19

O senhor Sano nem ligou para o grito da neta, ele apenas respondeu um "Foda-se, deixa ele dar em paz então". O senhor Sano anda meio agressivo desde que parou de dar as aulas, ele deveria arrumar um outro hobbie.

Um hobbie que não seja ensinar luta para as crianças. Talvez ele devesse investir no artesanato, seria bom.

-Ta doida, Emma? Eu sou hétero. -Mikey falou.

Se fosse o Baji, eu teria zoado. Mas como a situação e o contexto é totalmente diferente, vou segurar minha língua só por hoje.

-Hetero flex, só se for. -Emma respondeu cruzando os braços. -Fica se agarrando ai, quando não é com ele, é com o Baji.

Arqueio minha sombrancelha ao escutar aquilo, vive brigando com ele mas no sigilo...

-Você anda se agarrando com o Baji, seu vagabundo? -Perguntei confusa com aquela acusação dela. Tento não me ofender com o jeito dela, mas é quase impossível, ela está fazendo apenas para irritar mesmo.

Minha paciência esta acabando.

-Primeiro, é ela, escutou Emma? De homem nessa casa, só tem eu e o vovô. E segundo, obvio que não, ela que anda vendo coisa onde não tem. Naquele dia eu tava segurando o Baji pra ele não cair no soco um mendigo. -Mikey se defendeu rapidamente enquanto fazia bico. Emma fez o mesmo gesto que o irmão, o sangue dos Sanos é forte mesmo, outro dia o senhor Sano fez a mesma coisa.

-Sei não em, do jeito que você anda grudado no Takemichi...-Respondi cutucando sua bochecha. -o Baji é do Chufuyu seu talarico!

-Ta com ciúmes por acaso, Yurizinha?

-Ta cum ciumis yirizinha...mi mi mi, seboso! To indo embora, depois a gente conversa direito sobre o assunto de antes. Eu ainda não terminei, entendeu? -Respondi revirando os olhos, já me irritei bastante por hoje. -Se cuida, fecha bem a porta e as janelas. Nunca se sabe o que pode acontecer durante a noite.

Não estou apenas irritada, estou chateada. Poxa, o Manjiro come doce pra caralho que fode todo estômago dele, e mesmo assim eu não saiu mexendo nas coisas dele e jogando no lixo. Eu sei que fumar faz mal pra caralho, eu já tentei parar mas é meio difícil. Jogar tudo no lixo não vai me ajudar, só me atrapalhou ainda mais.

Tudo culpa do Kisaki também.

-Tchau, Emma. -Respondi olhando diretamente para ela, a loira não sustentou o meu olhar e simplesmente saiu correndo em direção do quarto. -Sanos, tão estranhos que não consigo compreender.

-Estranho é esse teu nariz. -Mikey respondeu de mal humor enquanto finalmente se levantava do chão. -Me desculpe mesmo Yuri, não pensei que você iria ficar tão brava.

-Mikey, pega o dinheiro do seu avô ou da sua irmã e depois joga na privada e de descarga. Vê se eles vão gostar. -Falei para ele. -Você sabe que eu odeio que mexam nas minhas coisas sem a permissão, isso é invasão de privacidade, sabia?

Ele soltou uma risada leve, como se tivesse finalmente entendido a burrada que ele havia feito.

-Me desculpe também pelos modos da Emma, ela ainda está meio...confusa. -Mikey respondeu por fim. -Ela até tinha entendido, mais depois do esporro que recebeu do vovô, agora ela faz por pirraça.

Confusa? Não deveria ser EU a ficar confusa com as atitudes infantis dela?

Se ela não quer mais ser minha amiga e nem nada, poderia pelo menos me respeitar! Isso já seria maravilhoso, mas não, toda vez que me vê faz questão de me tratar daquela forma escrota. Infantil. O que eu poderia esperar de alguém que diz perder a virgindade só pra poder parecer mais madura.

-Tanto faz, to indo. -Exclamei, não querendo conversar mais sobre aquilo, mas antes de ir embora, decido perguntar a ele uma coisa importante. -Antes, você tem conversado com o Kayke ultimamente?

-Aquele marginal? Não, faz tempo que eu não o vejo. Mas o Takemichi tava falando com ele esses dias. -Mikey respondeu dando de outros. -Por que?

-Nada demais. -murmurei, os dois nunca se deram bem então não havia motivos para dizer que o Kayke havia simplesmente sumido do mapa.

Estou a dias procurando por ele e nada ainda, era como se ele tivesse simplesmente evaporado do mundo.

-Yuri, eu vou compensar o que eu fiz. -Escuto Mikey falar antes de eu finalmente sair de lá. Embora ele tenha tido isso de forma seria, muito provavelmente ele vai se esquecer ou simplesmente me dar um doce.

Me despeço do senhor Sano, ele estava quase dormindo em pé enquanto eu saia.

Kayke realmente havia desaparecido de Tokyo, ninguém sabia de seu paradeiro e nem mesmo o Takemichi. Talvez tenha acontecido alguma coisa bem errada e ele teve que sumir até as coisas se acalmarem. O problema é que agora eu não tenho mais como ir embora sem a ajuda dele, vagabundo.

Era de noite, observava as estrelas. Sentada na balança do parquinho, tomando saquê. Quando eu estava voltando para o apartamento da tia Karla, acabei vendo minha mãe saindo de uma farmácia com uma sacola cheia, notei que ela usava bastante maquiagem em seu rosto. Minha mãe nunca gostou de usar maquiagem, só usava em casamentos ou quando...ela tinha um olho roxo.

Ela não me viu e eu não fui falar com ela, porém, meus pensamentos estão martelando, porquê ela estava em uma farmácia?

Sei que Milena brigou na escola e ganhou suspensão, será que é esse o motivo dela ter ido até a farmácia? Aquele homem não seria tão ruim ao ponto de machucar a Lena...não é? Eu sei que ele me batia dez vezes pior do que quando batia na minha irmã, porém, as coisas mudaram desde que fui embora de casa. Será que ele seria tão filho da puta ao ponto de fazer a mesma coisa que ele fazia comigo com é Milena?

Meu celular estava nas minhas mãos, eu havia recebido uma mensagem dele, pedindo para tirar a medida de proteção e voltar logo pra casa, óbvio que ele mandou a mensagem com diversos xingamentos. Nem sei como ele conseguiu meu número novo, apenas bloqueei e exclui seu contado.

-O que eu estou fazendo aqui? -Perguntei para mim mesma, com os olhos cheios de lágrimas. Observando a garrafa de saquê em minhas mãos.

Eu não sei o que fazer mais...estou perdida.

Sinto novamente aqueles mesmo sentimentos de quando eu era uma criança, de não pertencer a esse mundo, de ser uma falha. Uma falha que está prejudicando a vida de todos ao meu redor, era como se eu fosse feita de espinhos e tudo ao meu redor são balões frágeis.

Balões prestes a explodirem em milhões de pedacinhos.

Mikey e Emma estão brigando por minha culpa. A Tia Karla está sendo ameaçada. Minha irmãzinha está apanhando e provavelmente a minha mãe também.

Dessa vez, eu não posso culpar o Kisaki. Dessa vez, a culpa é minha.

Eu não sei mais o que fazer, não sei. Não tem como eu fugir daqui sem as passagens clandestinas que o Kayke iria arrumar para mim, então tecnicamente estou presa em Tokyo. Preciso pensar em um plano B o mais rápido possível, se eu mudar de cidade provavelmente vão me achar do mesmo jeito.

Uma vez, eu fiz uma denuncia anônima depois que ele bateu em minha mãe. Porém, nada aconteceu. Ele sempre teve influência, então, não adianta nada. A medida de proteção que fiz contra ele já dando o que falar e geral ta me julgando pelo que fiz com o meu próprio "pai".

Era para mim estar com o meu tio, o mesmo que eu peguei o cartão e estourei. A tia Karla conversou com ele e conversei ele deixar eu ficar com ela.

Eu deveria...voltar? As coisas iriam melhorar para todos, a tia Karla não iria se machucar e nem a minha irmã, Mikey iria fazer as pazes com e a Emma...iriamos nos mudar de bairro e todo mundo iria esquecer de tudo o que aconteceu. Sinto vontade de vomitar somente em pensar voltar pra aquele lugar.

Meu celular vibrou. Ignoro, achando que seria mais problema para mim resolver, ou talvez era a maluca doente da Joe. As duas opções parecem ser o inferno para mim, principalmente a segunda opção. Essa noite eu quero paz, vou encher a minha cara até esquecer dos meus problemas. Quando bebo, me sinto mais leve.

O azar é que o Senzu está ocupado, pois eu ia chamar ele para beber comigo e assim, trazer o "remédio da felicidade" que ele tem. Mas depois que eu comecei a trabalhar com a irmã dele, o drogadinho está com um mal humor e não responde nem meus bom dia. Não sei o motivo deles não se darem bem, mais o Sanzu realmente não gosta dela.

-Mas que caralho, será que não pode mais nem pensar na vida fodida que eu tenho sem ninguém me atazanar? -Perguntei irritada enquanto pegava o celular, estou vendo tudo duplicado, já que eu estou bebendo saquê a horas -FILHO DA PUTA! sempre o mesmo desgraçado que enche o meu saco quando eu estou refletindo.

"Ae princesa, tá rolando uma festa do caralho. Quer vir? Passo te moto para buscar você"

"A festa está bombando"

"Tem até strippers aqui, to falando que é uma festa de qualidade."

"Depende, teu namorado vai estar lá também?"

"O Kisaki não é meu namorado, filha da puta😡🤬."

"Mas não, ele não vai estar, ele é nerd e não vai em festas onde tem drogas."

"To no parquinho, vem me buscar então. Gaste toda a gasolina da sua moto, otário"

Errei algumas letras enquanto mandava as mensagens, afinal, o teclado do celular era bem pequenos e minha visão não está boa.

Permaneço sentada ali, acho que achei o que vai deixar a minha cabeça ocupada. Mas tenho minhas dúvidas, talvez ele não venha.

-Olha, o trouxa veio mesmo. A gasolina aumentou e o otário está gastando atoa. Tinha que ser burro mesmo em. -Respondi negando com a cabeça ao ver ele estacionar a moto do outro lado da rua.

-Ta bêbada, desgraça? Como você vai pra balada assim? -Hanma perguntou confuso enquanto se aproximava. -Porra, Yuri! Eu não vou levar você pra uma balada bêbada!

-Sério? Virou responsável quando? Você costumava ir para a escola todo bêbado e com uma garrafa de vodka na mochila. -Respondi revirando os olhos. -Se eu não quisesse ir, nem teria te respondido. Tem um monte de mensagens suas que eu só ignoro, e é melhor você parar de me mandar mensagem falando sobre o Kisaki. Eu vou te bloquear.

-Eu sou responsável, acredita que eu adotei um gato? -Ele respondeu se sentando na balança ao meu lado.

Solto uma risada.

-Tadinho, vai morrer de fome em uma semana. Você não é responsável, é um monstro sem compaixão. -Respondi, ele tomou a garrafa da minha mão, seu sorriso era estranho. -Ei!

-Eu sei cuidar de um animal. E você está tomando isso devagar demais, termine logo pra gente poder sair daqui. -Ele respondeu enquanto levava a garrafa até a minha boca, virando a garrafa fazendo o líquido descer rápido, queimando minha garganta e fazendo com que um pouco escapasse de minha boca, pronto, vagabundo me fez molhar um pouco minha blusa. -Ta todo depressiva aqui, relaxa que você vai se divertir bastante essa noite. Confia em mim.

Solto uma risada anasalada no momento em que tentei me equilibrar na beirada da calçada, o resultado não foi agradável mas mesmo assim ri. Acabei tropeçando nos pés e caindo no chão empoeirado.

-Vagabunda, ta fazendo o que ai no chão? -O meu companheiro de bebida perguntou, com uma garrafa na mão.

Não sei da onde ele tirou mais bebidas além da minha, deve ter tirado do cu. Só pode.

-To tentando achar a sua dignidade, até agora nada em. -Respondi me levantando, droga, observo a minha frente, a minha garrafa de saquê se quebrou em pedacinhos e todo líquido estava espalhado.

-Lerda do caralho também, levanta. -Hanma falou me ajudando a me manter em pé, com um braço ao redor de mim. O problema era que o equilíbrio dele também não estava nada bom. -Se teu pai vê você desse jeito, ele me mata.

-Então é seu dia de sorte, papai não está me vendo a dias e se me ver assim do seu lado, quem morre sou eu. -Respondi depois de tropeçar novamente em meu pé, Hanma decidiu então que era melhor sentar na calçada mesmo até recuperarmos nosso equilíbrio.

-Ué, que fofoca foi essa que eu não fiquei sabendo? -Ele perguntou, dividindo sua bebida comigo.

-Não? A escola inteira esta falando sobre isso, que mundo você vive? Tava ocupado demais fodendo com o Kisaki né? -Respondi e recebi um tapa na nuca, isso fez minha visão ficar ainda mais embaçada.

-Caralho, garota! Para com esse papo ai do Kisaki. Ele é apenas o meu parceiro-Ele respondeu. -Estou ocupado demais liderando a Moebius, não estou indo para a escola já tem dois meses.

-Ele é o seu parceiro de foda ne? -Perguntei é ele quase me deu um tapa. -Vai fracassar na vida, puff! Eu estou a uma semana sem ir, vamos ser fracassados no futuro. -Soltei uma risada ao falar aquilo, céus. Eu perdi totalmente o rumo da minha vida e não sei o que fazer. -Lembra que eu apareci toda quebrada? Nem te conto quem fez aquilo, meu pai.

Hanma se engasgou com a bebida.

-COMO É?

-Ele queria me endireitar, segundo ele, aquilo me faria mais homem. -respondi dando de ombros, sentindo meu coração doer. -Coisa que não deu certo, já que o 'homem' ta usando até saia agora. Falando nisso, to gatona né? Olha só, essa saia de brilhinhos.

Minha atenção foi para o que eu estava vestindo, a luz do poste fazia ele brilhar ainda mais. To me sentindo um vagalume.

-Sempre achei ele estranho. -Hanma respondeu. -Você tá morando com alguém da Toman? Ou sozinha?

-Com o meu best, caso contrário eu estaria na rua. Tenho dinheiro pra pagar aluguel não, mó caro. -Falei sentindo meu sorriso sumir. -Ironia não é? Você tinha o pai abusivo e eu o pai bonzinho, e no fim, o seu pai sempre foi bem melhor do que o meu.

O silêncio apareceu no local, o único barulho era o de um cachorro que brigava com um gato a alguns centímetros. Aposto que o gato vai acabar vencendo, já o cachorro já está idoso.

-Se quiser e me pedir com educação, eu ajudo você a se livrar dele. -Hanma respondeu, retiro minha atenção dos animais e me viro para o drogadinho ao meu lado. -Digo, domingo, ele saindo da missa. A minha moto. Você dirigindo em alta velocidade e eu na garupa com um taco de beisebol. Um simples golpe na nuca e tudo vai ser resolvido.

Sinto um arrepio ao escutar aquela proposta, Hanma deve estar mais bêbado do que eu. Provavelmente sim. Meu ex melhor amigo acabou de falar que se eu pedir, ele me ajudaria a matar o meu...progenitor. Pelo tom de sua voz, não era uma brincadeira. Ele estava falando sério, até seu olhar demonstrava aquilo. Conheço ele, bom, Hanma mudou bastante desde que paramos de nos falar, mas ele teria essa coragem.

-Irei pensar nessa proposta. -Respondo voltando a olhar para a briga de gato e cachorro, o gato perdeu.

O silêncio reinou novamente, Hanma parecia bravo desde que contei sobre o que aconteceu comigo. Estava bravo pois não descobriu isso antes.

-Porquê paramos de nos falar? -Ele me perguntou de repente, tomando a garrafa de minhas mãos.

Solto uma risada.

-O Kisaki apareceu, você começou a me deixar de lado e quando notei, nos tornamos estranhos novamente. -Respondi dando de ombros.

-Eu não escolhi o Kisaki, naquele tempo você tinha uns papos estranhos que me deixava confuso. Você ainda era homi e me falava que queria ter nascido com uma buceta. O Kisaki era menos confuso e muito mais emocionante. Yuri, você se afastou de mim sem motivos. -Ele respondeu com sinceridade, solto uma risada ao escutar aquele desabafo dele.

Eu não falava desse jeito, só dizia que queria ter nascido como uma mulher. Era bem diferente, e só disse isso duas vezes. Me lembro que ele me olhou com a sombrancelha bem arqueada e perguntou um "cara, tu é?"

-Você sempre teve cara de homofóbico, Hanma. Tem cara que bate em pessoas como eu. -Comecei a dizer aquilo. -Você era meu melhor amigo, tive medo de você sentir nojo de mim. E então, decidi me afastar para não me machucar. No fim, você não disse nada e nem me olhou de forma estranha quando descobriu sobre a Yuri. Você até sorriu, o sorriso era de um psicopata, mas sorriu. Depois disso, nunca mais me chamou pelo nome Arthur.

Hanma me observava, não consigo evitar de querer chorar. Tento no máximo, com os olhos cheios de lágrimas.

-Por outra lado, a Emma...ela sempre teve uma cara de quem aceita tudo e todos. E então, quando descobriu o que eu sou...me olhou com tanto desprezo, como se eu tivesse feito uma crueldade sem perdão. Ela nem sequer deu uma chance para me explicar, apenas parou de me chamar por Yuri e começou a me tratar como um homem. Estavamos indo tão bem, eu dei o meu coração e ela quebrou ele em pedacinhos. -Murmuro começando a chorar feito uma criança que derrubou seu sorvete no chão.

-Loira vacilona. -Ele respondeu, sua voz estranha. Ele deu umas batidinhas em meu ombro em sinal de conforto. -Vai chorar pela ficante, Yuri? Se quiser, a gente se livra do seu pai e da Emma, dois coelhos em uma cajadada.

-Matar as pessoas não vão fazer meus problemas resolverem. -Falei limpando minhas lágrimas.

-Aaaah! Para de chorar, eu não sei o que fazer quando garotas choram. -Ele respondeu, conforme me fazia beber ainda mais.

Mas dessa vez a bebida não quis descer, acabo sem querer vomitando tudo no chão. Fazendo ele se afastar um pouco, sinto sono.

-Porra! Você é fraca pra bebidas. -Escuto sua voz.

-Vamos embora, Mikey. -Murmurei querendo apenas descansar. O silêncio voltou a dominar o local. -Eu não quero mais beber, a tia...a tia Karla vai brigar com a gente.

Escuto sua risada e por algum motivo, não gostei nada.

-Abre a boca, Yuri. Esse remédio vai te ajudar a melhorar. -Nem sequer tive tempo dizer algo e ele já foi enfiando uma pílula na minha boca, depois que eu a engoli ele já me jogou outra, quase vomitei por estar engolindo sem nenhum líquido.

-Eu quero um gato de estimação...-Minha voz saiu falhada e as palavras completamente erradas.

-Um gato? Você não sabe cuidar nem de você.

-hun...claro...que...eu sei....

-Se soubesse, não iria estar aqui, nesse horário e comigo. -Ele respondeu, abro meus olhos e viro minha cabeça para o lado. Minha visão completamente embaçada. -Eu não queria fazer isso, sério, desculpa Yuri. Mas as palavras do Kisaki são ordens.

-Kisaki, ele tem um nome diabólico. Me deu até arrepio. -Murmurei enquanto segurava em seu ombro para me levantar, ele me ajudou, suas mãos em minha cintura. -Por que estamos falando sobre ele, Mikey?

-Vamos. -Ele não me respondeu, finalmente estávamos indo pra casa.

-Não conta pra ninguém, mas o Shinichiro sempre foi o meu Sano preferido. -Falei e logo bateu uma tristeza.

Sinto uma dor insuportável em minha cabeça, o sol entrando nos meus olhos. Abro eles rapidamente, o que foi um erro já que aquilo fez com que eles dessem.

Noto que estou no meu quarto, mas com dor insuportável. Como eu voltei para casa? Só me lembro de estar sentada no parquinho, depois...eu encontrei com o Hanma e ele me incentivou a beber ainda mais.

Ótimo amigo, quem precisa de inimigos tendo essa desgraça?

Não me lembro de mais nada depois disso, acho que acabei bebendo até desmaiar e ele me trouxe aqui em nome dos velhos tempos -O filho da puta nao faria isso nem se fossemos melhores amigos, conheço o jeito dele. Talvez eu tenha vindo a pé sozinha e capotei assim que cheguei.

Me levanto da cama, pego uma toalha e vou direto para o banheiro. Preciso tomar um banho pra essa ressaca passar.

Minha mente só pensa em uma coisa: A tia Karla vai me matar!

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