Dicas de ouro (?)

Coloco as dicas a seguir em "stanb by" (em "suspensão"), porque acho que "ditar regras" (para não dizer outra coisa) é algo bem complicado. O tom com que foi escrito é um pouco duro e parece que o autor das dicas quis impor, mas, mesmo assim, creio que valem os apontamentos.

Dicas para quem quer ser escritor (retirado de uma publicação de um grupo no Facebook, "O que ler no Whattpad"). Nota: Não sou o autor dessas dicas, estou apenas "repassando"... rsrs... O autor delas foi bem 'grosso'...

a) Os capítulos têm que ter em média 50% de diálogos, podendo ter mais em cenas de tribunais e menos em cenas de investigação. Leitores adoram diálogos.

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b) Nunca use "!?". O personagem está afirmando algo ou está perguntando!? Isso você até vê em quadrinhos, mas em livros, não fica interessante.

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c) Diálogos não são conversas, eles têm que parecer uma conversa, mas não o ser. Então, não use: "Oi, como você está? Ah, eu estou bem, e você? Como vai a família"?

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d) Diálogos servem para passar informação, andar com a história ou mostrar medos e desejos dos personagens.

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e) Não vomite informações sobre os personagens para os leitores. Você tem que saber tudo sobre os personagens, os leitores não. Dê informações nos momentos certos.

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f) Mostre e não fale. Não fique dando informação sobre o que o personagem está sentindo. Exemplo: 

Texto 1 (contando): "Raul ficou aterrorizado quando viu um homem à sua frente".

Mostre, em vez de falar:

Texto 2 (mostrando): "Raul passou a respirar com esforço, os pulmões sobrecarregados além do habitual, suas mãos tremiam sem controle e os olhos, arregalados, fixaram-se por fim na silhueta sombria parada à sua frente".

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Nota 1: Interessante notar a questão da diferença entre "conte a cena", na comparação com o "mostre a cena", que o autor do texto pretendeu.

Nota 2: Quando a pessoa diz: "Não conte ou fale, mostre!", o que se quer dizer é "em vez de contar qual foi a sensação, mostre-a através de contextos que a envolvam, seja por metáforas, seja por coisas que compõem o próprio cenário".

Nota 3: Quando se lança mão desse recurso, é possível não só tornar a cena menos direta e objetiva, menos 'seca e simples', como também é possível mostrar o ambiente que compõe o cenário em torno do personagem, aproveitando-se da própria sensação que se quer mostrar, tudo de uma vez só.

No caso analisado, no "Texto 1" nós contamos qual foi a reação de Raul (ficou aterrorizado), diante da visão de um homem à frente. Fomos diretos e retos, objetivos e concisos. Em geral, os escritores iniciantes são mesmo menos burocráticos, mais práticos, contam, pois não sabem ainda mostrar, muito embora ser direto e conciso também seja uma das técnicas a ser explorada — mas de forma consciente (pode ser que o escritor resolva 'desburocratizar' seu texto num dado instante, até porque, quando abusamos de um recurso, tudo pode ficar cansativo, seja pelo excesso, seja pela falta).

Note que estou associando o "mostrar" a palavras como "burocratizar", o que enseja dizer que não devemos abusar do recurso, pois deve haver sempre um equilíbrio entre as coisas. Na música — outra das 'artes' que pratico, muitas das vezes vemos improvisadores exagerarem em seus 'improvisos', colocando excesso de 'informação' e na música, como na literatura, algumas vezes "menos é mais" e o simples torna-se tão belo quanto o complexo. Só ter cuidado e bom senso.

Isso posto e voltando ao assunto, no "Texto 2" nós já não simplesmente contamos que Raul ficou aterrorizado, nós mostramos que isso aconteceu, através das reações de seu próprio corpo. O fato de respirar com esforço, sobrecarregando os pulmões, além de "arregalar os olhos", já mostraram que ele ficou aterrorizado (nem foi preciso utilizarmos o verbo "aterrorizar"). Tal recurso deixou a cena mais densa, mais crível, mais atrativa ao leitor. Em vez, portanto, de simplesmente contar que ele aterrorizou-se, nós mostramos isso — e até poderiam ser acrescentados ao texto, por exemplo, dados sobre o cenário. Exemplo:

"Raul passou a respirar com esforço, os pulmões sobrecarregados além do habitual, suas mãos tremiam sem controle, enquanto suas pernas arrastavam-se lentamente pelo lodaçal e os olhos arregalaram-se, por fim, quando se fixaram na silhueta sombria parada à sua frente".

Observe que nós mostramos que Raul estava aterrorizado, através de informações que se processavam em seu próprio corpo e, ainda, nós mostramos que ele estava num lodaçal... Isso já fez nossa imaginação ser levada a um cenário lúgubre, tétrico, de um pântano sombrio, por exemplo...

Diante de todo o exposto, podemos concluir que o "mostrar" também favorece a densidade com que o leitor imerge dentro do texto. Já o texto cru não permite isso, deixa o leitor neutro. Mas lembremos novamente: haverá horas em que será interessante fazer isso (contar, em vez de mostrar), em especial quando quisermos focar mais nos diálogos — e menos na narração. Nesses casos, se exagerarmos no mostrar (entremeando-o em excesso a muitos diálogos), poderemos tornar nosso texto pouco fluido e cansativo.

Tudo requer equilíbrio e cada coisa requer a ferramenta apropriada. Na hora de usar o alicate, não devemos buscar um martelo — e vice-versa.

Você concorda com tudo o que foi exposto?

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