08
-Senpai, vai fazer o quê? -Joe perguntou enquanto se levantava no pulo e começava a me seguir, ela tinha grudado no meu braço direito, parecia que ela queria enfiar meu braço no meio dos peito dela.
Me deixa em paz, mulher chata. Se continuar assim eu vou dar voadora na cara dela.
Acabamos de ter uma conversa super longa onde eu literalmente disse que não me sentia confortável com o comportamento inadequado dela, mas parece que minhas palavras entraram por um ouvido e saíram por outro. Ela esta voltando a se esfregar em mim, meu deus.
Eu juro, eu ia tentar ser amiga dela. Mas desse jeito não vou conseguir, Joe p
-Arthu...Yuri! Você não tá' bem para lutar agora, você não se recuperou nem um pouco! -Joe exclamou ao notar que eu caminhava em direção a um grupo de meninos, meus olhos estavam focados no garoto que espalhou sobre o que aconteceu ontem.
Eu vou quebrar todos esses dentes branquinhos desse filho da puta.
-Não se intrometa nos meus assuntos, Joe! Agora me solta ou você irá se machucar. -Exclamei tentando não ser grossa, ela me soltou rapidamente enquanto parava de me seguir. Mas noto que ela fez isso somente pelo modo que falei, eu não estava brincando quando falo que essa é a garota mais pervertida que eu já conheci em toda a minha vida. A
Idaí que eu não me recuperei da surra que eu levei do meu próprio progenitor? Eu mal consigo andar sem mancar que já sinto dor, mas eu preciso fazer isso ou as piadas e o meu respeito irão para o lixo e eu não quero isso.
-Ah, eae Arthur! Como vai a família? -Ele perguntou em tom debochado. -Minha namorada é péssimo em se maquiar, bem que você podia dar umas aulas para ela e...
Calei a boca dele com um soco bem no queixo, o mesmo foi segurado pelos amigos antes que ele caísse no chão. Sinto a raiva em meu peito, eu sentia tanta raiva que meu peito parecia que a qualquer momento iria explodir.
Eu estava com raiva desse moleque por ter contado a todos algo pessoal.
Eu estava com raiva da Joe por ser tão atirada assim.
Eu estava com raiva do meu pai por ter me batido.
Eu estava com raiva da minha mãe por ter escolhido o pior homem como marido.
Eu estava com raiva do Draken por ter me traído daquela forma.
Eu estava com raiva da Emma por me desprezar.
Eu estava com raiva do Smiley por ele ter sido tão lerdo ao ponto de levar um homem que ele não conhecia para o templo.
Eu estava com raiva do Kisaki e com raiva do Hanma. Principalmente do Kisaki.
Eu estava com raiva de mim mesma por ser tão complicada ao ponto de fazer todos ao redor se irritarem ou se machucarem.
Eu estava com raiva do mundo todo! Eu queria que o mundo explodisse agora, eu precisa descontar essa raiva em alguma coisa e vou descontar cada sentimento negativo no rosto desse arrombado.
-BRIGA! BRIGA! BRIGA! -as pessoas ao redor gritavam sem parar, Joe gritava igual uma idiota para que eu parasse. Eu sei que ninguém vai separar a briga, ninguém nunca separa ainda mais quando uma das pessoas que esta brigando é membro de gangue.
Sinto uma dor em meu ombro por conta dos movimentos que eu estava fazendo, a adrenalina em minha estava fazendo com que eu não ligasse para as dores em meu corpo.
Louise finalmente conseguiu se esquivar de um soco meu, ele fechou os punhos é conseguiu acertar minha bochecha. Foi o único golpe que ele conseguiu acertar em mim pois depois disso eu quebrei na base da porrada.
-A próxima vez que você ou alguém tentar fazer piadas ou falar algo que me ofenda, eu mato! -Exclamei enquanto arrumava minha gravata. Louise estava no chão, todo quebrado. Ele chorava igual um bebê.
Isso vai ser o suficiente para que ninguém fique enchendo a porra do meu saco. Joe estava prestes a vir em minha direção quando parou ao notar o meu olhar, se ela vim vai apanhar também.
-Mãe? -Perguntei confusa ao entrar na casa do Chifuyu, a minha mãe estava ali, sentado no sofá tomando café junto com a tia Karla.
-Arthur!! -Ela exclamou enquanto deixava a xícara encima da mesa e vinha até mim. Deixei minha mochila no chão.
Ela...veio aqui para me levar embora? Eu não vou voltar para casa! Não vou.
-Eu vou deixar vocês conversando, qualquer coisa eu to na lavanderia. -A tia Karla exclamou enquanto saia dali, antes disso ela me olhou com uma cara de "se precisar é só gritar"
Sinto os braços de minha mãe ao redor de mim, não sei muito bem como reagir a isso.
-Me desculpa, me desculpa. -Ela sussurrou enquanto me apertava mais contra si. Sinto vontade de chorar, tudo o que eu estava precisando era de um abraço quentinho vindo dela. -Eu deveria ter vindo ontem, mais tive que acalmar a fera que seu pai estava. Me desculpe pela demora. Você tá bem?
-Tá' tudo bem. Eu tô bem...-Murmurei enquanto aproveitava seu abraço. -Só um pouco dolorida, vai passar.
-Eu ainda não acredito que seu pai fez isso, olhe só! O tanto de machucados... você está péssimo, filho! -Ela falou depois de me soltar, ela me levou até o sofá e nos sentamos ali. -Vamos agradecer a Karla por ter cuidado de você e ai vamos voltar para casa, ok bebê?
Ela veio aqui para me buscar...Sinto medo só de pensar estar no mesmo cômodo que ele novamente.
-Não me obrigue a voltar, mãe...eu nunca mais vou voltar para casa. -Respondi. -Sinto muito, mas aquele local não é mais o meu lar. Na realidade, nunca foi, o lar deveria ser um local seguro, aquilo nunca foi seguro.
-Arthur, você ainda é um adolescente que não sabe nada sobre a vida. Não tem dinheiro para se sustentar, você precisa voltar para casa. Não diga essas coisas, você sabe que o seu pai sempre fez de tudo para sustentar a nossa família. -Ela falou enquanto segurava em minha mão.
Ele trabalhava tanto e recebia um salário bom para sustentar mais de uma família, mas isso não era motivo para ele fazer tudo o que fez.
-Mãe, não me chame de Arthur...por favor, é desconfortante. Ele já morreu faz tempo. -Falei enquanto olhava para ela, vejo a dor em seus olhos ao escutar aquilo. -Mãe...eu não quero ser um menino, não quero...
-Eu te entendo. -Ela falou e por um segundo eu sorri com aquilo, isso significa que ela me aceita do jeito que eu sou. -É apenas uma fase que você vai superar, filho. Eu irei ajudar você, não vou te abandonar. Você só precisa pedir desculpas para o seu pai e ta tudo bem. Eu sei que você nunca gostou do seu nome, ele não é japonês. Vivia chorando por conta do bullying, mas podemos mudar ele. Que tal Hiroki? É lindo e tem um bom significado.
Sinto meu sorriso sumir aos poucos ao escutar aquilo, meu brilho sumiu rapidamente. Ela...acha que isso é apenas uma fase? Eu sabia que ela iria ficar do lado dele! É sempre a mesma coisa, sempre defendendo ele.
-Isso não é uma fase, mãe! E por quê eu preciso me desculpar? Eu não fiz nada! Nada! Ele que tem que me pedir desculpas. Ele me humilhou na frente de todo mundo, dos meus amigos! Ele comprou o Ken. Ele fez a minha escola inteira me odiar. Ele machucou o Fuyu! -exclamei sentindo meus olhos lacrimejarem.
-Arthur...
-Veio aqui dizer isso? Vá embora então, eu não vou voltar para casa, não vou me e desculpar com o seu marido e não vou aceitar essa sua ajuda aí. -Falei de modo firme para que ela entenda de uma vez por todas que aquilo não era uma fase.
Eu queria tanto que ela ficasse ao meu lado, mas não...isso faz com que meu ódio voltasse. Eu não sou mais uma criança, ela não pode simplesmente me arrastar de volta pra casa e me deixar de castigo.
-Todos os adolescentes passam por fases, Arthur. Isso faz parte da vida, o que vai fazer você amadurecer. No momento em que sua fase terminar...você vai notar que perdeu sua família e então ficará sozinho. -Ela disse enquanto se levantava, escuto suas palavras em total silêncio. -Seu pai te ama, eu te amo, sua irmã te ama. não jogue isso fora por um motivo tão bobo.
Motivo bobo? Bobo? Eu...eu fui espancada pelo meu pai! Como eu posso perdoar ele depois disso? Depois dele ter me humilhado na frente de todos? Como? Não...isso não é um motivo bobo.
Isso não é amor, não é.
Eu sei que a minha irmã me ama, ela foi a única da família a me aceitar. Mesmo ela sendo agressiva igual ao nosso pai, ela me aceitou.
Nada vai me convencer o contrário disso, e se a minha...a minha mãe está aqui tentando me mudar e fazer com que me desculpe, significa que ela também não me ama.
-Eu não estou passando por uma fase, eu vou ter quarenta anos e continuar sendo do mesmo jeito que sou. -exclamei enquanto limpava rapidamente a lágrima que caiu, eu não quero chorar na frente dela. -Eu não vou voltar para casa, se eu voltar eu vou morrer! O papai é um maluco religioso que não aceita nada, o vovô teria vergonha dele se estivesse vivo! O vovô sempre pregou sobre a igualdade e o amor, coisa que o papai nunca vai fazer. Ele me bateu na frente da minha irmã mais nova, me humilhou na frente dos meus amigos, quebrou a minha moto e fez a garota que eu amo me odiar. Eu não consigo perdoar ele agora.
-Arthur...-Ela murmurou.
-Yuri. -A corrigi rapidamente, o silêncio reinou ali.
-A vida é cruel para uma mulher, Arthur. Mas...ela pode ser ainda mais cruel e maldosa para as pessoas que são iguais a você -Ela voltou a falar, voltei a olhar para ela sem entender aonde ela queria chegar. -As pessoas são maldosas e não aceitam aquilo que é diferente ou estranho para elas, você sabe muito bem disso, não é? pessoas como você morrem todo dia por conta do preconceito, eu não quero que você se torne um número a mais nessa porcentagem. Um dia, talvez...o mundo seja diferente e as pessoas comecem a aceitar, mas isso não é hoje...nem amanhã e nem depois...Arthur, a sociedade é assim e não vai mudar da noite para o dia.
Suas palavras eram como uma faca afiada. Eu sei que agora é assim, mas quem sabe daqui dez ou quinze anos as coisas mudem? As pessoas evoluem, eu não posso perder a esperança.
-Eu não sei o que faria se você morresse de modo cruel e injusto, não me fale que você é forte...eu sei que é, mas os humanos são covardes, atacam usando pedras, tijolos, armas e facas. Você sabe disso afinal os gangster são assim. -Ela disse com a voz trêmula. -Se você estivesse em casa, seria mais fácil eu ajudar você, mas se a sua decisão for a mesma, irei respeitar.
-Minha decisão continua a mesma. Eu não irei voltar, sinto muito. -Falei em baixo tom, ela apenas concordou com a cabeça. Sinto que decepcionei ela, ultimamente eu estou decepcionando bastante gente ao meu redor e principalmente a mim mesma.
Evito de olhar em sua direção e foco no chão, sinto seu olhar em mim.
-Aqui, você irá precisar. -Ela falou enquanto me entregava algo, um envelope branco. -Tentarei manter seu pai longe de você por algumas semanas, mas você sabe que ele ainda vai vir atrás de você. Pense no que eu disse, não jogue a sua família no lixo, não jogue a sua vida no lixo.
Observo ela ir embora, minhas lágrimas só caíram no momento em que a porta foi fechada. Nem sequer abro o envelope para saber o que tinha dentro, provavelmente dinheiro ou uma carta pedindo pra eu voltar.
-Calma...-Tia Karla murmurou enquanto vinha até mim.
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