Retorno ୧ ⎯



— O tempo passou rápido demais — Áine comentou andando ao meu lado —, tem certeza que já precisa voltar?

— Se dependesse da minha vontade própria, continuaria por aqui — respondi vendo a carruagem ser carregada de bagagens —, mas meu acordo com Cyrus foi de apenas uma semana. Príncipe Charon deve retornar para Aruna nos próximos dias, precisamos garantir que a comitiva esteja bem abastecida para isso.

— O príncipe Charon parece estar afeiçoado por você.

Um riso soou, mais sarcástico do que eu realmente gostaria — E o que denunciou isso? O jeito que nós brigamos o dia inteiro?

— O respeito que ele tem quando escuta suas opiniões — rebateu.

Duquesa Veroni parou e colocou as mãos nos meus ombros — Não pense que eu não sei porque não veio para cá, se estivesse presa no palácio com Marysol também faria o mesmo. Estamos estudando o melhor jeito de resolver as questões, mas talvez seja necessário investir em algo mais sério daqui para frente.

— O que isso quer dizer?

— Que ter o apoio de Aruna no momento em que o sol de pôr é uma boa opção.

Meus olhos se viraram para onde Juno, Charon e Rav estavam. Os garotos pareciam conversar animadamente sobre algo, enquanto eu e a duquesa falamos sobre política.

— Acha que a minha tia tentou algo enquanto estive fora?

— Talvez, nem mesmo consigo imaginar o que se passa na cabeça daquela víbora — reclamou seguido de um suspiro —, o que me disse sobre ela passar tempo com vossa majestade o rei parece preocupante.

Olhei para o céu claro acima de nossas cabeças — Como se já não tivéssemos o suficiente com o que nos preocupar.

— E assim a vida continua — Áine riu e me abraçou — se cuide Eclypse. Mande mais cartas, nos últimos meses tudo que soubemos de você foi por Polly.

— Farei isso.

— Príncipe Charon de Aruna, Princesa Eclypse de Solaris. Foi uma honra os receber na residência Veroni — grão-duque Theros disse acompanhado de uma mesura —, ficaremos honrados em vos receber também no futuro.

— Vossa graça, eu agradeço pela sua hospitalidade. Assim como a de sua família — Charon agradeceu —, espero ver Juno na competição de inverno e vossa graça para as festividades. Acompanhado da sua adorável filha e amada esposa, é claro.

— Se a duquesa aceitar largar os livros por algum tempo, com certeza estaremos lá.

— Se você cumprir com os seus compromissos na academia, não será necessário que eu fique além das aulas que leciono.

Juno entrou na frente dos pais para impedir que os víssemos discutindo — Peço desculpa, eles são sempre assim. Estarei em Aruna quando o momento chegar.

O herdeiro Veroni estendeu a mão para Charon, que sorriu e aceitou seu cumprimento — Estarei aguardando.

Summer e o professor Samson também se despediram brevemente e nós subimos para voltar a capital de Solaris. Cruzei os braços, na minha frente o aruano tinha os olhos fechados e um sorriso largo.

— Por que está se portando como uma criança feliz?

Seus olhos se abriram revelando o azul vibrante e frio — Porque eu realmente estou feliz, quem não fica quando se passa um tempo com amigos?

Desviei o rosto pela janela vendo a cidade passar e em seguida desaparece para as árvores — Seus dias no palácio do sol devem ter sido realmente miseráveis, desculpe por isso.

— Princesa! — Polly chamou minha atenção para o modo de falar. Ele não se importava, não tinha porque manter as formalidades.

— Não foram miseráveis — respondeu ainda sorrindo. Um sorriso cínico de alguém que estava pronto para responder na mesma moeda — Apenas chatos. Aibe ficou paranoico depois da festa do chá.

Parei para pensar, Aibek realmente parecia uma babá para Charon. O seguia a todos os lugares guardava a porta e estava pronto para morrer por vossa alteza a qualquer instante. Mas aos meus olhos não era algo ruim, ou o comandante dava muito valor a sua missão, ou realmente se importava com o príncipe herdeiro. A segunda sendo a mais provável.

— Com razão, afinal um país estrangeiro é perfeito para ser palco de um assassinato e fazer nascer uma crise política.

Charon respirou fundo — Você soa exatamente como ele. É jovem, mas com certeza a seus pensamentos e falas são de um ancião.

— Isso explica o porquê eu ser melhor que você. Sua idade mental não é maior que a de um pirralho.

A alma de Polly pareceu deixar o seu corpo por um momento, já o aruano de cabelos prateados tinha a boca aberta e me encarava com certa surpresa. Ele piscou algumas vezes antes de explodir numa risada, tão histérica que precisou de deitar no banco da carruagem para continuar rindo. Lágrimas caiam dos seus olhos.

De alguma forma sua reação me irritou profundamente, não era uma brincadeira. E sim um comentário verídico, talvez não houvesse diferença entre ele e seu irmão mais novo.

Quando finalmente recuperou seu fôlego, Charon virou o rosto para mim. Suas bochechas até estavam vermelhas devido à reação, mas não parecia estar chateado de alguma forma.

— Mal posso esperar para te ver em Aruna, vai se dar muito bem com o meu pai.

— O imperador? — indaguei — E por que diz isso?

— É só uma impressão — Charon aproveitou estar sozinho no outro banco e se ajustou cobrindo o rosto com um dos braços se preparando para tirar um cochilo.

Balancei a cabeça e voltei a olhar para a janela, ele era tão relaxado. Nem parecia ter 'ratos' de um reino vizinho o caçando.

As palavras que disse no dia que encontrei com ele como Lipe, voltaram a minha mente, eram diferentes das que dissera enquanto Eclypse. Mas não pareciam mentirosas.

Forte e com um bom senso de justiça.

— Senhorita — Polly me chamou — está bem?

Sorri em resposta — Estou pensando apenas isso. Cyrus não mandou nenhuma mensagem, nem Valet ou Spade. Me pergunto se as investigações deram algum resultado.

Polly tinha as mãos juntas no colo e um olhar preocupado — Se me for permitido, diria para não colocar expectativas.

— Alguma vez eu te impedi de dizer algo? — questionei — Quando não era pertinente.

Minha dama de companhia riu e balançou a cabeça — Felizmente não, gostaria que começasse a seguir também os meus conselhos. Costuma o fazer com menos frequência do que eu realmente gostaria.

Infelizmente, Polly estava certa sobre não manter grandes expectativas. Os mistérios surgindo envolta de Solaris, os ataques e os mercenários de Barlor e Charon pareciam ficar cada vez mais distantes de serem solucionados.

Parece que dessa vez, nem meus olhos podem encontrar a verdade.










Essa história é tão minha terapia, que às vezes tenho até vergonha. Mas a proposta é ser algo leve mesmo pra distrair e dar aquele 'up' no meio da semana.

Próximo capítulo 26 de Abril.

Obrigada por ler até aqui! 

Até mais, Xx!


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