do clube e caminharam por diversos conveses e passaram por diversos corredores, até que finalmente chegaram no local - que ficava de frente para a porta que levava a sala de máquinas - e lá, encontraram Oliver, Nicolas e Lucy. Ambos esperando o restante do grupo chegar.

— Muito bem, chegamos! — Anunciou a menina. — Abra a porta, Nicolas.

O brasileiro caminhou até a porta da sala, abriu a mesma e logo um cômodo escuro e espaçoso se mostrou atrás da porta. Violet foi a primeira a entrar, ligou uma lâmpada e tudo ficou mais claro. Com isso, o restante do grupo adentrou calmamente e em seguida, começaram a pegar algumas coisa, enquanto Jessie segurava a porta da sala - pois a mesma estava com defeito e só abria pelo lado de fora - e assim se fez.

— Jessie, não vá soltar essa porta! — Annabeth avisou a mesma. — Solte-a e você vai tomar banho de sol com um olho roxo!

— Está bem, Annabeth! — Ela sorriu. — Eu não vou soltar!

Porém, em seguida, uma pequena turma de meninos passou por ali e Jessie se interessou.

— Olá Jessie! — Cumprimentou alguns dos meninos, que se chamava Ethan. — Pode nos ajudar aqui?

— Infelizmente não, eu tenho que ajudar aqui, Ethan!

— Mas é rapidinho! — Insistiu o menino. — Eles não vão nem perceber que você soltou essa porta!

Jessie olhou para a sala e em seguida para os meninos e deu de ombros.

— Tudo bem. — ela pegou na caixa que o rapaz estava carregando com dificuldade. — Vamos!

Porém, ela pensava que a porta ficaria em seu lugar e assim eles poderiam sair. Mas não foi bem assim que ela pensou. A porta rapidamente se fechou e somente Annabeth percebeu que a mesma estava se fechando, ela tentou segurar a porta, porém quase machucou a sua mão.

— Droga! JESSIE! — Gritou Annabeth batendo com força as mãos na porta. — ABRA ESSA PORTA!

Ela gritou e gritou. Porém, Jessie já não estava mais lá.

— Ela deve ter ido ajudar os meninos que estavam passando! — Oliver disse e ela o olhou raivoso. — Acalme-se Annabeth!

A menina deu alguns passos a frente e olhou para ele.

— Olha Oliver, eu só não lhe bato porque você é um padre e usa óculos. — Ela disse e ele engoliu a seco. — Senão, você já estaria com o nariz sangrando!

O sacerdote assentiu.

— Agora o que resta mesmo é apenas esperar! — Tom sentou-se sobre um balde de lata. — Até que ela volte, iremos perder o resto da tarde!

— Nossa que calor! — reclamou Alice sentando-se no chão. — Quantos graus está fazendo agora?

— Trinta e dois graus e meio! — respondeu Ramiro após olhar o termômetro que tinha na parede.

— Pelo visto, parece que vamos derreter aqui! — comentou Nicolas deitando-se sobre o chão. — Porque raios aqueles garotos foram chamar Jessie?

— Eis a questão! — Violet disse andando de um lado para o outro na cabine. — Espere, tem uma escotilha aqui não é mesmo?

— Sim!

— Então, porque não abrimos? — Ela disse indo até a escotilha. — Assim a brisa do mar irá refrescar!

— Não podemos abri-los! — Respondeu Ramiro sentando-se no chão e encostando-se na parede.

— Porque não?

— Simplesmente olhe. — Ele apontou para a escotilha. — O vidro é fumê e a escotilha é travada com os mais potentes parafusos ingleses!

— Droga. — reclamou Lucy batendo o pé fortemente no chão. — Se eu soubesse que seria assim, deveria não ter aceitado o convite de vocês!

— Ninguém convidou você, Lucy! — Annabeth disse rudemente. — E aliás, ninguém aqui gosta de você!

O silêncio manteve-se por alguns segundos.

— O que iremos fazer agora? — Violet sentou-se ao lado do brasileiro. — Enquanto derretemos aqui nessa sala!

— Esperar. Nada além de esperar! — Oliver respondeu com uma voz suave.— Esperamos que até que ela volte, estejamos inteiros e vivos!

Todos ali resmungaram. Eles teriam que aguentar aquele tremendo calor, na qual aumentava a cada hora. Tanto, alguns segundos depois, a temperatura alcançava exatos 36° graus, com isso, alguns deles começavam a suar. Ramiro retirou logo a camisa e deitou-se no chão na tentativa de conter o calor, porém, acabou falhando. E agora? O que iriam fazer, enquanto assavam igual a biscoitos num forno?

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top