Festividade
02
Nada como um dia após o outro, o tempo é o sr. de todos os mistérios!
- Malu
— Mãe! Cheguei. — ela gritou, passando pela porta. Nem pensaria que naquele exato momento, seus pais estavam escondidos, pois haviam preparado uma festa surpresa para Miranda.
Ao acender a luz, ela foi surpreendida com sua família toda na sala. Seus primos, Mateus e André também estavam lá, sua avó Roberta e suas tias. Já fazia muito tempo em que elas não se viam, até porque, eles moravam em Fortaleza.
— Surpresa! — gritaram todos em um único som.
— Você merece minha filha! — disse sua mãe, contente por já saber que sua filha havia sido bem recebida lá. Quando Miranda ganhou a carta chamando ela para estar comparecendo ao local, logo após veio uma carta dizendo que ela foi aceita pela agência. Porém, sua mãe preferiu esconder a carta, ela conhecia bem a filha que tinha e sabia que demoraria para compartilhar essa surpresa com os pais.
Sua irmã também estava presente na sala, mas por estar com fome, preferiu sair da sala e ir ver como estava sua tia Elizabeth.
— Está feliz pela sua irmã? — disse sua tia, tirando uma forma de lasanha do forno.
— Estou. — e realmente estava, mas não queria demonstrar.
— Está gostando do cheiro? — perguntou sua tia.
— Com certeza. Minha barriga está vazia. Necessito comer, parece que já vou até desmaiar. Está vendo isso aqui? - apontou para as bochechas. — Estão azuis já.
— Como é exagerada. — riu sua tia.
— Sua irmã está tão feliz na sala! — entrou sua mãe, orgulhosa pela filha. — Porque você saiu de lá?
— Só estou com fome. — respondeu Clarita.
— Vai dar parabéns para a sua irmã, agora. — mandou a mãe, levando as comidas em uma bandeja para a mesa da sala.
Clarita saiu bufando da sala. Seu dia não estava sendo um dos melhores, sua chefe estava a criticando por suas opiniões, até demais por sinal, e ela acredita que só não foi expulsa ainda da empresa por causa que mantém um relacionamento com o chefe da sua chefe. Complicado não é? Pois é. E ele estava a caminho da casa dos pais de Clarita, ela só não sabia disso.
— Irmã! — disse Miranda, indo abraçar Clarita. Já fazia certo tempo em que não se viam.
— Parabéns! Estou muito feliz por você. — Clarita sorriu. Miranda pegou Clarita pela mão e levou até a mesa de comida.
— Está vendo isso aqui!? Vamos comer tudo juntas! — sorriram. As duas compartilhavam os mesmos sentimentos.
— Não vejo a hora. — Clarita deu um pulinho de felicidade.
— Você é minha irmã mais nova, a melhor irmã que alguém poderia ter. — a melhor irmã para Miranda. Clarita pensava que sua irmã estivesse mentindo, até porque, Miranda sabe das besteiras que sua irmã faz.
— Eu também amo você. — ela sorriu. Realmente, ela estava sendo sincera.
Clarita não era o tipo de pessoa que mostrava muitos sentimentos, era fechada, mas quando gostava de alguém, ela se entregava.
— Clarita! Chegou convidado para você! — gritou uma de suas tias que estava recepcionando as pessoas.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou ela.
— Eu soube que você ia vim para a casa da sua mãe. Espero que não seja um incomodo para você. — ele sorriu.
Clarita não estava nem conseguindo acreditar.
Victor é um homem de muita responsabilidade. Não era de se relacionar muito, e quando viu Clarita, não deu nem chances para sua cabeça. Quando Victor conheceu Clarita, ele ainda estava em uma situação considerada precária. Dono de uma empresa grande, Victor não saberia o que poderia acontecer. Amou Clarita desde quando ela virou sua companheira de serviço logo na primeira semana, nem lembrou da esposa que ainda tinha dentro de sua casa. Não que Victor estivesse traindo sua esposa, muito pelo contrário. O relacionamento deles dois acabara fazia tempo, a única coisa que os unia era um pedaço de papel que foi criado cinco anos atrás, eles já não sentiam mais sentimentos um pelo o outro, então Victor já se sentia livre para poder amar novamente. Ele não queria separar de sua esposa, pois sabia que isso traria má repercussão para sua empresa e para ele mesmo.
Beatriz não era o tipo de mulher que conversava muito, mas é o tipo que faz mais besteiras que uma criança. Após alguns anos em que Beatriz se casara com Victor, ela se desmoronou, achou que não precisaria mais trabalhar e decidiu viver pelas custas do marido, não que ele fosse contra, mas sua esposa gastava em torno de cem reais a cada dois dias. E isso já estava dando prejuízo para ele, então entraram em um acordo em que Victor daria um salário normal para Beatriz, para poder se sustentar. Ela, obviamente, odiou tudo isso.
— Entre, mas por favor, diga apenas que trabalha comigo. — pediu Clarita. Insegura se estava fazendo o certo ou não.
Ambos se gostavam, mas tinham medo de assumir. Mas nenhum dos dois tinham argumentos suficientes para falar que não poderia casar. Embora esse fosse o pensamento de Victor, e ele realmente estava louco para pedi-la em namoro. Miranda estava pedindo socorro mentalmente para a sua irmã. Estava conversando com a tia Carla, que sempre jogava seus filhos, Miguel e Lucas, para cima de Miranda. E isso rendia belas noites em claro, puro pesadelo.
— Está trabalhando agora? — perguntou a tia Carla.
— Sim! Estou muito feliz. — sorriu Miranda.
— Lucas também está trabalhando. Falei para ele que a C.D.C também está aceitando novatos para trabalhar. Então acho que ele já enviou o currículo para lá.
— Entendido. — chamou mentalmente sua irmã.
— Vocês poderiam se aproximar mais... — ela ia continuar a falar, mas Graças aos Céus, Clarita não permitiu.
— Miranda! Esse é o Victor, meu chefe. — Clarita chamou Miranda, que agradeceu sorrindo e pediu licença para a sua tia. Victor sabia que Miranda não era o tipo de mulher que comprimentava alguém com abraços, então apenas estendeu sua mão.
— Prazer Miranda. Sua irmã fala muito bem de você. — ele sorriu. Miranda encarou Clarita.
— Minha irmã é um amor de pessoa, e sempre foi. Espero que sejam só coisas boas. — ele riu calmo.
— Só coisas boas em. — sorriu ele. — Parabéns pelo novo emprego.
— Obrigada. — ela sorriu agradecida.
— Já conheceu seu chefe? — perguntou Victor, Clarita se ofereceu para ir buscar copos de refrigerante.
— Já, mas nem sei o nome dele, esqueci de perguntar. — ela soltou um riso fraco.
— O que ele disse para você quando entrou na sala?
— Ele disse que era meu chefe da semana e blá blá blá. — ele arregalou os olhos. Victor já sabia das intenções de seu amigo para com Miranda. Toda vez que desejava impressionar, ele fazia questão de dizer que era o chefe da semana. Pura mentira, já que era o filho do chefe da C.D.C.
— Entendi. — Clarita chegou e ambos começaram a tomar o refrigerante de seu copo. A comida já estava na mesa e ambos estavam com fome. Vivian havia preparado batata frita de forno com cheddar e bacon para as crianças, mas claramente Clarita e Miranda se consideravam crianças.
— Vamos comer então! — pegaram seus pratos e começaram a colocar suas comidas. As duas irmãs eram as primeiras da fila, colocaram tanta comida no prato, que mal viam a hora de repetir novamente. E se sobrou batata frita, é porque elas realmente são boazinhas.
— Miranda, leva essa prato para o seu avô. — disse sua mãe, vindo em sua direção com um prato na mão.
— Meu avô tá aí? — ela ficou feliz e triste ao mesmo tempo. Há cinco meses, seu avô e toda a família disseram adeus para sua avó. E infelizmente, seu avô ficou tempo demais sozinho.
— Sim, está lá... — Miranda nem esperou sua mãe terminar. Já sabia onde seu avô se encontrava. Subiu as escadas correndo e entrou no último quarto do corredor.
Seu avô, Rafael, toda vez que fazia uma viagem para a casa de Miranda, ficava lá com o seu querubim. Todos sabiam que alguma hora ou outra, ele iria partir. Mas Miranda fazia questão de não permitir isso acontecer.
— Vovô! — ela entrou no quarto e abraçou seu avô, que estava sentado em uma cadeira de rodas, olhando a janela.
— Oi minha filha! — ele sorriu. Miranda nem se lembrava que estava com o prato de comida na mão.
— Trouxe comida para você! — ela sorriu, mostrando o prato de comida.
— Eu não quero batata frita. — ele disse, rabugento.
— Calma vô, você vai gostar. — ela pegou a colher e colocou um pouco de comida, levou a boca de seu avô. Ele mastigou lentamente a comida. Quando terminou sua primeira colher, ele encarou a outra mão de Miranda.
— Cadê o anel? — perguntou ele.
— Que anel vovô?
— Você não é casada? — Miranda segurou o riso.
— Não vovô, isso vai demorar muito. — ela colocou outra colher na boca dele.
— Para de enfiar comida na minha boca. — ele falou, deixando cair alguns grãos de arroz. Miranda pegou rapidamente um pano para tirar os arroz de cima do seu avô.
— Mas você tem que comer. — ela revirou os olhos.
— Você não tem paciência. Sabia que a paciência é uma virtude? — ele perguntou.
— Eu sei vovô. — ela estava preparando outra colher de comida, quando ele levantou rapidamente da cadeira de rodas e começou a andar para a porta. — Para onde você vai vovô?
— Vou pegar katchup. — ele respondeu.
— Rafael, eu pego! — ela falou mais alto.
— Vai falar com a parede. — Miranda revirou os olhos. Que velho desobediente!
— Mamãe! O vovô quer descer as escadas! — gritou Miranda. Tentando segurar seu avô.
— Deixa ele descer. — ela gritou de volta. Miranda bufou.
— Minha filha, as vezes as pessoas precisam de um momento sozinho. Outras vezes de pessoas por perto. — ele sorriu. Miranda entendeu na hora o que ele quis dizer com aquilo. E realmente, para ele, já bastava ficar sozinho. Rafael não pensava muito já fazia muito tempo, mas perdeu de vez alguns sensos que lhe sobraram. Mas em compensação, Miranda amava tudo aquilo que ele fazia. Podia até ficar rabugento, mas ele ficava a cada dia mais engraçado, e a única coisa que não esquecia era sua sabiez.
Afinal, idosos voltam a ser crianças de colo. Crianças que a cada dia você deve mais amor e carinho.
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