Capítulo 6
Haley que estava na cantina com seu namorado correu de encontro ao seu amigo, que estava desolado, ela conseguiu sentir a tristeza que o garoto sentia, claro, em frações muito menores. Todos riam e diziam coisas nada legais para Pitter, esse pensava no porquê de Henry ter feito aquilo com ele; a falta de atenção no final de semana estava claro agora em sua cabeça. Henry só queria usá-lo e humilhá-lo.
Porém o que ele não sabia, era que Henry não fazia ideia que seus amigos iam espalhar o vídeo para todos no colégio, o que não diminuía em nada sua culpa. Esse se sentia arrependido, o que também não mudaria a situação, até por que ele não se dispôs a ajudar o menor enquanto ele era humilhado na frente de todos.
Haley se aproximou rápido de onde Pitter estava, acompanhada do seu namorado, eles se abaixaram ao lado de Pitter e Haley falou com uma voz doce que eles precisavam sair dali. Eles o levantaram e Pitter ao menos esboçou reação, apenas derramava lágrimas, não escondidas pelos óculos; sua tristeza era perceptível, alguns ali sentiram pena do garoto, e era tudo que Pitter não queria no momento.
— Ei, onde pensa que vai levá-lo, em patricinha? — Jeff falou tentando impedir Haley de tirar Pitter de lá. Talvez pudesse humilhar o pobre garoto mais um pouquinho.
— Você sabe quem é meu pai, Jeff? — a garota falou. Embora não gostasse de usar sua influência. — O que você acha que te acontecerá caso, assim, sem querer, alguém conte a ele que você espalhou esses vídeos do Pitter pelo colégio? Eu sinceramente não gostaria de ver esse rostinho lindo todo machucado por um bando de presos carniceiros que adoram carne nova!
O pai de Haley era o Juiz Wayne, um homem gentil e bondoso que, apesar disso, era muito respeitado e temido por seus inimigos. Haley falou isso em voz alta para que todos na cantina escutassem. Se fez silêncio, Jeff tremeu e não mais impediu de tirarem sua diversão de si.
Saíram dali apressados, estavam preocupados com menor que parecia anestesiado, estava em choque na verdade. A garota arrastou Pitter para o banheiro feminino e pediu a seu namorado para vigiar a entrada, entrou com Pitter e gritou com duas garotas, que estavam se maquiando e rindo de algo, para saírem.
— Pitter, quem fez isso com você? — perguntou Haley abaixando-se ao lado dele, que estava sentado no chão com as mãos sobre o rosto, seu choro agora era ouvido.
— Não importa, Haley. Eu só quero desaparecer, eu quero morrer! — Pitter estava com a voz totalmente embargada de choro. O que fez o coração da garota aperta-se e ela não conseguiu conter as lágrimas, então resolveu apenas dar seu ombro ao amigo. Ela abraçou forte o garoto e com ele chorou em silêncio, era tudo que Pitter precisava naquele momento, pois se sentia desamparado.
Passaram não sei quanto tempo naquele banheiro, o namorado de Haley impedira algumas garotas de entrarem e depois de mais calmo resolveram sair. Troy (namorado de Haley) os olhou preocupado. Ele também era amigo de Pitter, conhecia sua história de sofrimento com seus pais, e se solidarizava com o garoto, sentia-se como seu irmão.
— Não se preocupe, tudo ficará bem! — ele falou dando um abraço apertado em Pitter, o que fez com que Haley também se juntasse ao abraço.
Pitter pediu quase em sussurro para o levarem embora e eles assentiram. As pessoas olhavam curiosas para ele, porém nada falavam, tinham medo do pai de Haley, a garota encarava as pessoas com um olhar mortal.
Ao longe Henry viu Pitter desolado e sentiu vontade de ir até ele lhe pedir desculpas e explicar que não tinha nada a ver com o espalhe dos vídeos, mas nesse faltou coragem, e quando pensou um pouco mais no assunto percebeu que ele era um dos que mais tinham culpa. Sem a ajuda dele, talvez nada daquilo tivesse acontecido.
Troy levou Pitter para casa em seu carro, Haley foi o tempo todo abraçada com ele. Ao chegarem lá, ela perguntou se não queria que entrassem com ele, ao que ele recusou, despediu-se dos amigos e seguiu para dentro. Não sabia que seu calvário apenas tinha começado.
Pitter entrou em casa e foi direto para seu quarto e lá desabou em choro mais uma vez, chorou todas suas mágoas pela tarde inteira. Ninguém lhe incomodou, até a noite.
— Pitter! — gritou seu pai do andar de baixo. Ele sabia que viria chumbo grosso pela frente, lavou o rosto rapidamente e desceu tentando disfarçar sua tristeza, fracassando é claro.
Deu de cara com seu pai em pé no meio da sala meio impaciente, sua mãe sentada, claramente nervosa, e os gêmeos atentos a tudo com certa curiosidade. Embora pequenos adoravam ver Pitter sofrer nas mãos dos pais.
— Me explica que porcaria é essa? — pediu mostrando o vídeo de Pitter na tela de seu celular.
Mais cedo haviam ligado da diretoria do colégio o chamando para uma reunião. Lá explicaram ao pai de Pitter toda a confusão que havia acontecido na manhã, queriam que o pai do garoto lhe aconselhasse e ficasse do seu lado. As pessoas envolvidas no caso tinham sido advertidas e estavam suspensas. O que eles não sabiam, é que haviam cometido um grave erro.
Pitter quase perdeu seus sentidos, seus olhos lacrimejaram rapidamente, o sangue fugiu de seu rosto já naturalmente pálido e ele hiperventilou.
— Pa-pai... — foi interrompido com um forte tapa com as costas das mãos em seu rosto. Caiu atordoado, mal se dando conta do que havia acontevido, os gêmeos mesmo gostando da situação ficaram surpresos, seu pai apesar de machucar bastante com palavras nunca tinha chegado as vias de fato.
— Eu quero você fora da minha casa. Saia da minha casa! SAI! — gritou fazendo todos ali estremecerem.
— Pra onde eu vou? — Pitter sussurrou aturdido, sentindo seu rosto queimar. O interior de sua boca sangrava e ele sentia o gosto férreo do sangue se espalhando em sua língua.
— Não me interessa. Pra debaixo de uma ponte, ou um esgoto! A partir de agora você está por conta própria. — ele disse numa calma brutal.
Pitter levantou cambaleando e subiu rápido as escadas, anoitecia lá fora. Ele colocou sua toca e um cardigã preto já que fazia frio, pegou sua mochila com a vista embaçada pelas lágrimas e um punhado de roupas que amontoou tudo dentro da mochila, ouviu passos pesados pelo corredor e sentiu ainda mais medo. Era novamente seu pai.
— O QUE ESTÁ FAZENDO? — gritou fazendo Pitter pular de medo. As lágrimas desciam desenfreadas.
— Estou, eu estou... — não conseguiu completar a frase.
— Eu paguei por essas roupas, com o MEU dinheiro, você não leva nada daqui a não ser a roupa do seu corpo, e me agradeça por isso. Vai, sai agora pra não infestar minha casa com sua imundice. – não tinha mais jeito, Pitter largou tudo como estava e deu uma última olhada para seu quarto, onde por anos foi seu refúgio.
Não deu tempo de admirar por muito tempo, sentiu seu braço sendo agarrado com brutalidade e seu pai saiu o arrastando e descendo as escadas aos tropeços. Ele o soltou com força o fazendo cair do final desta. Ele não precisava falar mais nada, Pitter sabia que tinha que sair naquela hora, temia por sua vida, não sabia se seu pai seria capaz de tal ato, mas acabou de perceber que isso era muito possível. Sua mãe o olhava com indiferença, nojo. Pitter não esperava muito dela. Ele agora não tinha mais família, nem casa, não tinha mais vida, não tinha mais dignidade, o Pitter doce, com certeza já não mais existia.
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