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Outra noite, outro noticiário, aconteceu o que Mariana falou, fecharam asestradas e haviam protestos em frente ao Congresso Nacional, a programaçãonormal foi interrompida duas vezes para pronunciamentos presidenciais e umapara anunciar num plantão urgente que os robôs fabricaram mais robôs esequestraram policiais entre os grupos de choque para ativá-los. Foram os dosbatalhões especiais, diziam, as diretrizes deles eram diferentes e muitosestudiosos confirmavam que os autômatos de segurança atacavam gente com
características específicas em lugares específicos de acordo com as exigênciasem código dos que os detinham, mas agora atacavam qualquer um. Mariana e eu aguardávamos um pronunciamento no Jornal Nacional do presidente da EcorpS/A, a maior empresa de AI do país e entre as maiores do mundo. Começou, osdois apresentadores humanos iniciaram as notícias, todas sobre robôs, a maisfocada no incidente de hoje de manhã no Japão, um dos empacotadores daAmazon matou quatro empregados assalariados numa das esteiras de
distribuição enquanto os autômatos da segurança apenas ficaram olhando.

Asimagens da câmera de segurança não mostraram as mortes, desviaram para asparedes onde os seguranças estavam e os microfones foram desligados. Via-seapenas o sangue respingando como chuva nos seguranças parados.

Mariana não parecia surpresa, tomava Coca-Cola e comia pastel de feiraenquanto os robôs eram coloridos de vermelho.

Então chegou o momento do pronunciamento ao vivo, o homem vestia um jalecobranco, cabelos penteados para trás e seus óculos refletindo os flashes dascâmaras das equipes de entrevista. Era o homem da foto de Mariana, tão igual à
ela. Ele se posicionou no púlpito e começou a ler os papéis:

— Suspeita-se que o problema de funcionamento esteja se espalhando pelainternet, autômatos sem conexão não demonstram os sintomas e nem mudamde comportamento. — A voz hesitava e as mãos tremiam ao passar para o cartão
seguinte, os repórteres explodiam em perguntas. — Sentimos muito por todas asfamílias afetadas e todas serão devidamente indenizadas, estamos trabalhandoduro para resolver o problema e dentro de poucas semanas tudo voltará ànormalidade. Obrigado e boa noite.

— Dentro de poucas semanas?! — Os repórteres berravam enquanto o presidenteda empresa se retirava do púlpito de cabeça baixa ignorando todas as perguntas.

— E os robôs de companhia?! Eles são parecidos com humanos e estão se
infiltrando entre as pessoas! É verdade que os cargueiros estão se perdendo nomar de propósito?!

A transmissão foi encerrada e o jornal voltou com as notícias, na parte baixa datela apareciam os tweets furiosos de quem assistia:

Filho da puta, Um desses robôs matou o meu avô, Aposto que eles não têm ideiado que fazer, Filhos da puta.

— Mariana, há suspeitas sobre a internet.

— Não é a internet. — Bebeu do canudinho de aço.

— Mas se o próprio presidente da Ecorp disse que…

— Você acredita em tudo o que digo?

— Não.

— Então, não acredite nele. Nem ele sabe o que está fazendo. — Deu uma grandemordida no pastel de frango e palmito.

— Você sabe?

— Eu sei o que está acontecendo — mastigava.

— E fazendo?

Mariana me olhou, sua boca cheia de fiapos de frango e disse:

— Sim, eu sei.

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