3 - Stella
Stella era loira e magra, de olhos verdes e sorriso cativante. Todos diziam que era uma pequena cópia de Luna, o que irritava a menina mais velha. Havia nascido três anos e dois dias depois da irmã e tinha verdadeira adoração por ela, seguindo-a o dia inteiro, desde que começou a andar. Luna se aproveitou, à sua maneira, dessa adoração, sempre controlando as brincadeiras, decidindo o que jogariam e quais os filmes que veriam juntas. Stella nunca pareceu perceber que a primogênita a enrolava nesses assuntos e, se percebia, não se importava.
Luna passou correndo pelo gramado dos fundos, a parte que chamava de "quintal". Ela sabia que, em teoria, todo o terreno em volta da casa era quintal, mas não dava para brincar na frente por causa das plantas da Vânia, então lá ficou sendo "o jardim", e nem nos corredores laterais, que eram muito estreitos e nem mereciam ganhar um nome. Já "o quintal" era amplo, preparado para todos os tipos de brincadeira, tinha uma casa de madeira, balanço e escorregador. Era a parte da casa preferida da menina.
Passou para a parte coberta, ao lado da churrasqueira e decidiu entrar na primeira porta, que levava ao depósito de artigos de supermercado. Stella não estava lá. Viu apenas embalagens fechadas de alimentos não perecíveis, produtos de limpeza, refrigerantes e cervejas.
Saiu rapidamente e foi para a segunda porta, que a levou ao depósito de "bagunças": livros e DVDs velhos, pasta com documentos, um ventilador quebrado, computadores tão antigos que tinham uma televisão junto com eles, os bibelôs que tia Maria deu para a mãe e que esta tinha chamado de horrendos. Quando perguntou para Vânia o que significava aquela palavra, ela explicou: "É quando a gente ganha um presente e gosta tanto que tem que deixar bem guardado, para não quebrar". Viu tudo isso, mas não viu Stella.
Foi até a casinha de madeira, que as irmãs ganharam dos avós paternos no último natal. Não gostava muito de entrar nela, então olhou de fora, pela janela, e não viu a irmã.
"Droga, será que ela estava lá em cima?" Só agora se deu conta de que tinha tanta certeza de que a irmãzinha viria para o quintal que nem olhou embaixo das camas e atrás das cortinas dos quartos.
Luna subiu as escadas preocupada. Se a irmã tinha ficado no quarto, neste momento já estaria "salva", o que faria com que ela tivesse que procurar pela caçula de novo, na próxima rodada da brincadeira. Há algum tempo, ela daria um jeito de enganar menina mais nova, mas agora Stella já conseguia entender as principais regras da brincadeira, tornando a tarefa mais difícil.
Luna entrou no quarto delas e ficou aliviada ao constatar que Stella não estava ali esperando por ela. Procurou debaixo da cama, no guarda-roupa, atrás da escrivaninha e nada.
Foi até o corredor e espiou o quarto de Vânia. Ela estava deitada, com a cabeça enfiada entre os travesseiros. Com a mãe dormindo, decidiu que era melhor não entrar. Dali mesmo, viu a porta do banheiro dos pais, que agora era sempre mantido trancado. Para Luna tanto fazia, jamais entraria de novo naquele cômodo.
Decidiu procurar no banheiro principal da casa. Este tinha a porta aberta, como sempre. Afastou a cortina do box e falou, não muito alto, para não acordar Vânia: "A-ha! Te achei".
Em breve: o conto se encaminha para o final e revelações serão feitas. Não perca a continuação de Esconde-Esconde.
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