capítulo 6
capítulo 6
Olhei-me no espelho do meu modesto quarto no alojamento, ajustando o nó da gravata borboleta com um toque de precisão. O terno escuro parecia abraçar meu corpo de maneira impecável, um sorriso discreto surgiu em meus lábios ao constatar que estava impecável para a ocasião , uma festa de confraternização entre professores, pais e alunos no internato.
Ao atravessar os corredores, o burburinho da festa se intensificava a cada passo. Cheguei ao jardim, onde a celebração ganhava vida própria. Alunos, pais e professores movimentavam-se elegantemente pelo espaço, suas roupas de gala contribuindo para o clima festivo que pairava no ar. Uma banda tocava uma melodia clássica, preenchendo o ambiente com notas suaves e envolventes.
As mesas, dispostas estrategicamente ao redor do jardim, estavam repletas de iguarias deliciosas e bebidas finas. Taças de cristal cintilavam sob a luz suave das lanternas penduradas nas árvores, enquanto os convidados desfrutavam de conversas animadas e risos contagiantes.
O jardim, adornado com uma profusão de flores em tons vibrantes, era um verdadeiro oásis de beleza. Rosas vermelhas e brancas se entrelaçavam com girassóis radiantes, criando um cenário digno de contemplação. Uma brisa fresca acariciava delicadamente meu rosto, trazendo consigo o perfume doce das flores e a promessa de uma festa incrível
No centro do jardim, um chafariz elegante jorrava água cristalina, sua melodia líquida se misturando ao som da música e às vozes animadas dos presentes. Era um cenário digno de um conto de fadas, e eu me sentia privilegiado por fazer parte daquela festa mágica.
Olhei ao redor enquanto me servia de um pedaço do bolo decorado, e ali, a poucos passos de mim, estava Emma. Seu vestido longo de gala dourado reluzia sob as luzes suaves do jardim, destacando sua elegância e estilo impecáveis. A bolsa de mão que segurava adicionava um toque de sofisticação ao seu visual.
Com um sorriso gentil, Emma dirigiu-se a mim, e sua voz suave carregada de curiosidade ecoou em meus ouvidos.- "O que você achou da decoração da festa?" perguntou ela. Levantei os olhos para encontrá-la e respondi sinceramente: "-Está tudo lindo. O jardim parece um verdadeiro conto de fadas."
Emma concordou com um aceno de cabeça, seus olhos brilhando com alegria.- "É mesmo. Os organizadores fizeram um trabalho incrível." Ela pausou por um momento antes de continuar a conversa. -Você já teve a chance de conhecer alguns pais aqui?" perguntou ela, demonstrando interesse em conhecer mais sobre mim.
Balancei a cabeça negativamente, um leve sorriso aparecendo em meus lábios. -"Ainda não, na verdade. Eu estava mais focado em apreciar a beleza da festa." Senti-me um pouco envergonhado por não ter sido mais proativo em socializar, mas esperava que Emma não julgasse minha timidez.
Emma sorriu compreensivamente, transmitindo uma sensação de calor e simpatia-. "Bem, se quiser, posso te apresentar a alguns pais. Eles são bastante amigáveis." Ela ofereceu, estendendo a mão em um gesto amigável de camaradagem.
Senti um sorriso de gratidão se formar em meus lábios.- "Eu adoraria, obrigado." Respondi, sentindo-me grato pela gentileza e pela oportunidade de conhecer melhor os outros convidados da festa.
E assim, enquanto desfrutávamos dos sabores e das conversas animadas ao redor da mesa
Enquanto Emma e eu conversávamos animadamente à mesa, ela me pediu para pegar algumas bebidas. Sem hesitar, me levantei e segui em direção à mesa de bebidas. Enquanto enchia duas taças de vinho, meu olhar vagou pelo jardim e foi então que a vi.
Esther estava lá, próxima ao chafariz, e por um instante, tudo ao meu redor pareceu desaparecer. Ela era como uma visão, uma deusa grega em forma humana, que havia descido dos céus para iluminar a festa com sua presença. Seu vestido longo de gala vermelho, com um grande decote, realçava sua beleza exuberante, enquanto um colar de pérolas adornava elegantemente seu pescoço.
Seus cabelos estavam presos em um estilo coque sofisticado, destacando sua nuca delicada e sua postura imponente. Mas o que realmente capturou minha atenção foi seu batom vermelho brilhante, que parecia brilhar sob a luz suave do jardim, chamando a atenção para seus lábios carnudos delicados e convidativos.
Eu não conseguia desviar o olhar, hipnotizado pela presença de Esther. Ela parecia estar em seu próprio mundo, imersa em seus pensamentos enquanto observava a festa ao redor. Através de sua postura graciosa e seus movimentos delicados, ela emanava uma aura de elegância e mistério que me deixava completamente fascinado.
Por um breve momento, nossos olhares se encontraram, e naquele instante, senti uma conexão inexplicável se formar entre nós. Era como se o tempo tivesse parado, e por um momento, foi apenas ela e eu, perdidos em um mundo só nosso.
Mas então, Emma chamou meu nome, quebrando o encanto e trazendo-me de volta à realidade. Voltei-me para ela, as taças de vinho em mãos, e retornei à mesa com o coração ainda acelerado e a imagem de Esther gravada em minha mente
Enquanto Emma e eu continuávamos nossa conversa animada à mesa, algo estranho começou a acontecer em minha mente. De repente, sem motivo aparente, comecei a notar detalhes em sua aparência que antes havia ignorado.
As marcas de expressão em seu rosto se tornaram mais evidentes, cada ruga parecendo uma falha na perfeição que eu havia idealizado. Seu riso, que antes me encantava, agora parecia excessivo e até mesmo um pouco forçado. Seus ombros, que eu nunca havia notado antes, agora pareciam desproporcionalmente grandes em relação ao restante de seu corpo. E seu nariz, antes delicado e elegante, agora parecia fino demais, quase fora de lugar.
Eu estava confuso, perplexo com a transformação súbita na maneira como eu via Emma. Ela sempre fora assim? Ou foi algo em mim que mudou, distorcendo minha percepção da realidade? Eu não conseguia encontrar uma resposta, apenas uma sensação de desconforto e estranheza que se instalou em minha mente.
Enquanto tentava processar esses pensamentos conflitantes, Emma continuava a falar, alheia à minha confusão interior. Mas para mim, toda a beleza que antes eu via nela parecia ter desaparecido, deixando para trás apenas imperfeições e dúvidas sobre o que realmente era real.
O que aconteceu comigo? Por que agora vejo Emma de uma maneira tão diferente? Essas perguntas ecoavam em minha mente enquanto eu lutava para entender o que estava acontecendo comigo e com minha percepção distorcida da realidade.
Levantei-me abruptamente da mesa, alegando que precisava ir ao banheiro. A tensão em minha mente ainda pairava, e a necessidade de um momento de solidão para processar meus pensamentos tornou-se irresistível. Cruzei o jardim em direção ao banheiro, que felizmente estava vazio naquele momento.
Ao entrar em uma das cabines, respirei fundo, tentando acalmar os nervos que ainda estavam à flor da pele. Mas minha calma foi interrompida quando, para meu espanto, Esther entrou na mesma cabine que eu. Antes que eu pudesse reagir, ela tentou me beijar, mas eu me afastei instintivamente, perplexo com a situação.
Enquanto eu tentava processar o que estava acontecendo, um professor visivelmente bêbado entrou no banheiro, sua presença adicionando uma camada extra de tensão à atmosfera já carregada. O medo de ser pego em uma situação comprometedora me dominou, e eu sabia que precisava agir com cautela.
Enquanto o professor se aproximava das cabines, Esther tentava me beijar novamente, ignorando completamente a presença do homem alcoolizado. Eu me esforcei para afastá-la suavemente, consciente do perigo iminente. Outro homem estava perto da cabine, e eu precisava evitar qualquer tipo de escândalo.
Com o coração batendo forte no peito, tapei a boca de Esther com uma mão, implorando silenciosamente para que ela não fizesse barulho. Esperei tenso enquanto o professor se movia pelo banheiro, rezando para que ele saísse logo e nos deixasse em paz.
Finalmente, após uma eternidade que pareceu durar apenas alguns segundos, o professor saiu do banheiro, deixando-nos sozinhos novamente. Soltei um suspiro de alívio, mas a tensão ainda estava presente. Olhei nos olhos de Esther, compartilhando um entendimento silencioso de que precisávamos sair dali o mais rápido possível, antes que algo ainda pior acontecesse.
Saí da cabine, sentindo-me tenso e frustrado com a situação.- "O que diabos você está fazendo?" gritei para Esther, minha voz carregada de raiva e confusão.
Ela apenas riu, sua risada ecoando pelo banheiro vazio. -Oliver, eu vi quando você me olhou. E você estava lá, assistindo ao meu teste para as líderes de torcida. Eu sei que você me ama. E eu também te amo."
Fiquei chocado com suas palavras, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.- "Não, eu não te amo," respondi, minha voz vacilante-. "Eu admito que você é linda, sexy e desperta desejo em mim, mas isso nunca vai acontecer. Eu não te amo, Esther."
Minhas palavras ecoaram no banheiro, um silêncio tenso se instalando entre nós. Eu me sentia confuso e um pouco assustado com a intensidade das emoções que Esther parecia estar projetando em mim. Como ela podia afirmar com tanta convicção algo que eu sabia não ser verdade? E como eu poderia lidar com essa situação delicada sem machucar seus sentimentos ainda mais?
Enquanto tentava encontrar as palavras certas para expressar meus sentimentos, o som de passos se aproximando do banheiro me fez engolir em seco. Percebi que precisávamos sair dali imediatamente antes que fossemos descobertos em uma situação comprometedora. Mas, mesmo com a confusão e o medo pulsando em meu peito, eu sabia que precisava enfrentar essa situação de frente e deixar claro para Esther
Antes que eu pudesse reunir minha mente em turbilhão para responder a Esther com mais calma, ela falou, interrompendo-me com suas palavras carregadas de convicção. -Você me ama, Oliver. Você só ainda não sabe. Relaxa, eu vou fazer qualquer coisa para nós podermos ficar juntos."
Minha mente girava em um turbilhão de confusão e preocupação quando, de repente, a porta do banheiro se abriu e Margarete entrou, seu olhar incrédulo varrendo a cena diante dela. -"Mas o que está acontecendo aqui?" ela perguntou, sua voz carregada de desaprovação.
Eu engoli em seco, tentando encontrar uma desculpa ou explicação para a situação, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Margarete continuou, sua expressão se transformando em decepção.- "Eu sabia. É isso que dá contratar professores jovens. Que vergonha, Oliver. Você está ferrado."
Estava prestes a tentar me explicar quando Esther se adiantou, tentando justificar a situação. -"Relaxa, . Não é culpa dele," ela disse, mas Margarete não queria ouvir desculpas. Ela ordenou que Esther saísse do banheiro imediatamente, e Esther obedeceu sem hesitação.
Com um suspiro pesado, Margarete voltou sua atenção para mim-. "Escuta, Oliver, vou te dar duas escolhas," ela começou, sua voz firme e decidida. "- Ou você pede demissão amanhã, ou eu conto tudo."
Engoli em seco, a gravidade da situação pesando em meus ombros. Sabia que estava encurralado, sem opções fáceis. Com um nó na garganta, saí do banheiro, enfrentando o inevitável e o desconhecido que aguardava do lado de fora.
Saí da festa, precisando desesperadamente de um momento a sós para refletir sobre tudo o que havia acontecido. Minha mente estava turva com a confusão da situação, mas, apesar da preocupação que me consumia, não pude deixar de admitir para mim mesmo que uma parte de mim se sentia satisfeita por ter sido desejado por Esther. Era um impulso egoísta e irracional, mas ainda assim era verdadeiro.
Enquanto caminhava pelo jardim, a brisa noturna acariciava meu rosto, trazendo consigo uma sensação momentânea de alívio. Porém, por mais que eu tentasse me convencer de que não havia motivo para me sentir culpado, uma sensação de peso em meu peito persistia.
Eu não sentia culpa por ter cedido aos avanços de Esther, mas sim por não sentir culpa. Era uma confusão de emoções que eu lutava para entender, uma batalha interna entre o que eu sabia ser moralmente correto e o desejo egoísta que ardia dentro de mim.
Caminhei pelos jardins do internato, perdido em meus pensamentos tumultuados, tentando encontrar alguma clareza em meio ao caos emocional. Eu sabia que teria que enfrentar as consequências de minhas ações, mas por enquanto, tudo o que eu podia fazer era me permitir um momento de solidão para refletir sobre o que havia acontecido e o que isso significava para o meu futuro. É então eu começo a me lembrar de um episódio de minha adolescência
O flashback me atingiu como um soco no estômago, trazendo à tona uma lembrança que eu preferiria esquecer para sempre. Eu tinha apenas 14 anos na época, e aquele dia ainda ecoava em minha mente como um pesadelo vívido.
Após um dia comum na escola, cheguei em casa com o coração cheio de expectativas e o desejo de compartilhar meu dia com minha mãe. Chamei por ela repetidamente, mas o silêncio que ecoou pela casa era ensurdecedor. Subi as escadas com um pressentimento sombrio, e ao entrar no quarto dela, deparei-me com uma cena que mudaria minha visão sobre minha mãe.
Minha mãe estava lá, nos braços do meu vizinho um ano mais velho que eu, envolvida em um abraço íntimo que cortou meu coração como uma lâmina afiada. O choque e a traição da minha com o meu pai me atingiram como um soco no estômago, deixando-me atordoado e incapaz de processar o que estava acontecendo diante de mim.
Eu fiquei parado no limiar do quarto, observando a cena com uma mistura de horror e desespero. As lágrimas queimavam em meus olhos, mas eu me recusei a deixá-las cair. Era como se meu mundo inteiro estivesse desmoronando ao meu redor, deixando-me sozinho em um abismo de dor e confusão.
Aquela imagem ficou gravada em minha mente como uma cicatriz emocional, uma lembrança dolorosa do preço que se paga por confiar cegamente nas pessoas que amamos. Foi um momento que mudou minha visão de mundo para sempre, deixando-me marcado e ferido de uma maneira que eu jamais poderia esquecer.
Enquanto caminhava pela noite, as lembranças da traição me atingiram a lembrar dessa cena
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