Mansão Veroni ୧ ⎯



Demorou alguns dias para que Valet conseguisse provar que o palácio do sol estava seguro novamente. Nisso, o rei teve uma súbita melhora e disse querer verificar por conta. Marysol e meu primo também se recusaram a ir embora, tornando o ambiente um pouco mais insuportável.

Rav encontrou o lobo cargueiro nos esgotos, soldados foram enviados para verificar todas as entradas subterrâneas depois disso. Porém, nada foi encontrado. Voltamos ao início das investigações, tanto na cidade quanto nas terras reais.

Tendo tanto tempo disponível durante as investigações, consegui conversar com Cyrus e acertar a reforma na cidade, também iniciar os assuntos sobre uma possível ida para Aruna. Sem que Charon soubesse disso, é claro. De ponto de vista democrático, ele apoiava, depois dos problemas causados em Solaris, via como uma boa contramedida social. Porém, do outro lado ele estava preocupado.

Daria alguns dias para meu irmão pensar, enquanto estava completamente enfiado nas questões burocráticas. Resolvi passar um fim de semana na mansão Veroni, a fim de conversar com o professor sobre as linhagens reais, também seria bom ficar longe de Kivar, meu primo insuportável. A única variável que não estava programada era Charon.

— Não entendo o porquê termos de viajar com carruagem, com as montarias não seria mais rápido?

Tinha a esperança de que a paisagem me distraísse, mas o aruano parecia uma criança, não parava de falar por um instante.

— Vossa graça, sofreu um ataque ao ar livre. Não podemos simplesmente te colocar em risco novamente. Minha ideia inicial era ir junto de Soleil, porém como de repente escutou minha conversa e resolveu acompanhar — desviei o olhar do vidro para poder encarar minha companhia. — tivemos que reformular os planos.

Polly que estava sentada do meu lado, escondeu uma risada.

— Falando assim até parece uma coisa ruim.

— Impressão sua — rebati ainda sustentando um sorriso —, por que insistiu tanto de qualquer maneira?

Charon suspirou e deixou seu corpo se esparramar no estofado do interior — Não estou acostumado a ficar tanto tempo trancado em algum lugar. Nem mesmo em Aruna, ter que ficar confinado pela minha segurança me tira do sério.

Olhei com cuidado, parecia ser verdade. — Não posso o condenar por isso. Mas também não posso tirar a razão de Aibek, a situação é confusa para dizer no mínimo.

Me ajeitei no assento, já que estava ali poderia tentar um pouco mais de informação do príncipe aruano.

— Tem algum motivo para pessoas te perseguirem? Seja nação ou nobres, guerras pelo trono.

O rapaz de cabelos claros tinha os olhos fechados, mas os abriu quando questionei — De dentro de Aruna não, também não ligo muito para o trono para ter que brigar por ele.

— Tem brigas com outras nações então?

Silêncio.

— Está sobre proteção Solar, precisamos saber a maior quantidade de informações possíveis.

Seus olhos azuis mudaram quando voltou a se encontrar com os meus. Charon tem algo que me intriga, apesar da maior parte do tempo o aruano me tirar do sério, e é exatamente essa mudança de personalidade que ocorre. Não que eu não tenha meus próprios segredos, mas o que acontecia com ele é tão extremo que chega num ponto de não saber qual é sua personalidade verdadeira.

— Balor não gosta muito de mim.

Eu já sabia, ou melhor, Lipe sabe. Eclypse ainda não tinha essa informação.

— Por algum motivo mais específico, ou... — tentei instigar ele a falar mais.

Charon grunhiu — Me convidaram para uma conferência uma vez, mas foi uma armação. Queriam me forçar num casamento com a filha de algum nobre de lá. Já te disse como as coisas funcionam em Aruna, então naturalmente fugi.

— Não fiquei sabendo sobre isso, esse tipo de notícia geralmente se anuncia.

— Porque foi justamente baseado numa mentira, tenho arrepios apenas de lembrar.

— Recusar um casamento é motivo o suficiente para eles te atacarem? Não parece tão ruim para mim — comentei.

— Parece cruel quando fala assim, não sei se está me apoiando ou falando mal de mim. — reclamou dramaticamente deitando no banco e colocando o braço sobre os olhos.

Dei risada — Você que está falando, casamentos são recusados a todo instante, principalmente quando se fala de alianças políticas, se aceita aquela mais vantajosa.

— Estou com dor de cabeça, por favor me acorde quando chegarmos.

Uma criança se recusando a falar do assunto, pelo menos ganhei uma explicação de Barlor. Mas ainda parece estranho, se algo acontecesse com Charon, não seriam eles os primeiros suspeitos de qualquer maneira? Apesar de os governantes não serem as melhores pessoas, são astutos, não acho que um casamento seria motivação o suficiente para os fazerem mandarem mercenários atrás do aruano.

Poderiam não gostar dele, contudo, para mandar mercenários é demais.

Fechei os olhos e encostei a cabeça no estofado da carruagem, por hora iria aproveitar o silêncio, deixaria que Spade e Valet cuidassem das investigações. Os campos dourados das terras dos Veronis esperavam por mim.

A viagem prosseguiu de maneira rápida, acredito que até mesmo cheguei a cochilar e quando passamos pelos portões da casa. Polly me cutucou levemente me acordando, de igual forma não tão delicada, avisei Charon sobre a nossa chegada.

— Bem-vindos a mansão Veroni, que o sol vos alumie princesa Eclypse. Também estendo meus cumprimentos ao príncipe aruano.

— Professor Samson — aceitei sua mão —, é sempre um prazer reve-lo.

— Igualmente, cada vez que a vejo parece ainda mais radiante.

— Sempre graças a sua filha — apontei para Polly —, todos os méritos são dela.

Aibek e Rav que fizeram a escolta do lado de fora já haviam descido dos cavalos, o guarda cumprimentando o pai que há muito tempo não via com um abraço apertado.

— Chegaram antes do que o esperado — Juno apareceu acompanhado do grão-duque — espero que tenham feito uma boa viagem.

— Sim, bem proveitosa. Obrigado por me receber — Charon os cumprimento —, apesar de ser um pedido repentino, não irei me esquecer de sua hospitalidade.

— Além de ser o herdeiro de Aruna, qualquer amigo da princesa Eclypse é bem-vindo — o cumprimentou —, espero que seja uma estadia proveitosa. Sou Theros Veroni, meus filhos falaram de vossa alteza, é um prazer conhecê-lo.

— O prazer é meu grão-duque Veroni.

Os pertences seriam tirados da carruagem, chegamos perto do almoço então ele seria servido em breve. Disse para que Apollyne e Rav aproveitassem o tempo com seu pai enquanto isso não acontecia.

Juno se ofereceu para apresentar a propriedade para Charon, e acompanhados de Aibek e mais dois guardas da família Veroni.

— Peço desculpas em nome da grã-duquesa, minha esposa está dando aulas na academia, portanto não pode vos receber. Minha mãe se juntará a nós para a refeição.

— Não se preocupe com isso — Charon respondeu Juno girando os ombros e respirando fundo —, prefiro assim. É mais amigável.

— O príncipe aruano não é muito afeiçoado pelas regras de etiqueta — expliquei para meu amigo.

— Oh, o que é essa grande área? — o aruano fez sombras sobre os olhos andando até a lateral do caminho tentando olhar com um pouco mais de atenção o campo que se abria.

— Temos uma competição de caça mágica todo começo de verão — Juno explicou — nessa época montamos as barracas nessa área. No restante do ano é apenas um gramado grande.

— Que interessante, como funciona? — seus olhos se iluminaram com a ideia da atividade.

— Creio que será mais demonstrar do que explicar — Juno comentou —, o que acha de um pouco de diversão Ely?

Fiquei alguns dias sem poder treinar, ou visitar o bar de Voil, parecia uma boa chance de recuperar um pouco o tempo perdido.

— Claro, porque não — concordei —, mas se preparem para perder. Ganhei as últimas duas competições, mesmo não sendo oficial não planejo entregar meu título para um de vocês.

Juno se virou para os guardas com um sorriso iluminado — Preparem o campo.







Olá, meus amores! Começando com o teste, de mais capítulos escritos e imagens pontuais! Vamos ver como as coisas acontecem e se desenrolam. Também não quero ficar 85 anos postando essa história hahahaha.

Obrigada por ler até aqui!

Até mais, Xx

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