4. Olá belo rei
Qin Shi Huang te observava através da venda, ele queria saber por que estava ali, mesmo que desde sua primeira aparição tenha pensado em ti por estar fascinado.
-- Você lembra de mim? -- Seus pés tocaram o tablado de madeira mais alto ficando a frente dele.
-- Lembro de cada pessoa que me ajudou ou passou pela minha vida e teve importância. -- Você gostou do que ouviu.
-- O que faz aqui senhorita...?
-- Sn, só Sn. E respondendo sua pergunta, vim te ver, pois te achei fascinante.
Ele riu de leve se levantando.
-- Nesse caso creio que um passeio pelo meu reino enquanto conversámos será mais interessante não acha?
De imediato você concordou
-- Venha comigo. -- Ele te ofereceu a destra e aceitou sem pestanejar seguindo com ele para fora da sala. Passando por corredores decorados em meio as paredes de madeira, até chegarem no jardim, onde seus olhos brilharam, há tempos não via algo tão belo e bem cuidado, quer dizer o jardim de Atlântida são imensuráveis, porém tornou-se uma paisagem cansativa aos seus olhos uma vez que convive naquele reino. Outra Bela construção que deixa maravilhada são os jardins de Perséfone erguidos por Deméter como presente para filha, os de Hermes e Afrodite não ficam para trás, mas, quase não tem a oportunidade de vê-los.
-- Seus jardins são lindos. -- Sussurrou.
-- São um presente -- e só então você viu a mulher musculosa em um kimono dobrado com calça por baixo e um regador em mãos o cabelo preso em um rabo enquanto regava as flores sorrindo.
No Elíseos de Qin, seu reino além de próspero contava com aqueles que ele tanto amou, ou seja, Chun Yan. Chegava a ser engraçado ver tal guerreira tranquila com um passatempo tão comum.
Esse é o poder de Elísios, e ao te ver, ela sorriu.
-- Não sabia que tínhamos visita. -- A face dela era tão singela e te contagiava enquanto você sorria.
-- Essa é Sn, a irmã mais nova de Hades. -- Ela se aproximou.
-- Muito prazer, sou Chun Yan, a mãe dele.
-- Você a olhou de cima a baixo, como uma mulher tão bonita e jovem poderia ser a mãe de um rei? E ao mesmo tempo pensou que a beleza é de família.
-- Vou levá-la para conhecer o reino. Quer nos acompanhar? -- Qin quebrou o silêncio ao perceber o quão calada você ficou.
-- Não, divirtam-se. Vou remarcar a sua reunião para amanhã.
Por um instante, você segurou na manga do kimono dele, encostando em sua pele
-- Não precisa adiar seus compromissos por mim. -- Sussurrou e ele riu.
-- Eu sou um rei Sn. Vamos? -- Seu sorriso tranquilo entregou o sim no local das palavras e assim partiram.
[...]
Por Sn,
Passamos boa parte do tempo caminhando enquanto ele me contava sobre seu reino, tive a certeza de que havia alguma carruagem atrás de nós e não pude deixar de achar graça da situação.
-- Do que tanto rir senhorita?
-- Nada demais, eles não se cansam? -- Me referi ao cocheiro imperial.
-- Não. Essa é a função deles e você não se cansa? -- Rebateu minha pergunta com um leve sorriso.
-- Primeiro sou uma deusa lembra? Segundo, andando com você? Não canso não.
Ele ficou corado e achei fascinante e com isso parei em sua frente levando minha mão até seu rosto, mas ele me impediu segurando meu pulso.
-- Estamos em público. Se veio ao meu reino precisa seguir as regras -- suspirei. -- Deixarei que mate sua curiosidade se concordar em ficar para o jantar.
-- Pensei que me convidaria para passar a noite. -- Sussurrei e pude notar que nenhum dos seus servente nos olhou.
-- Se essa é a sua vontade por que não passa a semana em meu reino? Tenho algumas questões a tratar e terei mais tempo para nós conhecermos dentro de dois dias. -- Não contive meu pequeno sorriso e ele levou minha mão, a mesma ao qual segurava o pulso até os lábios e ao sentir o toque de sua boca sobre minhas falanges meu coração disparou como nunca aconteceu. Nem mesmo quando Hajun fez tal movimento senti tanto quanto agora.
O rei voltou a se afastar e andamos mais um pouco até o lago ao qual fui informada que poderia vir nadar, mas, não agora devido a presença dele e dos demais.
-- Me passou algo pela cabeça -- comentei. Agora que estamos dentro da carruagem e posso olha-lo de frente.
-- Diga e talvez eu seja capaz de conceder.
-- Você não se apresentou formalmente e também não deve saber quem verdadeiramente sou. -- Fui direta. Qin Shi Huang cruzou as pernas e apoiou o indicador no queixo.
-- Sn, deusa da ressurreição e criação, a mais nova dentre os cinco pilares gregos, vive cercada por tudo e tem a atenção exclusiva de Poseidon só pra você, recentemente foi punida por alterar o ragnarok e agora está aqui em minha carruagem. -- Ele Sorriu e antes que eu pudesse perguntar como sabia de tudo isso sendo um mero humano ele levantou apenas a pontinha da venda me permitindo ver parte de seu olho esquerdo. -- Não cheguei ao trono sem saber quem são aqueles que estão ao meu redor e dispensei a formalidade de uma apresentação pois sei que você me conhece o suficiente para vir até aqui.
Senti meu rosto quente, esse rei é muito intrigante e pelo visto minha estadia aqui será no mínimo interessante.
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ATUALMENTE NO INFERNO
Perséfone e Poseidon estavam descabelados a deusa amarrada e presa do lado esquerdo da parede e Poseidon no mesmo jeito do lado direito.
-- Mas que porra! ME SOLTA AGORA HADES! -- Poseidon bradou e o mais velho dos irmãos apenas sorriu de lado, chegava a ser contraditório a forma que estava agindo com seu rosto solene.
-- Querido me tira daqui! -- A voz de Perséfone tão calma que chegava a causar um certo receio no rei, pois, teria que arcar com as consequências mais tarde, e ele apenas respirou fundo soltando as amarras, a presença tão ameaçadora, que ambos ao serem soltos ficaram quietos.
-- Praticamente destruíram o escritório e para quê? Esqueceram quem são e na presença de quem estão? -- O sermão mal começou e ele massageou as têmporas, olhou ao redor e percebeu que faltava alguém na sala.
-- Onde ela está Perséfone? -- A loira piscou algumas vezes sem entender o que o marido quis dizer, até que sorriu deixando de lado a raiva pelo descontrole do cunhado.
-- Não faço ideia amor.
-- É claro que ela sabe! Hades olha a cara dela? Perséfone fala logo onde está minha princesa! -- A deusa simplesmente pegou a lança e a guardou antes de virar-se de costas e prender as pesadas ondas loiras em um coque.
-- Imperatriz você sabe que Sn deve estar sempre sobre controle ou esqueceu a última vez que ela o perdeu?
A deusa simplesmente deu de ombros.
-- Sn tem cento e dezoito anos, mais do que idade o suficiente para saber o que é certo e errado. Deixem-na viver um pouco, folgue de vez essas amarras Hades.
-- Não é você quem decide Perséfone! -- A voz de Poseidon ecoou.
-- Ela aprenderá na terra minha imperatriz, essa é a minha vontade. -- Hades respondeu entretanto a esposa continuou quieta imaginando que a essa altura a cunhada já estava em contato com aquele que afirmou achar interessante.
-- Então não precisa se preocupar, ela já esta por lá. Agora eu preciso muito de um tratamento depois dessa confusão, olha o estado do meu cabelo! -- Assobiou chamando Cérbero que prontamente parou na porta em tamanho de um cão médio. -- Estarei nas fontes com Cerb, então não ousem me interromper.
E assim sumiu ignorando a ambos, Hades respirou pesado encarando Poseidon que parecia prestes a perder a cabeça mais uma vez.
-- Mandarei cada ser de Atlântida atrás dela, Sn não passará uma noite sequer fora do meu palácio! -- O loiro estava determinado, mas o platinado apenas respirou calmamente antes de se aproximar.
-- Não precisa de tanto sei exatamente onde ela está. -- Afirmou.
-- Irei com você...
-- Não há necessidade. -- A palavra de Hades é lei e por mais que Poseidon quisesse ir contra, conhecia o irmão bem o suficiente para entender que em curtas palavras como essa carregava a certeza de que ele faria o que bem entendesse, pois, da última vez, um: "nada com o que se preocupar", ocasionou na derrota dos titãs que fugiram do tártaro.
Hades conhecia as suas vontades, sabia que você estava com o rei dos homens, afinal ferrou com todo o ragnarok por puro tédio e então resolveu que iria até ti, mas antes precisava se desculpar com aquela que governava o submundo ao seu lado, afinal de contas não queria dormir na sala ou em outro quarto que não fosse o de casal.
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PELA TARDE NO REINO DE QIN
Você estava ao lado de uma bela moça em trajes azuis assistindo a um treino de Chun Yan que agora vestia roupas de batalha.
-- Sabe lutar Sn? -- Você piscou algumas vezes antes de encarar a mãe do rei.
-- Sei sim. -- Afirmou.
-- A distância ou corpo a corpo? -- Ela se aproximou e te olhou.
-- Ambos, mas não posso. Não sem uma proteção. -- Chun Yan te encarou sem entender e você sorriu. -- O descontrole faz parte de mim quando se trata dos meus poderes.
-- E não quer aprender a controlá-lo? -- Seus olhos brilharam. -- Por essa carinha imagino que seja um sim, então façamos o seguinte. Qin me contou que passará a semana aqui, então quando se sentir confortável lutaremos. -- Ela piscou.
-- Será um prazer. -- você respondeu sentindo seu coração aquecido.
"Então é assim que um ser vivo se sente ao estar no controle de suas próprias decisões?" -- O seu pensamento ocorreu enquanto Chun Yan voltava a treinar. As horas foram passando e seu olhar continuava distante.
"Eles sempre fizeram de tudo por mim e em compensação não fizeram nada." -- Você fez um biquinho espantando tais pensamentos olhando para a mulher que agora secava o próprio suor com uma toalha.
-- Meilin se prepare para o jantar. -- A jovem se levantou e você vislumbrou os longos cabelos escuros presos em um penteado tradicional sustentado pelo enfeite em formato de pente em meia cabeça, o *hanfu azul tão belo e com poucos bordados brancos.
-- Quem é ela? -- Você perguntou, estava curiosa e é claro que esperou a moça sair.
-- Meilin é uma das candidatas ao posto de Imperatriz. -- Ela respondeu de maneira despreocupada e você ficou em silêncio, sem entender o motivo de se sentir tão... Confusa.
-- Então ela é a noiva do belo rei? -- Apesar de não desviar o olhar dos dela estava séria e claramente havia tristeza em seus olhos, mesmo que não compreende-se tal motivo, mas Chun Yan percebeu e logo entendeu que em breve precisaria conversar com Qin.
-- Não se preocupe com isso, uma candidata não passa disso. Até que ele decida o contrário. -- Respondeu se aproximando de ti que já estava de pé.
-- Isso é tão machista... -- Revirou os olhos e ela te olhou incrédula por conta da expressão. -- É quando um homem decide por ele mesmo a respeito dos desejos e vontades de uma mulher, como se só ele importasse e fosse o senhor soberano, onde só a sua opinião vale e nada mais.
Chun Yan riu de leve te guiando para fora da área de treino.
-- Eu sei o que significa Sn e posso afirmar que Qin não é assim, mas ainda é um rei. -- Você queria responder que a opinião dela não conta por ser a mãe, mas estava adorando a conversa e temia estragar com tal comentário. -- E você parece bem interessada no Imperador da China não é mesmo?
-- Ah sim, ele é fascinante! -- Você nem escondia, realmente o achava interessante, mas não da forma que Chun Yan insinuou.
-- Não é atoa que ele pensa o mesmo de você. -- A morena respondeu te guiando para longe, a ideia dela era apresentar o seu quarto e depois irem a uma fonte se refrescar, mas seus planos em breve seriam interrompidos, pois, a presença massiva daquele que praticamente matou Huang ecoava pelos quatro cantos do reino.
* Hanfu é uma roupa chinesa, ela era tradicional durante a dinastia/povo Han. Um dos maiores grupos étnicos da China.
Dicas pra quem ficou curioso: Documentário a rota da seda(Visto que Hanfu durante o período de Qin eram de seda em sua grande maioria), reportagem da revista fórum sobre o traje do povo citado acima.
E então o que estão achando?
Até breve <3
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