Capítulo 7 - The Rock, um lutador

– Senhora, a administradora da propriedade não vem? – indagou Lucas, num tom manso, levemente irônico. Alguns mais desatentos pensariam que ele só estava brincando... E não que estava impaciente para concluir a visita.

– Ah, ela está resolvendo uma coisa importante no escritório, mas já vem – respondeu Lenir, ainda desconsertada com o porte e a figura do novo veterinário. "Um pedaço de homem"... Ou melhor, "um homem inteiro", ela se corrigiu, mentalmente. Afinal, quem era sujeito bonitão, alto, e todo trabalhado no aço e no bronze?

Um obelisco talhado pelo mar e fincado na areia...

De repente, Lenir sentiu que ele parecia um pouco deslocado no meio do mato. O lugar dele não era na roça, mas numa ilha paradisíaca, dessas que Lenir vê nos filmes... Usando nada mais do que uma folha de parreira como vestimenta... Se tanto!

Ele deveria era circular na ilha de Lenir, inteiramente nu! E não com aquele uniforme branco que destacava tão bem os músculos e o bronzeado... Nem deveria estar calçando aquelas botas sete léguas, igualmente brancas e já salpicadas de lama. Se não estivesse tão fascinada, Lenir teria achado engraçada a cor que ele escolheu para trabalhar no meio de tanto mato e lama. Estaria encardido em questão de horas. Haja sabão branqueador!

Percebendo que o homem estava olhando para ela, Lenir tratou de disfarçar, enquanto endireitava a espinha.

– Bom, explica para ela que vou precisar tirar um raio x da perna do nosso guerreiro aqui – disse ele, levantando–se e dando um tapinha amistoso no lombo do The Rock, salvo de virar sabão.

O cavalo estava muito debilitado devido à perna machucada e à desnutrição; sustentado por meio de uma cinta improvisada para mantê–lo de pé a fim de que o veterinário pudesse verificar o animal por baixo e sua perna.

Tobias, o auxiliar técnico do veterinário, e Arruda, trabalhador da fazenda, seguravam a corda para mantê–lo içado.

Com seu olhar clínico, Lucas logo percebeu as marcas das chibatadas no lombo e na barriga do animal. Isso sempre fazia seu sangue ferver.

– E como fazemos então? – Perguntou Lenir. – Você vai transportá–lo?

– Bem, vocês têm um caminhão, pelo que Guga me contou. É só levar até a nossa clínica e...

Astrid entrou na baia naquele momento, interrompendo a conversa.

–Tudo bem, tudo bem, faremos isso – Ela agradou o cavalinho e o olhou com tanto carinho, que por um instante, Lucas perdeu a linha de raciocínio.

Astrid não era nada como ele havia imaginado, quando seu sócio e também veterinário, Guga, pediu que fosse até o santuário no seu lugar. Guga caiu sobre o braço, quebrando–o e quase quebrou a bacia também. Ficaria fora de combate por um tempo.

Quanto a Lucas, era novo no vilarejo, estava querendo fazer o seu trabalho direito e desejava conhecer e ser conhecido pela comunidade local. Uma comunidade que, ele logo percebeu, era muito fechada.

Astrid lhe foi descrita como uma defensora tão ferrenha da causa dos animais, que ele a imaginou como uma daquelas guerreiras celtas descabeladas usando pintura azul de guerra na cara...

Bem, a verdade não ficava longe.

A administradora do santuário revelou–se uma mulher forte, e com um olhar destemido. Alguém capaz de se defender de qualquer coisa. Isso o agradou, pois estava acostumado na Marinha, a lidar com camaradas semelhantes. Homens e mulheres diretos, enérgicos e ativos, por assim dizer.

– Eu vou ver como faremos isso, sem que o animal... – ele começou a dizer.

– The Rock – Astrid corrigiu, sem desviar o olhar dos olhos doces e calmos do cavalo. – É importante demonstrar que valorizamos sua individualidade.

– Concordo, senhora – respondeu Lucas, levando Astrid a encará–lo com curiosidade. – Então, precisamos ver como faremos para que The Rock seja movido com o mínimo de desconforto e estresse.

Ela assentiu, enquanto o veterinário saía da baia por um momento.

Lenir permaneceu com Astrid. Lançou um olhar para fora, então, para os outros dois rapazes. Estavam ocupados demais em cuidar da sustentação do animal, para prestar atenção nelas, por isso aproveitou para comentar:

– Viu que pedaço de homem?

– Não vi nada! – Astrid arregalou os olhos, olhando para os lados com medo de que a amiga fosse ouvida. – Comporte–se, Lenir! É apenas um veterinário.

– Sei... – A contragosto, Lenir decidiu mudar de assunto. – Conseguiu concluir a inscrição?

Astrid comprimiu os lábios. – Ainda não. – E antes que Lenir começasse a recriminá–la, acrescentou: – Descobri, no final da primeira página, que a segunda tem que ser preenchida por outra pessoa.

– Como assim?

– Pelo meu parceiro ou parceira de competição.

– Caracóis! – Por essa, Lenir não esperava.

– Então, topas? – indagou Astrid, em tom zombeteiro.

Lenir ficou olhando para ela. – Você sabe que eu não consigo pular uma poça de lama sem cair dentro! Olha para mim: pequena, gordinha, glutona, sem senso de direção... E não posso perder uma noite de sono ou me transformo num monstro comedor de gente.

– É a mais pura verdade! – Concordou Astrid, soltando uma boa risada.

– Garota, – Lenir não estava achando a situação nada engraçada – aonde você vai encontrar alguém disponível e tão bom quanto você nos esportes radicais?

Só havia uma pessoa à altura, mas seu grande amigo Afonso Roveda era um cara muito ocupado. Os dois já participaram de várias atividades juntos, pois compartilhavam da paixão pelos esportes radicais. Porém, ele era dono de uma fazenda enorme, não muito longe dali. Seu dia costumava ser cheio, com tantas coisas para administrar.

O dia típico de um homem de negócios, cuja responsabilidade do sobrenome pesava–lhe sobre os ombros.

A Fazenda Roveda exigia a presença dele quase cem por cento. No sentido mais óbvio da famosa frase: "o olho do dono é que engorda o gado". O lugar era popularmente chamado de Fazenda das Hortênsias, por causa das flores que a mãe dele cultivava. E por falar em mãe, Dona Edwiges Roveda dependia totalmente do filho único, desde o falecimento do esposo, Lourival Roveda, um dos fundadores do Distrito Roveda e os vilarejos que o compunham.

– Não faço ideia de quem posso chamar... – Astrid murmurou, mais para si mesma; então, acrescentou: – Mas, Lenir, o reality não é só de esportes radicais... Envolve foco, determinação, resistência, atenção aos detalhes... Preciso de alguém que seja bom nessas coisas também.

– Não vamos desistir – Lenir interrompeu a amiga, roendo o polegar. – Vamos pensar em alguém. Quando encerra o prazo de inscrição?

– Acho que em poucos dias.

– Bom, temos que achar logo um parceiro pra você – disse Lenir. O que ela não disse é que já tinha ideia de quem poderia preencher o papel. Só precisava resolver alguns...

...Detalhes...

–––

Lucas já estava ficando nervoso com a maneira como Lenir olhava para ele. Tobias, seu auxiliar na clínica, não conseguiu esconder uma risadinha. De certo achando que a mulher o estava paquerando. Não seria a primeira vez, ele estava habituado aos olhares das mulheres. No entanto, Lenir parecia encará–lo como quem avalia um pedaço de carne na vitrina do açougue.

"Um saco de farinha", ele se corrigiu, já que todos ali eram veganos ou ao menos vegetarianos. (Ele incluso!)

Tobias o ajudou com a engrenagem que Lucas improvisou para içar o cavalinho para cima da traseira do caminhão. De qualquer maneira, precisou de quatro homens para garantir que The Rock não se machucasse.

Astrid voltou nesse momento, ouviu de Lucas tudo o que era necessário e se lançou para a traseira do caminhão, a fim de acalmar o cavalo durante a viagem até a clínica. Levantou a cabeça do animal com cuidado e colocou no seu colo. The Rock suspirou de felicidade.

Lucas reparou nas tatuagens a recobrirem o braço firme de Astrid – firme devido a lida diária na fazenda. Ela ergueu o rosto.

– Vamos? – indagou, olhando impaciente para Lucas.

– Você vai aí atrás, mesmo?

– Sim – disse ela, rente.

– Sacolejando? – Ele ainda quis saber, por desencargo.

– Se The Rock pode enfrentar, eu também posso. Além do mais, espero que você não sacuda muito. Não por mim, mas por ele!

Lucas apenas balançou a cabeça e foi para a direção do caminhão. Lenir sentou ao seu lado; o ajudante de Lucas não soube o que fazer e se espremeu junto à porta. Tobias fechara bem a grade traseira e fez o sinal positivo com o polegar.

Lucas engatou a marcha e eles seguiram caminho.

–––

– Então, você gosta de esportes radicais... – Lenir considerou, num tom sinistro.

– Hmmm... Pois é... – Lucas não sabia mais o que dizer, diante do interrogatório da moça.

– E o mais interessante é que você foi do exército, não foi?

– Marinha – ele a corrigiu.

– Ora... – Lenir tagarelava alegremente. – Os marinheiros tem tanta resistência física quanto os soldados, não têm?

Lucas riu, um tanto divertido. – Eu era das forças especiais, senhora – explicou, esperando que isso resumisse, explicasse, e encerrasse a questão.

Ao invés disso, Lenir arregalou os olhos. – Tipo o quê?

– Tipo... – Lucas, percebeu a diversão mal disfarçada do auxiliar, do outro lado. – Tipo CECOP. Eu fui um atobá.

Claro que para um civil, esse tipo de explicação não causava impacto algum... A não ser para quem conhece as forças especiais.

– Por que saiu? – Lenir quis saber.

– Por motivos particulares – ele não iria abrir toda a sua vida para aquele doida. Não iria revelar, por exemplo, que ele precisou sair das forças especiais para cuidar do pai, que estava manifestando sinais de demência.

Cuidou dele até sua morte, alguns meses depois. Seu pai teve uma parada cardíaca. Mas, daí, Lucas já tinha pedido baixa. Não tinha interesse em voltar. Serviu com honra por oito anos. Agora, era hora de tomar novos rumos. Ele decidiu fazer uso de seu título universitário. Era formado em veterinária e queria atuar em projetos de ativismo pelos animais; cuidar deles como mereciam.

Voltou para a faculdade e procurou se reciclar. Conheceu veterinários mais jovens, iniciando a carreira. O que o deixou um tanto isolado dos grupos, por causa da diferença de idade e por estar começando tão tarde. No entanto, curiosamente fez amizade com outro jovem veterinário, Guga Azevedo.

Uniram–se por um elemento em comum, a vida militar. Os pais de Guga eram oficiais do exército. Guga conhecia as demandas e a cultura militar.

Os dois se tornaram mais que amigos, tornaram–se irmãos.

Quando Guga recebeu um convite para atuar como veterinário no interior, convidou o amigo para ter sociedade. Depois do falecimento do antigo veterinário, a clínica foi vendida pela família. A princípio, Lucas não quis ir, mas daí, Guga lhe contou sobre o lugar, como a comunidade dependia do veterinário e mostrou o desafio que seria lidar com uma clínica decrépita... Lucas ficou tentado, mas o que o levou a se decidir foi quando Guga viajou para adiantar as coisas e se acidentou.

Lucas foi ativado pelo seu senso de ajudar um companheiro em perigo. No caso, em necessidade. Decidiu ir para lá e fazer o melhor, enquanto o amigo se recuperava.

Agora os dois precisavam recuperar a clínica e torná–la ideal para atender adequadamente os pacientes das redondezas. E enquanto não conseguiam, atendiam a domicílio, ou usavam os setores da clínica que estavam em bom estado. Como era o caso do setor de Raio X.

Tudo o que não precisavam agora era trabalho não remunerado e voluntário. Por outro lado, o dever e o compromisso com os bichinhos atendidos pelo veterinário falecido, falaram mais alto. Além do mais, nunca se sabe quando um trabalho voluntário pode reverter num excelente cartão de visitas.

–Você estava dizendo... – Lenir o incitou.

– Estava?

–CECOP – repetiu ela, pacientemente. – O que é isso?

– Comando Especial de Combate e Patrulhamento – ele explicou, tirando o suor da testa com o braço. – Eu era da tropa 2, a Bravo. Ficamos sediados em ilha Rasa, em Paraty.

– Uau! Espera só a Astrid saber disso...

– O que?

– Nada, nada. E lá nesse tal CECOP vocês tinham que fazer muito exercício? Tipo, atravessar o oceano à nado, escalar montanhas, correr?

– É por aí...

– Você ainda está em forma, né? – disse ela, tocando com o dedo o seu abdome firme.

– Senhora, por favor, pode olhar – ele riu, sem jeito. – Mas não pode tocar.

– Ah, não é nada disso. Não estou assediando você – disse ela rindo, meio sem jeito; então, tomou uma decisão. Melhor falar, antes que fosse mal interpretada. – É que o santuário está passando por dificuldades financeiras...

Ele apenas a olhou de lado. Lenir rapidamente explicou:

– Não que a gente não vá pagar o Raio X. A Astrid sempre garante que todas as contas sejam pagas. Estou querendo dizer que com a crise, a pandemia, etc., não sabemos quanto tempo mais vamos conseguir levar.

– E... O que isso tem a ver com meu abdome?

– A Astrid vai se candidatar ao Escape Game da TV Mundi.

– O que é isso?

–Não tá sabendo? Homem do céu, em que mundo você vive?

–Um mundo sem TV e sem redes sociais – disse Tobias, zombando.

– Isso mesmo. – Concordou Lucas, sem o menor constrangimento. – Quem precisa ser controlado virtualmente pelos outros? Deus me livre!

– Engraçado, a Astrid pensa igualzinho – Lenir comentou. – Enfim, o Escape Game vai dar um prêmio grande em dinheiro para quem vencer as provas. A Astrid está se candidatando, mas precisa de um parceiro – quando ele lhe lançou outro daqueles olhares do tipo "nem vem", ela disse: – É em dupla. Não pode ser individual.

– Por que você não vai com ela, então? – ele indagou.

– Ora, você já deve ter percebido que não nasci para ao mundo do Tarzan, ou da Xena, a princesa guerreira.

Ele riu, baixinho. Boa definição para Astrid. Xena, a princesa guerreira. Ela tinha um olhar e um jeito de que não deixaria nada a desejar para nenhuma das guerreiras atobás.

– De quanto é o prêmio? – perguntou Tobias, entre divertido e interessado.

– Era para ser de um a dois milhões de reais...

– Bom prêmio – concordou Lucas, diminuindo a marcha para passar com cuidado por um buraco grande na estrada de terra. Lenir acenou para alguns peões do Santuário, que estavam consertando as cercas limítrofes da propriedade.

Assim que passaram o arco da fazendo, alcançaram a estrada pavimentada e Lucas pode respirar aliviado, desenvolvendo um pouco de velocidade.

– Houve uma mudança – disse Lenir, um tanto misteriosa.

– Ah, houve é? – ele indagou, distraído. Já nem queria mais saber da ladainha da mulher.

–O prêmio foi alterado. Sabe quanto?

– Nem faço ideia.

– Dá um palpite?

– Três milhões?

Ela fez que não.

– Quatro, cinco?

Ela fez que não de novo. – O prêmio está em setenta milhões de reais.

Lucas quase soltou a direção. Encarou–a com renovada atenção. Ora, setenta milhões era um prêmio de respeito. E ele tinha as condições de ganhar um jogo assim, se realmente envolvesse esportes radicais, resistência física, sobrevivência, ou conhecimento de outros países ou localidades. Ele conheceu o Brasil todo e boa parte do mundo, nos oito anos em que atuou como atobá.

– Ficou interessado, né? – Lenir sorriu.

– Quem não ficaria – ele deu de ombros. – Mas já devem ter escolhido os candidatos. Nesse tipo de reality show são cartas marcadas.

– Concordo, mas aposto que você ficaria bem na tela. E a Astrid também.

Ele teve que concordar que os dois juntos eram uma combinação interessante, mas descartou a ideia logo em seguida. A mulher não era simpática o suficiente para conquistar os telespectadores ou os internautas. Até ele, que não vivia dessas coisas, sabia disso.

– Você e Guga não querem revitalizar a clínica do falecido Dr. Xavier, e transformar num baita hospital veterinário?

Lenir apertou o botão certo... Claro que eles queriam. Mas Guga com o braço quebrado, não poderia participar. Quanto a Astrid, ela podia estar precisando do dinheiro, mas ele não tinha certeza de que fosse dar conta...

Quanto a sua própria subsistência, Lucas não se incomodava, porque graças à herança do pai, e das economias que fez ao longo dos oito anos nas forças especiais, não precisava se preocupar com dinheiro. Além do mais, não faltavam convites para prestar consultoria na área da segurança privada. Bicos que ele fazia, de vez em quando, só por diversão.

Mas a sua vocação era a veterinária. E a clínica precisava de uma injeção de dinheiro muito maior do que ele poderia dar, mesmo que investisse todas as economias e tudo o que restou da herança do pai. (Mesmo que ficasse sem ter onde morar, e morasse na baia junto com os cavalos. E ele definitivamente, não queria fazer isso).

Mas o reality... Por mais maluca que a ideia parecesse... De repente, ele se pegou questionando: "Por que não?"

Lenir observou o rosto do homem atentamente, mas não conseguiu pescar nada. Era um jogador de pôquer nato, como todo militar. Maldição. Mesmo assim, ela arriscou: – Só falta uma coisa... Nós dois convencermos a Astrid de que pode funcionar.

–––

Astrid saiu da direção do caminhão fumegando. Reconhecia que o novo veterinário era competente, gostava dos animais e os atendia adequadamente (e acredite se quiser, há veterinários que não gostam dos animais os quais atendem), e tratou muito bem do The Rock.

Mas ter que aturar Lenir durante toda a viagem de volta ao Santuário, tentando convencê–la a aceitar o cara como parceiro na competição... Daí, era demais!

– Não dá... Ele não vai topar.

– Será que não? – Lenir insistiu, seguindo a amiga para fora do veículo. – Ele me pareceu bem interessado.

Astrid parou de andar e se virou, abruptamente.

– Não acredito que você falou pra ele!

– Falei, ora... Mas não disse que você queria.

– Claro que eu não queria! Aliás, eu não quero!

– Que foi, Astrid? – Lenir cruzou os braços. – Porque está tão espinhosa com o cara?

– Porque ele tem aquele jeito arrogante... Não vai dar certo! Eu prefiro o Afonso.

Afonso era campeão de rodeio, saltava de parapente, fazia atletismo, canoagem, e se virava sozinho, se tivesse que acampar na floresta. Sempre que podia, Afonso também se dedicava a ajudar os animais. Até parou de participar dos rodeios, porque percebeu o que isso representava para eles. Tornou–se campeão de esportes radicais.

Lenir franziu o cenho. – Afonso é legal, mas... O Lucas foi das forças especiais. Ele sabe jogar pra ganhar. Ele tipo é daqueles que combatem até concluir uma missão.

– Você fala dele como se fosse um pitbull.

– São cães determinados, isso você não pode negar – Lenir rebateu. – Além do mais, missão dada é missão comprida!

Astrid começou a rir baixinho. – Missão cumprida – ela corrigiu, com brandura. – Você anda assistindo muito filme americano, isso sim.

– Sim, comprida ou cumprida... Você entendeu. E como você ama os pit bulls e todos os animais, estou certa de que vai gostar do Lucas.

Não era justo. Lenir sabia que Lampião, o pitbull da fazenda, fora resgatado das brigas de cães e trazido para ela. Tornaram–se inseparáveis, desde então.

–Quem é você, sua vendedora do diabo? Que lábia, hein?

Lenir ficou rindo sozinha, enquanto Astrid chamava alguém para ajudar a tirar The Rock do caminhão.

–––

O cavalinho estava de volta a sua baia, e Astrid passou um bom tempo acalmando–o e hidratando, antes de ir para o escritório. Havia uma mensagem deixada pela voluntária da lojinha do santuário, Isabella.

"Sua irmã ligou e pede seu retorno, assim que puder".

Astrid ficou preocupada. Olhou para a pilha de contas que precisava organizar ou remanejar, e depois par ao celular. A irmã não costumava pedir urgência no retorno. Ela discou o número que sabia de cor.

Taí, a ideia que lhe surgiu: ao invés de participar do jogo com o militar arrogante, ela o faria com a irmã.

– Lunna! – falou, entusiasmada, assim que a irmã atendeu. – Que bom que me procurou, porque eu tenho uma pro...

–Mana! Me ajuda! Quebrei o braço e preciso de você!

– O quê? – Astrid se sentou. – Me conta direito essa história.

–––

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