Um dia depois
Um dia depois
Eu estava esperando por Scott no estacionamento da escola antes da aula começar, queria entregar logo aquele celular para ele.
Gabriel havia ido embora pouco antes do jantar, minha mãe o convidou para o mesmo, porém ele recusou dizendo que tinha algo a fazer e não podia.
Minha mãe perguntou o que havia acontecido com minha mão enfaixada, eu disse que havia me machucado, um leve arranhão enquanto estava trabalhando na casa.
Ela riu e disse que era comum, um dia eu iria me acostumar a cuidar de mim mesma.
Não era um simples corte, mas eu não queria assustá-la, até mesmo Gabriel acreditou quando eu disse que não estava doendo. Não estava doendo até ele começar a passar os remédios para cicatrização.
Minha pele estava latejando desde a noite anterior, ao menos não era a mão que eu escrevia.
Limpei a cena do crime antes que minha mãe chegasse.
Gabriel gostava do meu irmão.
Esta era uma frase que eu ficava voltando a pensar do dia para a noite e percebia que algumas coisas me incomodavam nela: Gabriel gostava do meu irmão. Meu irmão era homem. Gabriel ficou comigo e descobriu que era gay. E isso não me incomodava tanto quanto...
Ninguém. Não vou pensar no garoto com olhos cinza e cabelos loiros.
Não vou nem perceber que ele estava andando ao lado de Becca Senes e não olhou na minha direção enquanto ela se jogava em cima dele rindo de algo que ele havia dito e que ele estava sorrindo para ela.
Não vou pensar nisso.
Não. Vou. Pensar. Nisso!
Ele estava me enlouquecendo.
Avistei o carro de Scott e me dirigi até ele, bati no vidro do motorista. Não queria encarar Scott tão cedo, eu entregaria para o motorista e depois receberia a gatinha de Jenny de volta. Pronto.
Ele abaixou o vidro e eu percebi que dentro do carro havia um Scott dormindo e roncando. O motorista dele — um homem intimidador, musculoso, careca e com um cavanhaque benfeito — estava me encarando como se eu fosse um incômodo.
Ele me encarava como se estivesse vendo algo que não queria, algo que não deveria estar ali.
Estava prestes a falar quando vi que em seu pescoço havia uma letra em prata, uma letra estranha de uma língua que eu nunca havia visto antes, porém que eu reconhecia.
“O homem era careca, a sombra da noite mascarava o seu rosto, porém eu via a corrente em seu pescoço, ela brilhava refletindo a luz da lua nela e tinha uma forma estranha, como se fosse uma letra, porém eu não enxergava direito.”
Recuei um pouco e coloquei minhas mãos nos bolsos do casaco sentindo que elas estavam tremendo.
— O que foi? — ele grunhiu para mim, ainda me olhando, tentando entender como eu estava viva depois de ele ter tentado me matar.
— Eu errei de carro, perdão — comentei tentando sorrir como desculpas, porém senti que minha boca não iria cooperar, então me afastei e voltei para a escola.
Sentei em minha cadeira, esqueci-me do material e da aula.
Este era o momento de raciocinar.
O homem que tentou me afogar na praia o fez logo após eu começar a entender um pouco da morte de meu irmão.
Ele apareceu logo após eu ter ligado o fax e descoberto a primeira mensagem.
Logo em seguida Bliss morreu e o fax foi levado.
Não era coincidência.
Este homem trabalhava para Scott, o mesmo garoto que fazia sexo com Melody, a namorada viciada de meu irmão, a mesma garota que viciou meu irmão nas drogas.
Céus!
Oh Não!
Eu era a próxima?
Não, o celular dele estava com Vanessa e ela não queria entregá-lo, ele teve medo de pedir de volta.
O que havia dentro daquele celular?
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