XXX -Riley
Ficou bem claro o porquê de o homem ser conhecido como Resmungo. Ele andava balbuciando palavras em voz baixa por onde quer que andava. As vezes até dava risada do que dizia. As pernas de Riley doíam e ele só queria sentar e se recuperar.
-Chegamos! - Resmungo se virou para as crianças e abriu os braços para recebê-los.
Em uma clareira no meio da floresta encontrava-se uma casinha de madeira simples com o telhado de palha. As portas e janelas eram meros buracos apodrecidos e havia uma pilha enorme do que parecia ser louça quebrada do lado da janela esquerda. O terreno era pantanoso e insetos voavam por ali produzindo um zumbido irritante.
-Não costumo ser exigente, mas sem sapatos dentro de minha casa, sim? - O velho falou
Essas palavras ficariam para sempre na memória de Riley, e não num bom sentido. Ele ficou um tanto receoso em relação a pisar no chão de madeira podre, porém a estrutura interior da casa era inteiramente revestida de plástico bolha. Pelo menos era melhor do que pisar em cabelo.
Resmungo educadamente pôs uns banquinhos a mais à mesa para que as crianças se sentassem e preparou chá com biscoitos. A casa tinha apenas dois cômodos, sendo eles um banheiro e algo entre um quarto e uma cozinha. Os móveis eram velhos e bambos, a pia e o fogão não muito bem limpos e não parecia ter energia elétrica naquela casa. Além disso o furão ficava correndo pela casa toda estourando bolhas do chão e da parede.
-Então...-Ele se sentou com os convidados- O que os traz aqui?
Dave arrumou a postura na cadeira e estendeu uma carta para o velho.
-Thaila quer pedir um favor. Diz que o rei quer tomar algumas medidas de segurança e precisaria da ajuda de uma moça. Juliana.
Resmungo largou a carta e encarou as crianças.
-Oh, sim! - Ele exclamou- Não falo com ela há alguns anos.
-Será que ainda pode nos ajudar assim mesmo? –Dave perguntou.
-Claro. Mas não garanto que será rápido. Não posso contactá-la diretamente.
-Por que não?- Riley perguntou, mordendo o biscoito.
O gosto não era nada agradável. Parecia leite azedo. Ele tentou disfarçar que estava uma delícia, mas Resmungo não acreditou.
-Não precisa comer se não quiser. São feitas de creme de borboleta. Nem todos gostam.
As crianças se entreolharam e arregalaram os olhos. Afastaram os pratos de perto de si e bebericaram o chá.
-Bom. Ficarei feliz em ajuda-los. Passarei a mensagem para Juliana assim que possível.
-Se puder ser rápido, agradeceríamos –Dave falou- São medidas de segurança do rei e...
-Não posso ser tão rápido quanto a princesa quer. Ela sabe disso. Sabe que Juliana já fora mais acessível. Ela mora na província de Tabata, sabem. Não se pode simplesmente chegar lá e entregar uma carta sem ser morto ou ameaçado.
-Província de Tabata?- Riley estava chocado, ainda tentando tirar o gosto de borboletas de sua boca.- Por que a princesa Thaila iria querer contato com alguém que mora lá?
-Juliana não é uma pessoa ruim! - O velho se levantou de súbito e bateu os punhos na mesa, fazendo esta tremer nas pernas bambas e derrubar a chaleira no chão de plástico. O furão parou de correr.- Nem todos que moram lá estão do lado de Tabata, assim como nem todos que moram aqui querem Thaila no poder.
-Me desculpe -abaixou a cabeça. -Mas como ela mora lá, não está do lado de Tabata e ainda está viva? E por que a princesa quer a ajuda dela? -Riley sabia muito bem que algumas pessoas que lutaram por Tabata ainda estavam vivas e insistiam em querer concluir o plano da princesa. Muitas revoltas e tumultos ainda aconteciam por causa disso, mesmo antes de Tabata aparecer para a família real no dia em que Dave foi reclamado.
-Ela é a única pessoa que cuida de dragões e estaria disposta a ajudar –Resmungo voltou a se sentar.
Dave analisou as próprias mãos e sacudiu a cabeça antes de levantar o olhar para o velho. Riley sabia que ele estava absorvendo a nova informação. O amigo sempre tinha essa expressão quando decidia simplesmente aceitar algo novo.
-Por que Éres quer dragões? - Alícia perguntou- A situação está tão feia assim?
"A mocinha tem razão. Dragões são perigosos, eles são maus. Cospem todo o tipo de coisa. Eu não gosto deles, não mesmo. Vai comer os biscoitos? Posso ficar com eles?"
A voz falava rápido e animadamente. Parecia vir de diferentes direções. Não era de nenhum dos amigos.
-Ora, cale-se Albert! –Resmungo resmungou.
O furão subiu no colo do dono e Riley compreendeu que a voz vinha do animal.
-Esse bicho fala? -Riley ficou chocado.
-Claro que não!- Resmungo encarou o menino- Você não é legado de Tâmara? O alcaçuz permite que você entenda os animais também. Na maioria das vezes não são tão irritantes quanto esse bicho aqui.
"Não sou irritante. Só estou com fome. Posso ficar com os biscoitos? "
-Nos deixe em paz furão!
-Então... O senhor não estava resmungando sozinho. Estava falando com Albert.
-Exatamente. Esses ignorantes de Tamires quem me apelidaram. Eles não sabem o quão irritante são os furões. Não entendem por que estou sempre pedindo que ele se cale.
-Se o senhor é de Tâmara -Dave perguntou- mas trabalha com agricultura, por que mora em Tamires?
-Já que vocês crianças estão tão curiosas, acho que vou lhes contar tudo. Querem saber por que a princesa procurou minha ajuda? Eu era muito próximo de Juliana. Ela é uma mulher fantástica! Depois de uma aula que tivemos sobre dragões, ela simplesmente se apaixonou pelo assunto e começou a fazer planos que envolviam se mudar para Tabata e criar os animais por lá. Todos a achavam louca, menos eu. Apoiei minha amada até o dia em que Tabata surtou. Tínhamos que nos mudar. Tivemos filhos, sabem? Mas ela continuava com essa obsessão e não quis me ouvir. Hoje acho que foi um erro, mas me mudei para cá para ficar a salvo e acabei longe de minha família. Nunca mais falei com eles. Fazem quase quatore anos que a situação naquela província não é favorável em nenhum sentido. Quatorze anos que não os vejo. A princesa era amiga da família, mas isso é uma história muito pessoal e não estou autorizado a conta-la. Ela confia em nós. Além disso o clima nessa área favorece a plantação de Mampolas!
As crianças estavam com os olhos arregalados. Riley não gostava da sensação de resolver um mistério. Um leque de outras perguntas vinha em seguida.
-Podem contar comigo crianças! Vou ajudar a futura rainha! Contactarei-a assim que receber alguma resposta. Mas não vai ser fácil.
"Aposto que eu é quem vou ter que dar um jeito de levar essa carta até ela. " Albert reclamou.
-Cale-se furão!- Ele atirou o animal para o lado. Este, por sua vez, correu para fora da casa. –Foi bom conversar com vocês. Não converso muito.
Ele pegou as quatro pontas da toalha da mesinha e foi até a janela, onde sacudiu os restos de biscoitos e a louça para fora da casa.
-Não gosto de lavar louça- Isso explicava a pilha de pratos quebrados.- Se precisarem de mais alguma coisa, ficarei honrado em ajudar.
-Na verdade...-Dave pareceu sem graça.- Se puder ajudar um amigo nosso com um tal remédio. Acho que ele precisa dessas plantas que o senhor cultiva.
-Seria um prazer! Se puderem vir comigo, colheremos algumas juntos e seguiremos para o centro. Preciso ir para lá de um jeito ou de outro.
-Seria ótimo!
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Um milhão de desculpas pela demora em postar. Mas eu finalmente estou de volta a São Paulo, então a partir de agora as postagens devem vir com mais frequência. Obrigada por lerem! Me digam o que acharam e se gostarem, me deixem uma estrelinha! :)
P.S: Me desculpem, mas a formatação deve estar meio estranha (sem espaço depois de um ponto final ou uma vírgula, por exemplo). Algo deu errado quando passei o capítulo do Word para o Wattpad!
De acordo com a LEI N 9.610 DE FEVEREIRO DE 1998, PLÁGIO É CRIME.
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