Capítulo Quarenta e Cinco
Connor Wessex:
Lilly continuava a me encarar, aquele sorriso perturbador ainda colado em seus lábios, como se ela estivesse se divertindo com o meu desconforto. O silêncio entre nós parecia eterno, até que ela finalmente falou novamente, a voz carregada com uma calma perigosa.
— Imagino que já tenha ouvido falar bastante sobre mim, não é? — ela disse, e senti os capangas apertarem ainda mais meus ombros e braços, como se quisessem lembrar que eu estava completamente à mercê deles.
Eu lutei para controlar minha respiração, procurando as palavras certas. — Você matou inúmeras pessoas para avançar com seus métodos — falei, a voz saindo mais firme do que eu esperava. — Ainda que você se chame de visionária, isso é algo que apenas uma pessoa insana faria.
O sorriso de Lilly não vacilou, mas seus olhos brilharam com um toque de raiva.
— Fiz apenas o que o mundo precisava que fosse feito. Eu queria levar a agência para um novo patamar — sua voz ficou mais baixa, quase como um rosnado. — Minha irmã não foi capaz de enxergar o que era necessário. Ela se recusou a ver que eu estava tentando salvar a todos da corrupção que se infiltrava em nosso meio. Veja o que aconteceu por ela não me seguir. Sua nora foi morta em uma missão, e quase perdeu o precioso neto. Eu tinha o poder de impedir tudo isso.
Sua voz se tornou amarga, e eu senti uma mistura de raiva e desespero borbulhando dentro de mim. Essa mulher estava distorcendo a realidade para justificar suas atrocidades.
— E o que você fez? Criou um clone da sua própria irmã — rebati, olhando diretamente em seus olhos. Ela precisava ouvir a verdade, mesmo que isso a enfurecesse.
Os olhos de Lilly brilharam perigosamente com uma fúria contida. Ela abriu a boca para responder, mas nesse exato momento o carro virou bruscamente, jogando meu corpo contra a lateral do banco. Ouvi um grito vindo da frente, e a adrenalina começou a tomar conta de mim.
— Seu sobrinho está nos perseguindo, mas parece hesitante em atirar para não acertar o outro rapaz — um dos capangas gritou, virando-se para mirar sua arma.
Pedro. Meu coração deu um salto ao ouvir seu nome. Ele estava lá fora, arriscando tudo para me salvar. Mas o que aconteceria se ele não conseguisse me alcançar a tempo?
Lilly franziu o cenho com frustração. — Livrem-se dele. Voltem para o esconderijo o mais rápido possível — ordenou, sua voz carregada de impaciência e fúria. Seus olhos se viraram para o capanga ao meu lado, e ela apontou com desdém. — Coloque-o para dormir. Já estou cansada de ouvir sua voz.
O capanga ao meu lado começou a se mover, e eu tentei me debater, sabendo exatamente o que estava por vir. Eu não podia deixar Pedro enfrentar isso sozinho. Mas antes que pudesse reagir, senti o pano contra o meu nariz. O cheiro químico invadiu meus sentidos, e, por mais que eu tentasse lutar, minhas forças começaram a desaparecer. Minha visão ficou turva, e ouvi o som distante da perseguição lá fora, antes de tudo apagar completamente.
A última coisa que senti foi o desespero por Pedro, por Bella e Samuel, e pela batalha que eu sabia que ainda estava por vir.
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O som da água me acordou, um ruído forte e repetitivo, como ondas furiosas batendo contra algo sólido, sem parar. Era ensurdecedor, quase sufocante. Havia um gosto metálico amargo na minha boca, e o cheiro de ferro parecia impregnar o ar ao meu redor, denso e pesado. Minha mão esquerda doía intensamente, uma dor irritante que pulsava com cada batida do meu coração.
Abri os olhos lentamente, o mundo ao meu redor vindo em foco com uma nitidez desconcertante. O chão debaixo de mim era frio e duro, feito de metal que parecia estar quase corroendo de tão enferrujado. O ambiente ao meu redor parecia mais uma prisão improvisada do que qualquer outra coisa. Uma única janela redonda, pequena, estava na parede. Pela janela, vi o sol nascendo no horizonte, um raio de luz solitário invadindo aquele espaço claustrofóbico, como se zombasse da escuridão em que me encontrava.
Ao me sentar, percebi que não estava sozinho. Diante de mim, havia duas crianças, com as mãos atadas e acorrentadas a um cano enferrujado. Seus rostos estavam marcados pela violência. Um tinha os cabelos claros, o outro, escuros. Ambos tinham roupas rasgadas, sujas de sangue e poeira. O garoto de cabelos escuros tinha um hematoma enorme no lado esquerdo do rosto, e seus cabelos estavam manchados de sangue, com áreas onde haviam sido arrancados brutalmente.
Assim que me movi, o garoto de cabelos claros começou a chorar imediatamente, o som quebrando o silêncio pesado da sala.
— Pensei... — ele disse entre choramingos, e pequenas faíscas elétricas começaram a sair de seu corpo em desespero. — Pensei que eles tinham te matado e jogado aqui só para nos apavorar...
Seu choro aumentou, e a eletricidade ao seu redor faiscou, iluminando brevemente o ambiente, o que só aumentou a sensação de terror que pairava no ar. O outro garoto, com uma expressão mais séria, me olhava com olhos que refletiam pequenos raios.
— Ultimamente, a morte parece melhor do que estar preso nesse barco cheio de monstros — ele disse, a voz fria e calculada para alguém tão jovem.
Olhei para ele, a dureza de suas palavras me atingindo. Horrível, mas talvez ele tivesse razão.
— Que coisa horrível de se dizer — murmurei, tentando manter a calma. — Mas estou vivo, só fiquei inconsciente.
— Eu sei — disse o garoto mais velho, agora esfregando o rosto com as mãos atadas. — Mas não queria ver um corpo morto... Eles disseram que vão te usar para mandar um sinal para a família de Lilly. E vão destruir a gente também. Disseram que somos inúteis: eu sou chorão, e ele, desobediente demais para servir no exército dela.
O garoto tentou se mover em direção ao amigo, mas algo o impedia – uma corrente de metal presa ao tornozelo o segurava no lugar. O som das correntes ecoou, aumentando a atmosfera sombria.
— Não chore — disse o garoto mais velho, sua voz tensa, como se estivesse segurando a própria dor. Mas era evidente que a situação exigia lágrimas.
— Está tudo bem, vocês vão ficar bem — falei, tentando acalmar os dois. — Eu sou Connor Wessex. E vocês, quem são?
O garoto mais sério me olhou com desconfiança por longos segundos, até que finalmente respondeu:
— Marcos. E este é Damon. Ela nos sequestrou do orfanato e fez experimentos... — Ele hesitou, e pude ver a raiva crescendo em seus olhos. — O que foi?
Eu o encarei, incapaz de processar a ideia de uma mulher sequestrar crianças para realizar experimentos cruéis.
— Ela é um monstro... Como pode fazer isso? Ninguém no orfanato tentou impedir que levassem vocês? — perguntei, minha voz saindo mais forte do que eu esperava. Damon começou a chorar de novo, as lágrimas misturando-se ao suor e à sujeira em seu rosto.
— Eles não tiveram chance — Marcos respondeu, sua voz carregada de amargura. — Os soldados dela mataram todo mundo no orfanato e queimaram o lugar. Só sobrou a gente... e uma bebê de um ano.
Senti meu estômago revirar com as palavras dele. Essa mulher estava disposta a destruir tudo e todos em seu caminho.
— A bebê ainda está viva? — perguntei, incrédulo.
— Sim, Lilly a mantém como se fosse sua preciosidade — disse Damon, a voz fraca. — Ouvi dizer que ela até se livrou do clone da irmã quando encontrou essa bebê.
Minhas mãos tremeram de raiva. Essa mulher era ainda mais perversa do que Pedro e Gisele me fizeram acreditar.
— Pelo menos, vocês estão bem... por enquanto — murmurei, engolindo em seco. Marcos me lançou um olhar cheio de fúria.
— Por enquanto — ele disse sombriamente, e Damon assentiu com a cabeça, esfregando o rosto com a manga da blusa.
— Ela quer fazer de nós um exemplo do que acontece com quem se opõe a ela — disse Damon, com a voz carregada de medo. — Lilly disse que todos vão ver do que ela é capaz.
— Não tenham medo dela. Tenho certeza de que Pedro e a família dele vão nos salvar. Só precisamos resistir até que eles nos encontrem — tentei soar confiante, mas a incerteza corroía cada palavra que eu dizia.
— E você realmente acredita nisso? — Marcos me interrompeu, seu olhar cheio de ceticismo. — Foi por isso que te capturaram tão facilmente. Eles sabem que sua fé é tola.
Eu não pude deixar de me sentir vulnerável. Tinha que acreditar que Pedro nos encontraria, mas as dúvidas que Marcos plantava começavam a me consumir.
— Onde estamos, afinal? — perguntei, tentando entender melhor nossa situação.
— Em um navio — respondeu Marcos, como se fosse óbvio. — Não sei para onde estamos indo, só que aqui está cheio de... coisas.
— Coisas? Que tipo de coisas? — perguntei, meu estômago se apertando de medo.
— Monstros que Lilly criou — Marcos respondeu casualmente, mas suas palavras me atingiram como um soco. — Ela faz experimentos com humanos e animais, misturando tudo. Tem criaturas de todos os tipos aqui.
Meu coração se apertou com a ideia de criaturas horrendas nos cercando. Damon começou a tremer, os dentes batendo, enquanto ele murmurava:
— Eles vão nos dar para esses monstros, eu sei disso.
Antes que pudesse tentar acalmá-lo, a porta rangeu e abriu, e uma figura entrou, carregando um casaco e uma pequena bebê num canguru. Os garotos o chamaram de Max, e parecia haver algo de diferente nele.
— Ele acordou do controle que Lilly colocou nos soldados — explicou Marcos. Max era nossa única esperança em meio a tanto desespero.
Me entregando o casaco, Max sussurrou: — Em breve chegaremos a uma das bases dela. Prepare-se.
Enquanto me vestia desajeitadamente, pude ver nos olhos de Max a tristeza de alguém que passou a vida inteira sob o controle de Lilly. Precisávamos sair dali. E eu faria tudo para garantir que isso acontecesse.
Max estava claramente exausto, mas determinado. Ao me entregar o casaco, pude ver em seus olhos que ele já havia perdido tanto. A esperança nele parecia frágil, como uma chama vacilante que o vento da crueldade de Lilly tentava apagar constantemente. Ele ajustou a bebê no canguru com cuidado, como se ela fosse o único pedaço de inocência em um mundo repleto de caos.
— Quanto tempo até chegarmos nessa base? — perguntei, tentando manter minha voz firme, mas sentindo o peso crescente da situação.
Max olhou para a pequena janela redonda, onde o céu continuava a escurecer. — Não muito. Mais algumas horas, talvez. Depende do clima e do que Lilly estiver planejando.
A dor em minha mão esquerda latejava, e a tensão no ar parecia aumentar a cada minuto que passava. O som da água batendo no casco do navio ecoava como um martelar constante, misturado ao cheiro metálico que impregnava o ar. O local era apertado e sufocante, com paredes de metal corroído, marcadas por décadas de negligência e ferrugem. Estávamos em uma prisão flutuante, e a única coisa que separava nossa vida da morte eram as decisões de uma mulher insana.
Olhei para Marcos e Damon, sentados no chão frio, ainda acorrentados. Eles eram tão jovens, e já tinham visto horrores que ninguém deveria presenciar. Marcos, com sua postura rígida e raivosa, tentava ser forte, mas eu podia ver o medo escondido por trás de seus olhos. Damon, com seu corpo tremendo e faíscas escapando de sua pele de tempos em tempos, era uma criança assustada tentando sobreviver em um mundo que o havia traído.
Max se agachou ao lado deles, ajudando-os a se ajeitar melhor, o que provocou um olhar de gratidão de Damon. Marcos, por outro lado, manteve sua expressão sombria, mas havia um reconhecimento silencioso no modo como olhou para Max. Eles o viam como uma figura de proteção, alguém que, mesmo em meio ao desespero, tentava manter uma gota de humanidade.
— Ela tem outros planos para você — Max disse para mim, quebrando o silêncio. — Lilly sempre tem um motivo. Se você está aqui, é porque ela quer algo mais do que apenas vingança.
A ideia de que eu fazia parte de um plano mais elaborado era sufocante. Lilly não era apenas uma mulher louca com sede de poder; ela era meticulosa, estrategista. Cada passo que ela dava parecia planejado com cuidado, e eu sabia que Pedro e sua família também estavam em perigo, apenas por se oporem a ela.
— E você? — perguntei, encarando Max. — Se conseguiu acordar do controle de Lilly, por que ainda está aqui? Você poderia ter fugido.
Max soltou um suspiro longo, pesado, como se as palavras fossem difíceis de formar. — Eu estive nesse lugar por tanto tempo que nem sei mais para onde ir. Minha família biológica foi morta pelos soldados de Lilly quando eu era apenas uma criança. Desde então, sou um fantasma. Para o mundo lá fora, eu não existo. — Seus olhos, que antes brilhavam com uma determinação quase sobrenatural, ficaram vazios por um momento. — E, mesmo que eu fuja, para onde eu iria?
As palavras dele me atingiram como um golpe no estômago. Max estava preso, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Ele havia passado tanto tempo sob o domínio de Lilly que a liberdade parecia um conceito distante, quase inalcançável.
— Max, você não precisa carregar esse peso sozinho — eu disse, tentando infundir alguma esperança na minha voz. — Você não é um fantasma. Não mais. Nós vamos sair daqui, todos nós. Pedro vai nos encontrar, e quando isso acontecer, nós vamos lutar.
Max me olhou com um misto de dúvida e tristeza, mas também com algo que eu não havia visto nele até então: um pequeno brilho de esperança.
— Talvez — ele respondeu, sua voz hesitante, quase imperceptível. — Mas eu já vi tanta coisa... Não posso prometer nada, mas farei o que puder para garantir que vocês sobrevivam.
Enquanto o navio balançava com o movimento das ondas, me vi pensando em Pedro, em Bella, em Samuel. Eles estavam lá fora, procurando por mim, lutando para nos salvar. E eu sabia que, de alguma forma, Pedro não desistiria até me encontrar. Mas o tempo estava contra nós.
— Como estão os outros? — perguntei a Max, tentando desviar o pensamento da ansiedade que crescia dentro de mim.
Ele olhou brevemente para a porta, como se estivesse avaliando o que poderia dizer. — A maioria dos soldados ainda está sob o controle de Lilly, mas alguns começam a questionar. Ela está ficando mais impaciente, mais instável. Isso pode ser uma vantagem para nós... ou a nossa desgraça.
Marcos balançou a cabeça, cético. — Lilly sempre está à frente, sempre tem um plano. Vocês acham mesmo que ela vai deixar que vocês fujam?
Antes que eu pudesse responder, a porta de metal rangeu de novo, abrindo-se com um estalo seco. Uma figura encapuzada entrou, a luz fraca iluminando apenas parte do seu rosto. Ela caminhou lentamente até nós, e, no silêncio tenso que se formou, pude ouvir a respiração acelerada de Damon.
— Rachel? — Max murmurou, a surpresa em sua voz evidente.
Ela se aproximou, e quando finalmente a luz revelou seu rosto, pude ver que trazia a mesma bebê que Max carregava antes. Seu olhar era duro, mas havia algo em seus olhos que sugeria um conflito interno.
— Eles estão começando a desconfiar. Não temos muito tempo — sussurrou ela, lançando um rápido olhar para a porta atrás dela. — Se vamos escapar, precisa ser agora.
A tensão no ar era palpável. Essa era nossa chance, mas o risco era imenso. Lilly não era alguém que deixava pontas soltas, e fugir significava enfrentar todo o horror que ela havia criado. Mas não tínhamos escolha. Precisávamos tentar. Eu olhei para Max, Rachel, e as duas crianças. Nós não estávamos sozinhos, e, juntos, talvez tivéssemos uma chance.
— Vamos. — Minha voz saiu mais forte do que eu esperava. Era hora de agir.
A tensão era quase insuportável enquanto Rachel ajustava o bebê no canguru e olhava nervosamente para a porta. O ar parecia mais denso, o cheiro metálico ainda impregnava cada canto da sala, e o som da água batendo violentamente contra o casco do navio fazia tudo parecer uma tempestade iminente – não apenas do lado de fora, mas dentro de nós também. Eu sabia que o tempo estava correndo contra nós.
— Temos que ser rápidos — Rachel sussurrou, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. — Eles não podem descobrir que estamos tentando fugir. Se perceberem, Lilly vai mandar os monstros e todos seremos capturados ou mortos.
Max assentiu, colocando a mão no ombro de Rachel em um gesto de apoio, mas também de urgência. Marcos e Damon se entreolharam, com medo visível nos olhos, mas algo em suas expressões sugeria que estavam prontos para fazer o que fosse necessário. Eles não tinham outra escolha – nenhum de nós tinha.
— Vamos — disse Max, sua voz baixa, mas cheia de uma determinação fria. Ele olhou para mim com seriedade. — Precisamos sair daqui sem chamar a atenção.
Rachel moveu-se para a porta, abrindo-a lentamente. O corredor além da sala estava mal iluminado, as lâmpadas piscando como se o próprio navio estivesse à beira do colapso. O metal das paredes estava manchado, e o cheiro era ainda pior, como se algo estivesse apodrecendo. O eco das gotas de água caindo de canos enferrujados era o único som que preenchia o ambiente, exceto pelo som distante de passos.
— Cuidado — Rachel murmurou, gesticulando para que a seguíssemos.
Com os corações batendo forte, começamos a nos mover em fila, tentando manter o máximo de silêncio possível. Eu ajudava Marcos e Damon a andarem com suas correntes limitando seus movimentos, enquanto Max e Rachel guiavam o caminho com a bebê silenciosa em seus braços. Cada passo parecia uma eternidade, e o medo de sermos descobertos fazia minha pele arrepiar. Estávamos tão perto da liberdade, mas ainda tão longe.
O corredor parecia um labirinto interminável de tubos enferrujados e portas fechadas, mas Rachel parecia saber exatamente para onde estava indo. Viramos várias esquinas, sempre espiando antes de avançar, e o silêncio era aterrador. Eu podia sentir o perigo, como uma sombra nos espreitando, esperando o momento certo para atacar.
De repente, ao dobrarmos mais uma esquina, ouvimos passos pesados ecoando pelo corredor. Rachel parou bruscamente, e todos congelamos. O som estava ficando mais alto, mais próximo. Meu coração acelerou, e pude ver o pânico crescendo nos olhos de Damon. Max fez sinal para todos se abaixarem e se esconderem atrás de um grande cano enferrujado que atravessava o corredor.
Ficamos ali, tentando controlar a respiração, enquanto os passos se aproximavam cada vez mais. O som ecoava pelas paredes de metal, como se o próprio navio estivesse amplificando o terror. A figura de um soldado, completamente armado, apareceu no corredor, seus passos ecoando na escuridão. Ele estava perigosamente perto, e eu podia sentir o suor frio escorrendo pela minha nuca.
O soldado parou por um momento, olhando em volta, como se sentisse algo errado. O silêncio era tão absoluto que eu podia ouvir o batimento do meu coração ressoando nos meus ouvidos. Se ele se aproximasse mais um pouco, estaríamos acabados.
Mas, então, o soldado deu meia-volta e começou a se afastar. Um suspiro coletivo de alívio preencheu o ar, mas antes que pudéssemos nos mover, um estrondo horrível ecoou no corredor. Algo metálico caiu atrás de nós, fazendo um barulho ensurdecedor. O soldado parou de repente e se virou, sacando a arma.
— Corram! — Max gritou, puxando Rachel pelo braço e começando a correr pelo corredor estreito. Damon e Marcos, com as correntes ainda prendendo seus pés, lutavam para acompanhar, enquanto eu tentava ajudá-los a se moverem mais rápido.
Mas já era tarde demais.
O alarme soou por todo o navio, um som agudo e penetrante que fez todos se encolherem. Estávamos expostos. Eles sabiam onde estávamos.
De repente, o corredor à nossa frente foi bloqueado por soldados, todos armados até os dentes, suas expressões impassíveis. O som do metal batendo contra o chão ecoava enquanto outros vinham de trás. Estávamos cercados.
— Não... — sussurrou Rachel, seus olhos arregalados de pavor enquanto apertava a bebê contra o peito.
Max se posicionou na frente de todos, como se tentasse nos proteger, mas sabíamos que não havia saída.
— Parados! — um dos soldados gritou, apontando a arma diretamente para nós.
Tentamos recuar, mas as portas atrás de nós se abriram de repente, e mais soldados surgiram. Não havia para onde correr.
Antes que pudéssemos reagir, uma figura familiar surgiu do meio dos soldados. Lilly Alves, com aquele sorriso venenoso estampado no rosto, seus cabelos brancos quase brilhando sob a luz fraca.
— Eu avisei que seria apenas uma questão de tempo, Connor — ela disse suavemente, como se estivesse se divertindo com a situação. — Vocês acham que podem fugir de mim? Eu sempre estou um passo à frente.
Ela fez um gesto com a mão, e os soldados avançaram. Max foi jogado contra a parede com brutalidade, e Rachel, segurando a bebê, foi agarrada à força. Marcos e Damon gritaram, tentando resistir, mas foram dominados rapidamente.
— Vamos ver quanto tempo vocês conseguem resistir ao verdadeiro terror — Lilly disse, se aproximando de mim. Seus olhos, frios como o aço, me encararam. — Você vai servir ao meu propósito, Connor. E sua família? Eles vão assistir tudo, impotentes.
Antes que eu pudesse reagir, uma pancada violenta atingiu minha cabeça. O mundo escureceu, e o último som que ouvi foi o riso cruel de Lilly, enquanto eu caía no vazio.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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