Mensageiro de Aruna ୧ ⎯

Grandes janelas de vidro deixavam que a luz entrasse no salão iluminando lateralmente as paredes brancas com adornos dourados que revestiam o interior do palácio, por conta das altas temperaturas que Solaris registrava ter o interior em tons claros ajudava a dissipar o calor.

No centro vi três figuras paradas, meu pai — o rei —, meu irmão mais velho e um rapaz todo trajado de preto. Devia ser o mensageiro de Aruna, uma vez que o lugar era conhecido por ser naturalmente mais frio.

Vi nos olhos do rei que ele estava pronto para me disciplinar na frente do convidado, mas por sorte Cyrus interveio a meu favor.

— O atraso justifica sua beleza minha irmã — ele pegou minhas mãos entre as suas beijando meu rosto em seguida — Está completamente deslumbrante.

— Peço desculpas ao nosso convidado. Se soubesse de sua vinda estaria pronta para recebê-lo.

Curvei-me novamente, levantando os olhos para o mensageiro. Senti meu corpo parar, o homem à minha frente era Hakka. O mesmo cara de estamina eterna com que passei a noite passada lutando num porão abafado e sujo.

Cyrus pegou minha mão me guiando — Apresento-lhe nosso convidado, Príncipe Charon Raka D'Aruna.

'Eu estive trocando socos com o príncipe imperial!' Se minha alma pudesse deixar meu corpo com certeza já teria o feito. Além disso, mudar Raka para Hakka não me parece muito inteligente, ainda mais com esses cabelos claros e fáceis de identificar. Voil não realiza uma seleção muito grande de quem entra nas competições ou não. Se houvesse um assassino-

— Espera — ele questionou se aproximando — Você...

'Droga, ele descobriu que sou o Lipe? Se isso acontecer posso dar adeus a minha vida.'

Sorri forçadamente — Sim, alteza?

Príncipe Charon se aproximou ainda mais de meu rosto me fazendo até recuar, seus olhos safiras me analisavam com intensidade, olhando de cima a baixo até que um sorriso se abriu em seu rosto.

— Eu conheço você — 'e morri' —, é a princesa gigante.

'Como?'

O rapaz bateu as mãos juntas — Isso mesmo, me falaram que a princesa de Solaris era diferente das outras, mas não esperava isso. Você é um pouco mais baixa que eu apenas.

Raka, sem nenhum tipo de pudor colocou a mão em cima da minha cabeça e mediu até si mesmo. Tombei a minha cabeça para o lado e Cyrus apertou a minha mão como se estivesse preparado para impedir um ataque.

— As nobres que conheci até agora normalmente não passam daqui. — ele indicou a altura do peito.

Podia sentir uma aura assassina deixando o meu corpo — Tem algum problema com isso? Não sabia existir regras para a altura de uma princesa.

Suas vestes se mexeram enquanto ele dava alguns passos para longe — Não tem, mas todos sabem como uma geralmente se parece.

'Esse cara, vem na minha casa e me insulta. Se soubesse eu teria chutado sua bunda mais algumas vezes na noite anterior'.

— Tem razão Príncipe Charon — o rei concordou — Um ultraje aos 19 anos e não ter um casamento, nem uma única proposta.

Ninguém deseja se casar com uma princesa quebrada.

Foi o que seus olhos disseram, primeiro as maldições que acompanharam meu nascimento, depois as diferenças físicas. Era verdade que eu era mais alta que todas as damas e jovens nobres de Solaris, mas o que deveria fazer? Cortar fora meus pés?

Todo esse julgamento era um dos motivos que me fazia preferir esgueirar na noite, pelo menos em lutas não havia essa diferença. Se você souber socar você é bom, não se importam com quem você é, apenas se consegue lugar, minha identidade é mantida em segredo por outras razões. Chega a ser irônico como o único lugar em que posso ser livre é um espaço confinado.

— Não me entenda errado Rei Mithra, não vejo nada de errado com a princesa. Talvez os cavalheiros de Solaris que não sejam corajosos o suficiente para aceitar um desafio. — Raka retomou a fala — Homens tendem a ignorar o que não conhecem. Não existe curiosidade, mas, a meu ver, Príncipe Cyrus está certo; é uma beleza deslumbrante, apenas desconhecida.

'Qual é a desse cara? Ofende-me depois elogia?', tentei ver se estaria zombando da minha cara, mas não vi nada que pudesse indicar mentiras.

— E devo completar — meu irmão visou salvar a atmosfera —, o homem que o coração de Eclypse aceitar será muito feliz.

— Acredito que estamos aqui para o desjejum certo? Príncipe Charon deve estar faminto depois da viagem — mudei a direção do assunto —, ou talvez prefira descansar primeiro, me parece exausto.

O aruano levou as mãos até os cabelos claros os bagunçando um pouco — Comida me parece ser uma boa opção, e apesar de realmente cansado gostaria de tratar dos assuntos oficiais logo em seguida. Possui um bom olho para pessoas.

'Não. Eu sei exatamente quantas vezes soquei sua costela'.

O rei não conseguiu esconder a sua careta de desgosto, mas por hora não falaria mais nada na frente do príncipe. Tenho que certeza que no momento em que ficássemos sozinhos novamente ele me atacaria com palavras venenosas e gritos de fúria.

A morte de minha mãe o mudou completamente, não havia sequer a sombra do pai que conheci um dia. Na última vez que vi dele um sentimento que não fosse desprezo foi quando fui sequestrada. Naquela noite, vi dor e medo, mas nunca descobri se foi realmente por mim ou qualquer outro motivo, de qualquer maneira já não me importa. Enquanto tivesse Cyrus ao meu lado estaria bem.

Os guardas indicaram o salão para desjejum e nós seguimos, o rei claramente tentando tirar alguma informação do príncipe Charon, mas o rapaz evadia as perguntas com certa maestria.

Um suspiro soou ao meu lado — Foi tudo tão de repente que mal começou e já estou cansado.

— Esse tipo de visita geralmente não seria anunciada com antecedência?

— Parece que a carta desviou no caminho — me respondeu Cyrus com um tom de preocupação — quando percebemos ele já estava em nossas terras.

— Pensa que pode ter sido de propósito? Ele não parece particularmente esconder da onde é — Charon que andava a alguns metros na nossa frente riu alto e bateu nas costas do meu pai, completamente despreocupado.

Cyrus soltou um riso fraco — Está certa, ele chegou sozinho. Disse que seus acompanhantes irão chegar ao fim da tarde.

'Ou ele era muito seguro de si, ou um completo idiota. Não acredito que alguém como ele queria me falar sobre regras.'

A mesa estava posta, com as mais deliciosas comidas que poderiam ser feitas na cozinha do palácio. Como de costume o rei sentou na ponta em seguida indicou para que o aruano se sentasse ao seu lado, enquanto isso eu e Cyrus sentamo-nos a sua frente.

— Peço desculpa por não poder organizar algo melhor Príncipe Charon, foi uma pena que o anúncio de sua chegada desviou seu caminho.

— Não tem problema — respondeu se servindo —, não ligo para essas formalidades, vim trazer um convite e apenas isso.

— Faço questão de fazer uma reunião para conhecer ao menos as outras famílias nobres — insistiu —, Eclypse pode se provar útil e se encarregar dos preparativos.

Apertei a faca, Cyrus sempre fora o responsável pelos eventos, a mim era sempre dito para não atrapalhar. Essa necessidade de querer provar algo ao herdeiro de Aruna era estúpida e sem sentido.

— Parece bom — concordou —, me deixa com tempo para explicar o convite ao príncipe Cyrus. Também a alguns nobres, gostaria de falar com os melhores lutadores de Solaris.

— Lutar não é uma palavra muito recorrente no meu vocabulário, não sei como posso ser útil.

Surpresa vestiu os olhos azuis do visitante — Isso não é possível, ouvi dizer que o filho do Rei Sol é um exímio combatente.

— Gostaria que fosse — o rei interrompeu — Cyrus prefere passar horas na biblioteca a pisar cinco minutos num campo. A pessoa que procura não existe.

— Exceto se for Ely.

'Cyr, pelos céus cale a boca!'

Senti o olhar do príncipe cair sobre mim — Suponho que possa ser, você sabe manejar arcos, princesa? E lutar?

Mantive a cabeça baixa — Minimamente, não sou boa.

— Ela não está sendo sincera, ninguém gosta de competir com minha irmã. — tentei pisar em seu pé por debaixo da mesa a fim que fizesse ele se calar, mas sabendo disso meu irmão já havia desviado.

— Sorte parece gostar de mim. — rebati entredentes.

— Você derrotou o capitão da guarda real.

— Ele escorregou.

— E a vez que ganhou a competição de solstício?

— O vento estava ao meu favor.

— Não reconhecer suas habilidades é um insulto ao príncipe Charon — a cartada final. Pequena raposa disfarçada de cordeiro.

Coloquei os talheres na mesa com delicadeza e ergui os olhos para encarar os três homens na mesa. Cyr estava com um olhar vitorioso, meu pai desgostoso e o príncipe deveras curioso, respirei fundo antes de dar uma resposta.

— Cyrus superestima as minhas habilidades, tive alguns bons momentos, mas foi isso. Nada que seja louvável o suficiente para ser carregado por palavras até Aruna.

— Já que diz isso minha irmã, talvez possa dar uma volta com o príncipe deixe que ele mesmo tire suas conclusões. Assumo suas responsabilidades com a organização da recepção.

— Então está decidido — Charon sorriu —, estou curioso para saber o que irá me mostrar.















N/A: Aqui estou eu com mais um pedaço da história! Atualizações inicialmente no meio do mês e provavelmente de quarta-feira. Então esperem ansiosos pelo dia 17 de Agosto.

Agora que nossos principais foram apresentados que tal um perfil?

Primeiro nosso sol, amo minha Ely. A verdade é que eu como uma jovem (não muito) adulta de 1,81 de altura estava indignada com as FL serem piticas, então a Ely vem para representar a categoria das altinhas!

Agora nossa lua cheia (de si), eu leio como Chárôn, mas segundo a internet é Quérôn fica ao critério de vocês como vão se dirigir a esse personagem que eu tenho vontade de esganar às vezes.

É isso vejo vocês no próximo!

Até mais, Xx!

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