Viagem - Rio de Janeiro

06

Grandes coisas geralmente têm pequenos começos.

— Paty Pegorin

       — Já tá pronta? — perguntou a mãe de Miranda, que a viu acordar às 2hrs da manhã e acabou acordando também.

— Estou mãe, só preciso esperar a Júlia vim me buscar. — respondeu Miranda. Sua mãe, Vivian, estava triste por sua filha ter vinte e quatro anos e ainda não ter um carro. Miranda só queria trabalhar depois de fazer a faculdade pra não tirar a concentração e infelizmente não pôde juntar muito dinheiro.

— Quer um lanche? Você tá levando comida? O tempo parece que não tá bom, leva...

— Mãe, para de jogar praga na minha viagem. Sua vidente maníaca. — Vivian deu risada.

— Filha, mas olha o tempo.

— Tá nascendo sol mãe, S-O-L. — soletrou para a mãe.

— É só por precaução.

— Mentira mãe, é sempre assim. Pode ter o sol de 40°, se você falar que vai chover o sol fecha, o tempo fecha e começa a chover. É culpa sua.

— Tá bom, tá bom. — sua mãe riu. Foi na varanda pegar um guarda-chuva para Miranda. Uma buzina soou na rua e Miranda percebeu que era o carro de sua amiga Júlia. O celular de Miranda vibrou e rapidamente ela o pegou.

"Precisamos conversar" — Júlia

Sobre o que precisávamos conversar?

      Miranda realmente não sabia sobre o que Júlia queria tratar. Mas de qualquer forma, encontraria Júlia no carro. Pegou sua mala e saiu correndo para o carro, deu um beijo rápido em sua mãe e abraçou Júlia, que a esperava do lado de fora segurando as chaves.

Caraca, como você demora pra sair em. — disse Júlia, que soltou um riso.

— Acordar cedo não é minha praia.

— Abre o porta malas e joga a mala lá dentro. — alguém disse de dentro do carro, Miranda sabia que não era Evandro, pois ele tem uma voz mais grossa.

— Claro Pedro. Ou você quer carregar a mala dela? — o porta malas foi aberto, Júlia colocou a mala de Miranda lá dentro. Por algum intuito, Miranda abriu a porta de trás do carro e viu Evandro a encarando. Seu fôlego foi puxado para dentro quando viu que ele estava apenas de shorts jeans e blusa regata. Nunca que ela pensaria que Evandro usava essas roupas.

Ele também é gente né Miranda, não tem por que ele não usar shorts sendo que tá calor também.

— Oi chefe. — soltou apenas e se sentou ao lado de Evandro.

— Miranda. — ele se afastou para ela se sentar. E realmente ela necessitava disso, suas pernas estavam bambas.

🐞💌🐞💌🐞

      — Miranda, acorda. Para de babar no cara. — batia Júlia no braço de Miranda. Quando os quatro entrou no avião, Miranda por ter medo, acabou capotando e encostando a cabeça no ombro de Evandro, que até se aproveitou da situação para sentir o cheiro do cabelo enrolado de Miranda.

— Desculpa Evandro, sério, não foi intencional. — Miranda começou a falar constrangida por ter até babado no ombro do seu chefe. Ela nem acreditou que se deixou ser levada pelo sono ao ponto de encostar no chefe.

— Não tem problema Mi, relaxa. — ele respondeu. Miranda não entendeu nada, quer dizer, não entendeu a parte do Mi, já que o único relacionamento que eles continham era dentro do serviço. — Qual é, você já é da família.

      Claro que aquela frase ficaria marcada no calendário mental de Miranda. Afinal, não é sempre que ela viaja em um avião, nem mesmo conversar dessa forma com o seu chefe. 

      Ao chegar no hotel, eles foram direto para o quarto, mas algo intrigou as duas meninas, algo que elas deixaram de conversar. Pedro é namorado da Júlia, porém ela não sabia se dormia em um quarto com a Miranda ou se dormia com o Pedro. E claramente, Miranda não queria morre de vergonha novamente com Evandro.

— E então...

— Eu pago outro quarto. — disse Miranda rapidamente, na frente das duas portas junto com os seus colegas.

— Porque pagar outro quarto? — perguntou Pedro, sem entender. Mas após perguntar entendeu o que estava acontecendo.

— Dorme comigo. — soltou Júlia, mas com receio de ela aceitar. Miranda sabia que Júlia não queria dormir longe de Pedro, mesmo não tendo o mesmo sentimento ou não passando pelas mesmas coisas que Júlia, Miranda sabia que eles aproveitariam e não queria estragar isso. Nem que pra isso ela tivesse que pagar um quarto ou até mesmo, dormir no mesmo quarto que Evandro.

— Vou descer lá embaixo e perguntar se tem quarto vago. — disse Miranda. — Não se preocupem.

— Eu vou, pode ficar nesse. — Evandro respondeu Miranda, querendo que ela se sentisse acolhida.

— Não, não precisa. Eu vou. — respondeu Miranda, intrigada com essa gentileza toda. Ela sabia que algo estava acontecendo.

— Parem de ser frescurentos, dormem no mesmo quarto só que em cama diferentes. — disse Pedro.

— É, entrem logo.

      Evandro encarou Miranda, que abriu a porta do quarto e os dois entraram. Ele entrou com sua mala e a de Miranda, que ficou impressionada com o tamanho do quarto, porém com um único problema. Tinha apenas uma cama.

— A gente coloca travesseiro no meio. — ele deu risada. Ela ficou apenas, encarando a cama.

— É. — suspirou. Não sabia o que seria daquela viagem, mas concordou.

Vou me adaptar.

— Vai dar tudo certo. — ele balançou a cabeça, provavelmente falando sozinho.

— Vamos sair pra procurar quando?

— Amanhã.

— Okay.

🐞💌🐞💌🐞

      — Uau. — Evandro suspirou baixo, vendo Miranda de vestido azul até os joelhos, vindo até ele ao lado de Júlia para poderem jantar no restaurante do hotel. Miranda sorriu, mas na verdade nem sabia o que estava fazendo ali. Seus cabelos marrons estavam amarrados em um rabo de cavalo. Ela suspirou, querendo acreditar que aquilo a realmente estava acontecendo.

— Vamos? — perguntou Júlia, que ficou encarando seu irmão olhando para Miranda. Ele saiu de seus devaneios e foi junto com os três para a mesma aguardada. Sentaram-se e enquanto Júlia pedia um pedaço simples de lasanha, Miranda pediu um prato de arroz, feijão, bife acebolado e muita batata frita com cheddar.

— Aliás, senhor, trás um poção grande de batata frita com cheddar, grande mesmo em. — Miranda se surpreendeu, assim como Júlia, que também já fazia tempo que não via seu irmão comendo batata frita. — Vou compartilhar esse prato com você.

— Estranho não é? Miranda tem cara de princesa e deve comer igual um homem baiano. — eles deram risada.

— Não posso falar muita coisa, mas meu avô é baiano.

— Está explicado pelo tamanho daquele bife que você vai ter que comer. — o garçom já trazia a comida dos quatro.

— Boa sorte com o bife acebolado em Evandro. — disse Júlia para seu irmão, que deu gargalhada.

— Realmente, admito que é complicado depois em. — eles riram.

      Miranda nunca imaginou que estaria ali, reunida com pessoas de trabalho e que já estavam se tornando amigos e talvez até algo a mais. Percebeu que momentos bons sempre passam rápido, as vezes até rápido demais. A conversa dos quatro durou até o prato de comida de Miranda acabar. O prato enorme de batata frita teve que esperar um pouco, pois Evandro estava tentando ingerir igual a Miranda, que já tinha o costume de comer muito e ela sabia que viria muito. Pobre do Evandro se pensou que as mulheres de hoje em dia comem pouco.

— Não acredito que você conseguiu comer tudo. — Evandro comentou.

— Você acha que a gente não come tudo? Minha mãe disse que é feio jogar comida fora, algumas coisas devem ser guardadas como coisas sagradas. — disse ela.

— Então você tem uma lista de coisas sagradas? — perguntou ele.

— Com certeza. Aliás, tenho várias listas na minha mente.

— Que legal, me diz uma delas.

— Gosto da minha lista de mandamentos especiais para o dia a dia.

— Quais seriam esses mandamentos?

— Você vai ver, com o passar dos dias. — deixou Evandro curioso.

— E qual seria o mandamento de hoje?

— Aproveitar o momento bom. Saber que  tudo tem validade, até mesmo a vida. Por isso dizem que ela é curta, pois cada vida tem sua validade.

— Acho que você lê livros. Você lê?

— Até demais. Mas acolher conhecimento é sabiez.

— Acho que preciso passar a conversar com pessoas que lêem bastante para ser mais sábio.

— Com certeza. — na verdade ela nem tinha entendido a frase direito, mas ele realmente estava interessado, havia algo em Miranda, não sabia o que era. Mas era diferente.

     Passar momentos bons é algo que deveria ser pra sempre marcado, algo que deveria guardar com os cadeados do coração. Para jamais esqueceremos que somos felizes e que só precisamos de um prato de comida e uma pessoa feliz.

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