CAPÍTULO 04

ㅡ Ainda estou ansioso para saber quem vai pagar sua passagem de classe executiva, já que a empresa cobre apenas passagem de classe econômica para secretários. ㅡ Na aeronave rumo a Busan naquele final de tarde de domingo, o Kim não perde a oportunidade de me azucrinar.

ㅡ O meu chefe gostosão, não é?

ㅡ Eu?

ㅡ Sim, você.

ㅡ Sinto muito, mas não vou te dar um centavo a mais. Já não basta a porra do aumento que te dei? Você sabe que a parte extra do seu salário vai sair do meu bolso?

ㅡ Pois é, aquele aumento ainda não é o suficiente para pagar minha passagem de classe executiva. ㅡ Forjei um biquinho entristecido.

ㅡ Vai se fuder. ㅡ resmungou. ㅡ Eu não vou pagar mais nada para você, garota peçonhenta.

ㅡ Não?

Ele anuiu com firmeza. No mesmo instante uma comissária de bordo passa por nós.

ㅡ Com licença. ㅡ a chamei.

ㅡ Deseja algo, senhora? ㅡ direcionou-se a mim com um sorriso profissional.

ㅡ Eu gostaria de perguntar algo.

ㅡ Claro.

ㅡ Por um acaso a senhora já ouviu falar de um ator chamado V?

Pela visão periférica, vejo TaeHyung se remexer nervoso ao meu lado.

ㅡ Não, senhora.

ㅡ Ah! É porque ouvi falar que ele está nesse voo. E sabe, eu sou muito fã dele e gostaria de conhecê-lo pessoalmente. ㅡ digo fazendo uma expressão coitadinha.

ㅡ Eu posso te mostrar um vídeo dele rapidinho, caso a senhora o veja por aí, poderia me confirmar se ele está realmente neste voo. Eu não vou incomodá-lo, só quero saber. ㅡ peguei meu celular.

ㅡ Claro.

ㅡ Não importune a comissária. ㅡ TaeHyung tomou o celular de minhas mãos.

ㅡ Eu só quero mostrar a ela meu ídolo. ㅡ resmunguei ㅡ Estou te importunando?

ㅡ De forma alguma.

ㅡ Viu.

ㅡ Por favor, volte ao seu trabalho e ignore ela. ㅡ disse à profissional.

ㅡ Tudo bem, ele tem razão, não irei te importunar. ㅡ falei e ela sorriu sem conseguir disfarçar a confusão em sua face e se retirou após dizer mais uma frase ensaiada.

ㅡ Filha da puta. ㅡ xingou furioso.

ㅡ Ei! Minha mãe não tem nada a ver com isso.

ㅡ Você é insuportável. ㅡ pontuou encarando a janela do avião ainda sobre terra.

ㅡ Tá aí! Algo que temos em comum.

O senhor também é insuportável.

Ele grunhiu raivoso.

ㅡ Meu celular. ㅡ avisei ao ver que ele ainda o tem em sua mão.

Recebi seu olhar emburrado e então o aparelho foi jogado sobre meu colo.

TaeHyung e eu passamos o voo envoltos em várias discussões. A culpa nem é minha e sim dele por ser tão implicante quanto uma criança mimada. Uma prova disso foi quando reclamei de um senhorzinho comendo Doritos como um porco na poltrona dianteira a nossa. Depois disso ele fez questão de pedir um pacote bem grande da mesma guloseima e comer em alto som ao meu lado.

Ah, meu sangue ferveu!

ㅡ Dá para parar?

ㅡ Parar com o quê? ㅡ colocou mais um de seus 'snacks' na boca o triturando de boca aberta e um sorriso implicante nos lábios.

Foi nesse momento que perdi meu controle. Tomada pela irritação, tento tomar a embalagem de seu colo, mas ele é mais rápido e com um sorriso vitorioso coloca outro na boca.

ㅡ Você é insuportável! ㅡ gritei entre-dentes levantando-me em busca de uma aeromoça.

Uma logo aparece e me leva até o banheiro onde passo longos minutos tentando, recompor minhas emoções, porém, a cada lembrança daquele idiota, tenho outro ataque de raiva. Mais calma, voltei ao meu assento e sinto alívio ao ver que ele acabara com o maldito lanche.

ㅡ Acabou com o drama "senhorita-não-coma-Doritos-ao-meu-lado"?

ㅡ Acabou com os Doritos "senhor-como-Doritos-como-um-porco"? ㅡ devolvo sem humor algum.

Ele sorriu maldoso balançando os ombros.

ㅡ Aqui estão seus Ruffles senhor. ㅡ uma aeromoça diz estendendo o novo lanche.

ㅡ Obrigado.

Eu o encaro incrédula.

ㅡ É sério?

Novamente, balançou os ombros, abriu a embalagem e comeu a primeira batatinha.

Vai ser uma longa viagem.

* * *

O frio nos recepcionou quando deixamos o avião quando finalmente chegamos na famosa Busan. Dei graças aos céus quando chegamos no hotel e eu pude tomar um banho quentinho e me isolar de TaeHyung após cada segundo torturador ao lado dele durante o voo.

A manhã logo chegou e após uma refeição silenciosa, seguimos para a empresa de Busan que havia enviado-nos um carro. A viagem é breve e em poucos minutos estamos adentrando o edifício, que é bem menor e simples do que o da sede, mas não perde a sua beleza.

Lá, fomos recebidos por uma recepcionista que parecia tão nova quanto eu. Não sei se foi impressão minha, mas ela estava flertando com TaeHyung? E ele estava correspondendo? Devo dizer que não tenho nada a ver com a vida deles, mas flertar no horário de trabalho é proibido. Entretanto, prefiro não me preocupar com isso e sim em revisar mais uma vez os slides e os documentos para ver se estão organizados ou sem falha alguma, por mais que já tenha feito isso várias vezes, é só para matar o tédio durante o tempo de espera.

A reunião logo começa e TaeHyung apresenta o novo projeto de venda da Venus Cosmetics, um puta falatório de duas longas horas. Infelizmente tive que prestar atenção, pois deveria fazer a ATA, por mais que os três quadros pendurados na parede da sala pareciam muito mais interessantes.

Com o término, Senhora Jung, irmã do senhor Jung HoSeok e principal autoridade da Venus em Busan, nos convidou para almoçarmos juntos e seu convite foi super aprovado por mim, principalmente quando disse ser por conta dela. Óbvio que não deixei esse último fato explícito.

Durante a refeição, fiquei surpresa com a quantidade de vezes que vi TaeHyung sorrir. Era um sorriso de pura cortesia à senhora Jung e aos outros que nos acompanham, mas não deixei de reparar no quanto esse filho da puta fica absurdamente bonito exibindo sorrisos. Para me deixar mais pasma, em um dado momento ele até mesmo sorriu para mim. Todavia, sua gentileza foi embora assim que entramos do táxi e sua cara de quem chupou limão logo voltou.

Enfim, ainda teríamos a tarde inteira, livres antes do voo de volta para Seul, às oito da noite, então decidi fazer um passeio pelas redondezas. Estava tendo um festival culinário muito famoso ali perto, inclusive o nosso hotel estava lotado por conta dele, então iria dar um pulinho por lá.

ㅡ Eu vou sair por aí. ㅡ avisei enquanto o elevador nos deixa no andar onde nossos quartos estão.

ㅡ Só não perca o horário. ㅡ falou indiferente com os olhos presos em seu celular.

No meu quarto, tiro o terninho preto e o substituo por roupas mais confortáveis. Segui para o evento a pé mesmo, era próximo do hotel, visitei vários estandes, comprei uma conjunto de camisetas combinando evento para usar com Jisoo, adoramos essas breguices. Enfim decidi comer, acomodo-me em um estande que é tão aconchegante, repleto de mesas bem arrumadinhas, uma simples decoração tradicional coreana e logo sou atendida por um garçom. Enquanto esperava pela minha comida, vasculho minhas redes sociais pelo celular.

ㅡ Com licença.

ㅡ Sim? ㅡ Ergui meu olhar da tela e vejo duas mulheres diante da minha mesa.

ㅡ Podemos nos sentar aqui com você, ou está esperando por alguém? ㅡ uma das meninas indagou e eu a reconheço na hora, cabelos platinados na altura dos ombros, maquiagem colorida, corpo magro e bem-vestido por um conjunto de peças vibrantes, é a recepcionista que estava flertando com TaeHyung hoje antes da reunião.

ㅡ Pode sim. ㅡ falei com um sorriso amistoso.

ㅡ Obrigada. ㅡ a recepcionista sorriu e ocupa uma cadeira de frente para mim com sua amiga, que diferente da outra que tem uma aparência energética, transmite tranquilidade com seus olhos grandes e inocentes, suas bochechas fofas, moletons coloridos por lilás e um longo cabelo castanho.

ㅡ _____, não é? ㅡ eu anuo em resposta. ㅡ Prazer em te rever, eu sou Park YangMi e essa é a Sung YoungBae.

ㅡ É um prazer revê-la também é um prazer te conhecer Sung.

ㅡ E aí, está gostando de Busan? ㅡ YangMi questionou com o olhar vagando pelo restaurante a procura do garçom.

ㅡ Bom, na verdade, eu não pude conhecer muito, mas até o momento não tenho nada para reclamar.

O mesmo garçom que me atendeu aproxima-se e as duas mulheres fazem seus pedidos. Além da grande porção de comida, elas pediram três garrafas de soju. O homem retira-se com os pedidos anotados e logo volta com as bebidas sobre uma bandeja junto aos copos.

ㅡ Você bebe? ㅡ Sung perguntou para mim com sua voz suave como se estivesse com sono, empurrando um dos copinhos cheios da bebida transparente.

ㅡ Não muito, mas obrigada. ㅡ respondi sem cogitar em negar a gentileza dela, que é tão fofa quanto um gatinho felpudo.

Passamos longos minutos à espera de nossas refeições bebendo soju e comendo os pães servidos como cortesia. Minha comida é a primeira a chegar, mas as refeições das meninas não, demora. Enquanto nos empanturramos de comida e bebida, reclamamos de nosso trabalho.

ㅡ Mas diz aí _____... como é trabalhar para um chefe gostoso como o seu?

ㅡ Ah! TaeHyung é um tédio. Chato para um grande caralho. ㅡ resmunguei ouvindo minha voz sair arrastada e um tanto embriagada.

ㅡ Grande caralho ele parece ter mesmo. ㅡ ela riu alto.

Não parece, ele tem.

ㅡ Quem é TaeHyung? ㅡ Sung, com as bochechas vermelhas causadas pelas doses de soju, indagou meio perdida na conversa.

ㅡ Aquele que te mostrei saindo do elevador. ㅡ explicou e a pequena anuiu esboçando um sorriso empolgado ao se recordar.

ㅡ Realmente ele é lindão um tantão assim. ㅡ Esticou os braços para se expressar, mas desequilibrou-se e só não caiu da cadeira porque YangMi a segura.

Rimos alto com seu constrangimento, tão alto que tenho certeza que incomodou parte dos clientes. Será que sua quase queda foi tão engraçada assim ou o álcool a fez parecer? Nossa crise de risos desafinados e eufóricos foram interrompidos pelo barulho do meu celular.

ㅡ Adivinhem quem é? ㅡ dirijo uma questão retórica para as meninas quando olho a tela do aparelho que exibia o nome do contato que me ligava.

Elas apenas sorriem, YangMi com um sorriso malicioso a mais em seu rosto belo.

ㅡ Vai, atende logo. ㅡ YangMi apressou.

ㅡ Eu não. ㅡ resmunguei recusando a ligação. ㅡ Ele é um chato, deve está me ligando apenas para brigar comigo por um motivo idiota.

ㅡ Não fale assim, ele é tão bonitão. ㅡ Sung diz com pena do ogro.

Reviro os olhos ao sentir o celular vibrar contra minha palma anunciando outra ligação de TaeHyung. Sem pensar duas vezes eu dispenso a chamada e coloco o aparelho no silencioso, largando-o sobre a mesa.

Livre de distrações, nós voltamos a conversar, falamos de nossos piores encontros, e porra, elas são tão azaradas quanto eu quando o assunto é homem. No caso de Sung, não só com homens, mas também com mulheres já que é bissexual.

A nossa conversa rendeu bastante o suficiente para que eu m

sentisse um pouco mais sóbria e quando isso aconteceu elas anunciaram a sua partida.

ㅡ Foi um grande prazer conhecer você _____, você é muito divertida. ㅡ YangMi falou com um largo sorriso.

ㅡ Eu também adorei conhecer vocês.

ㅡ Nós poderíamos marcar de se ver na próxima vez que você voltar a Busan. ㅡ Sung deu a ideia animada.

Eu assenti.

ㅡ Me passe o seu número. ㅡ YangMi estendeu seu celular a mim e lá digitei o meu número. ㅡ Vou mandar uma mensagem para você agora, salve o meu também.

ㅡ Claro.

Peguei o meu celular, até então, estava esquecido sobre a mesa e quando ligo a tela quase tenho um infarto ao ver as várias notificações vindas de TaeHyung. Levo meus olhos a barra onde exibia a hora e sinto meu peito apertar ao ver que já são oito e quarenta da noite.

O voo!

Porra, eu tô muito ferrada!

ㅡ _____? Está tudo bem? ㅡ Sung perguntou.

ㅡ Está sim. ㅡ falei me levantando da cadeira.

ㅡ Eu preciso ir agora. ㅡ Agarrei minha mochila de passeio e tirei de lá minha carteira e deixo o dinheiro sobre a mesa. ㅡ Tchau! Meninas, adorei conhecer vocês.

Coloquei a mochila nas costas, peguei minhas sacolas de compras do chão e corri para fora do restaurante.

Será que ele foi embora sem mim?

Diante dessa indagação, passo a tremer com medo de ter ficado para trás. O pior é que eu sou completamente culpada. Não tenho nem o direito de ficar com raiva de TaeHyung, porque ele tentou me avisar com as catorze ligações e as dezenas de mensagens.

Minutos de uma corrida descompassada em direção do hotel, me rendeu um hematoma horrível no joelho ao cair sobre a calçada por não estar totalmente recuperada das doses de soju. Sem contar as várias buzinadas em meus ouvidos quando atravessei as ruas sem aviso.

Contudo, eu consigo chegar no hotel viva, suada, ofegante e com um sangramento mínimo. Assim que piso os pés na calçada da grande construção, meu corpo congela quando vejo minha mala ali. TaeHyung está na porta alta e larga, agitado enquanto conversa nervoso com um homem que suponho ser funcionário do hotel e, um policial?

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