O eco do passado

Lili
6 anos depois

Eu estava prestes a entrar na faculdade de Stanford, na Califórnia, e, aos 20 anos, as coisas pareciam finalmente seguir seu rumo. Eu sempre fui de uma família rica, com tudo o que um dia pensei que precisaria, mas desde o dia em que Cole se foi, meu mundo virou de cabeça para baixo. O lugar que antes era recheado de risos e felicidade agora parecia vazio, e os momentos de antes, com ele ao meu lado, se tornaram lembranças distantes e dolorosas.

A mudança foi brusca. Eu me vi deixando para trás a garota doce e delicada que costumava ser. O sorriso que antes era leve e fácil agora parecia escondido sob uma camada de medo e solidão. Nada parecia mais natural do que esconder minhas emoções e afugentar tudo o que me lembrava dele. E eu tinha razão. O tempo não curou a dor.

Os três primeiros anos após a partida de Cole foram os mais difíceis. Eu acordava todas as manhãs, esperando, acreditando que ele poderia voltar, que um dia, de alguma forma, ele apareceria de novo, sorrindo, dizendo que tudo estava bem. Mas isso nunca aconteceu. Cada vez que escutava um motor ao longe, corria até a janela, a esperança renovada por um momento, mas não era ele. Jamais seria.

O vazio que ele deixou parecia se estender por todos os cantos da minha vida. Eu tentava me agarrar às coisas que antes me davam prazer, como a literatura e a escrita, mas a dor sempre vinha à tona. Nada preenchia o espaço que ele deixou. Por três anos, eu esperei, mas não aguentava mais.

Foi minha mãe quem sugeriu. Ela viu o quanto eu estava me afundando e, sabendo como aquilo me destruía por dentro, sugeriu que nos mudássemos para longe, para começar de novo. Ela sabia que eu precisava de uma mudança, de um recomeço. Foi difícil aceitar, mas no fundo, eu sabia que ela estava certa.

Agora, aqui estava eu, prestes a iniciar um novo capítulo na minha vida, em Stanford, com a esperança de que a literatura poderia me curar. A sensação de estar tão distante de casa, do lugar que ainda me trazia memórias de Cole, era desconcertante, mas, ao mesmo tempo, libertadora.

Eu me peguei andando pelo campus no meu primeiro dia, observando os prédios imponentes e os alunos se movendo apressadamente de um lado para o outro. A Califórnia era diferente de tudo o que eu conhecia. As ruas vibravam com energia e o ar parecia mais leve, como se tudo fosse possível. Mas, por dentro, ainda sentia um vazio.

A faculdade era uma oportunidade de renascimento, uma chance de construir algo novo. As expectativas eram altas, e eu sabia que era hora de olhar para frente, não para o passado. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim ainda estava presa àquele garoto loiro e de olhos verdes que se foi tão de repente.

Eu ainda não sabia se estava pronta para deixar o passado para trás. Se a literatura realmente poderia me ajudar a entender o que havia acontecido. Mas, por enquanto, eu sabia que precisava me perder nesse novo mundo. Talvez, assim, eu conseguisse finalmente parar de esperar por ele.

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