18 - As famosas borboletas no estômago
#clicheseemojis 🦋
05/09/2021🏠
Passei o fim da semana pensando nas palavras de Seok Jin, tentando concentrar os pensamentos no treino, na prova de matemática e nela, no que eu sentia e o que faria. Tentei arranjar uma solução até o sábado de manhã, dia que ela seguiria até a igreja para limpar os bancos, mas infelizmente eu não consegui chegar a nenhuma solução.
Hákila e aquele diário me deixavam confusos, eu estava ali sem saber o que fazer, quase soltando fogo pelas ventas enquanto analisava a página amassada, com suas palavras românticas, marcando sua mente criativa, poética e sentimental.
— Mãe... — desci as escadas com pressa, parando na lavanderia onde minha progenitora estava, retirando as roupas da máquina para colocá-las no varal.
— Oi, meu bem — sorriu genuína, mostrando as duas covinhas em suas bochechas.
— Como sabemos se gostamos de alguém? — deixou a atenção das peças, apoiando os braços na máquina enquanto seus olhos me analisavam.
Por mais que parecesse loucura, eu conseguia ser mais aberto com minha mãe, talvez porque ela era boa com conselhos e também por ser parte de sua profissão, eu sabia que ela me ouviria como uma ótima profissional.
— Está falando daquela garota? — franzi os lábios — O que você sente quando está com ela?
— Conforto na maioria das vezes, mas tem hora que meu coração dispara e eu passo horas pensando em coisas que ela faz.
— Como? — suspirei.
— Ela é tão gentil, mamãe! — sorri — Hákila escreve coisas bonitas e pratica coisas bonitas, ela ajuda as pessoas e sempre trata todo mundo bem, sorri para tudo e parece que a alma dela transborda bondade.
— Oh, meu filho, seu sorriso bobo revela que gosta dela.
— Mas mãe... Eu fiz algo que tenho medo que a magoe quando descobrir. — levantei os ombros, cansado e preocupado.
— Não me diga que a envolveu em apostas — neguei apressadamente, jamais faria aquilo, no entanto o peso na consciência bateu de repente, estar com o diário dela era errado também...
— Digamos que eu encontrei um caderno — fitou-me desconfiada — Onde ela escrevia os clichês que ela sonhava, coisas que sonhava para um romance perfeito e suas frustações com o amor — cruzou os braços — E agora estou tentando fazer tudo isso, mas sem que ela se apaixone.
— Meu Deus, filho! — apertou os dedos sobre os olhos — Isso é invasão de privacidade, está enganando ela também e provavelmente fazendo ela se apaixonar por uma coisa planejada — suspirei completamente arrependido.
— O que eu faço, mãe? — senti meus olhos arderem.
— Você pode simplesmente esquecer esses papéis! — levantou os ombros — E fazer as coisas irem naturalmente... Ou dizer a verdade, garotas gostam de rapazes sinceros, e se disser tenho certeza que ela não vai ficar magoada.
— Certeza?
— Não tanta — sorriu amarelo — Hákila é gentil, se quer que ela viva um clichê, não faça por um script, vai na onde e deixa a vida rolar.
— Eu nunca vivi um romance, mãe!
— Essa é a melhor parte, descobrir tudo sem planejamento, você vai ver o quanto é boa a sensação das borboletas no estomago.
— Eu pensarei o que eu faço...
— Só não siga aquele caderno! — disse sorrindo, enquanto alisava meus cabelos — Confirme para si mesmo se gosta dela, é a única coisa que importa, o resto vocês descobrem juntos —assenti — Agora, deixa eu lavar minhas roupas porque é sábado e mesmo que eu não trabalhe na clinica, tenho roupa para lavar — concordei com um sorriso, voltando para o quarto.
Em breve eu começaria a me preparar para encontrar com ela, porém antes de começar, eu abaixei-me perto do pé da cama e puxei o diário de Hákila, guardado em uma caixa de sapato, minha gaveta estava sem espaço e só comprometia mais o estado do objeto. Folheei às páginas com cuidado, analisando cada coisinha, entre elas haviam narrativas sobre beijos, abraços, namoro, decepções e perdão.
Entre uma folha ou outra, tentava ler os espaços amassados e rasgados, lendo alguns pedaços, eu já havia feito alguns, no entanto muitos eu não tinha coragem, como os abraços por trás, o encontro noturno, ver o por do sol, andar de mãos dadas, mudar os contatos... Naquele momento percebi que Jin, minha mãe e até mesmo Katerine, estavam certos, não havia como eu cumprir os clichês de Hákila sem precisar conquistá-la...
Suspirei profundamente, deixando o objeto onde estava antes, levantando e seguindo trajeto até o banheiro, tomando um banho e ao sair vestindo uma camiseta listrada de preto, branco e cinza, uma calça preta e um par de tênis brancos, ajeitei os cabelos com os dedos, passei perfume e procurei por minha mochila, me arrumar era rápido então as coisas facilitavam.
Antes de deixar o quarto, eu sentei na cama e segurei o telefone, enviando uma mensagem para Hákila, sendo respondido minutos depois com um: "Vamos nos encontrar no parque, estou de bicicleta" e rapidamente enfiei uma blusa de frio na mochila, coloquei algumas barrinhas de cereal, meu telefone que já estava encaixado nos fones e na posição certa para ouvir música, um pequeno kit de primeiros socorros e dessa vez, um pequeno caderno com dois dos lápis de desenho da paleta que Hákila me dera.
— Mãe, estou indo! — avisei, já que meu pai estava dormindo tranquilamente no sofá, perdendo todo o fim do jogo, este que minutos antes de começar ele corria para terminar a louça a tempo.
— Que horas você chega?
— Não sei, precisa de alguma coisa?
— Não, não!
— Onde está Heunin! — perguntei, visto que minha irmã estava sumida desde o café da manhã.
— Na casa da Suni-a — concordei de lábios abertos, lembrando da grande pequena amiga de minha irmãzinha.
—Certo, bem... Estou indo! Beijos, mãe!
— Beijos, filhote — mandou um beijinho no ar — Ah! — disse repentina, fazendo-me olhá-la — Não preciso dizer para terem juízo, né? — sorri nervoso, mas concordei.
— Pode confiar em mim, mãe! — pisquei, girando os calcanhares e caminhando o lado de fora, saindo de casa e subindo na minha bicicleta a caminho do parque.
Aproveitei o clima quente e calmo daquele sábado, sorrindo para os quatro ventos sempre que ficava mais perto do nosso encontro. Era nítido, eu gostava de ficar perto de Hákila porque ela era gentil e parecia ter um coração gigante e isso me deixava feliz, eu adorava conhecer pessoas novas e quando elas tinham almas como a daquela garota simples e generosa, eu aproveitava.
Parei de pedalar quando subi na trilha de caminhada do parque, descendo e empurrando a bicicleta com as duas mãos, olhando para todos os lados, mas sorrindo quando a vi sentada em um banco, com um lápis entre os lábios, os cabelos atrás da orelha que ia até um pouco abaixo das costas, Hákila usava um vestido laranja com bolas brancas preso por um cinto transparente e aos pés um tênis branco, assim como os meus...
— Hákila?! — deu um leve sobressalto, colocando a mão sobre o peito e largando o lápis caindo no chão e eu rapidamente abaixei-me para pegá-lo, mas acabamos por bater nossas cabeças quando levantamos.
— Oi... — disse rindo, passando a mão sobre meus cabelos, talvez por ter desalinhado os fios, recolhendo o toque segundos depois.
— Esperou por muito tempo? — entreguei o material para ela, sorrindo timidamente enquanto sentava ao seu lado no banco e analisava o que ela fazia, estava desenhando em um guardanapo alguma espécie de paisagem.
— Na verdade, não — abriu a mochila, procurando algo dentro dela, retirando um bombom de embalagem azul bebê — Leia a parte de dentro da embalagem, cada cor tem um significado. e uma frase.
— E o que é o azul?
— A cor do mistério! Por isso não abra agora, quando estiver em casa! — avisou, quando fiz menção de girar as pontas da embalagem para abrir.
— Certo! — sorri, colocando-o em um bolso da mochila que não corresse o risco de amassar — E o que está desenhando?
— Nada... — levantou o papel com um sorriso no rosto — Achei bonita aquela árvore e dei uma de Da Vinci! — disse divertida, apontando para a cerejeira do outro lado da rua — Pegue, transforme em uma arte maravilhosa — segurou minha mão, colocando o papel dobrado sobre a palma, colocou a mão sobre ela, até fechá-la. Olhei seu rosto, admirando seu sorriso bonito e seus olhos brilhantes, causando algo estranho no estômago, mas ao mesmo tempo fazer um sorriso bobo crescer nos meus lábios ao ponto de que eu precisasse virar o rosto como tentativa de fugir daqueles olhos tão profundos — Bem... Vamos? — levantou, puxando a bicicleta apoiada no banco, enquanto eu mantinha meu corpo parado — Vamos, Jeon! — chamou mais uma vez.
Levantei depressa, pegando a minha e caminhando ao seu lado, ouvindo suas poucas conversas no curto caminho. Eu acabava ficando um pouco tímido perto dela, mas era incrível como com o passar do tempo eu me sentia confortável o suficiente para trocar conversas e sorrir para ela abertamente e sentir aquilo, que se eu estivesse certo eram as famosas borboletas no estômago.
Querido diário da Hákila, sentimentos
como esses são loucos, mas eu gosta da guerra
entre as borboletas no estômago.
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