24
Tranco a porta de casa e verifico se realmente estava trancada, não que eu esteja insinuando que alguém iria roubar o apartamento. Porém, as pessoas aqui não me passam uma áurea confiável.
Quase pulo para trás com o susto, a porta ao lado foi aberta com uma brutalidade que por um segundo pensei que fosse quebrar. Não falei? Nem um pouco confiável.
Eu ainda não havia visto o vizinho do lado, mas pelo que me contaram, moravam duas pessoas. Um pai e uma filha, a mãe havia morrido a alguns anos atrás.
-Ta olhando o quê, piranha? -O homem que saiu do apartamento perguntou, soltando uma risada antes de sair. Faço uma careta de desgosto, ele parecia completamente bêbado.
-Peço desculpas por isso, ele só ta em um mal dia. -Uma garotinha surgiu, deveria ter a idade da minha irmã. Sua pele morena e cabelos longos e volumosos, ela usava um óculos remendado. Sua voz era calma, baixa.
Sua pele era escura, mas ainda assim era visível um hematoma em sua bochecha. Parecia recente, muito recente. Eu diria que era o tamanho de uma palma de mão adulta.
-Você deve ser a vizinha nova, eu sou Tina.
-Yuri. -Me apresentei também, ela sorriu de forma leve conforme saia correndo em direção de seu pai.
-Prazer em te conhecer, Yuri! -Tina gritou antes de sumir da minha vista.
Algo neles me causava um certo desconforto, não quero me meter com essa família. Já tenho problemas demais em minha vida, um alcoólatra a mais seria algo péssimo.
Faço questão de verificar novamente se a porta estava fechada, antes de sair para o trabalho.
-Os boatos estão se espalhando de forma rápida Yuri, todo mundo está comentando sobre você ser uma traidora. -Escuto a voz de Senju, abaixo minha cabeça esperando pelo seu julgamento e minha demissão.
Dessa vez não tento me defender pois já sei que não iria adiantar de nada, se nem aqueles que passaram anos do meu lado confiaram em mim, qual motivo a Senju teria para confiar? Não a vejo a anos, ela não tem uma opinião ainda formada sobre o meu caráter.
Droga.
Provavelmente o Kisaki esta por trás dessa rapidez para as fofocas de espalharem, ele quer manchar se vez a minha reputação. Quer me destruir. Mas ele já não teve o que ele queria? Que a Toman se virasse contra mim? O que ele deseja mais? Eu não tenho mais ninguém, todos me odeiam. Nem sequer a Joe escapou, a meia hora atrás ela me ligou chorando falando que era uma monstra por trair seus amigos e e trair sua confiança. Depois disso ela fez um escândalo, desliguei na cara dela.
-São os boatos mais patéticos que eu já vi em minha vida, sinceramente. -Senju reclamou, levanto meu olhar confusa, ela estava com um sorriso no rosto.
-Como?
-Os boatos ora! Você é bobona Yuri, não seria capaz de trair nem sequer uma formiguinha, quem dirá uma gangue na qual faz parte a anos. -Ela voltou a falar, negando com a cabeça.
-Você não acreditou nos boatos?
-Claro que não, você pode ter vários defeitos Yuri. Mas trair seus próprios companheiros? Não.
-Você foi a única a acreditar em mim, obrigada. -Murmurei sentindo um certo alívio, era tão bom ver que ainda havia alguém do meu lado. Sinto uma certa vontade de chorar de emoção, mas contenho.
-Mas parece que quem inventou esses boatos, não gosta nem um pouco de você. Que azar, Yuri! -Ela falou. -Você tem alguma ideia de quem seja?
E então começo a contar tudo sobre o Kisaki, de como ele era uma cobra peçonhenta que fazia de tudo para atingir a Toman, sobre a Moebius e as coisas cruéis que eles faziam. Faço questão de contar tudo mesmo, até seus podres, para caso um dia ele conheça a Senju e tente manipular, ela já esteja preparada para descer o cacete nele, mas torço mentalmente para os dois nunca se encontrem, Senju é super inteligente e sei que ela não cairia na lábia daquele ridículo.
-Kisaki, acho que já ouvi esse nome em algum lugar. -Senju falou de forma pensativa, sua feição irritada. -Filho da puta, ele conseguiu o que queria.
A olho confusa, conseguiu é?
-Você era uma capitã da Toman, Yuri. Um pilar, a gangue esta desestabilizada, ela perdeu dois capitães em menos de um mês. -Senju explicou seu raciocínio, e então noto o quão verdade era aquilo. -Agora é a hora de alguma gangue rival tomar o lugar da Toman.
A Toman estava frágil, primeiro Draken teve uma briga seria e mesmo que ele tenha feito as pazes com Manjiro, a confiança de ambos havia sido abalada. Pah-Chin havia sido preso, causando revolta em alguns membros. E por fim, todos estava com raiva pois eu os havia "traído" e passado informações importantes para os rivais e enquanto isso, o verdadeiro traidor ainda estava na gangue. E por mais que eles fossem mais fortes, se continuasse assim, eles iriam perder para a Moebius.
Kisaki realmente conseguiu o que queria, o que mais ele pretende agora? Roubar o posto de invencível do Manjiro? Roubar a namorada do Takemichi?
-Eles que se fodam, que se virem para continuar no topo de Tokyo e sendo os invencíveis. -Murmurei aquilo, querendo colocar aquilo em minha cabeça. Não acreditaram em mim, fui expulsa. Então que se explodam, nunca que vou ajudar eles. Bom, eu posso até pensar se eles se desculparem, mas do jeito que são orgulhosos, nunca que vão.
-Yuri, não pense mais neles e não chore. Eles não merecem suas lágrimas. -Senju falou de forma rápida, acho que eu estou com cara de quem vai chorar. -Que se fodam eles! Você precisa relaxar a cabeça, quer ir comigo no Festival? Eu não planejava ir, mas mudei de ideia.
Não era uma ideia ruim, se eu fosse para o festival junto com a Senju, iríamos nos divertir e eu iria esfriar a cabeça.
-Seu irmão não vai me ameaçar de morte?
-Talvez.
Senju sorriu para mim, desvio o olhar de forma discreta conforme sinto meu rosto queimar. Sempre que Senju sorri, seus olhos brilham.
-Que roupa você vai? A cor? Vou pegar o cartão de créditos do meu irmão e vou comprar uma roupa combinando. -Ela respondeu toda felizinha.
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