XXXVIII -Dave
Oi gente!
Então, hj Érestha, amanhã Sábado, depois Corinthians vs Palmeiras e segunda é feriado! O que poderia ser melhor? haha
Enfim, aproveitem o capítulo 38... (ta acabando :{ )
Uma semana mais tarde os alunos ainda comentavam sobre o incidente. Aquilo afetara bastante a credibilidade da escola. Tanto que alguns pais tomaram a liberdade de tirar os filhos de lá e leva-los embora. Ajala e Tyler são exeplos de estudantes que abandonaram a escola por conta dos pais assustados.
A professora Bennu fora rápida em chamar ambulâncias e autoridades após ordenar sua fera Morte Quente a "retornar", fazendo-a voltar para a cratera de onde havia saído. O chão voltou ao normal após a fera desaparecer por completo. Dave estivera completamente em choque desde quando viu Riley ser desarmado por um dos animais zumbis. Um enfermeiro ofereceu um chá para que ele se acalmasse e perguntou se ele realmente se sentia bem. Dave mentiu, respondendo que sim e aceitando o chá.
Riley recebeu ajuda profissional com sua perna e o diretor ficou contente em saber que a mordida não infeccionaria nem o transformaria em zumbi, o que Dave achou que poderia acontecer a qualquer momento. As pessoas que caíram do teto ao tremer da terra não tinham nada mais grave do que um tornozelo torcido. Os que se encontravam em uma pior situação eram a anã Ajala e Isabelle. Ambas estavam desacordadas.
A mãe de Ajala, que surpreendentemente era uma mulher bastante alta, chegou desesperada ao local, entrou numa ambulância com a filha e mandou uma carta para a escola pedindo documentos para oficializar a transferência da filha para uma escola no interior da província alguns dias depois. Os pais de Tyler foram uns de muitos que fizeram uma bagunça exigindo mais segurança e cuidado, depois decidindo tirar as crianças de lá.
Dave estava realmente preocupado com Belle. A menina comia mal e estava descuidada, com os caixos embaraçados e bolsas em baixo dos olhos. Chorava a noite mas não procurava mais por consolo com o amigo. Dave se sentia solitário. Tinha criado um laço forte com os gêmeos na missão da rainha, mas dentro da escola era diferente. Os dois pertenciam aquele lugar, Dave era um transvingente, um acolhido. Não era capaz de fazer o mesmo que seus colegas e não tinha muito conhecimento básico. Tudo isso tornava as aulas longas demais, era uma tortura.
Quinta-feira era um dia cheio e começava com duas aulas da professora Bennu Wills, seguidas de história com Merina Perrie. Dave não estava nenhum pouco ansioso para esse começo de dia, então as três primeiras aulas foram como arrancar um band-aid de uma ferida bem lentamente, lhe causando agonia e desespero. A aula depois do curto recreio era com Lorena. Ele havia visto a prima lutando de verdade pela primeira vez no começo da outra semana, e fora aterrorizante. Os movimentos e goples eram impressionantes, mas a falta de uma armadura ou escudo o deixou com um medo imenso de que ela se ferisse seriamente.
Ele ouvia o que a prima dizia mas não prestava atenção de verdade. Érestha o deixava com dor de cabeça antes mesmo de se revelar real. Ali dentro, vivendo as histórias de seus pais, tudo parecia doer em dobro, principalmente a consciência. Estava traíndo a mãe ao seguir as palavras do pai. Não é fácil se decidir entre ser leal à pessoas mortas ou aquelas que te amam, principalmente aos quatorze anos. Suas escolhas o estavam afastando daquela que lhe pôs no mundo e ele tomava isso como traição. Se tivesse dado ouvidos à prima e não aceitado ser representante e protetor da futura rainha, talvez ele pudesse desfrutar de sua vida antiga como gostaria. A mãe estaria contente e despreocupada. Mas deixar Érestha seria trair ao pai, à família real e a todo o povo. Se o Mago Roxo estivesse mesmo falando a verdade, Dave quem daria um fim na guerra iniciada quatorze anos antes. Abandonar Érestha também era traição. Ele não tinha escolha, qualquer coisa que decidisse acabaria magoando a alguém.
Ele só percebeu que apertava o lápis quando este se quebrou e machucou sua mão. Era para ele estar fazendo anotações, mas a folha de caderno tinha apenas um rabisco cinzento bem forte e uma gota de sangue.
-Dave Fellows –era a voz do diretor. -Exijo falar com o senhor. Imediatamente. Com sua licença professora Melo.
Lorena era raramente tratada pelo primeiro sobrenome. Era como se o diretor estivesse evitando o nome Fellows. Dave se levantou e largou o lápis no chão. Seguiu o homem em silêncio. Gary DiPrata fora cuto e grosso com o menino.
-Não sei qual é o seu joguinho, Fellows, mas sugiro que pare agora mesmo.
Dave ainda não havia acordado de seus devaneios. Ouvira as palavras do diretor pela metade. Chacoalhou a cabeça e estreitou os olhos, perguntando o que o diretor havia dito.
-Não se faça de bobo –ele jogou uma pasta na mesa.- São seus relatórios e outros documentos. Foram encontrados por um de nossos servos esqueletos próximos a sua cama desarrumada. Agora me dirá como entrou na sala de registros escritos e por quê quer tais documentos.
-Não fui eu –o menino estava confuso, não estava mentindo. A cabeça doeu mais ainda, parecia pronta para explodir a qualquer momento.
-E quem mais seria? Estavam ao lado de sua cama, pelo Rei! Quer que eu acredite que não roubou seus documentos?
-E por que eu faria isso? –Ele não tivera a intenção de responder ao diretor.
A ira do homem pode ser sentida no ar. Ele repetiu calmamente, porém flando entre os dentes:
-Como entrou na sala de registros escritos e por quê quer tais documentos?
-Senhor, não fui eu. Mal sei onde fica a sala de registros. Muito menos sei como entrar nela.
-Basta! Não vou tolerar que me roube e minta para mim bem na minha cara. Será punido com um mês de serviços em seu tempo livre.
-Mas diretor...
-Senhor diretor –ele o corrigiu.- E nem mais uma palavra, Fellows. Esse nome não lhe é digno. É uma vergonha, uma desonrra a meu fiel guerreiro Reginald. Vai acabar virando apenas mais um criado da princesa. É inútil!
-Não sou inútil, sou o primeiro legado da futura rainha, destinado a salvar todo o povo que o senhor falhou em proteger uma vez –Dave não sabia de onde tamanha ousadia viera. Era comum ter discussões com professores no Brasil. Nicolle o repreendia tanto quanto sua mãe. As duas ficavam magoadas e Dave prometia não fazer de novo. Mas pessoas como seu antigo Professor Pelanca e agora Gary DiPrata o humilhavam e despertavam certa fúria no menino. Desta vez ele logo se arrependeu de suas palavras que não foram filtradas.
-Salvar? Quem foi que disse que você irá salvar ao povo? –O diretor perguntou com desdém.- A profecia do Mago Roxo Que Se Diz Sábio é que você dará um fim a guerra. Nunca disse que lado venceria. E nunca, jamais mencione a guerra de tal forma em minha presença novamente.
Dave baixou a cabeça com arrependimento e medo. Medo de que não fosse a salvação, mas sim a ruína de Érestha. Ele se arrependeu amargamente de ter começado a pensar no assunto alguns minutos atrás. A cabeça doía como nunca. Sua punição fora aumentada para dois meses e meio, e se quebrasse qualquer outra regra, sua mãe seria chamada para ter com o diretor. Boa sorte trazendo-a até aqui. O menino pensou.
O próximo mês fora torturante e humilhante. Teve que lavar a louça, ajudar a cozinhar e limpar. Eram tarefas que fazia sempre para ajudar Maria, mas em uma escala imensamente maior. Ficara pior quando os segundos anos voltaram animados de sua "surpresa" e ele teve de cozinhar para mais bocas. As pontas dos dedos estavam em carne viva de tanta água quente e palha de aço. O pior de tudo é que isso lhe dava tempo para pensar. Pensava mais e mais sobre a decisão de ficar no reino.
"É ele quem vai ajudar a trazer tempos de calmaria para esse reino, não é?" Fora o que O Mago Roxo dissera. Calmaria simplesmente significava nada de guerra. Paz. Mas para quem? Isso lhe preocupava. Quanto mais pensava nisso mais sentia saudades de casa, de Nicolle, até mesmo de Rick. O que começara como um tormento tornou-se paraíso para Dave Fellows, mas estava lentamente se tornando inferno novamente.
-...Um absurdo –Alicia terminou a frase.- Tenho certeza de que Isabelle tem algo a ver com essa história toda.
Dave percebeu que mal tinha tocado em suas asas de galinha frita e purê de mandioca. Desde o primeiro dia, Alicia estivera descrente de que Dave fora acusado de algo tão grave quanto roubar. Ele não dissera nada sobre responder e humilhar o diretor. A menina ficava acusando Belle sempre que uma oportunidade aparecia.
-Pelo menos sua mãe não sabe disso –Riley comentou.- Legado ou não, protetor da princesa ou não, acho que ela te tiraria de Érestha de bom grado.
O menino de olhos azuis não respondeu. Empurrou o prato para longe de si e olhou na direção da casinha azul. Todas as luzes estavam apagadas.
-Se minha mãe fosse convocada, Thaila e Tâmara apareceriam aqui e resolveriam isso tudo. Minha mãe não pode entrar aqui. E eu não roubei nada e também não acredito que Belle o fez. Não me importo muito com o serviço.
Os gêmeos se entreolharam. Dave se sentiu mal mais uma vez pelas suas palavras. Estava realmente difícil não responder às pessoas.
-Bom, se não se importa em lavar pratos... –Riley deu de ombros.
-Não Riley –Alícia falou.- Não é certo que o diretor o acuse sem nenhuma prova. Desde que ele foi reclamado como legado da futura rainha e não Isabelle, o diretor vem o tratando diferente.
-Ele até disse que sou uma desonrra para o nome de meu pai –Dave admitiu. Não queria ter contado sobre essa parte da discussão, mas era um peso que vinha carregando e queria se ver livre dele. Doía pensar nisso, e ele devia aos gêmeos, jamais poderia pagar pela ajuda na missão de Thaila. Ir sozinho teria sido aterrorizante. Resolveu então contar o resto da discussão com o diretor, pedindo para que ficassem em silêncio sobre o assunto.
-Bom, pelo menos agora eu entendo o porquê da pena ser tão longa –Riley estava surpreso.
-É muita coisa para eu pensar –Dave apoiou os cotovelos na mesa e a cabeça nas mãos -Tudo o que Thaila, o rei Éres e aquele velho de roxo disseram me deixam apavorado, mas ao mesmo tempo, não posso desistir.
-Seu pai estaria orgulhoso, tenho certeza –Alícia tinha lágrimas nos olhos. O irmão suspirou e pôs uma mão em seu ombro -Cresci ouvindo exatamente a mesma coisa da minha irmã mais velha, Ramona. Sei como você deve ter se sentido. Mas também sei que seu pai, onde quer que esteja, está feliz por você ter escolhido ficar do lado da princesa, por estar honrando seu legado, assim como tenho certeza de que ele honrou o dele.
Dave sentiu uma subta necessidade enorme de abraçar Alícia. Aquilo era exatamente o que ele precisava ouvir.
-Tem razão –ele se contentou em permanecer sentado e agradecer verbalmente. –Não interessa o que Gary DiPrata diz. Vou fazer o que for preciso para que o rei Éres e Thaila tenham o trono e o controle do reino.
-E eu vou ajudá-lo –Alícia sorriu para o menino com os olhos ainda marejados.- se quiser.
-Eu também! –Riley estufou o peito com orgulho. –Lutei sozinho com um tigre zumbi. Continuar ajudando a princesa não deve ser tão difícil.
Dave sorriu verdadeiramente pela primeira vez em um mês.
-Dave Fellows? –Era uma das secretárias do diretor, Sílvia. –O diretor quer falar com você. Não parece muito contente. Acredito que tenha algo a ver com documentos roubados. Me mandou pois disse que está muito nervoso e acabaria falando algo estúpido.
-Ele já falou –Dave se levantou. A felicidade sumira de repente.
A expressão de cansaço voltara e ele seguiu Sílvia de cabeça baixa.
O que acharam do capítulo? Não esqueçam de deixar uma estrelhinha!
Bjs e bom feriado!
De acordo com a LEI N 9.610 DE FEVEREIRO DE 1998, PLÁGIO É CRIME
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