Capítulo 10
— Antes de darmos início as acusações, quero que todos neste salão saibam o quanto eu tenho uma enorme consideração por Irene e principalmente, pela jovem Katherine.
A Revelvet olhava para Aro de forma dura, sabendo muito bem qual era o plano dele: manipular para que não aparente ser o vilão da história se ela fosse morta, Katherine ganhasse um lugar na guarda como "ato de misericórdia" e tudo fosse considerado apenas um ato de justiça.
Ela já tinha ouvido falar daquela história várias vezes, mas não deixaria isso se repetir novamente.
— Não adianta adiarmos o inevitável, Aro — Caius disse em um tom firme — Mate-as logo.
— Vamos ouvir tudo primeiro — Marcus disse de forma mais calma — Tudo pode ser explicado.
Dois vampiros ergueram Irene e seguraram a mulher de forma resistente que, se ela reagisse, o braço seria facilmente arrancado. Aro olhou para Jane pela primeira vez desde o início do julgamento, e mesmo que desta vez a loira não tivesse muita escolha, fitou a vampira.
— Dor.
Um grito escapou dos lábios de Irene ao sentir seu corpo queimando. Se pudesse chorar ela com certeza faria, porque seus pensamentos se voltaram para suas irmãs, que gritaram nos últimos minutos de vida quando eram queimadas vivas na fogueira. Katherine tentou se levantar, mas dois vampiros seguraram ela para baixo enquanto um terceiro forçava sua cabeça.
— Deixe ela em paz! — pediu a mais nova — Pare com isso! PARE!
Aro fez um sinal para Jane parar de usar seus poderes. O corpo de Irene caiu sem forças no chão, trêmulo, despertando o instinto maldoso em dois dos líderes do clã. Sob as ordens de Aro, Jane torturou novamente a vampira que conteve o grito até onde pôde, mas se rendeu a ele nos últimos minutos.
Eu não posso implorar pela morte, Irene pensava, não darei esse gostinho para eles.
Katherine tinha o rosto tomado pelas lágrimas enquanto tentava se livrar da corda que lhe foi posta, precisava usar a magia que havia guardado, mas como faria aquilo com um vampiro apertando a sua cabeça?
Foco Katherine, ela pensava. Você é poderosa, uma das herdeiras de Hécate. E eles não são páreos para você.
A mais nova olhou para Alec ao lado da irmã, o que iria fazer podia acabar com qualquer sentimento bom que ele havia cultivado por ela, mas da mesma forma que ele ainda defendia seus líderes, ela defendia Irene.
Uma risada cortou os gritos da vampira torturada. Aro fez sinal para que Jane parasse e observou confuso o corpo de Katherine tremer com a risada que ela dava, como se estivesse vendo algo engraçado.
— Por que está rindo? — Caius perguntou sem paciência para a garota — É engraçado ver sua amiga sendo torturada? Ou devemos fazer isso com as duas de uma vez?
— É só que — ela parou por minutos para recuperar o fôlego mantendo a cabeça baixa — Todos são hipócritas uma hora, seja humano ou vampiro... principalmente os vampiros — ela levantou soltou as mãos sem fazer barulho — Principalmente vocês. Se acham mesmo poderosos, fortes, que todos devem respeitar ou temer, porém se esquecem que existem pessoas mais poderosas ainda... como eu.
Em menos de um segundo, o corpo de Katherine foi irradiado por uma fraca luz roxa, assim como os seus olhos. Lançando os vampiros que lhe seguravam pelo ar até o outro lado da sala, a garota fitou os três líderes com os olhos queimando de raiva.
— Eu sou uma das herdeiras de Hécate. Herdeira direta, e o sangue da deusa corre nas minhas veias. Eu sou magia pura e vocês estão muito ferrados na minha mão.
Pisando com força no chão, uma leve névoa roxa invadiu todo o salão até o teto, mantendo todos como se estivessem em uma caixa. Caius tentou correr rapidamente até a híbrida, mas seus poderes se tornaram lentos, o que fez a Revelvet sorrir satisfeita.
— Não podem me deter. Aqui dentro, dos meus domínios onde eu dou as ordens, vocês são quase como os humanos.
— O que quer de nós? — Aro perguntou irado — Não pretendia te matar, você ia ser uma de nós.
— Mas matariam Irene, e ela é a minha família. Nem sempre união tem que ser por poder, pode ser por amor também.
— Amor? — Aro debochou — O que se ganha com amor?
Alec foi andando calmamente até a garota, como se a fala do líder dos Volturi fosse o momento exato para que ele pudesse agir.
— Se ganha muita coisa — ele respondeu parando ao lado de Katherine — E eu desejo descobrir isso, com ela.
Marcus conteve o sorriso que lhe dançou nos lábios, podendo ver agora nitidamente o laço que mantinha Katherine e Alec unidos.
— Vai nos deixar? — Caius perguntou espumando de ódio — Depois de tudo o que fizemos por você?
— Não é só ele — Jane se manifestou se juntando ao irmão, assim como Demetri e Felix que saíram de onde estavam. O vampiro rastreador ajudou Irene a se levantar — Iremos também. E nunca se esqueceremos do que nos foi ensinado aqui, nunca nos esqueceremos dos mestres.
Aro olhava a atitude dos gêmeos como se ambos tivessem apunhalado o seu coração. O vampiro ficou paralisado com os olhos arregalados, todos os seus guardas mais fortes estavam lhe deixando de uma única vez por causa de uma híbrida, por causa do amor.
— ISSO É TRAIÇÃO! — Caius berrou.
— Chame do que quiser Caius — Irene, já recuperada, disse olhando para o loiro — Você nunca saberá o que é amar alguém, viver ou morrer por ela. Nenhum de vocês saberá.
O loiro espumava de raiva e antes que pudesse fazer alguma coisa, Marcus disse:
— Deixe-os ir — o tom calmo e compreensivo do terceiro líder fez com que os outros dois parecessem ainda mais cruéis — Não podemos segurar. Alguns vampiros já entraram e saíram de nossa guarda, como Carlisle. Eles não são os primeiros e muito menos, os últimos.
Irene lançou um olhar agradecido ao vampiro que a havia transformado. Sabia que Marcus sofria pela morte da esposa, e encarava a eternidade como punição por não ter feito nada para impedir.
— Não podemos — Caius argumentou.
— Podem, ou toda essa magia que vocês vêem se transformará em fogo — Katherine ameaçou.
— Não faria isso, você também morreria — Caius contra-argumentou — E eles também.
A Revelvet mais nova inclinou a cabeça para o lado em desafio.
— Será? Quer tirar a prova? Garanto que será indolor.
— Vão — Aro interrompeu e ordenou a contragosto, recebendo um olhar incrédulo de Caius — E nunca mais deixe-nos saber de vocês, porque se soubermos, não darei segundas chances.
Katherine sorriu docemente, embora o sorriso fosse falso.
— Não pretendemos deixar isso acontecer — com uma mão, Katherine fez com que uma névoa ainda mais densa cobrisse cada vampiro do clã presente e a voz dela soava como um sussurro que penetrava a mente deles — Será como se nunca tivéssemos existido para vocês, porque se esquecerão de tudo.
Com a magia ainda cobrindo todos, Alec pegou a mão de Katherine e saiu correndo com os antigos membros do clã. Irene ficou por último, visualizando os três líderes com um sorriso convencido de vitória nos lábios.
— Eu disse que iria me vingar pelo o que vocês fizeram pelas minhas irmãs. Aproveitem o tormento que lhe restam de eternidade.
A Revelvet saiu correndo e se encontrou com o pequeno grupo no fundo do castelo. Juntos, o novo clã foi para o mais longe que puderam de Volterra.
•••✦•••
Notas da autora: Hey pessoal, como estão?
E esse foi o último capítulo de Escarlate. Eu quero agradecer todos vocês pela paciência que tiveram, sei que demorei para algumas atualizações mas espero que, de alguma forma, tenham curtido essa fanfic com o foco nos Volturi.
Se vocês esperavam uma briga, espero não tê-los frustrados com as coisas mais calmas, mas desde o início, o plano das duas era usar a magia da Katherine na hora certa para derrubar os Volturi e bem... acho que deu certo.
Me digam o que acharam, quero saber de absolutamente tudo!
Beijinhos com presas!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top