[45] | Capítulo VI - Os Estranhos!
Um novo dia amanheceu a bordo do navio escola. O sol estava radiante e reinava no alto do céu com todo o seu esplendor, na qual foi feito exatamente para isso. Às 08h30min, todos os alarmes tocaram, anunciando que mais um dia iria começar a bordo. Os alunos levantaram-se, pegaram suas coisas e muitos - alguns alegres, brincalhões e outros ainda dormindo - seguiram para o banheiro, na qual todos compartilhavam. Ramiro, Thomas, Oliver e Nicolas adentraram no local, porém foram acompanhados por Cedric e Williard - os novatos - que apesar de serem desconhecidos, foram bem tratados por Alice e Jessie. Porém, Tom sentiu ciúmes de sua amada - por ela tratar Williard de um jeito bem diferente. Todos os meninos tomaram os seus devidos banhos e fizeram suas higienes matinais, mas, o jovem Oliver havia esquecido o seu perfume e não haveria tempo dele ir buscar - pois, depois dali, iriam diretamente para a sala de aula e já estavam atrasados. E ele ficou desesperado, pois não sabia a quem recorrer, até que ele viu Cedric.
- Olá Cedric, você pode emprestar o seu perfume! - Ele perguntou meio envergonhado, enquanto coçava a nuca. - É que eu acabei esquecendo o meu!
O rapaz de cabelos castanhos sorriu.
- Sim, claro! - ele pegou o frasco e entregou a Oliver. - Com todo o prazer!
Oliver passou um pouco no pescoço e entregou para o colega.
- Muito obrigado, Cedric! - ele sorriu e saiu dali, vestindo o casaco do uniforme.
O novato observou o padre ir embora, com os olhos brilhando. O local estava vazio, até que Violet adentrou pra lavar as mãos e decidiu aproximar-se dele.
- Olá, eu sou Violet! - ela sorriu. - E você é o Cedric, não é?
Ele sorriu.
- Sim, sou eu mesmo. Prazer em lhe conhecer! - Ele respondeu com um radiante sorriso no rosto. - Uma pergunta?
Violet assentiu.
- Quem é ele? - Ele perguntou e Violet franziu o cenho. - O que acabou de sair daqui!
- Aquele é o Oliver! - Ela sorriu mais uma vez. - Ele é o sacerdote daqui... Ou melhor, o último padre do mundo!
Cedric sorriu e Violet o deixou sozinho. O novato ficou por ali por alguns minutos, depois deixou o local meio pensativo enquanto a Oliver.
Todos os alunos já se encontravam na sala de aula, onde Hayes explicava tudo sobre sobrevivência no mar. Porém, uma aluna havia matado as cinco últimas aulas do dia, pois, antes do intervalo, ela ainda estava na sala e depois que o mesmo havia se encerrado, a mesma sumiu. Aluna essa que se chama Violetta Smith. Sim, a sobrinha do capitão. Havia matado cinco últimas aulas, apenas para se encontrar com uma pessoa que ela adorava estar ao lado. Ser humano esse chamado Darwin McMullen. O aprendiz de oficial. Ambos marcaram de se encontrar atrás da escada que levava ao clube acima do refeitório. Assim se fez. O rapaz adentrou no local carregando baldes de peixes - esses haviam sido pescados ao amanhecer.
- Como sempre pontual! - disse Violetta sorrindo e aproximando-se dele. - E além de tudo, um ótimo trabalhador!
Darwin sorriu ao vê-la.
- Diferente de você, que devia estar em sala de aula agora!
Ela sorriu de volta. Ambos se aproximaram muito próximo um do outro e ali, selaram um beijo doce, calmo, romântico e por cima de tudo, cheio de amor. Eles se separaram com selinhos e sorrisos, porém, ainda abraçados.
- Você sabe que se um dia encontrarmos a terra, eu quero que todos vão embora e que possamos morar sozinhos aqui no Estrella! - ele disse olhando nos olhos dela. - Imagine o navio inteiramente para você!
Ela sorriu.
- E antes que pergunte, sim, iremos ficar ancorados ao largo da terra firme! - ele disse. - Assim, os nossos amigos poderão nos visitar e ficar perto de nós!
- Você promete? - Ela o questionou com um sorriso bobo no rosto. - Promete, Darwin?
- Sim, com toda a certeza, sim!
Em seguida, eles se beijaram mais uma vez. Depois, se afastaram com belos sorrisos.
- Enfim, eu preciso ir! - Ele disse. - Ou Marge cortará a minha cabeça se eu não entregar esses peixes a tempo!
Violetta assentiu e sorriu.
- Está bem! - ela respondeu e deu um selinho demorado nele. - Te vejo mais tarde!
- Está bem!
Darwin sorriu, depositou outro selinho na moça e se afastou sorrindo e depois entrou na cozinha. Violetta ficou por ali por alguns minutos, mas logo saiu dali.
Enquanto isso, nos conveses mais abaixo do refeitório, encontra-se a enfermaria do navio, onde Susan se encontra sentada em uma cadeira e analisando alguns exames dos novos náufragos. Enquanto isso, o silêncio predomina o local e ela levanta, vai até uma bancada e pega uma caneta, depois volta e senta-se de volta na cadeira, porém, quando olha de volta para o papel depara-se com um aviso escrito com caneta vermelha. A doutora acaba levando um susto e pergunta-se como aquilo veio parar ali de uma hora pra outra, sendo que aquilo não estava ali antes. Ela decide olhar e ler o aviso, que diz:
"Não adianta tentar me ignorar ou fingir que não acredita. Eu tenho poderes sobrenaturais, como esse, e portanto, é melhor acreditar que eu tenho isso ou consequências sofrerá!
Ass: Ellory!"
Susan ficou confusa. Como aquilo aconteceu assim tão de repente? Quem entrou ali e deixou aquele aviso? E aliás, como o nome de Ellory foi parar lá?. Perguntas como essas rodeavam a cabeça da mulher, mas a "resposta" para tudo isso veio e ela logo suspeitou quem foi o autor de tudo aquilo.
- Sharon, sua maldita!
Em um ato de raiva, ela deixou a caneta na mesa, retirou os óculos, as luvas e o jaleco, pegou o aviso, dobrou o papel e em seguida, rapidamente deixou o local. A doutora seguiu rumo ao refeitório, onde provavelmente encontraria a mulher que fez aquilo tudo. Ela passou por diversos corredores, escadas e conveses, até que finalmente chegou e a encontrou onde realmente pensou. Sharon estava sentada em uma das mesas, tomando um suco de laranja e comendo alguns biscoitos, onde estava na companhia de Seamus. Então, sob passos firmes e quase largos, Susan caminhou até eles e logo chegou sem esboçar nenhum sorriso.
- Bom dia, Seamus, me deixa a sós com a Sharon? - Ela forçou um sorriso ao olhar para o homem calvo. - Eu preciso conversar com ela sobre um assunto particular!
Seamus olhou para a mulher e para a doutora.
- Sim, claro! - ele levantou-se. - Fique a vontade. Com licença!
O homem saiu dali rapidamente se dizer mais nada. Susan então sentou-se de frente para ela e olhou para os lados, certificando-se de que ninguém iria ouvir a conversa.
- Muito bem, o que queres conversar comigo, doutora?
Susan forçou outro sorriso e por fim, retirou o bilhete do bolso e o bateu sobre a mesa.
- Pode me explicar o que raios significa isso?
A naufraga olhou confusa para o papel, deixou o copo de suco na mesa, pegou o bilhete, abriu o mesmo e leu. Depois, olhou para a doutora ainda confusa.
- Eu realmente não sei o que significa isso! - ela olhou de volta para o bilhete. - Mas, parece que é de extrema importância!
Susan debochou, arqueando as sobrancelhas e sorrindo.
- Oh sério, Sharon? - ela disse em um tom irônico. - Você sabia que eu nem tinha percebido isso!
A mulher não disse mais nada.
- Não tente bancar a desentendida aqui, Sharon! - Susan disse agora com raiva. - Porque você é a única que sabe sobre Ellory!
A mulher continuou a dizer nada.
- Não fique calada, porque o seu silêncio vale mais do que mil palavras! - a doutora disse e a mulher bebericou um pouco mais do suco. - Foi você que deixou esse bilhete lá, não foi? Não foi, Sharon?
A mulher deixou o copo sobre a mesa e olhou para Andrews, soltando um leve suspiro.
- Não, doutora Andrews, não foi eu! - Ela respondeu com toda a sinceridade. - E outra, essa caligrafia não é minha!
Susan não disse nada.
- Duvidas? - Ela disse olhando para todos os lados a procura de um aluno, até que um rapaz passou, ela o chamou e ele aproximou-se curioso. - Me empreste uma caneta e uma folha!
O rapaz emprestou o caderno e a caneta, ela escreveu o nome Ellory numa folha e rasgou a folha do caderno do menino. Em seguida, o dispensou. Depois, Sharon mostrou a doutora a sua caligrafia e a comparou.
- Veja, as letras são muito diferentes!
Susan fez a comparação e a naufraga estava certa.
- Mas, mas... Mas como esse aviso veio parar lá na enfermaria? - A doutora a questionou mais uma vez. - Explique-me, já que você tem o sexto sentido!
A naufraga soltou um suspiro, olhou para todos os lados e decidiu responder.
- Simplesmente, o espírito de Ellory está aqui! - ela respondeu quase em sussurro. - Recordas das luzes e das canecas de alumínio?
Susan assentiu.
- Foi ela que fez aquilo. Ela veio atrás de vingança e por isso, está aqui! - Sharon respondeu e Susan fingiu que acreditou. - Queres saber o que de fato ela faz aqui? Solicito que faremos uma sessão espírita aqui no meio do navio à meia-noite, chame o capitão e quem tem coragem para participar!
Susan não disse nada.
- Muito bem, era apenas isso que queria, doutora? - disse a naufraga levantando-se e Susan não respondeu nada. - Eu espero que sim, se me der licença!
Sharon deixou o local levando a caneca e o prato em direção a cozinha, onde Marge se encontrava. Andrews ficou sozinha sentada na mesa, enquanto estava pensativa sobre o assunto. Será que valia mesmo a pena ter uma sessão espírita a bordo do Estrella? Essa era a questão que rodeava a sua cabeça e a deixava maluca.
O dia passou-se calmo, pacífico e cheio de alegria entre os novos amigos dos novatos. Logo a noite caiu e trouxe com ela a escuridão e as diversas e milhares de estrelas, que decidiram brilhar naquela noite. A embarcação de cor branca seguia calmamente sobre o oceano, enquanto o vento sobrava no norte e inflava as velas da popa e meia-nau. Às 22hrs, alguns alunos ainda encontravam-se conversando ou divertindo-se com alguns amigos no clube, cabine ou refeitório, enquanto outros estavam deitados dormindo em suas camas. Mas, no convés da popa, um casal de namorados está a observar as estrelas e ambos estão sentados numa caixa de coletes salva-vidas e abraçados, enrolados sobre um cobertor, ambos se mantém aquecidos. Casal esse que são a sobrinha do capitão e o jovem brasileiro, sim. Violet e Nicolas.
- Olhe quantas estrelas, são magníficas! - comentou a jovem Smith olhando para cima. - Absolutamente incrível!
- Sim, de fato! - ele respondeu e olhou para ela. - Mas, não tão magnífica como você!
Ela olhou para ele e sorriu. Em seguida, eles selaram um beijo e às 23hrs, o horário que eles deveriam estar dormindo chegou e ambos precisaram ir para as suas cabines. O casal de namorados passou por diversos lugares, até que finalmente chegou na cabine das meninas. Violet - ainda abraçada ao corpo do seu namorado - não queria se soltar dele, pois segundo ela, ele era um verdadeiro urso de pelúcia.
- Você precisa me soltar! - Ele disse tentando livrar-se dela. - Infelizmente eu não posso dormir com você!
Depois de tantas tentativas, Nicolas conseguiu soltar-se da moça e fez uma dancinha da vitória, mas parou rapidamente quando avistou Seamus vindo pelo corredor e indo em direção a popa. Porém, o homem calvo parou próximo deles.
- Olá, vocês podem me informar onde fica a lavanderia? - Ele perguntou com um belo sorriso no rosto e com o olhar fixo em Violet. - É que estou a procura de Margaret, mãe de Williard, pois ela levou algumas roupas sujas para lá e dentro delas tem um valioso relógio!
Violet sorriu e Nicolas tentou responder, mas ele não ouviu o brasileiro falar.
- Enfim, como ele disse, segue por aqui, vire a direita, desça uma escada e segue pelo corredor da enfermaria! - ela o instruiu, enquanto ele a olhava de uma forma que simbolizava paixão. - E assim você chegará lá!
Seamus sorriu.
- Muito obrigado! - ele continuou olhando para ela enquanto se afastava. - A sua explicação irá me ajudar!
Em seguida, ela sorriu e ele se afastou, porém, enquanto ia embora, ele não parava de olhar para trás. Nicolas estranhou aquilo tudo.
- Você viu o jeito que ele me tratou? - perguntou o brasileiro confuso. - Ele nem me escutou e com você, ele entendeu tudo bem direitinho!
- Sim, foi bem estranho! - Ela respondeu franzindo o cenho, mas logo abriu um sorriso. - Porém, isso não importa agora!
Ele segurou a mão dela e em seguida, a abraçou, deu um selinho, porém logo separou-se dela.
- Enfim, eu preciso ir! - Ele sorriu e se afastou. - Até amanhã, minha querida!
Ela sorriu.
- Até!
Violet adentrou na cabine e fechou a porta, passou pelas meninas e deitou-se em sua cama, sem fazer nenhum barulho. Enquanto isso, Nicolas prosseguiu para a sua cabine, adentrou na mesma em silêncio, passou pelas camas de Ramiro, Thomas, Oliver e de um menino chamado Danny, até que finalmente chegou em sua cama, deitou sobre ela e logo adormeceu.
O silêncio dominou o navio, juntamente com a total escuridão. Porém, no centro da embarcação, exatamente no refeitório, onde uma mesa foi colocada e ao redor, velas encontravam-se em candelabros, mesas e até mesmo no próprio chão. Na mesa, uma tabua ouija fora colocada e no meio dela um copo - com a boca para baixo - foi colocado. Na sessão espírita, participava: Sharon, Susan, Pearson, Seamus e Cedric. A doutora, a naufraga, o imediato e o jovem estavam sentados na mesa, enquanto o homem calvo estava de pé próximo deles. O imediato - que estava passando por ali - decidiu saber o que os novatos estavam fazendo e além disso, ele não acreditou em nada do que Sharon havia dito, portanto, ele disse que acreditaria se visse o que ela relatou. Então, às 23h59min, Seamus olhou no relógio pela última vez e fez sinal ao olhar para a mulher.
- Muito bem, agora iremos começar a sessão espírita! - Anunciou Sharon e em seguida olhou para todos ali. - Deem as mãos e fiquem em silêncio!
Todos fizeram o que ela havia mandado e ficaram em silêncio, enquanto a mulher fechava os olhos e tentava se concentrar.
- Agora todos que estão sentados coloquem a mão no copo! - Sharon ordenou e todos fizeram. - Muito bem. Silêncio, silêncio agora!
Todos ainda continuavam em silêncio.
- Você entidade, se estiver aqui agora, por favor! - ela disse em voz alta. - Nos responda!
Em seguida, o copo rapidamente correu para o lado em que dizia "sim" e depois, voltou ao seu local onde estava. Enquanto Susan arrepiava-se dos pés a cabeça e Pearson, apenas estranhava.
- O que queres conosco? - Ela questionou em voz alta. - Queres ajuda?
O copo mais uma vez correu e parou no lado em que dizia "não", depois voltou calmamente sobre as forças humanas das mãos de Charles, Sharon, Cedric e Susan.
- Queres vingança?
O copo correu para o lado "sim" e voltou novamente a sua posição.
- Por favor, nos diga o seu nome!
Em seguida, o copo correu rapidamente para as letras E, L, L, O, R, Y. O objeto que era segurado por eles, andou em letra por letra, depois retornou ao seu lugar.
- Ellory? - questionou Cedric confuso. - Quem é Ellory?
Susan arregalou os olhos ao perceber quem era. Não era possível. A mulher que fez o inferno em sua vida na terra firme, estava a bordo do Estrella Siriah pedindo vingança por sua morte. A vontade da doutora Andrews naquele momento era de simplesmente correr para bem longe, e podia até mesmo pular no mar. Mas, o que todos ali não sabiam era que havia uma pessoa a mais ali, além de Ellory. Sim, o professor Hayes, que estava na passarela acima do refeitório, observava tudo que acontecia lá embaixo e ao ouvir o nome citado na sessão, ele suspeitou e depois franziu o cenho confuso. John sabia que era ela, porém, ele não sentiu medo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top