Capítulo 10 - Missão Quase Impossível: a inscrição

Tobias se esgueirou pelo consultório da Clínica Veterinária se sentindo como um ladrão de galinhas.

Empurrou a culpa para um cantinho afastado da mente, afinal, estava fazendo um bem às pessoas de quem ele gostava. Os dois doutores e a gerente do Santuário poderiam se beneficiar, e se não se beneficiassem, bem... Ninguém iria descobrir, certo?

– Aqui estão os dados que consegui do doutor – ele sussurrou.

Lenir apareceu como uma ladra entusiasmada e pegou o papel; deu um tapinha no ombro de Tobias, dizendo: – Ótimo! Bota na conta de Deus, querido!

Ela saiu correndo, entrou no jipe e dirigiu como uma louca – mas uma louca, mesmo! – de volta à sede do santuário. Tinha que aproveitar a ausência de Astrid, que estaria almoçando com Dona Edwiges e o filho.

Invadiu o escritório da sede... Quer dizer, não invadiu propriamente, porque tinha acesso a todos os lugares do santuário. Só não queria ser flagrada fazendo o que estava prestes a fazer.

Ligou o velho computador, entrou no e–mail de Astrid e fez uma rápida pesquisa com a lupinha para localizar o rascunho da inscrição. Lá estava, preenchido até a metade. Lenir sorriu consigo mesma. Pegou o papel com os dados de Lucas e terminou de preencher o formulário. Então, anexou o arquivo com o vídeo feito pelo celular (do transporte do cavalinho The Rock até a clínica), e enviou. Esperou enquanto rodava até aparecer a confirmação "mensagem enviada".

Sentiu um friozinho na barriga, só de imaginar os dois sendo selecionados... Em seguida, surgiu uma mensagem da emissora de televisão, na caixa de entrada.

Lenir ficou empolgada, mesmo sendo apenas um e–mail automático de confirmação. Escondeu a mensagem na pasta de arquivos com o nome "recibos".

Apagou o item enviado do histórico, saiu da conta, desligou o computador e correu para fora da sala, rindo sozinha.

Passou por Naren no corredor e acenou. O moçambicano acenou de volta e continuou o seu caminho rumo à pia entupida que o aguardava, na cozinha. Lenir nem fazia ideia, pelo visto, já que sumiu lá na varanda como se fosse uma assaltante de banco que conseguiu fugir com o produto do crime.

Ao chegar à cozinha, Naren deparou–se com uma verdadeira cena de filme catástrofe: as duas senhoras histéricas tentavam segurar o vazamento com vários panos, formando uma verdadeira barricada no corredor.

Como se chamavam, mesmo? Léia e Odete? Eram as responsáveis pela limpeza da casa.

O gato Pablo estava miando preocupado da janela; Tonho puxava a água com o rodo; Saldanha tentava encaixar a peça debaixo da pia; Mestre Manolo, seu eterno companheiro, balia com eloquência, querendo ajudar de alguma forma; enquanto Odete tentava limpar a confusão...

Da porta, Naren sorriu.

– Vejo que tudo está sob controle.

De repente, ouviu–se a voz de Adelaide, no final do corredor.

– O que está acontecendo aí na cozinha?

Todo mundo se calou, inclusive Mestre Manolo. Foi como se congelassem no lugar. Debaixo da pia, Saldanha olhou para Naren e fez uns sinais confusos para que ele distraísse a idosa.

– Ah, nada, não, Dona Adelaide – comentou o moçambicano. – É só o Mestre Manolo que está alegre demais da conta!

Sentindo–se difamado, Manolo fez um bé mais estridente.

– Oh, meu alegre cabrito! – Adelaide recuou para o quarto.

– Deixe que eu ajudo a senhora – Naren correu para auxiliar a idosa a voltar para a cama. Ela não tinha muita firmeza nas pernas.

– Obrigada, meu querido, mas eu já estou acomodada – disse a idosa, sentando–se na poltrona. – Abra as cortinas para mim, por favor! Quero olhar para as árvores lá fora.

Naren fez o que foi pedido.

Da cozinha, todo mundo se esforçou para cuidar do vazamento em silêncio, para que Adelaide não escutasse.

– Acho que consegui – anunciou Saldanha, sem muito entusiasmo. – Espero que dure, desta vez.

Lenir entrou na cozinha naquele instante; iria começar a gravar a live, com a sua série de vídeos de "como fazer". Dessa vez, iria preparar um bolo de milho para postar no Instagram. Não iria postar o bolo, é claro, mas o vídeo.

Um bolo de milho vegano.

Da porta, ela viu a confusão ao redor e seus olhos arregalaram.

– Meu Deus! O que aconteceu aqui?

Saldanha apontou para os panos. – Acho melhor ajudar a enxugar, "Angelina Jolie", se quiser gravar a sua preciosa live na cozinha.

– Bé! – Mestre Manolo reforçou, com seriedade.

–––

Os dias passaram e o prazo da inscrição acabou.

Astrid só se lembrou quando era tarde demais. Afinal, precisava lidar com tantas questões... Não tinha tempo para isso. Com um encolher de ombro, deu a questão por encerrada.

Sua preocupação agora era com a irmã.

Afonso estava a caminho da capital para buscá–la no endereço que Astrid lhe forneceu. O problema é que o celular da irmã estava desligado ou fora de área, desde que se falaram pela última vez. A preocupação só aumentava.

Ouviu Mestre Manolo chamando por ela, no corredor. Dessa vez, ele trazia Salomão a tiracolo. O outro cabrito chegou há alguns meses e ainda se comportava de maneira receosa. Mas ao que parecia, Mestre Manolo o estava introduzindo aos seus recantos prediletos.

Ao ver Astrid, Salomão baixou a cabeça, mas não se afastou.

–Ei, o que foi, amigo? – Ela perguntou, abaixando devagar para fazer um carinho na cabeça.

Mestre Manolo "veio chegando" para dominar o reino das carícias. Astrid procurou agradar os dois. – Sentiram saudades de mim, é?

As vezes quando Astrid estava lidando com as tarefas rotineiras (o curral, as cercas, os desgarrados, a alimentação, a limpeza, a saúde dos resgatados, os resgates, a papelada do escritório, etc.), e não ia diretamente ver Mestre Manolo, ele vinha visitá–la e depois voltava a correr pelo campo. Geralmente a procura de Saldanha e seus petiscos.

Lenir costumava filmar as peripécias do cabrito e postar semanalmente no perfil do santuário, no Instagram. As postagens ajudavam a divulgar o trabalho de resgate, a angariar as doações e promover a cultura do veganismo.

Lenir até tinha iniciado uma série de vídeos em que fazia receitas veganas para os seguidores do santuário. As receitas estavam fazendo o maior sucesso. Ainda mais depois que ela anunciou estar compilando um livro de receitas para vender na loja virtual do santuário.

A loja era um caso à parte – resultado do amor coletivo pela causa. Eles tinham alguns ajudantes de peso: Abelardo, o contador que oferecia os seus serviços de graça para manter a papelada em ordem; André mantinha o site e incrementava o layout dos perfis; afora os voluntários que trabalhavam na sede da fazenda.

Cada um contribuía com um produto a ser vendido na loja. Na maioria, microempreendores locais: Zezé fazia as camisetas com estampas que ele próprio bolava; Lenir vendia os produtos veganos; e tinha as canecas com o nome de cada um dos animais resgatados, feitas por um grupo de senhoras da Associação "Idosas frequentam o SESC".

A campanha era simples: compre uma camiseta ou caneca e seja padrinho/madrinha de um dos animais resgatados.

Claro, o santuário também contava com o atendimento do veterinário, que faleceu. Seu Guido era um amor e tratava os animais de graça. No entanto, graças a Deus, ele foi bem substituído por Guga – o jovem veterinário que comprou a clínica do Doutor Guido.

Quanto ao Lucas, Astrid ainda não tinha certeza de nada. Era um cara muito durão e cheio dos silêncios profundos... Ela não sabia se poderia confiar nele. Em sua opinião, confiança se conquista. Ele teria tempo para provar se a merecia, ou não.

No final das contas, foi bom que não rolou o lance da inscrição. Sem Afonso, e tendo apenas Lucas como opção, ela preferia não arriscar. Além do mais, como já disse antes, aquele tipo de programa era feito com cartas marcadas.

–––

Astrid saiu pela lateral da casa, com Salomão a frente e Mestre Manolo atrás, tentando entender porque o cabrito a estava empurrando com a cabeça (e os chifres).

– Ai! O que você tem, hoje?

Quando contornou a casa, porém, levou um tremendo choque. O pátio estava tomado de pessoas estranhas, algumas com câmera em punho.

Lenir, cheia de dentes, veio correndo lhe dizer:

–Aí está ela!

E a abraçou, sussurrando em seu ouvido: – Sorria, pelo amor de Deus!

Mesma confusa, Astrid automaticamente abriu um sorrisão. Lenir se afastou apenas para se virar para as câmeras.

–Por que? Como? – Astrid sussurrou de volta. – O que é que está rolando aqui?

Lenir abriu a boca, mas antes que pudesse falar alguma coisa, Nick se adiantou e a cumprimentou efusivamente.

– Parabéns a Astrid Rodrigues, integrante da dupla selecionada para o Escape Game!

Uma multidão se formava por trás da van com o desenho da marca da TV Mundi. O pessoal da fazenda corria para ver o que estava acontecendo.

Enquanto Astrid digeria a informação, Nick virou–se para o cinegrafista, Sugar Boff, apontando os melhores lugares para as gravações: – Vamos filmar aqui e ali.

Lenir adiantou–se, prestimosa. – Ali é melhor, porque pega a fachada da sede e o nome do santuário. Mestre Manolo pode aparecer também, dando os saltinhos dele. Vai ajudar a gente a angariar doações.

– Claro, claro – Nick concordou, em tom ausente, mas acabou colocando no ângulo que Lenir sugeriu, não por causa de seus argumentos, mas porque ela estava certa. Era o melhor ângulo para se filmar.

Nick já estava ficando nervoso com Lenir atrás dele feito um perdigueiro. Ela apresentou à câmera de Sugar Boff os membros mais próximos do santuário.

Lampião, o pittbull caolho se adiantou, olhando para ela obedientemente.

– Lampião é o segurança da trupe. Ele cuida para que todo mundo esteja bem, feliz e seguro. – Apontou para o cabrito que já estava fugindo. – Aquele é o Salomão. Como podem ver, ele é tímido. Temos a Clotilde – apontou para a galinha amigável. – Aquela espiando atrás da cerca, é a Esperança – e mostrou uma vaquinha meiga e toda interessada. – O The Rock está imobilizado no curral, em tratamento. Ele pede desculpas, mas não pode vir. Este aqui, é o Mestre Manolo.

Mestre Manolo esperava só a deixa de ser chamado para mostrar o que sabe fazer.

Alice, que assistia a tudo, fazendo notas para a edição, achou o cabrito um verdadeiro pop star. Todos ali eram carismáticos... Menos a resgatadora principal, Astrid. E Alice estava preocupada em como fazer que a participante ficasse simpática na tela.

Nick, por seu turno, assustou–se com o pitbull de um olho só... Mas a medida que Lenir lhe contava a história de cada um dos animais, ele foi se encantando e comovendo. Desde o início, soube que a dupla selecionada na repescagem daria um ótimo caldo.

Decidiu que já tinha o bastante do santuário, por ora.

–Agora, pessoal, precisamos filmar o casal...

–Dupla! – Lucas o corrigiu, surgindo em meio à multidão.

Astrid lhe lançou um olhar esgazeado.

–Você?

–É... Eu, ué! – ele forçou um sorriso por causa das câmeras. – E não finja que não sabia.

– Como assim? – Ela falou, sentindo dor nas bochechas por manter o sorriso fixo.

– Você nos inscreveu nesse negócio, né? Tenha a decência de pelo menos colaborar com o negócio – respondeu ele, também com um sorriso congelado no meio da cara.

Para total espanto de Astrid, ele a puxou para um abraço apertado, enquanto as câmeras dos fotógrafos pipocavam as fotos e a câmera os filmava sem parar.

Lenir vibrava de empolgação.

– Eu... – Ela lançou um olhar mortal na direção dela, que a ignorou ostensivamente. Voltou–se para Lucas e sussurrou: – Quer tirar a mão da minha cintura?

– Quem está na chuva, é para se molhar – Lucas apertou mais ainda e abriu um sorrisão para a câmera.

Quando a câmera de Sugar Boy foi desligada, Lucas a soltou meio que empurrando. Astrid nem teve tempo de se sentir ultrajada, porque Alice se aproximou para fazer perguntas. Os dois responderam e foi assim que Astrid soube mais detalhes da vida de Lucas, como militar de carreira da Marinha e integrante da equipe dos atobás.

– E como vocês pensaram em formar a dupla? – indagou a moça.

Novamente, Lucas assumiu a dianteira: – Ah, a causa do Santuário é importante demais. E como vocês sabem, não é fácil manter a instituição... Precisamos do dinheiro para incrementar a qualidade de vida dos animais e, particularmente, eu e meu sócio pretendemos abrir um hospital veterinário.

– Nossa, que legal! – disse a moça, já meio constrangida pelo olhar sisudo e zangado da moça ao lado do veterinário. Por sorte, ele sabia esbanjar charme para a câmera. Logo teria uma legião de seguidoras, quando o reality começasse.

– Acho que temos o que precisamos – ela fez sinal para o cinegrafista cortar.

Nick olhou no relógio de pulso e se aproximou:

– Mais uma vez meus parabéns aos dois! Agora, vocês devem se preparar. Dentro de cinco dias, alguém virá buscar vocês de manhã, bem cedo. Estejam prontos.

– O que devemos levar? – Lucas indagou, já que Astrid ainda estava em choque, sendo cumprimentada pelos voluntários e amigos.

– Passaporte, água e de resto... – Nick refletiu por um instante. – O mínimo possível.

Ele estendeu um formulário e um termo de consentimento. – Leiam com calma, preencham e assinem. Precisamos saber se vocês tem alguma condição de saúde especial... Ah, estão com as vacinas em dia?

– Com certeza, tenho até passaporte vacinal – disse Astrid, começando a se recuperar do susto.

– Ótimo! Até lá!

De repente, todo mundo foi embora como um enxame de abelhas que se dissipa. Lucas encolheu os ombros.

–Bastava ter me pedido – disse.

Ela colocou a mão na cintura. – Eu não nos inscrevi!

– Tá foi o Espírito Santo! – Lucas rebateu, ainda meio contrariado por ter sido arrastado sem que lhe fosse perguntado.

Quando o pessoal da televisão apareceu do nada para buscá–lo, na clínica, ele se sentiu um verdadeiro idiota. Ainda mais que foi filmado fazendo o parto de uma égua... Seu estado estava mais para filme de terror, e não reality show. Ficou parecendo um idiota de boca aberta, com um avental manchado de sangue e outras substâncias... O pessoal de TV Mundi fez questão de filmar o parto todo...

E agora, Astrid queria dar uma de inocente?

– Lenir!!! – Ela berrou. Já tinha aturado muito por um dia. – O que foi que você fez?

Lucas olhou para trás e viu a amiga espevitada de Astrid, toda apavorada, querendo fugir para dentro de casa.

Tobia adiantou–se, criando coragem. – Não briga com ela! – Ele revelou, para a perplexidade de Lucas. – Nós dois fizemos.

Agora foi a vez de Lucas o encarar de cara feia. Tobias engoliu em seco e prosseguiu: – E fizemos para o bem dos dois. Precisamos daquele prêmio, então... Tratem de se acertar e ganhar o jogo.

Tobias era jovem, tímido, e não costumava falar muito. Aquela foi a primeira vez que Lucas presenciou tamanha presença, ou autoridade. O rapaz olhou de um para outro e voltou para o carro da clínica, bufando.

–––

Lucas e Astrid estavam sentados um de frente para o outro no escritório do santuário. Supostamente, eles tinham que estar correndo para organizar as coisas antes de serem levados. Antes de serem arrastados àquela corrida maluca na televisão. Expostos para todo mundo vê–los. Que horror!

Mas um horror do qual não poderiam se furtar. Não por setenta milhões de reais.

Olhando para as contas empilhadas na mesa, Astrid foi chamada à realidade. Precisava do prêmio. Lucas também. Então, o jeito era sair do estupor e se mexer.

Lucas sabia muito bem o que ela estava pensando, pois viu quando olhou para a pilha de papeis. Ele reconheceu as faturas de cartão de crédito, luz e água.

– Astrid... – Ele começou a dizer. – Sei que não rolou uma simpatia mútua à primeira vista. Mas a gente tem que superar essa questão, e rápido, se quisermos vencer o jogo.

– Concordo – disse ela baixinho. – Então...O que faremos?

Ele apoiou os cotovelos sobre a mesa de trabalho dela. – Não sei, acho que arrumamos nossas mochilas para lidar com qualquer temperatura, precisamos de roupas práticas e versáteis.

– Isso eu sei, não é a minha primeira vez em viagens, acampamentos, ou mesmo esportes radicais... Estou falando sobre os nossos problemas imediatos...

Lucas suspirou. – Vou ligar para um veterinário amigo meu, que mora e trabalha não muito longe daqui. Vou pedir para ele estender a ronda dele pra cá e me substituir pelo tempo da competição. Assim, Guga não fica sobrecarregado.

– Quanto tempo essa loucura vai durar?

– Acho que alguns meses – Lucas encolheu os ombros, pensativo. – Talvez três ou quatro.

– Nossa! Eu não posso ficar tanto tempo longe do santuário.

–Vai ter que poder – disse ele, resoluto.

De fato, não havia outra escolha. De repente, ela achou a solução perfeita, com sua irmã vindo para a fazenda. Lunna poderia ficar em seu lugar, pois era esperta, rápida, e amava os animais como ela própria.

Alguém bateu na porta.

– Sim? – Astrid disse. – Pode entrar.

Lenir colocou a cabeça para dentro e acenou com três CDs. – Acho melhor vocês estudarem um pouco sobre realities de competição.

–Mas Escape Game é inédito – Astrid argumentou, ainda com vontade de esganar a amiga.

– Vocês vão estudar uma compilação que o Tobias gravou para as provas mais parecidas: Juju Boot Camp, Amazing Race, No limite, Largados e Pelados, etc...

Largados e Pelados? Nem pensar! Astrid ficou horrorizada.

– A gente tem é que ler esse termo que eles mandaram, com as regras e tudo o mais – cortou Lucas.

– Fiquem tranquilos. – Lenir os interrompeu, ainda parada na porta. – Nós vamos fazer o jantar para vocês.

Lucas se levantou. – Vamos deixar para outra hora. Preciso acertar umas coisas na clínica e volto com as minhas coisas pra cá depois de amanhã. Pode ser? – Ele abriu os braços. – A produção vem nos buscar cedo, então, acho que preciso dormir aqui.

– Temos quarto de hóspedes, fique tranquilo – disse Astrid.

– Acho que virou quartinho da bagunça... – Comunicou Lenir, baixinho.

O olhar frio de Astrid a atingiu, quando disse: – Mas vai estar limpinho para receber nosso hóspede, não vai?

Lenir engoliu em seco. – Claro! – Ela daria um jeito de recrutar Naren para ajudá–la.

– Não se preocupem comigo – disse Lucas, em tom ameno. – Eu fico em qualquer canto. Pode ser na sala mesmo.

– Ok – disse Astrid, para alívio de Lenir.

Lucas rodou o chapéu, antes de colocar na cabeça. Tocou a aba em sinal de despedida e saiu.

Lenir estava se virando para partir.

–A senhora fica! – disse Astrid, em tom imperioso. Do corredor, Lucas quase teve pena da moça. Quase. Ele também queria esganá–la. Assim que os passos dele desapareceram no corredor, Astrid partiu para cima da amiga, com tudo: – Quem lhe deu autorização para mandar uma inscrição em meu nome?

– Você – disse Lenir, com a maior calma do mundo.

–Como é que é?

– Quando disse que iria mandar, você não especificou que eu não poderia fazer isso por você. Já que você esqueceu do prazo.

– Bééééé – fez Mestre Manolo, entrando no escritório e dando o maior susto nas duas.

Sem esperar resposta, Lenir se mandou. Astrid afundou na cadeira, pensando em como iria explicar os últimos eventos para Dona Adelaide.

–––

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