Contos de fadas não são reais

Zoe nunca foi adepta a contos de fadas. Mesmo em sua infância criada por uma família que incentivava a crença em contos de fadas e magia, ela sempre fora apegada a realidade — talvez ainda aos seus cinco ano tenha sonhado em ser uma princesa em um palácio, mas agora ela gostava daquilo que era estável, então nunca sonhou com fortuna ou fama, nem mesmo o sonho costumeiro do príncipe encantado comum entre jovens da sua idade, Zoe não nutria. Seu único plano desde a adolescência era uma vida estável, e mesmo que ela nunca tenha decidido o que realmente queria fazer gostaria de se formar em uma boa faculdade , ter uma boa casa e uma vida estável com seus pais e seus irmãos, nunca quis luxos, queria apenas o conforto de uma vida pacata. Claro que aquele plano estava diferente agora com a partida dos pais.

Ela nunca olhou para o futuro esperando uma grande reviravolta, ela gostava daquele caminhar ameno que sua vida tinha, dias leves e felizes e nada mais, aquela era sua vida perfeita, mas do dia para a noite o diagnóstico de sua mãe venho e foi ali que a estabilidade de sua vida começou a desmoronar. Podia ser considerado uma ironia do destino o fato de que a pessoa que nunca esperou uma grande reviravolta digna de conto de fadas fora a pessoa que ganhou uma.

Ajeitou-se no assento do avião. Aquela viagem não tinha nada de semelhante à última vez em que viajara de avião de New York para Chicago para visitar a tia quando era uma adolescente. Lembrava-se da viagem ter sido desconfortável, de ter suas pernas esmagadas pelo assento à frente, a comida era ruim e tinha uma criança puxando seus cabelos no assento de trás, fora um verdadeiro inferno que parecia se arrastar lentamente. Desta vez a viagem era silenciosa e logo quando o avião decolou lhe foi servida uma taça de champagne acompanhado do belo sorriso da aeromoça que aparecia a cada meia hora para conferir se ela precisava de alguma coisa, o assento era confortável e espaçoso e o clima era agradavelmente calmo.

Zoe suspirou enquanto encarava a pequena televisão a sua frente, já era a terceira vez que ela repetia aquele vídeo, toda vez que assistia encontrava algo de diferente para detestar. Bufou irritada voltando o vídeo do começo novamente.

Havia sido entrevistada dois dias antes de embarcar naquele avião. As duas últimas semanas foram caóticas, em um dia fora a um estúdio de fotos profissionais, no outro provar roupas, e no outro assinar documentos, no outro fazer entrevistas e por aí vai em um infinidade de coisas que Zoe tinha detestado, mas a entrevista era a parte mais importante segundo Celeste — a agente que cuidou da sua integração na academia de Blumen. Ela tinha muita experiência no assunto e segundo ela as pessoas precisavam gostar de Zoe, só assim alguma família real lhe chamaria para ser compor o reinado de seus filhos.

— Não adianta de nada se graduar e não ter perspectivas após isso. — Fora o que a mulher lhe disse em um tom frio e um tanto rude.

Zoe se deu conta muito rápido de que não precisava ser somente boa nos estudos, ela precisava ser excepcional em todos os pontos da sua vida, precisava se vestir com cuidado, andar e falar com atenção. Segundo Celeste, ela nunca mais estaria sozinha, a partir daquele dia em diante sempre teriam câmeras a acompanhando. Aquela perspectiva a assustou, mas ela não compartilhou aquele sentimento com ninguém.

Respirou fundo enchendo seus pulmões de ar, estava ansiosa e podia ouvir seu coração batendo dentro de seu peito e suas mãos tremiam e suavam frio — aquele era o seu estado costumeiro nas últimas duas semanas. Decidiu concentrar-se na entrevista que passava na tela.

Ela estava bem-vestida, havia realmente gostado daquele vestido. O tom rosa claro contrastava perfeitamente com o tom negro de sua pele, o vestido esvoaçante ia até um pouco abaixo dos joelhos, elegante e recatado ele delineava perfeitamente sua cintura e tinha uma delicada alça, a peça lhe dava um ar de garota inocente. Havia pequenos detalhes dourados que lembravam pequenas estrelas e acompanhava com um par de luvas quase transparentes feitas do mesmo tecido do vestido.

Zoe pausou o vídeo quando a câmera focou em seu rosto, a maquiagem era leve, lhe dava um ar de inocência e pureza. Seus cachos estavam presos em um penteado que tirava um pouco de seu volume, os fios eram sustentados por um grande laço no mesmo tom de rosa do seu vestido. Ela ajeitou os fones de ouvido e deu play no vídeo novamente, deixando que a entrevista continuasse.

É uma honra recebê-la esta noite Zoe. — Disse o apresentador após cumprimentá-la com um beijo na bochecha. Ele estava sentado em uma poltrona mais a frente dela.

— É uma honra estar aqui essa noite Paul, obrigada por me receber. — Ela sorriu docemente tentando esconder seu nervosismo.

Zoe suspirou pesadamente. Lembrava-se perfeitamente da sensação que arrebatou seu corpo naquele momento, do tremor em suas mãos que ela tentava esconder e da ansiedade que impedia seu coração de bater em um ritmo normal, o frio em sua barriga que lhe fazia agonizar internamente enquanto sorria como se tudo estivesse bem.

Então, querida Zoe, como você se sente com o fato de que irá conviver com os nomes mais badalados da atualidade como a herdeira do grande trono que por acaso foi quem anunciou seu nome? — Questionou o apresentador.

Para ser sincera Paul eu nunca fui muito fã de acompanhar a badalada vida das princesas ao contrario da minha irmãzinha que adora tudo sobre elas. — Paul riu e Zoe o acompanhou meio sem jeito. — E sobre a princesa Delila... bom eu a vejo muito em outdoors, para mim por muito tempo ela era só isso, uma imagem em um outdoor representando a vida perfeita que poucos terão.

Mas você terá a chance de ter. — Paul constatou com um sorriso nos lábios.

E ainda não consigo acreditar nisso.

Paul ajeitou-se na cadeira, a câmera focou em seu rosto enquanto ele preparava-se para mais uma pergunta. Zoe notou a postura do homem se tornar algo sutilmente predatório.

— Zoe, todos querem saber, como você está lidando com toda essa mudança repentina em sua vida? — Questionou Paul cruzando as pernas e assumindo uma postura mais séria.

— Eu não estava esperando essa mudança Paul, então tudo está uma grande loucura, mas eu estou tendo apoio de todas as pessoas ao meu redor, e eu tenho minha família comigo. — Ela sorriu, mas apertou o assento da poltrona em que estava sentada.

Ele sorriu para ela, havia um brilho em seus olhos quando ele fez a próxima pergunta;

— Fizemos algumas pesquisas sobre a sua vida Zoe. — Ele começou em um tom sério. Zoe sentiu seu coração descompassar. — Sua mãe adotiva faleceu a um ano atrás.

Ela prendeu a respiração, seu coração batia fora do ritmo e podia sentir o suor em sua mão — não esperava aquela pergunta, pois o falecimento da mãe não era algo que havia compartilhado. A pergunta havia claramente a pego de surpresa e ela teve dificuldade em esconder seus sentimentos estampados em suas reações.

— Sim, Paul. — Ela confirmou. — Infelizmente ela foi diagnosticada com câncer e não resistiu.

O apresentador abaixou os olhos para o papel em suas mãos, parecia triste com o assunto, mas Zoe notou o ar dissimulado que o rondava como uma aura ele estava jogando com ela.

— Eu sinto muito por isso. — Ele murmurou tocando a mão dela por cima da mesa. — E como você se sente deixando sua irmã e seu irmãos em busca de sucesso após a partida de sua mãe? — Questionou agora a encarando.

Zoe o encarou um tanto espantada com a afirmação, mas esforçou se para esconder a surpresa em seu semblante e sorriu um tanto desconcertada.

— Não estou deixando meus irmãos para trás, Paul, mas sim buscando um futuro melhor para eles. — Sorriu quando finalizou encarando o homem à sua frente.

— Eu vou acabar chorando Zoe. Eu tenho um coração de manteiga. — Ele sorriu quando a câmera focou em seu rosto.

Os olhos do apresentador oscilaram dela novamente para o pequeno cartão em sua mão e então retornaram para ela após uma breve leitura, ele tinha um sorriso ladino nos lábios.

— Além de seus irmãos tem mais alguém que você vai deixar para trás? — Ele perguntou insinuativo, com um sorriso travesso nos lábios. — Um príncipe encantado vai estar à sua espera aqui?

— Não, eu não tenho ninguém aqui e acho melhor manter assim, pois quero me concentrar apenas em conseguir me graduar. — Ela sorriu.

— Certamente os príncipes brigaram por sua atenção na academia, afinal você é uma jovem linda. — Ele disse em um tom sedutor que Zoe não conseguiu decidir de imediato se havia gostado ou não daquilo.

Ela usou todas as suas forças para esconder seu ar de descontentamento e sorriu de forma gentil e educada.

— Eu agradeço o elogio de Paul, mas não terei tempo para príncipes.

— Posso ouvir o choro dos príncipes daqui. — Paul riu juntamente da pequena plateia que os assistia. O homem ajeitou se em sua poltrona, cruzou uma perna e a encarou sério. — Zoe, sendo um pouco mais sério agora. — Novamente o coração da jovem descompassou. — Você é a primeira ganhadora negra no sorteio, as sete ganhadoras anteriores foram jovens brancas, como você se sente com esse fato?

Zoe encarou o homem, ela tinha o maxilar travado e seus dedos se contorciam embaixo do tecido do vestido, seu silêncio deixava claro que ela estava à procura de uma boa resposta.

— Não acredito que a cor da minha pele tenha alguma relevância, eu sou uma mulher forte como todas as outras que foram escolhidas e darei o meu melhor assim como elas, mas sim, eu me sinto muito orgulhosa de poder representar as garotinhas negras que sonham em ser princesas. — Ela sorriu mesmo com a frustração que lhe dominava. Estava contando os minutos para o término daquela entrevista. — É claro que eu sei todas as dificuldades implícitas pela minha cor, nem todas as pessoas são gentis, mas eu estou pronta para enfrentá-las com orgulho.

— Definitivamente minha colega Daphne estava certa sobre você. Existe uma guerreira por trás desse rosto angelical.

Zoe desligou a tela cansada demais daquela entrevista. Após o término da entrevista ela lembrava-se de ter entrado no twitter, seu nome estava nos trendings e todos pareciam ter opiniões divergentes sobre ela.

"Uma verdadeira dama, estou torcendo muito por ela"

Twittou uma garota em cima de uma foto de Zoe.

"Ela merece tudo de bom do mundo para ajudar a família"

Comentou um perfil que Zoe não conseguiu descobrir a identidade, mas sabia que a pessoa era muito fã da Marvel pelo perfil do Homem de Ferro.

"Já começou com a frescura de tudo é racismo, essa geração é insuportável."

Comentou um homem com seus cento e poucos seguidores e a bandeira dos Estados Unidos seguida de uma cruz ao lado do seu nome de usuário. O tweet tinha algumas curtidas e poucos comentários, mas eles foram o suficiente para fazer Zoe fechar a rede social com um embrulho no estômago após bloquear aquele usuário.

O voo estava chegando ao seu destino e a voz do piloto soou informando as instruções para o pouso. Zoe apertou mais seu cinto e ajeitou se em sua poltrona, seus olhos encararam as nuvens pela janela e mais abaixo a cidade de Blumen que dali parecia tão pequena. Um suspiro pesado escapou de seus lábios — talvez não estivesse pronta para encarar a realidade que lhe esperava em terra firme.

(...)

Zoe desceu do avião e a primeira coisa que fez ao colocar os pés para fora da aeronave foi respirar profundamente enchendo seus pulmões com o ar puro de Blumen. Em suas pesquisas sobre o lugar, ela leu em diversos sites e ouviu diversas pessoas falando que Blumen era conhecida por seu típico cheiro floral, todos os cantos da capital do país tinham um odor doce e floral. Ela sorriu ao constatar que aquelas informações não eram mentira. Talvez o odor tivesse haver com o fato do país ser um dos maiores produtores de flores do mundo ou algumas das lendas envolvendo magia e fadas eram reais. Zoe sorriu com a ideia.

Fora acompanhada o caminho todo por um segurança e por uma representante da academia, a mulher de corpo esguio e longos cabelos preto andava rápido e se quer lhe dignava alguma atenção pois estava ocupada falando ao telefone. Zoe não entendia muito bem o porquê precisava daquele segurança lhe acompanhando de perto, mas não fez perguntas, apenas os seguiu silenciosamente.

— Suas malas já foram retiradas e estão sendo levadas para a academia, quando sairmos sorria, acene e não responda perguntas. — A mulher disse sem parar de andar e se quer desviou os olhos do celular.

Zoe não teve tempo para formular alguma resposta, pois as vozes do lado de fora atingiram seus ouvidos quando as portas automáticas se abriram. Ela encarou a calçada do aeroporto e prendeu a respiração abruptamente quando viu um grande grupo de pessoas amontoando-se sobre uma grade. Elas gritavam seu nome enquanto os flashes brilhavam em uma velocidade polvorosa. Ela piscou confusa.

— Não fique animada, eles estão esperando a chegada das princesas, você é só um brinde. — Resmungou Leonor em um tom jocoso. — Não esqueça as regras! — Disse antes de permitir a passagem de Zoe pelas portas.

O barulho se tornava mais audível a cada passo adiante que dava, era uma cacofonia de sons, os gritos dos fotógrafos a chamando, o clique de suas câmeras, buzinas mais ao fundo e as grades arranhando o chão conforme eram forçadas. Zoe foi conduzida pelo segurança que apoiava uma mão nas costas dela por um estreito caminho entre as grades. Um microfone foi colocado em seu caminho e ela retesou assustada com a aproximação repentina do objeto.

Zoe, como é ser a primeira mulher negra a ganhar a bolsa?

Um jornalista berrou sua pergunta, mas ela o ignorou, afastando-se educadamente de seu microfone, mas de nada adiantou, dois passos à frente outro microfone fora estendido quase batendo violentamente no seu rosto.

Zoe, é verdade que você já teve problemas com drogas? — Questionou uma mulher.

Ela encarou em choque a jornalista por alguns segundos antes de ser arrastada para longe pelo segurança que afastou a jornalista com um empurrão suave.

Zoe e se você não for aprovada, qual será o próximo passo?

Suspirou aliviada quando viu a porta do grande carro preto ser aberta, mais cinco passos e ela finalmente estava no interior seguro e enfim silencioso do veículo. Junto dela estavam a representante da academia e um segurança, ambos em silêncio. A jovem encostou sua cabeça na janela do carro e assistiu as ruas do reino de Blumen passarem voando diante de seus olhos.

A cidade era bonita, tudo ali tinha uma arquitetura colonial em tons alaranjados, as ruas eram muito arborizadas e havia flores por todas as partes — Zoe gostaria de saber se ali o cheiro floral seria mais intenso. Pelas ruas do centro da cidade estendiam-se bandeiras com o brasão da família real, os guardas montados em cavalos trajavam seus uniformes em um tom púrpura com lindos detalhes em tons de dourado.

— Você vai chegar e ir direto para o seu quarto, tenha uma boa noite e prepare-se para a apresentação na parte da manhã. — Disse Leonor levantando seus olhos frios do celular por um breve segundo para encarar a mais jovem. — Em cima de sua cama você vai encontrar o seu cronograma. Certamente não preciso alertá-la de que é importante estar em todos os seus compromissos sem atraso.

Em resposta, ela maneou a cabeça positivamente em silêncio. O silêncio voltou a culminar o ambiente de forma desconfortável. Zoe estava definitivamente cansada daquelas semanas malucas, mas esperava que pudesse encontrar ao menos um pouco de normalidade ao estabelecer-se na academia, ansiava pela rotina de um dia a dia comum, ou o mais próximo que pudesse ter daquilo naquele lugar.

— Uma dica, nunca se esqueça que você é só uma garota pobre e que eles vão estar de olho em você, sua queda é o que eles querem. — Disse a mulher agora a olhando fixamente. — Acredite em mim quando te digo, ninguém te ama ou se importa com você no mundo azul — Ela oscilou os olhos para o segurança e deu de ombros. — Estou apenas sendo sincera.

Zoe engoliu em seco sentindo o peso das palavras de Leonor sobre suas costas. Havia uma ansiedade instalada em sua alma da qual ela não conseguia se livrar, sequer lembrava-se a última vez que tinha conseguido dormir sem palpitações no coração e comprimidos de calmantes. Como qualquer jovem do século vinte e um, Zoe tinha sim um pouco de ansiedade, mas nada comparado com aquele sentimento voraz que parecia prestes a lhe devorar naquelas últimas duas semanas.

Ela sempre fora o tipo de pessoa que nunca sonhou com uma grande reviravolta ou coisas grandes, então a ansiedade por mudanças nunca foi um problema para ela, mas com o câncer da mãe e todos os problemas que aquilo acarretou era como se tivessem aberto uma porta dentro da sua alma ou girado uma chave dentro da sua mente. Agora, estava muito mais suscetível à ansiedade.

Após mais alguns minutos no carro, Zoe notou pelo balançar do carro que estavam subindo uma estrada um tanto íngreme. O caminho era cercado por muitas árvores e a luz do sol invadia a estrada e a iluminava de forma sublime. Pequenas flores brancas brotavam nos pés das árvores cobrindo a grama com uma imensidão que mais parecia pequenos amontoados de algodão. Zoe sorriu com a imagem pacífica.

Demorou pouco mais de cinco minutos até que o carro finalmente parou. Zoe esticou-se um pouco sobre o banco na tentativa de enxergar o que acontecia, mas a única coisa que pode ver foram grandes portões que se estendiam no caminho impedindo a passagem do veículo. Após uma breve identificação do motorista a passagem foi liberada e o portão se abriu.

A primeira coisa que Zoe pode ver da sua janela foi uma grande fonte. A base da fonte era um pouco mais funda e a água escorria naquela direção vinda do mármore em um tom branco que enfeitava o topo. Esculpido no mármore as formas de um casal presos em um abraço transmitiam desespero e do, sobre o colo da mulher repousava uma coroa que o homem tocava com sua mão livre enquanto a outra parecia agarrá-la e só então Zoe se deu conta de que eles nao se abraçavam e sim lutavam pela coroa. Era linda, uma verdadeira obra de arte. Um pouco em frente da estátua iniciava-se uma curta escadaria que dava acesso a grandes portas de madeira e foi ali que o carro estacionou após mais uma curva.

Uma mulher os aguardava no topo da escada, com uma postura ereta ela abriu um sorriso o carro estacionou a sua frente. Sua porta foi aberta por um homem uniformizado de expressão ranzinza que soltou um longo suspiro ao se afastar um passo quando lhe estendeu a mão em apoio. Hesitante, Zoe tocou a palma da mão do homem com a sua e apoiou-se nela para deixar o veículo. Parada ali, em frente a grande construção que até então só tinha visto por fotos, ela se deu conta de que aquilo era real. Engoliu em seco.

Nas semanas em que passou se preparando para aquele momento era como se tivesse embarcado em uma realidade paralela, era como se imaginação e realidade fossem divididas em duas bolhas e mesmo que pudessem enxergar um através da outra pela fina camada transparente era como se estivessem distantes, mas ali,naquele momento, Zoe sentiu que ambas se colidiram com tamanha força que estouraram a bolha tornando se uma coisa só.

— Zoe Skyes. — Chamou a mulher com um sorriso contido em seus lábios. Ela estendeu a mão na direção de Zoe. — Sou a diretora Pavlova. É uma honra recebê-lá.

Zoe sorriu tímida apertando a mão da diretora.

— Obrigada. — Murmurou.

— Agradeço pelo trabalho dos senhores, mas a partir daqui assumirei. — O tom polido saiu de seus lábios carregado por um sotaque elegante. Ela sorriu de forma graciosa para Leonor e o segurança, que Zoe ainda não sabia o nome.

Nem nenhuma palavra ou qualquer despedida, eles se retiraram de forma silenciosa deixando apenas Zoe, a diretora e o senhor ranzinza. Zoe sorriu na tentativa de amenizar seu próprio nervosismo.

— Me acompanhe, senhorita Skyes.

Antes mesmo que a diretora ou Zoe dessem um passo, o homem se precipitou a abrir as grandes portas. Ele curvou ligeiramente o corpo em uma reverência enquanto estendia o braço em um sinal de boas vindas.

Um longo suspiro deixou os lábios de Zoe tamanha foi sua surpresa ao entrar no instituto. As fotos não faziam jus à beleza daquele lugar. Ela avançou três passos e então rodopiou vagarosamente tentando captar com atenção todos os detalhes do lugar.

A academia para nobres era um lugar suntuoso. Zoe havia navegado por todos os cômodos pela internet dúzias de vezes imaginando como seria sua vida neles. Sua fachada em tons brancos com pequenos detalhes dourados escondia uma verdadeira obra de arte arquitetônica. Um pequeno palacete que guardava a tutela de mais de doze obras de arte milionárias, uma piscina olímpica e um dos maiores labirintos de plantas e flores de Blumen.

Sobre o hall de entrada um grande lustre com pedras pendia sob suas cabeças, a luz natural do sol invadia o recinto por duas longas janelas e reluzia nos detalhes dourados de longas colunas de mármore. Uma escada seguia mais a frente e dividia-se em duas direções após treze degraus, um tapete roxo cobria os degraus e parecia nunca ter sido tocado por sapato algum.

Ela moveu-se pelo ambiente tornando-se consciente do longo vasto espaço ao seu redor. Por fim, sorriu, um largo sorriso que iluminou sua expressão outrora tímida. Seus olhos buscaram a presença da diretora que lhe encarava com um sorriso afável em seus lábios. Zoe ajeitou sua postura e parou em frente a mulher ainda com um sorriso dançando em seus lábios.

— Bem vinda a academia da realeza de Blumen, Zoe.

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