07
Senti uma leve onda de desespero rondar minha cabeça, sorri de maneira tensa ao ver que metade da escola olhou para mim no momento em que entrei. Qual é, não é a primeira vez que eu apareço com curativos no rosto...Bom, dessa vez metade do meu rosto está com curativos, eu estou com um olho roxo e estou mancando. Mas isso não é motivo para me olhar, eu simplesmente odeio quando me olham assim.
E também sou paranóica, se continuarem vou inventar milhões de coisas em minha mente.
-Joe, porquê tá' todo mundo me olhando desse jeito? -Perguntei assim que entrei na sala, o pessoal realmente estava me assustando.
Assim que o sinal bateu eu entrei na sala, mas aqui as pessoas tão me olhando do mesmo jeito.
Será que é algum rumor de como eu me machuquei? Eu até tentei perguntar para uns amigos meus, mais todos eles me ignoraram! Bando de filhos da puta, agora eu estou sendo obrigado a perguntar para a garota mais chata, burra e pervertida da sala.
-Senpai...-Ela murmurou, seu tom estava estranho. Joe parecia a única normal aqui, é até ironia essa maluca estar agindo mais normal que todos. A única coisa de estranho nessa maluca é que ela não tá usando uma camiseta com um decote gigantesco.
Será que ela é uma impostora?
-Joe, tá todo mundo me olhando com uma cara estranha como eu tivesse cometido um crime! Se aconteceu alguma coisa e você sabe, me diga agora! - Falei de modo firme, vejo ela corar fortemente e eu não pude evitar de revirar os olhos com sua atitude estranha.
-O professor chegou, senpai. Eu te conto tudinho no intervalo! -Ela respondeu enquanto pegava sua mochila e ia se sentar na mesa a minha frente. Respirei bem fundo tentando manter a calma com essa garota.
-Joe! Eu sou ansioso, vai me matar de curiosidade! -Falei enquanto me debruço em minha mesa. -Fique ciente que você está prestes a matar o seu senpai, viu?
Ela nem sequer deu ouvidos para mim, realmente aconteceu algo pois essa doida nunca me deixou falando sozinha! Ou talvez ela esteja fazendo esse suspense todo apenas para mim passar o intervalo com ela. Cara, eu realmente espero que essa garota não caia na minha divisão pois se isso acontecer ai sim eu vou sair da Toman sem olhar para trás.
Apertava o botão da caneta diversas vezes, as paranóias estavam rondando cada vez mais minha mente. Eu preciso relaxar e só vou conseguir isso quando eu for fumar.
-Professora, eu não passando bem. Eu preciso ir tomar um ar pois estou me sentindo tonta e quase vomitando aqui, posso ir na diretoria para eles ligarem para os meus pais? Eu sei que acabamos de entrar em sala de aula, mas eu não vou aguentar. -Joe falou depois de quase meia hora, levantei minha cabeça para olhar para ela.
-Claro, vá logo querida! -A professora falou.
Não...ela não caiu nesse teatro falso né? Uau, não se fazem professores como antigamente, se fosse a professora de matemática...ela ia mandar um belo de um "foda-se" e ia voltar a dar aula.
-Eu não sei se consigo andar, o Arthur é o garoto mais forte da sala. Ele pode me ajudar? -Joe perguntou como se não quisesse nada, a professora deixou que eu fosse com ela, agora eu estou entendendo o que ela tá fazendo.
"Joe...você não é tão burra assim" -Pensei enquanto me levantava do meu lugar, não pude deixar de notar as risadas que os meninos derem com aquilo.
Assim que Joe se pois de pé, ela se jogou ou caiu com tudo para trás. Antes que ela acertasse o chão a segurei. Espera, ela realmente está passando mal?
-A pressão deve ter abaixado, vou levar ela para a enfermaria! -Exclamei enquanto a pegava no colo, Joe passou os braços ao redor de meu pescoço.
-Cuidado para não ter suas maquiagens roubadas, Joe!
Olhei para quem havia dito isso, o popularzinho da sala. uma vez eu quebrei ele no soco. Não entendi seu comentário mas nem sei atenção havia não era comigo que ele falava, sai da sala com a maluca em meus braços, meu deus como ela é pesada! Eu já estou todo quebrada, não estou aguentando nem com o meu próprio peso e estou levando ela assim.
-Garota, eu espero que você realmente esteja mal. -Exclamei friamente no momento em que ela piscou para mim.
-Eu tô bem, só tava fingindo para poder sair antes do intervalo. Eu preciso falar com você, senpai! -Ela exclamou enquanto esfregava o peito nele contra mim, nem sei como ela está fazendo isso.
-Fingindo? -Perguntei e ela concordou, soltei um longo suspiro enquanto retirava minhas mãos dela. Mas a mesma se segurou em mim para não cair. -AÍ! doída, Joe! Sua maluca, eu estou quebrado e você está piorando minha situação assim. Eu não bato em mulheres, mas eu sei muito bem como resolver essa situação se você continuar assim.
Fiquei mais irritada quando ela corou, eu não acredito que ela entendeu a última parte errado. Depois as pessoas dizem que eu exagero quando digo que essa garota é pervertida.
-D-desculpa, senpai. -Ela murmurou enquanto ajeitava minha gravata, meti um tapão em sua mão sem me importar com mais nada. -Han?
-Vem logo que eu já perdi a minha paciência, garota teimosa e chata! -Falei enquanto pegava em seu pulso e saia guiando ela para um lugar seguro para conversar, se alguém nos ver fora da sala vai dar ruim.
-S-senpai...-Ela falou enquanto me seguia, eu já não mandei ela parar de me chamar assim?
Assim que chegamos a fiz sentar, a garota estava tão vermelha que eu juro que daqui a pouco ela vai virar um tomate. Nem quero pensar ou saber o que esta passando por sua mente pervertida.
-Me fala agora, o que tá acontecendo que eu não to sabendo. -Perguntei na lata antes que achasse que eu a trouxe desse lado da escola apenas para mostrar meu corpinho a ela.
Joe não falou nada, apenas me observou enquanto eu pegava minha caixa de cigarros dentro do meu terno.
-Quer um? -Perguntei oferecendo a ela.
-Não, faz mal para o pulmão. -Ela respondeu enquanto olhava para as próprias mãos. -Eu nem sei por onde começar...somos amigos desde a infância.
Errado, estudamos desde a infância. Uma coisa não tem nada haver com a outra.
-Você sempre foi diferente... -Ela voltou a dizer, agora ela estava nervosa de verdade. Não sei se é por estar escondendo algo ou pelo fato de eu estar fumando na escola. -Bom...é que...
-Fale de uma vez. -Murmurei depois de acender a ponta do cigarro.
-O Louise do terceiro ano...conhece ele?
Ele mora na mesma rua que você, ele...ele espalhou para todos os grupos possíveis da escola fotos suas. De você vestida de g-garota enquanto estava toda machucada ao lado do seu pai. Ninguém teve audácia de falar ou perguntar para você sobre o que aconteceu pois eles tem medo...já que você faz parte de uma gangue. -Ela falou enquanto brincava com a mecha ruiva que estava em seu rosto. Ri de foram tensa enquanto fechava os olhos, nem sei como reagir a isso agora, eu realmente não queria que as pessoas da escola descobrissem sobre a Yuri dessa forma.
-Uau, acho que minha vida escolar foi para o bueiro agora. -Murmurei sentindo meus olhos arderem, não é hora de chorar na frente dela.
Agora faz sentido o olhar de nojo de alguns, o jeito que estavam me tratando...faz sentido. O pessoal da minha sala está me olhando do mesmo jeito que...a Emma me olhou.
-O seu pai que fez isso? -Joe perguntou depois de um longo período de silêncio.
-Não. -Menti enquanto dava mais um trago. -Olha, Joe...volta para sala, você fingiu estar mal e se alguém sentir o cheiro de cigarro e seguir a trilha de fumaça vão nos encontrar e eu não quero que você se meta em problemas por minha culpa.
-E deixar você sozinho? Não, eu quero perguntar umas cosias! -Ela falou enquanto se sentava mais perto de mim.
-Então fala logo.
-Você...é uma garota trans? -Ela perguntou, demorou para que eu concordasse com a cabeça. Esperei que ela me olhasse igual os outros, mas isso não aconteceu. -Faz sentido agora alguns comportamentos que você tem...Pois bem...então...isso significa que eu sou lésbica? -Ela perguntou, está na hora de falar sério com ela.
-Bom, não sei...acho que sim. Mas eu preciso falar com você. -Falei depois de apagar o meu cigarro que já estava bem pequeno. -Olha, você foi super legal me contando o que estava acontecendo. Obrigada, mas...você deve parar, por favor. É desconfortante o jeito que você age perto de mim, eu não gosto de você do mesmo jeito que você gosta de mim. Você é legal e bonita mas...não.
-Você gosta de outra pessoa? -Ela perguntou e eu não a respondi. -Quem é a vagabunda?
-Não quero falar sobre ela.
-Sério, porquê? Ela quebrou o seu coração? -Joe perguntou enquanto se levantava no pulo, ela parecia um pouco feliz com aquela notícia. -Fala quem é que eu quebro a vagabunda no meio.
-Isso já não é da sua conta, Joe! E você não deveria chamar outra mulher de vagabunda. -Exclamei enquanto me levantava. Não estava afim de falar da Emma.
-Tá tá, desculpa! Você vai aonde?
-Voltar para a sala. -Respondi.
-Calma, fica aqui ainda mais um pouco que já já vai bater o sinal pro intervalo. - Ela falou e eu me surpreendi com aquilo, meu deus, eu perdi três aulas?? Não vale a pena voltar para a sala então agora, voltei a me sentar. -Eu devo te chamar por ela ou ele? Yuri ou Arthur?
-Use os pronomes femininos. -Respondi enquanto dava de ombros, todo mundo já estava sabendo mesmo então tá tudo bem.
Tudo bem? Eu vou mudar de escola, ou eu poderia quebrar alguém na porrada e ai todo mundo ia voltar a me respeitar por medo de apanhar. Estamos no meio do semestre, não quero mudar assim do nada de escola.
Olhei para Joe, estou começando a mudar de opinião sobre ela. Acho que eu pensava que ela chata pois eu nunca cheguei a conversar direito com ela, Joe é maluca mas...ela me respeita, foi só eu falar que me sentia desconfortável por conta do jeito que ela dava em cima de mim que ela parou. Joe também não foi nem um pouco preconceituosa e nem sequer me olhou de maneira estranha, ela perguntou qual pronome eu preferia e o nome! Joe é mais legal do eu pensava, é aquele ditado, não julgue um livro pela capa.
-Aqui onde estamos é onde os alunos do terceiro ano vem para fumarem maconha...daqui a pouco vamos ter companhia...-Joe falou, olhei confusa para ela. -Podemos aproveitar.
-Sim! Vou aproveitar para fumar mais cigarro, depois não vou conseguir pois vão ficar pedindo para mim dar um para eles! -Falei e ela soltou um suspiro decepcionada. -Ae, vai fazer o que depois das aulas?
-Infelizmente tenho que ficar com a minha prima. -Ela falou enquanto batia com tudo na minha mão, meu cigarro caiu no chão e ela pisou. -Você vive fumando, credo! Vai acabar pegando um câncer no pulmão. Porquê?
Respira, Respira, respira. Uma coisa que não admito é alguém fazer isso.
-O Invencível Mikey chamou a chamar você para fazer parte da Toman, certo? Bom, vou de apresentar uns amigos antes da reunião de amanhã. -Falei dando de ombros. -Pena que você não pode ir.
-NÃO, EU VOU SIM! mas eu posso levar a minha prima? -Ela perguntou.
-Tanto faz, só me espera na frente da escola então. -Falei e logo depois disso dei um tapão na mão dela do mesmo jeito que ela havia feito comigo só que com o dobro de força, eu sou educada não otaria. -Da próxima vez que você derrubar o meu cigarro no chão, você vai ganhar muito mais que um tapão, entendeu?
O sinal bateu dando ínicio ao intervalo, procurei no bolso da minha calça um lacinho de cabelo e logo encontrei. Amarrar o cabelo para poder descer a porrada em pessoas escrotas.
Estiquei meus braços e escutei um "trak" vindo, ai meus ossos tão tudo doendo.
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