O despertador me arrancou de um sono profundo e acolhedor, meus olhos abriram lentamente e vi-me no abraço desajeitado de TaeHyung. Fixo minha visão em sua face e confesso que perdi longos segundos apreciando cada detalhe.

TaeHyung é muito bonito, isso é inegável.

Ainda admirando sua face, dirigi minha mão a ela de modo a afastar algumas mechas que cobrem seu rosto, para eu poder apreciá-la melhor.

ㅡ Meu braço está dormente. ㅡ falou de repente ainda com os olhos fechados, fazendo minha mão recuar instantaneamente.

ㅡ Oi?

ㅡ Sai de cima de mim, meu braço está dormente. ㅡ repetiu abrindo os olhos.

ㅡ Ah! foi mal. ㅡ Me ergui tímida. Ele se levantou resmungando enquanto massageava o braço afetado.

Caralho, TaeHyung estava com o braço dormente porque dormiu me abraçando! Isso é de longe uma bizarrice que eu nunca imaginei que aconteceria!

ㅡ Está doendo? ㅡ questionei preocupada com sua feição de desconforto, me atrevendo a tocar seu braço para massagear.

ㅡ Não, é só uma dormência. ㅡ respondeu observando minhas mãos fazendo uma massagem cuidadosa. Não que eu soubesse o que estava fazendo.

Enquanto minha atenção estava sobre o que faço, sinto seu olhar fixar em mim, deixando-me acuada. Timidamente, ergui meu rosto para encará-lo e porra, ainda estamos dividindo poucos centímetros de distância. Nossos olhos se prenderam um no outro como ímãs de pólos opostos, é tão intenso que sinto minhas bochechas arderem. De repente, me obriguei a quebrar todas aquelas linhas que nos amarravam naquele clima estranho. Desvio meu rosto e incomodada com o silêncio, digo:

ㅡ Está melhor?

Ele demorou a me direcionar uma resposta, mas quando fez não passou de um "sim," balbuciado.

ㅡ Bom, ㅡ levantei-me do sofá. ㅡ vou me arrumar.

TaeHyung anuiu escorando as costas no estofado. Segui até minha bolsa no canto do quarto. Enquanto selecionava uma peça de roupa, lembrei-me de cada segundo da noite de ontem. Onde TaeHyung ouviu minhas lamúrias e até mesmo tentou me acalentar. Sinto vergonha, mas sobretudo sinto necessidade de pelo menos agradecer ou pedir desculpas.

ㅡ Senhor Kim. ㅡ chamei incerta se deveria mesmo fazer aquilo, ainda com o corpo contrário ao seu.

ㅡ Sim?

ㅡ Desculpa por ontem. ㅡ falei abaixando os olhos para meus pés descalços sobre o assoalho. Eu realmente me sentia envergonhada, pois nunca contei a ninguém sobre meu pai e minha dificuldade financeira e quando fiz, foi logo para ele.

ㅡ Por que está se desculpando? ㅡ indagou descontraído, mesmo que desconfie de que ele saiba que estou falando.

ㅡ Por atrapalhar sua noite. ㅡ digo, ainda encarando o piso. ㅡ Por favor, apenas esqueça todo aquele drama.

ㅡ Não precisa se preocupar, você não me atrapalhou. ㅡ ouvi os ruídos de seu corpo se levantando do sofá e de seus passos vindo até mim.

ㅡ Mesmo assim ㅡ virei para ele.

ㅡ Eu já disse, não se preocupe. ㅡ falou manso. ㅡ Agora entendo toda sua chantagem.

Eu assenti evitando seus olhos.

ㅡ Então vamos continuar com nosso "trato", você continua calada e eu não te demito, mas chega de ameaças.

ㅡ E chega de ser um babaca.

ㅡ Vou tentar.

ㅡ Acho bom se esforçar, V. ㅡCruzei os braços e um sorriso divertido apareceu em meus lábios.

ㅡ Me diz_____, como descobriu meus vídeos? Passa tanto tempo assim assistindo pornôs? ㅡ arqueou uma das sobrancelhas.

ㅡ Foi um acidente, e sim, naquele dia passei tempo demais assistindo essas coisas.

ㅡ E o que você achou? Gostou?

ㅡ São péssimos.

ㅡ Por quê? ㅡ indagou com a voz aveludada.

ㅡ Porque sim. São muito superficiais. ㅡ respondi tentando não parecer abalada com seu olhar "intenso?" sobre mim.

ㅡ Superficiais? ㅡ sorriu ladino. ㅡ Por que acha isso?

ㅡ As atrizes gemem muito alto, as posições parecem acrobacias, não sei o porquê tanto exagero.

Ele riu.

ㅡ Não é exagero e sim prazer. ㅡ falou convencido.

ㅡ Até parece.

ㅡ Quer fazer o teste?

E por alguns instantes meu cérebro não conseguiu processar o que acabei de ouvir.

ㅡ Ficou doido?! ㅡ gritei, sentindo meu corpo inteiro pegar fogo, aposto que meu rosto estava vermelho.

Ele gargalhou e disse:

ㅡ Vá se arrumar, não podemos perder outro voo.

***

Quando chegamos em Seul, ainda pela manhã, tenho tempo apenas de passar em casa para deixar minhas coisas, trocar de roupa e seguir para a empresa. No escritório, não trabalhei muito, apenas conclui alguns afazeres e depois não tive o que me ocupar já que TaeHyung estava em uma reunião com os "patrões".

Sem o que fazer, passei a mexer em meu celular em busca de algum entretenimento. Visitei todas as minhas redes sociais, me arrisquei em iniciar uma nova série, mas nada parecia suficiente para me arrancar do tédio. Porém, enquanto rolava as barras de conversas no aplicativo de mensagem, meus dedos passaram pelo contato de JiSoo e de forma quase automática, abro a conversa. Releio nossas últimas mensagens, até que meus olhos se prendem no link do site pornô que ela havia me enviado há um tempo. Link cujo eu tenho muito a agradecer, pois, apesar de ilegal, se não fosse ele eu estaria demitida.

Encarar aquela combinação de letras e números fez minha mente divagar pelas lembranças daquela noite, na imagem do corpo de TaeHyung nu enquanto... O quão errado é pensar daquele modo? O quão errado é querer assistir mais um vídeo dele, aqui? Sei que muitos me julgariam negativamente, mas não há ninguém por perto. Estou entediada, então não vejo mal. Certo?

Peguei meus fones em minha bolsa e com eles plugados no celular, abri o site adulto e buscando por V. As opções de vídeos logo apareceram e sem seletividade, cliquei sobre o primeiro. O conteúdo iniciou. TaeHyung estava apenas de cueca na frente da câmera, seu membro rijo marcava o tecido branco, fazendo meu coração e outras partes de meu corpo pulsarem em antecipação. Ele leva sua mão para dentro da cueca e seu gemido faz meu corpo arrepiar por completo. Entregue aos sons eróticos que deixam seus lábios, aumento o volume do áudio me deliciando ainda mais com eles.

Finalmente seu membro é revelado, quando o mesmo o puxa para fora da única peça que o cobria. Sua mão acaricia a própria glande sem pressa e outro gemido escapa de sua boca entreaberta. De repente, me imaginei ali, ajoelhada em sua frente, deixando que ele guiasse minha mão sobre seu falo duro, para que eu o tocasse da forma que gosta. Imaginei a textura de seu pênis duro, quente, repleto de veias saltadas, pulsando contra minha mão. Desejo saber qual é o gosto do líquido que escoa sutilmente pela fenda. Meu Deus! Me sinto a maior pecadora de todos os tempos.

Com a respiração descompassada, o corpo trêmulo entrando em combustão, estou prestes a explodir de tesão. Sem saber o que fazer com tanta excitação, cruzei as pernas no intuito de aliviar a pulsação em minha intimidade, que clama por atenção.

ㅡ_____? ㅡ ouvi sua voz grave assim que um dos fones foi retirado de meu ouvido esquerdo.

Ergui meu rosto em alerta, encontrando ali Kim TaeHyung com o sorriso mais sacana da face da terra. Desesperada, bloqueei o meu celular o jogando para longe sobre a escrivaninha, antes de me erguer completamente afobada.

ㅡ Senhor Kim. ㅡ me curvei quando me coloquei de pé, mas minha reverência não era por educação e sim para que ele não visse meu rosto corado, denunciando o que eu fiz.

Vi de relance, por ainda com o rosto direcionado ao chão, TaeHyung se inclinar sobre minha pequena mesa, até que seu rosto alcance o meu.

ㅡ Pelo visto você não odiou tanto assim meus vídeos. ㅡ sussurrou contra meu ouvido.

Merda! Ele viu!

Levei meus olhos aos seus timidamente e o encontrei tão perto, fazendo meu rosto queimar ainda mais.

ㅡ O senhor deseja algo? ㅡ perguntei, ignorando completamente sua proximidade e a situação constrangedora.

ㅡ Desejo você em minha sala agora. ㅡ Sua frase carregava uma ambiguidade tão pecaminosa quanto o sorriso que ele direcionava a mim antes de se afastar.

Por mais que minha vontade se resumisse em fugir para longe dali, eu o segui.

Assim que entramos em sua sala, a porta foi fechada e fechei meus olhos com força desejando que fosse apenas um sonho ou um pesadelo, pois é com que mais se parece.

ㅡ O que foi? ㅡ Sua voz rouca deslizou de seus lábios, cheia de provocação quando parou em minha frente. ㅡ Está vermelha, se sente bem? ㅡ uma de suas mãos toca meu rosto para "checar minha temperatura". ㅡ Está febril, acredito que precisa de um banho gelado. ㅡ comentou acariciando meu rosto, enquanto sua boca é umedecida da forma mais covarde possível.

Uma onda quente percorreu por todo meu corpo diante de seu intenso olhar.

ㅡ O que você estava pensando quando decidiu assistir aquilo? ㅡ Avançou um passo em minha direção e como ato de manter minha sanidade preservada, recuei. ㅡ Gostou que viu? ㅡ Outro passo e dessa vez ao recuar meu quadril vai contra a mesa me deixando encurralada. ㅡ Me diz.

TaeHyung sorriu e acabou de vez com o espaço entre nós.

ㅡ Aposto que está toda molhadinha, não é mesmo?

Eu desvio meu olhar.

ㅡ Eu te fiz uma pergunta, é falta de educação ignorar as pessoas. ㅡ falou forçando seu quadril contra o meu, jogando meu autocontrole pelos ares. Sem conseguir resistir, fechei os olhos e um gemido arrastado deixou minha boca. ㅡ Responde, talvez assim eu possa te ajudar de alguma forma.

Ainda com os olhos fechados, eu lhe dei a resposta com um singelo balançar de cabeça sussurrando:

ㅡ Sim.

Ele soprou um riso frouxo e em seguida senti o toque macio e úmido de seus lábios na pele do meu pescoço, fazendo-me tombar a cabeça.

De repente, seu corpo se afastou do meu bruscamente, me deixando confusa.

ㅡ É o seguinte, preciso que ligue para o escritório do laboratório PYB confirmando a reunião de quinta-feira. ㅡ disse dando a volta em sua mesa como se nada tivesse acontecido. ㅡ Entregue esses relatórios ao HoSeok e me traga um pouco de café, por favor, querida secretária.

Eu não acredito! Eu não acredito que me deixei cair na brincadeirinha dessa víbora!

ㅡ Algum problema? ㅡ perguntou cínico diante de meu silêncio, após se acomodar em sua cadeira me observando recolher a pasta com os relatórios para HoSeok.

Sinceramente, não quero nem imaginar a expressão que minha face esboçava. Mas deve ser uma que satisfaz TaeHyung, já que ele tinha um sorriso largo e divertido.

ㅡ Não senhor. ㅡ respondi um tempo depois.

Caminhei rapidamente até a saída da sala, mas antes que eu a deixasse meu nome foi chamado.

ㅡ Sim. ㅡ atendi sem paciência.

ㅡ Ia me esquecer, falei que iria te ajudar, não é? Bom, quando terminar tudo, pode sair mais cedo para trocar de calcinha. Deve ser bem desconfortável usar uma molhada. ㅡ disse cínico, com o queixo apoiado nas costas de uma das mãos com aquele maldito sorriso cheio de provocação.

Revirei os olhos e saí o quanto antes dali.

Eu estou fervendo de ódio!