01 - Páginas rasgadas de amor
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04/06/2020 🏫
Era manhã de terça feira e o soar do apito do árbitro ecoou pela quadra, soado e cansado pelas longas duas horas treinando eu sorri para os membros do time como uma forma de alívio por finalmente ter concluído mais um treino.
Caminhando em passos largos até vestiário do colégio, abri a porta metálica na frente dos 15 garotos e parei abaixo de um dos chuveiros, sentindo a água morna relaxar meus músculos. Usando os dez minutos reservados para cada jogador, ao sair enxuguei meu corpo enfiando as roupas soadas em uma sacola reciclável, e os tênis em uma sacola plástica.
— Estou surpreso no quanto você melhorou Jung Kook! — Baehkyun soltou uma risadinha após seu comentário.
— Como se ele precisasse melhorar em algo! — Namjoon retrucou, sem entender que era apenas uma implicância de meu hyung.
Sim, eu faço parte do time de futebol do colégio, para ser exato o time deu partida esse ano e na semana que vem teremos o primeiro jogo oficial e nada mais nada menos que aquela frase do terceiro ano soou: "Tinha que abrir só no último ano?" Eu nunca fui fanático por futebol, na verdade optei por praticar como uma fuga das caminhadas que meu pai fazia de madrugada, participando do futebol eu poderia recorrer a desculpa de que precisava descansar, mesmo que eu passasse boa parte da madrugada estudando.
Mas de qualquer forma eu estava ali, colocando meu espírito competitivo em ação. Vestido no uniforme diário do colégio — calça preta, a camisa formal na cor branca, por cima um colete fechado azul marinho que cobria boa parte da gravata, aos pés o par de tênis brancos que acompanhavam o uniforme e para finalizar ainda precisava colocar o pin que tinha o símbolo do colégio, uma bússola que possuía vários símbolos a sua volta, símbolos escolares e abaixo o nome do colégio, Way School. —
Pelos corredores, meu corpo deslocava-se até a sala, sem chamar a atenção, apenas com os fones em um volume médio que ocupavam meus ouvidos ao som de My time, música de um cantor que eu não fazia questão de lembrar o nome, porém a letra da música me tocava porque ela descrevia exatamente a maneira a qual eu sentia.
Já dentro da sala, sentei-me em meu habitual lugar, as mesas do centro, ao lado de Kim Seok Jin, meu melhor amigo e o melhor cozinheiro que você vai encontrar na vida.
Kim Seok Jin é aquele amigo que vai te consolar com comida, se você sofreu uma desilusão ele vai fazer algo especial só para aquele momento, mas se você conseguir um emprego ele vai te preparar um banquete sem você precisar ao menos pedir. O rapaz ao meu lado tinha um charme que encantava a muitos, apesar de ter um rosto angelical, uma pele branquinha que ficava linda em meio aos fios pretos. Jin era generoso e carismático, ele facilmente lia as pessoas, sabia bem se elas mentiam, eram falsas ou interesseiras, apenas por olhá-las. Então, se você é algumas das coisas que citei, recomendo que não se declare como a garota a nossa frente.
— Até quando você vai ficar parada aí? — ele falou, Jin não estava sendo grosso, ele estava sendo ele. O Kim não conseguia fingir, então se estava desconfortável faria de tudo para fugir daquela situação e se alguém o incomodar ele vai dizer, vai dizer o que bem entende.
— Seok...
— Sim garota eu sei que sou eu, mas...
— VOCÊ QUER SAIR COMIGO? — percebi seus olhos arregalarem ao ouvir o pedido da menina, eu não contive em segurar o sorriso, ela estava tão nervosa, suas mãos tremiam e minha maior vontade era de pedir que saísse dali antes que fosse pior, mas meu amigo foi mais rápido.
— Eu até podia ir — ela levantou o olhar, esperançosa — Mas eu não sou de fazer isso, tenho coisas mais importantes do que brincar de passeio com a Barbie — ele cruzou os braços, olhando para o caderno, encostando as costas na cadeira.
— Por que? Não confia em mim? Por que você é tão grosso?
— Não sou grosso docinho, eu só sei bem que você não gosta de mim... — ele puxou o cartão das mãos da menina, abrindo-o enquanto lia as frases — Olha só, você até mesmo pesquisou mensagens de amor no google, dê os créditos ao autor ou ponha a bibliografia depois.
— Você...
— Eu não vou sair com você e se tiver alguma amiga sua que esteja querendo, já avisa que não vai rolar — ele avisou, em seguida puxou a garrafinha da sua mochila e bebeu um pouco de água — Mais alguma coisa? — e foi assim que ele quebrou mais um coração, ou melhor, mais uma tentativa de negócios.
Kim Seok Jin, era filhos de dois homens bem sucedidos no ramo gastronômico, sem contar a antiga indústria de seus pais biológicos que deixaram uma boa fortuna a Seok Jin. Meu amigo tinha um passado triste, cheio de mistérios, lacunas abertas que o intrigavam, porém ele descobriria aos poucos, assim como seus pais adotivos diziam dia após dia.
— Jin Hyung, você é frio demais! — ele revirou os olhos, bebendo mais um pouco da água.
— Você sabe quem era ela? Ela nem deve saber meu sobrenome e vem pedir para sair comigo.
— Hyung, você é o cara mais bonito dessa escola, então todo mundo sabe sobre você.
—Jung Kook, às garotas que me chamam para sair estão afim do meu charme, não do meu amor!— ele disse — E obrigado pela parte que me toca — ele piscou, ajeitando-se na cadeira.
Eu tinha uma boa concentração, por isso sempre que iniciavam-se as aulas, eu abandonava todas as coisas que tiravam minha atenção e ouvia atentamente o que o professor ditava e anotava sempre que possível, a única coisa que eu sempre poderia me gabar era minha boa pose de inteligente, agora em relação a beleza, eu era o estilo que não chamava a atenção das garotas, apesar do meu bom porte físico, participar do time de futebol e ainda me considerar um cara bonito, eu nunca dava tanta atenção a elas e fazia com que percebessem que meu objetivo era só os estudos e não um relacionamento.
— Jung Kook, acorda desgraça! — senti uma ardência na nuca vinda de Jin, o professor havia nos deixado sem atividades na última aula e por isso tirei um cochilo —Vamos JK! — meu amigo me balançou algumas vezes mais, percebendo a sala vazia e meus materiais guardados.
— Já acabou? — ele concordou.
— 'Cê tem que parar de virar as noites, uma hora você vai acabar dormindo na rua e sendo atropelado — ele suspirou, me entregando a mochila e passando o braço sobre meus ombros.
— Você vai lá para casa? — eu perguntei, era sexta e por isso sempre íamos para casa um do outro para jogar videogame, assistir filmes ou apenas dormir e passar o tempo.
— Hoje não, é a semana de repor o estoque e meus pais precisam ir ao cartório.
— Certo — eu disse quando virávamos um dos corredores que nos levava até a saída — Eu vou na biblioteca, então é melhor você ir! — ele assentiu, nós demos um pequeno abraço e nos viramos em lados opostos.
Após minha caminhada perdida até a biblioteca devido ela estar fechada, virei os corredoras porém acabei me encontrando com alguém, ou melhor, avistando alguém. Ela não havia me visto, mas seu desapontamento com algo me deixou curioso. Ela estava com o rosto sério, e em suas mãos um pequeno caderno rosa que aparentemente era um diário pela aparência e o cadeado que estava pendurado, ela arrancava as folhas com uma certa brutalidade, parecia ao ponto de querer descontar toda sua raiva, e eu apenas a observava, não sabia se estava com medo dela me atingir com sua fúria, ou se estava deixando meu lado curioso tomar conta. Escondido atrás da parede, porém ainda olhando-a, quase deixei os cadernos na minha mão caírem quando ela jogou o material com certa força na lixeira, que assustada demais com a violência jogada contra si —pobre lixeira, tão inocente— quase virou, mas a mão delicada a segurou, abandonando o espaço com passos rápidos.
Eu torcia para que aquele ditado: "A curiosidade matou o gato" não funcionasse comigo. Sim, eu era sem vergonha o suficiente para ir até lá e pegar cada folhinha, inclusive a capa. Eu sei que era errado, sei que era a privacidade dela, mas eu guardaria aquilo, talvez eu pudesse ajudá-la... Eu não seria aqueles babacas de filmes americanos que usam o diário da garota para infernizar a vida da menina. Na verdade o que pesou foi o meu desejo de entender sua raiva, o futuro médico que habitava em mim coçava para que eu entendesse aqueles sentimentos e foi por isso que eu peguei. Com as folhas, deixei a escola e tentei caminhar mais rápido até em casa, com o objetivo de colar cada página em seu devido lugar, mas o estrago feito por aquela menina estava deixando tudo difícil, e entre todas as páginas ali algumas foram suficientes para que eu entendesse, seu diário não se passava sobre sua vida e eu me senti um pouco mais aliviado por sua história não estar toda ali, suas descrições eram relacionadas a sua visão em relação ao amor, seus pensamentos e suas visões e em uma última página que ela não havia destruído estava escrito algo, justamente na data de hoje, algo que me fez querer provar o contrário e descobrir um pouco mais sobre a garota que desistiu tão cedo de seu romance clichê.
04/06/2020 💔
Querido diário, eu desisto de escrever meus objetivos sobre ter um romance clichê, esse maldito amor, essa palavra de quatro letras não existe... Eu desisto!
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#clicheseemojis
Obrigada pela leitura, não esqueça do votinho!
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