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Adentro o apartamento, cabisbaixa. Querendo ir direto para o quarto e dormir até o outro dia, na esperança de tudo ser diferente. Minha mente ainda não estava raciocinando o que havia acontecido até agora e eu desejava que tudo não fosse um longo pesadelo.

A cabeça esta a mil, não estava me concentrando nas coisas ao meu redor, sinto minhas mãos tremerem, mesmo com o esforço que eu estava fazendo para manter a calma. Talvez seja pelo fato que eu estou um tempo sem fumar ou por toda adrenalina que estava correndo em meu corpo.

Mas como irei ficar calma em um momento como esse? Meu mundo estava literalmente se quebrando a cada lado e eu não sabia que o fazer, queria apenas sair correndo, ir para um lugar calmo onde pudesse me sentir bem. Um lugar confortável, vou abraçar a tia Karla assim que ela chegar, o abraço dela me faz me sentir bem e calma.

Minha paciência já havia se esgotado por completo, eu iria sair no soco com o próximo que vier me acusando de ser uma vira Casaca. Porra, aonde está a inteligência deles? Esperava mais. Tá, as fotos poderia ser reais, mas ele poderia muito bem ter confiado nas minhas palavras. Eu sou a pessoa mais leal desse mundo.

A primeira coisa que avistei quando entrei, foi o Chifuyu parado, encarando a porta, parecia saber que eu estava prestes a chegar. Não havia indícios de mais alguém aqui, ou seja, a tia Karla ainda não havia voltado. O que é bom pois eu posso ficar choramingando com o Fuyu até ela retornar.

-Fuyu...-Murmurei em tom choroso conforme ia em sua direção e o abraçava, pelo menos eu ainda o tenho. -Eu fui enganada igual uma criançinha.

O garoto não moveu um músculo sequer, não ousou dizer nada, então continuo a falar.

-O Mikey me expulsou da Toman, ele acha que eu sou a traidora. Acredita nisso? Ele me conhece a anos...convive comigo diariamente e mesmo assim acreditou em um boato falso feito pelo arrombado do Kisaki. Tudo bem se o boato fosse inventado por outra pessoa, mas acreditar naquele falso é muita burrice.

Fecho meus olhos, sentindo seus dedos tocarem meus ombros. Ele deve estar tão bravo e confuso quanto eu, deve estar pensado o quão idiota, burros e lerdos os meninos foram por acreditar no kisaki.

-O Ken acredita em mim, mas o restante não. É muito azar, não é? Nem o Mitsyua escapou! O Baji esta com receio se acredita ou não. E o Mikey...

Sinto um calafrio ao me lembrar do olhar que Manjiro Sano estava naquele momento, por um segundo ele ficou igual o dia em que o aviãozinho foi quebrado, a sorte do momento foi que ele conseguiu manter o controle pra não fazer a mesma coisa que fez com o Sanzu em mim.

-É uma puta de uma humilhação isso, me expulsaram sem a cerimônia. Sem avisar a minha divisão e sem decidirem nada, apenas me expulsaram.

Meus olhos se abriram rapidamente, em total confusão no momento em que ele me empurrou pelos ombros. Foi repentino, nem consegui ser ágil o bastante pra manter meu equilíbrio e acaba caindo bem de bunda no chão. Levanto minha cabeça, tentando raciocinar antes de levantar.

-Chifuyu? -Hesitei em olhar em seu rosto, em sua feição. Seus ombros estavam caídos, olhos marejados e lábios trêmulos.

-Como você tem coragem? -Ele perguntou pisco confusa.

E então noto o motivo de sua reação, o motivo dele estar me olhando assim, como se eu tivesse ofendido não somente a ele, mas a toda sua família.

Solto uma risada, negando com a cabeça. Eu estava enganada, pensei que pelo menos o Chifuyu iria acreditar em mim pois era um dos únicos que sempre estava grudado comigo e tinha acesso ao meu telefone. Pois ele me conhecia melhor do que ninguém, melhor do que a mim mesma. De todos, eu pensei que ele seria o único ao meu lado nessa situação.

-Como você tem coragem de trair a toman? Depois de tudo que a gente fez por você. Você traiu a minha confiança, a confiança do Baji! -Ele falou com a voz toda embargada segurando o chororo.

-Como você tem coragem de não acreditar em mim? Porra, você me conhece melhor que todo mundo, Fuyu! Eu juro por tudo, eu não trai ninguém! -Me defendi rapidamente.

-Tem fot...

-Enfia elas no seu...-Parei de falar ao notar sua expressão, respiro fundo. -São de dois dias diferentes, se as fotos fosse tiradas em diversos ângulos e vários outros dias diferentes vocês até podiam me acusar! Mas porra!

-Então porque você tem ele no contado do seu telefone? -Ele perguntou novamente.

-Porquê ele é esquizofrênico, Chifuyu! Eu bloqueie ele vinte e três vezes e o corno sempre troca de número! -Respondi. -Eu já comentei isso com você, tanto que eu até falei que tava pensando pedir uma medida protetiva contra ele pois o maluco tava me assustando e eu estava com medo dele me sequestrar e me deixar em seu porão!

-Falou é? Por quê eu me lembro muito bem que você era super amiguinha dele, vivia andando pra cima é pra baixo com ele! -Ele acusou apontando seu dedo em meu ombro, cutucando de forma agressiva aquilo. -Eram melhores amigos, bem que era suspeito demais você simplesmente parar de conversar com ele do dia para a noite. Ninguém corta laços tão facilmente.

-Não toca em mim! -Falei batendo em sua mão fazendo ele parar. -Você sabe muito bem o que aconteceu, o motivo de eu ter parado de ser amiga dele.

Céus, eu estou parecendo uma criança brigando com o amiguinho na hora do intervalo por conta de ciúmes besta. Claro, a gente não ia sair no soco igual brigas sérias. Mas as palavras estavam machucando mais que socos.

-Eu não posso te cutucar né? Mas se fosse o Hanma, você iria adorar né? -Ele respondeu ignorando por completo. -Eu estou decepcionado com você, Yuri. Caralho, eu deixei você ficar aqui em casa, ofereci meu quarto e de dei um lugar confortável! Pra no fim descobrir que você não passa de uma traíra.

Ele não estava escutando nada do que eu dizia, apenas ignorando e jogando a culpa toda em mim. Eu pensei que ele iria me entender e ficar do meu lado pois eu sempre contei tudo da minha vida pra ele, ou seja, dentre todos ele era o único que sabia cada detalhe de tudo. Mas parece o cérebro do bonito não ta funcionando bem.

O cérebro de ninguém ta funcionando!

Tudo ta piorando cada vez mais, até agora só uma pessoa acredita em minhas palavras. Será que a Tia Karla também iria pensar igual os demais? Eu iria decepcionar tanto ela.

Chifuyu não iria me escutar e nem acreditar em mim, não agora que ele parecia tão confuso e irritado. Não adianta eu ficar aqui discutindo com ele, só vai cansar. E eu também não vou dar o gostinho dele me ver chorando, não agora.

-Aonde você ta indo, Yuri? -Escuto ele me chamar, mas apenas vou em direção ao quarto, sem saber direito o que eu estava fazendo.

Junto minha mochila, a mesma que eu usei para fugir de casa. Vou recolhendo e jogando minhas roupas de forma bagunçada na mochila. Sem ao menos dobrar ou arrumar, apenas colocando de forma apressada, socando tudo lá para caber tudo.

-Yuri!? o quê você tá fazendo?

-Pra casa do caralho! Não interessa pra você, vacilão! -Gritei com ele, eu tinha mais roupas do que o dia em em fugi de casa, graças a Senju que havia comprado diversas para mim. Mas não cabia mas nada em minha mochila. Então o que sobrou, decido levar tudo na mão mesmo, não querendo deixar nada aqui.

Não querendo deixar nada do que é meu no quarto dele.

-Vai fugir como covarde de novo? É isso que você sabe muito bem fazer né, fugir! Porque você não vira uma mulher e assume as consequências dos seus atos? -Ele exclamou vindo atrás de mim conforme eu andava em direção a saída, segurando minhas roupas na mão com o maior cuidado do mundo para não deixar elas caírem.

-YURI! -Chifuyu gritou pelo meu nome, não olho para trás ao sair. -O quê eu vou falar pra minha mãe quando ela chegar?

Ele vai falar tanta besteira para ela, vai fazer a tia Karla me odiar. Se eu ficasse, eu poderia tentar me defender e talvez ela acreditaria em mim. Mas isso deixaria o garoto irritado e os dois iram brigar. Chega, eu posso desculpar com a tia Karla outro dia, já trouxe vários problemas para ela.

Acordei meio dia, como fui dormir tarde da noite acabei acordando em um horário diferente do que o comum. Eu havia procurado o hotel mais barato que consegui, acabei achando um, não era o melhor hotel da cidade e o mais confortável, mas dava para o gasto, melhor do que ficar na rua.

Eu deveria estar na escola a esse horário, mas depois de tudo que aconteceu não sei se vou para a escola novamente. Eu já sou inteligente, não preciso ficar mais indo. Claro, eu sabia que a maioria das pessoas que não terminaram o ensino médio se tornam fracassados, mas eu não estava ligando para mais nada. Se tudo continuar dando errado eu vou largar tudo e virar traficante.

Escuto um barulho estranho vindo do apartamento ao lado, apenas ignoro não querendo nem saber o motivo do barulho.

Meus novos vizinhos eram estranhos, a maioria eram alcoólatras, viciados ou pessoas completamente fracassadas na vida. E eu estava ali, morando em um lugar completamente diferente. Talvez aqui seja o meu lugar mesmo. Só preciso tomar cuidado pra não deixar a porta destrancada se não vão roubar o pouco que tenho.

Aluguei um cômodo, havia literalmente uma cozinha junto com o quarto, e o banheiro separado. Uma televisão quebrada, uma cama de solteiro, uma mesinha, uma geladeira pequena e um fogão. Era o suficiente para mim conseguir sobreviver até eu conseguir algum lugar melhor.

Agora que eu precisava da ajuda do Kayke ele some. O único que podia me ajudar era ele, não conheço mais ninguém que faça identidade falsa por um ótimo preço, o restante falta pedir um rim. Será que ele ta bem? O sumiço dele é preocupante, ele já sumiu assim, mas apenas por dois dias, nunca tanto.

Me sento na cama, observando o local, pensando no que faria a partir de agora. Era meio vazio aqui, mas pelo menos aqui a tia Karla vai ter paz.

-Matar o Kisaki seria uma boa opção. -Falei para mim mesma, prendendo meu cabelo e me levantando, eu precisava esfriar a cabeça fazendo alguma coisa.

Ainda faltavam duas horas para ir para o meu serviço, vou fazer algo para mim comer. Se os boatos chegarem até a Senju, ela vai querer me demitir. Aposto que ela também não vai acreditar em mim.

-Matar o Kisaki realmente seria uma maravilhosa opção.

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