ㅡ Bem-vinda de volta! ㅡ JiSoo gritou quando atravessei o portão de desembarque e correu infantilmente para me abraçar apertado.

ㅡ Senti tanto a sua falta! Finalmente vou ter minha melhor amiga de volta.

Eu também senti falta dela.

Por um tempo imaginei que nunca mais a veria e que a nossa amizade estava condenada, mas o destino me provou o contrário. Ainda bem!

ㅡ Eu também. ㅡ disse com a voz abafada ao me afogar em sua cabeleira, agora loira.

ㅡ Olá senhora Kwan, seja bem-vinda. ㅡ ela fez reverência com um belo sorriso e um olhar apertado de alegria a mulher ao meu lado.

ㅡ Muito obrigada JiSoo. ㅡ minha mãe devolveu a reverência sorrindo na mesma intensidade.

ㅡ Bom, vamos indo porque estou louca para matar a saudade do meu antigo apartamento. ㅡ falei muito animada, faltava dar pulinhos pelo aeroporto.

Minha mãe tinha razão, eu não seria feliz em Daegu assim como sou em Seul. Mesmo com muitas dificuldades, é aqui que me sinto em casa, é aqui ao lado dos que chamo de amigos, sendo o meu lugar, meu lar.

ㅡ Como assim vai voltar para o apartamento? Vocês não disseram que comprariam uma casa nova? ㅡ questionou, tomando o carrinho de malas da minha mãe.

JiSoo não sabia detalhes sobre a minha vinda. Na verdade, os últimos dois meses foram tão agitados que só pude lhe contar minutos antes de embarcar. Enfim, após resolver as questões burocráticas para receber a herança e das negociações da casa em Daegu com uma corretora de imóveis, nós finalmente arrumamos nossas malas e seguimos para a capital.

ㅡ Ainda não compramos, ㅡ minha mãe respondeu. ㅡ nós marcamos por internet algumas visitas em casas e apartamentos que nos chamaram atenção, a primeira visita vai ser depois de amanhã, na segunda.

ㅡ Enquanto isso vamos ter que dividir minha toquinha.

No estacionamento, quase chorei ao ver Pikachu novamente. Parece bobo, mas esse carrinho tem um valor sentimental enorme, pois em nossas melhores histórias ele estava lá. Como da vez em que precisei beijar um policial de trânsito para que JiSoo não fosse multada por ultrapassar três sinais vermelhos. Histórias que não me orgulho, mas me fazem rir sempre que lembro.

ㅡ Filha? ㅡ chamou discretamente, arrancando-me de minha bolha emocional. ㅡ Nossas coisas vão entrar aí? ㅡ perguntou baixinho com medo de chatear JiSoo.

Mas minha amiga ouviu.

ㅡ Mas é claro, tia! ㅡ falou ao abrir o pequeno porta malas. ㅡ Pode mandar ver!

Tudo bem, nem tudo coube lá dentro, mas conseguimos levar tudo. Só temos que torcer para nenhum guarda de trânsito parar a gente ou levaríamos uma multa por entupir um carro tão pequeno com tantas malas, pois dessa vez me recusarei a beijar a autoridade.

Antes de seguir para o pequeno prédio, passamos em um supermercado para comprar algumas coisas para abastecer meus armários e geladeira. Ao enfim chegar em meu antigo lar, colocamos luvas de látex cor de rosa, pegamos vassouras, espanadores, panos e começamos a faxinar o apartamento que estava tão empoeirado que mal dava para respirar lá dentro sem ter uma crise de espirros.

Enquanto a limpeza era feita, JiSoo ia me atualizando sobre tudo o que havia acontecido em minha ausência e a mais interessante delas era que ela pediu senhor Jung em namoro. Fiquei muito feliz por eles, principalmente quando disse que ele está bem após ter se engasgado com o anel escondido na comida por culpa de sua idéia clichê.

ㅡ O gerente do restaurante quase chamou uma ambulância, se não fosse por um enfermeiro que estava jantando ali e nos ajudou. ㅡ contou lá da cozinha enquanto lavava algumas louças.

Gargalhei enquanto limpava a pequena estante da sala.

ㅡ É sério, ele estava ficando roxinho.

ㅡ Você é doidinha.

ㅡ O que importa é que estamos namorando agora. ㅡ me mostrou seu anel na mão ensaboada.

Já havia anoitecido quando a faxina acabou, então após um banho relaxante, nos reunimos na sala para comer donuts e assistir tv.

ㅡ Deveríamos comemorar a sua volta. ㅡ JiSoo sugeriu. ㅡ Podemos encomendar comidas e chamar seus amigos.

ㅡ Ótima ideia! ㅡ concordei animada.

ㅡ Se seus amigos forem anjos como JiSoo, eu irei adorar.

Se anjos dão acessórios eróticos de natal, links de pornôs para a amiga quando está triste... É, talvez JiSoo seja e meus outros amigos tanto quanto ela.

ㅡ Pode ter certeza.

***

Na manhã seguinte, enquanto minha mãe preparava um bolo para nosso café da manhã, JiSoo e eu planejamos a comemoração para aquela noite. Liguei para JiMin e JungKook, e com muito entusiasmo eles confirmaram presença, JiSoo ligou para HoSeok e o obrigou a dizer que viria, e assim encomendamos pizzas e esfihas para noite.

ㅡ Não vai convidar TaeHyung? ㅡ Minha mãe indagou enquanto desenformava o bolo.

Olhei para JiSoo e ela disse:

ㅡ Ele vai ficar sabendo de um jeito ou de outro que você voltou, acho melhor ele ficar sabendo por você. Minha mãe concordou da cozinha.

ㅡ Vai _____, deixa de cu doce. Sei que você quer lo vê e eu acredito que ele também quer te ver. Aliás, depois que você decidiu ficar em Daegu ele ficou todo borocochô, até mesmo com o Hobi.

Vim para Seul por muitos motivos e um deles certamente foi TaeHyung. Estava certa que deveríamos conversar, colocar todas as cartas na mesa, tentar resolver nossas diferenças e quem sabe eu poder dar uma resposta à sua confissão no aeroporto. Contudo, me sentia muito insegura, sei lá, nunca estive nesta situação antes então não sabia bem como agir.

ㅡ Não sei.

ㅡ Filha, pense bem antes de tomar qualquer decisão.

Concordei, mas no final das contas, JiSoo me obrigou a ir trocar de roupas, me enfiou dentro de Pikachu e me deixou em frente a casa do Kim.

ㅡ O que vou dizer JiSoo? Eu nem sequer falei com ele nesses dois meses, vai ser estranho simplesmente brotar na frente da sua casa do nada.

ㅡ Só vai lá e diz: Oi, voltei e vou dar uma festinha lá em casa, quer ir? Simples, não é tão difícil.

ㅡ Queria ver se fosse você se ainda seria simples.

ㅡ Vai ou vou buzinar até ele aparecer aqui. ㅡ ameaçou e mão pairou sobre o centro do volante.

ㅡ Tá, já estou indo. ㅡ respirei fundo e com o impulso da pouca coragem, saí de Pikachu, JiSoo simplesmente gritou um boa-sorte e acelerou o carrinho para longe.

Com passos hesitantes me aproximei da porta da casa e com meu indicador tremendo, pressionei a companhia da casa. Não demorou para eu poder ouvir passos aproximando-se e o click da porta sendo destravada. Ai meu deus, meu coração parecia que sairia pela boca!

ㅡ Olá. ㅡ a porta foi aberta por uma mulher de longos cabelos vermelhos, que vestia apenas uma camisa branca e larga.

É uma camisa de TaeHyung, eu tenho certeza, pois é a mesma que ele costumava me emprestar quando eu dormia em sua casa.

Dessa forma, toda minha ansiedade e expectativa que criei para este encontro, se desfez como um castelo de areia quando é golpeado por uma onda. Principalmente ao perceber seus cabelos bagunçados e o pescoço marcado.

Caralho... eu realmente não esperava por isso e muito menos que eu ia me senti tão mal quanto estou.

ㅡ Ah... Eu... ㅡ tentei falar completamente desconcertada, cogitando fugir dali sem dizer nada mais.

ㅡ Quem é princesa? ㅡ Meu coração frustrado dispara ainda mais quando ouço sua voz.

Minha garganta pareceu fechar pelo nó que se formou ali, minha respiração falhou e meu rosto esquentou quando meus olhos embaçam por conta das densas lágrimas que brotavam sem meu consentimento.

ㅡ _____? ㅡ TaeHyung ficou paralizado quando para ao lado mulher de longos cabelos vermelhos.