41- Ir
17/06/1789
Os olhos azuis deixavam lágrimas descer, enquanto esses contemplavam a trilha que se espreitava sorrateiramente entre as árvores grandes e verdes de um bosque da região.
Mirio sentia o cavalo galopar e balançar ele, parando algumas vezes bruscamente pelo fato de seu condutor não estar prestando atenção no caminho que percorria. Sua mente estava presa na lembrança de quando ele tinha 17 anos de idade e galopava aquela trilha voltando para a casa de Eijirou, acompanhado de uma garotinha de 5 anos de idade..
“-Quantos anos você tem? - Ele perguntou, tentando puxar assunto e deixar ela mais confortável. Ela levantou o olhar, com seus enormes olhos vermelhos.
-Cinco, moço. - Ela respondeu.”
Ele olhou para sua frente no cavalo, para o lugar que ela tinha se sentado naquele dia. Era pequena, magra, estava suja e molhada por culpa da mãe. Mas mesmo suja e mal cuidada, ela era uma criança fofa e encantadora. Agora ela tinha morrido, e ele fazia aquela trilha a cavalo, sabendo que ela nunca mais estaria lá para acompanhá-lo.
Sentiu um aperto no peito, mais forte que o de costume quando algo o entristecia. Parecia como se a garra de algum animal que possuísse unhas muito afiadas tivesse se cravado e ido na parte mais funda de seu coração, quase perfurando a alma. Ele fechou os olhos, sentindo aquela e precisou respirar fundo para controlá-la o quanto podia.
Ao abrir os olhos percebeu que a paisagem se tornou limpa, e então seguiu campina acima até ver algumas casas de madeira ao longe, soltando um pouco de fogo pela chaminé. Ele parou o cavalo, olhando o lugar, sentindo o peito afundar. Poucas pessoas moravam ali, e pessoas muito pobres e miseráveis
Quando ele saiu de lá com ela, ela olhou para trás, para as ruas, as casas, as árvores cortadas e para a sujeira no chão, e perguntou se ela não iria morar mais lá. Ele respondeu que não, mas disse que ele poderia levar ela de volta se ela quisesse. Ela quiz algumas vezes, mas ele nunca levou de volta para poupá-la de ver a mãe. E agora, quando ele voltou era para dizer que ela estava morta. Afinal, era o correto.
Ele refez o caminho, seguiu a rua principal, vendo as barraquinhas, os pedaços de carne expostos, às moscas voando, as crianças correndo para lá e para cá as mães brigando com algumas, mas não conseguia se manter atento em nada daquilo. De certo modo, Mirio se sentia desligado e zonzo. Receber a notícia de que ela havia sido baleada e então sangrou até a morte o deixou fora de si. Parecia que sua consciência tinha saído do corpo e até agora não havia retornado.
Pelo menos ele tinha tirado ela daquele lugar, pelo menos ela teve uma vida boa, mesmo que curta.
Virou a terceira esquerda, e depois entrou em um beco à direita e viu o portão de madeira pequeno, estreito no meio das outras casas que também eram feitas de madeira.
Tinha sido ali que ele tinha visto ela. Ele se lembrava bem.A mãe dela grávida, com uma barriga enorme, segurando uma vara e batendo na menina. Eri chorava e chorava, falando pra mãe que não faria mais.
“ -NÃO VAI MESMO! VOCÊ VAI DORMIR AQUI NA RUA! SUA VAGABUNDINHA!- A mulher gritou, batendo mais uma vez nela. Mirio fingiu uma tosse, fazendo a mulher perceber a existência dele ali.
-Boa noite, eu vim comprar algumas ervas. - Ele disse, olhando com pena para a menininha. Eri teve seu braço solto e caiu no chão.
-Pode entrar. - Ela disse, virando as costas para a menina e chamando ele para entrar. - Eu ainda vou morrer com esses pirralhos… - Ela resmungou.”
Ele desceu do cavalo e amarrou ele no poste que havia ali. Respirou fundo, encarando o portão. Era o mesmo de 14 anos atrás, com algumas madeiras novas pregadas de mal jeito, mas era o mesmo. Já a placa de “vende-se ervas medicinais” era nova. Ele engoliu o seco. Apesar da mãe de Eri não ser a melhor mãe do mundo, ainda sim ela era uma mãe que receberia a notícia de que a filha foi assassinada.
Ele se arrepiou e sentiu os olhos se encherem de lágrimas, imaginando como ele se sentiria se alguém dissesse isso para ele. Agora que tinha Ikki na sua vida, ele só podia imaginar o quão doloroso seria. Mesmo ela não sendo uma boa pessoa, ela ainda era humana.
-Não enche, seu insuportável! - Uma voz feminina disse antes de abrir o portão com força e sair, trombando em Mirio.
Era uma menina de cabelos brancos e olhos castanhos avermelhados, vestida com um vestido surrado e um avental e fuligem pelas mãos e rosto.
-Veio comprar algo?- Ela perguntou, com a voz ainda irritada. - Só entrar, minha mãe vai te atender. - Mirio a olhou bem, ela parecia ter por volta de 13 ou 14 anos. Isso mesmo, quando ele levou Eri, a mãe dela estava grávida, então essa devia ser a irmã dela.
-VAI LOGO PIRALHA! - Uma voz masculina gritou lá de dentro e a menina bufou, ajeitando o balde que segurava nas mãos.
-Olha, pode sair da minha frente? - Ela perguntou se esbarrando nele com falta de educação e saindo pelo beco. Ele engoliu o seco a olhando, imaginando que seria assim que Eri seria.
Então ele entrou, caminhando pelo mesmo chão lamacento de anos atrás. Viu os cachorros dormindo no quintal, debaixo de uma árvore, agora eram outros cachorros, mas estavam acorrentados no mesmo lugar de antes.
“ -A noite tá fria… - ele disse acabando acompanhando a mulher pelo quintal e entrando na casa.
-Eu sei. -Ela disse fria.
-Eu… meu irmãozinho, mais novo, ele morreu de gripe..- Ele respondeu
-Ah! Aquela ali se morresse seria um favor. Ela vive me atrapalhando. Quebra os potes, chora, reclama na minha orelha. Quando o pai dela era vivo era mais fácil de aguentar, pelo menos tinha comida na mesa, mas agora eu tô sozinha tendo que cuidar dela que é uma imbecil e dos irmãos e ela ainda quebra o'que eu vendo. “
-Senhora Campel! - Chamou a mulher pelo sobrenome, e logo a porta se abriu, e um menino de cabelos loiros e olhos castanhos avermelhados apareceu. Mirio também se lembrava dele. Ele devia ter 7 anos na época, e estava perto dos cachorros cortando lenha com um machado que era pesado demais para ele.
-Minha mãe tá atendendo outra pessoa, mas pode entrar. -Ele disse, dando passagem para Mirio entrar na casa. E ele percebeu que era dele a voz que tinha chamado a outra menina de pirralha.
Tinha o fogão a lenha, uma mesa de jantar velha e bamba, a pia com louça dentro, os armários, uma lareira que estava apagada e envolta dela alguns colchões com travesseiros e cobertores.
Ele agurdou uns 4 minutos, e então viu uma senhora idosa sair com uma sacola com remédios.
-Pois não?- Ela apareceu, saindo de dentro de uma porta, que até onde ele se lembrava era a dispensa. - Eu conheço você… - Ela semicerrou os olhos. Ela tinha cabelos brancos como os de Eri e os olhos castanhos cor de mel, tinha linhas de expressão pelo rosto e suas roupas estavam sujas.
-Boa tarde, eu não vim comprar nada, eu tenho notícias sobre a Eri. - Ela voltou ao seu olhar normal, o encarando, e sua expressão mudando para algo frio.
-Ah!- Ela estalou a língua e se escorou na parede. -Agora eu lembrei. Olha, eu não estou interessada.
“- Mas… ela é uma criança, ela pode morrer. - Mirio disse.
A mulher bufou.
-Vai querer comprar o que? - Ela perguntou sem paciência.
Mirio estendeu a lista que Enya tinha dado a ele. A mulher o olhou e saiu impaciente para dentro, indo buscar o que ele queria. “.
-Tenho uma notícia - Ele disse, respirando profundamente.
-Não veio comprar nada? Então saí, você quis levar ela, agora ela é problema seu, não meu. Se você se arrependeu, se ela aprontou…
-Ela não aprontou. Ela era uma menina ótima, educada, comportada, carinhosa e meiga. - As lágrimas desceram, enquanto ele sentia o coração doendo.-Ela morreu. - Ele disse de uma vez, sentindo o coração doer. A mulher o olhou, meio desacreditada. - Apesar de ter jogado ela pra mim, igual faz com um cachorro, você é a mãe dela, precisava saber.
“As coisas desandaram rápido demais. Quando menos percebeu, Mirio estava discutindo com a mulher. Havia começado a chover e ele tornou a falar com a mulher sobre a menina quando ela voltou. Não dava. Ele lembrava do irmão mais novo, de como ele sofreu com a gripe. Era desumano.
A mulher então disse pra ele pegar ela e cuidar. Ele não deu ouvidos, pagou o remédio e saiu, mas não conseguiu ignorar a menina na saída e foi conversar com ela.”
Ela pareceu perder a pose e o olhar meio confusa. Então ela caminhou até a mesa e se sentou.
-Com a febre que tá todo mundo pegando?- Ela perguntou. Seu tom se mantinha frio, e meio seco. Parecendo até prático.
Ele respirou fundo.
-Não. - Ele disse. - Eu não criei ela, foi o meu patrão. Ele criou ela como uma irmã. Ele… cuidou dela, deu escola, médicos, roupas boas…- Ele começou a chorar.
-Mas como ela morreu? - Ela perguntou objetiva, pegando um pano e limpando o balcão, tirando os olhos de Mirio. - Parto? A irmã mais velha dela morreu em um parto.
-Não. Ela… a família do meu patrão era muito rica, eles tinham inimigos em Paris… ela morava lá, com as mães dele e… faz três dias que… - Ele sentiu o coração se comtorcer, imaginando a cena. - Ela foi…. Ela… eles mataram ela… na barriga… com tiros.
A mulher o olhou, seu semblante parecendo um pouco menos frio, e levemente assustado.
-Atiraram nela? - Ele acenou um sim. E então a mulher virou o rosto, encarando os colchões no chão. - Você disse que ela teria uma vida melhor… se lembra? Era essa a vida melhor?
“-Mamae sempre me bate… -Ela disse, olhando pro loiro. - Ontem eu atrapalhei o outro trabalho dela com um moço na coberta, eu fiquei sem comer. - Ela disse e Mirio arregalou os olhos.
-Trabalho com um moço?
Ela ascenou um sim.
-Ela tava gritando estranho do quarto dela… eu fui lá ver e os dois tavam na coberta.”
-Ela teve uma vida melhor. Ela foi educada, recebeu amor e não teve que ver a mãe se prostituir. - Ele disse ofendido.
-Eu tinha 4 filhos e uma na barriga, eu precisava botar comida na mesa.
-Mas não tinha que fazer isso enquanto tinha criança acordada, muito menos bater nela por isso.
-Ja deu sua notícia, pode sair. -Ela respondeu com raiva o olhando.
Mirio suspirou.
“-Ela… bate muito em você?
-humrum. Quase todo dia… e o meu irmão também.
A mulher então saiu de dentro da casa, vendo Mirio conversando com a filha.
E ela começou a gritar com ele e com Eri. Dizendo que ele não era ninguém. Que não devia se intrometer. Mirio não gritou de volta. Apenas reforçou seu ponto de que era cruel, e que aquilo não era o certo. Ela foi até Eri a puxando pelo braço com força, indo levar para dentro. Mas então ela parou subitamente e se virou olhando o menino de 17 anos.
A mulher o olhou e massageou as têmporas.
-Ah… quer levar ela? - A mulher perguntou.
-Como? -Mirio questionou.
-Olha, eu não tenho dinheiro, paciência nem nada, tá, sinceramente se algum deles morresse, seria até um alívio. - Ela respondeu em um tom frio. - Eu não me importo, nunca quis ter ela ou outros, só tive. Você está se importando, quer levar ela? Toma. - Ela soltou o braço de Eri e a menina tropeçou e caiu na lama.
Mirio olhou, vendo ela no chão indefesa. Se ela era louca o suficiente para oferecer ela assim pra ele, também seria de oferecer para outra pessoa. E ele sabia de seu caráter, mas não do de outra pessoa.
-Vem. - Ele chamou a menina. “
-Voçe pode ir ao… enterro. -Ele engoliu seco. - Vai ser na vila de Taverny, na Notre Dame de lá. O velório começa as 14:00, amanhã. - Ele disse, se virando pra sair.
[.......]
18/06/1789
-Pois Dele é o reino dos céus… - O padre dizia de cima do altar.
Apesar de não possuírem uma religião, os Kirishima deram um velório para ela na catedral do vilarejo em que ela morou com Eijirou, pois as igrejas realizam funerais mais profissionais e.. dignos, e eles chegaram a conclusão que a casa de Kirishima foi o lar de Eri, foi lá onde ela cresceu e se desenvolveu, então era para lá que ela retornaria.
O caixão era de madeira de carvalho, suas extremidades castanhas brilhavam com a luz solar que entrava pelos enormes vitrais da edificação, essa que, apesar de não ser tão gloriosa como as de Paris, era perfeitamente detalhada e bonita.
A família estava em volta. Kirishima com a mão nas bochechas dela, fazendo carinho. Enya e Celeste do outro lado, segurando as mãos dela que repousavam sobre a barriga. Katsuki logo atrás de Eijirou, hora ou outra passando a mão pelas costas do ruivo, tentando confortá-lo. Mirio e Tamaki estavam ao lado de Eijirou de mãos dadas. E os irmãos e irmãs de Celeste haviam vindo de Londres e estavam perto da irmã.
As 3 amigas mais fieis de Eri da época da escola estavam lá, de mãos dadas chorando. Cada uma tinha feito uma carta para ser enterrada junto dela. Os 4 amigos das aulas de equitação também estavam lá, entre outras pessoas como a família Pommier.
-... Mesmo que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum. - O padre continuava a dizer, mas nenhum deles prestavam atenção.
Estavam ali desde 14:00 horas, e estava quase na hora de enterrá-la. Logo, nenhum deles conseguiam sair de perto, eles não queriam dar adeus para todo o sempre.
Os olhos rubros de Eijirou se mantinham firmes na menina, mesmo que isso doesse. Ela estava ali parecendo um anjo, seus cabelos ondulados soltos, seu corpo vestido com o vestido lilás claro que ela mais amava e as margaridas e tulipas em volta de seu corpo, trazendo a ela um ar de pureza tão real que parcial quase palpável a quem de aproximasse.
Logo, o ruivo não conseguia parar de olhar. Pois era isso que Eri era: Pureza. Ela era tão pura em seus sentimentos, tão gentil, tão maravilhosa… e era tão, mas tão injusto que a vida dela tenha sido arrancada dela.
Era tão injusto saber que uma menina que nunca fez mal a ninguém, que sempre foi empática e caridosa, sangrou em uma carruagem, sentindo medo e aflição até desfalecer.
Ela devia ter sentido tanto medo, tanto pavor… e tudo isso porque Eijirou um dia decidiu ser amigo daquele maldito do Touya.
O ruivo fungou.
O sangue dela também estava em suas mãos. Se ele nunca tivesse ido fumar com aquele doido, se nunca o tivesse convidado para sua casa… se não tivesse se envolvido, Eri estaria viva, como ela merecia.
Ele sentiu a mão de Bakugou tocando seu ombro, e então ele percebeu que estava na hora de fechar o caixão. De deixá-la ir….
Seu coração se contorceu doendo, enquanto ele olhava para o rosto dela uma última vez. Lábios cupidos, nariz arredondado e arrebitado, sobrancelhas desenhadas e traços delicados, como os de uma boneca de porcelana. Ele se abaixou e beijou a testa dela, sentindo o quão gelada ela estava. Em seguida encostou sua testa na dela, deixando suas lágrimas caírem sobre o rosto gélido dw mais nova.
-Me perdoa… vo-você era minha irmãzinha, e-e eu não te protegi… - Ele disse, antes de se levantar.
Enya e Celeste seguraram a mão da menina com mais força, olhando bem para ela pela última vez.
E então o caixão foi fechado. Enya se agarrou na alfa, escondendo o rosto no peito dela, para não ver.
Eijirou não conseguiu mais se controlar, como estava controlando até agora, e ele deixou o choro escapar de seus lábios de forma audível, enquanto seu queixo tremia. Bakugou foi de imediato ao encontro dele, o abraçando forte, deixando que ele chorasse e tremesse sobre seu ombro.
-E-ela tinha um fu-futuro… pl-planos, suki. - Ele disse, abraçando o loiro contra si.
-Eu sei… eu sei…
Ela foi enterrada dentro da igreja, onde as famílias ricas e importantes enterraram seus parentes. E foi colocada dentro de uma cripta branca, que tinha detalhes de flores talhadas em si.
O padre fez uma última oração pela alma dela antes da cripta ser fechada e a cerimônia acabar.
[.....]
A pedra de mármore tinha acabado de presa sobre a cripta dela. Tamaki segurava o braço de Mirio e fazia carinho com o dedão. Foi iniciativa dele próprio ir até a mãe de Eri. Celeste acabou permitindo. Quem eram eles para negar a verdade a ela?
Mas não fazia diferença. Ela não tinha aparecido.
O moreno olhou para o lado, vendo Bakugou se afastando um pouco dos demais. As outras pessoas estavam saindo e dando suas condolências para os Kirishima, e aparentemente Bakugou foi conversar com Mina.
-Eu já volto, amor. - Ele disse se afastando sorrateiramente e enfiando a mão no bolso secreto que havia em sua calça, sentindo o papel.
Midoriya tinha lhe confiado a tarefa de entregar a Kirishima o bilhete. Disse que era importante, muito importante, que Todoroki tinha falado sobre Endeavor e seus planos.
Mas Tamaki não podia tocar num assunto assim com Kirishima naquele momento. Mas ele podia entregar a Bakugou. De toda a família ele deveria ser o que menos estava sofrendo, então talvez ele fosse a melhor opção.
Ele observou o loiro abraçar Mina que chorava. Ele sabia da história e imaginava o quão difícil foi pra Mina literalmente ver a menina morrer.
Sacudiu a cabeça e mordeu o lábio. Ele não podia voltar a chorar agora. Por mais que ele sentisse vontade.
Ele conheceu Eri quando ela tinha 8 anos. Foi quando ele foi trabalhar na casa dos Kirishima. Ela ainda ficava na parte dos empregados com Mirio e era uma gracinha de criança. Ela adorava ficar conversando com os animais. E correr, e ir no lago nadar sempre que tinha a oportunidade.
Ele sorriu se lembrando de como no primeiro dia que ele chegou ele viu a menina e Mirio brincando com bolhas de sabão enquanto esfregavam o chão da sala de jantar. Teve a vez também que ele costurou uma boneca de crochê pra ela no seu aniversário de 9 anos e ela chorou de felicidade. Até onde ele sabia ela ainda tinha ela guardada em algum lugar….
Ele passou a mão nas bochechas limpando as lágrimas e então percebeu que Bakugou e Mina estavam conversando, e decidiu se aproximar.
Bakugou percebeu sua presença e o olhou. Tamaki se sentiu meio intimidado, nunca tinha tido intimidade com Katsuki, e o loiro… bom, era intimidante por si só.
-Senhor Bakugou… - Ele chamou, sentindo a garganta quase travar.
- Oi. - Ele perguntou, parecia cansado, desinteressado e chateado.
- Eu… - Ele puxou a carta do bolso e mostrou pra ele. - Midoriya pediu pra entregar pro Eijirou, mas… e-ele não tá bem, nenhum deles tá e parece que tem haver com os negócios da galerias. - Ele disse meio rápido. Não sabia se tinha explicado direito.
Bakugou olhou a carta meio desconfiado e então pegou.
-Quer que eu entregue? - Tamaki ascenou um sim e Bakugou suspirou.
-Ta, quando.. as coisas estiverem mais calmas nessa porra.
[......]
Eijirou se sentou na cama, sem olhar direito para Bakugou. As coisas estavam frias. Bakugou tinha mordido quando ele o puxou pra dentro da casa e começado a brigar com ele.
Ele se assustou, não esperava aquilo de Eijirou. Mas então o ruivo caiu e joelhos chorando e Bakugou abaixou a voz e perguntou o que tava acontecendo.
Ele acabou por consolar o ruivo, ignorando sua irritabilidade. Mas não tinha conversado direito um com o outro desde então.
-Suki… - Ele começou. - Eu… - Ele sentiu o coração doer. Tudo estava doendo naqueles último dias. - me perdoa? - Ele perguntou, sentindo as lágrimas brotarem novamente.- Eu entendo se não quiser me perdoar, eu sei que eu não tinhão direito… eu só… só.. quis te proteger.
Bakugou suspirou olhando o ruivo.
-Eu sei cabelo de merda. Mas eu sou adulto, e sei me cuidar, eu sei cuidar de mim e do bebê, e porra, se a gente vai casar eu espero que você veja que eu sou capaz de passar por situações difíceis com você, caralho. Eu não sou uma porcelana, e você sabe que eu odeio ser tratado assim! - Ele soltou. Ele ainda estava ressentido daquilo, não com tanta intensidade como na hora, mas ainda o machucava
- Eu sei, Suki. - Ele se virou pra Bakugou. - Eu sei que você é capaz, eu só… lembrei da última vez e… fui no impulso.
-Entao é melhor você controlar seus impulsos, porque se isso acontecer mais alguma vez, a gente vai acabar. Casamento ou filho não vão me segurar. - Ele disse. Sabia que ainda estavam em um momento muito delicado. Ele mesmo estava mal por conta da Eri, mas não podia não dizer a verdade, e deixar de falar o quão sério aquilo foi para ele.
-Voce ainda quer casar comigo? Quer ou só… tá fazendo isso por conta da gravidez? -Ele perguntou inseguro.
Bakugou suspirou.
-Eu quero. Eu fiquei muito puto com você na hora, mas… você tava desesperado porra, e… olha a situação. Você não se resume a isso. - Eijirou suspirou aliviado.
Bakugou então foi até ele e o abraçou, forte.
-Eijirou… sendo sincero eu tô com medo… o Dabi… ele… pode tá querendo vir atrás de mim. -Eijirou abraçou o loiro mais forte. - E quando a gente anunciar noivado e casar… com toda certeza ele vai vir.
Eijirou suspirou e o olhou.
-Minha mãe quer ir pra Inglaterra. A gente casa e vai. Ele não vai machucar a gente lá. - Ele respondeu. - O meu tio, ele conhece o Aizawa, eles podem conversar juntos pra você ter a sua carreira lá, e…
Eles se olharam tristes
-Voce ama a França, ama essa casa. - Ele disse.
-Mas eu amo mais minha família viva. E.. os Kirishima são poderosos lá, vamos ter uma rede de apoio maior.
- Eijirou… você sabe que, você tá de luto… você não vai conseguir me marcar assim, a gente vai ter que adiar o casamento. - Ele disse e Eijirou acenou um sim.
- Eu sei… eu sei… eu vou pensar em como ajeitar isso, só… eu não consigo agora. - Bakugou acenou um sim com a cabeça, e o abraçou mais forte.
Ele acabaram indo dormir depois ele um tempo, e Bakugou respirou aliviado ao ver que Eijirou tinha conseguido desligar um pouco. Mas ele estava preocupado. Oque caralhos tinha naquela carta?
Era tanta coisa pra pensar. Tinha a morte de Eri e com isso a ameaça daquele doido do Dabi. Bakugou nunca tinha sentindo medo assim antes, mas estava começando a se sentir bem ansioso sobre isso. Ele estava grávido. Se Dabi descobrisse, ele não iria somente matar Bakugou, ele com certeza faria algo mais perturbador para fuder a mente de Eijirou.
A opção seria não casarem por agora e ficarem distantes. Mas não dava. O médico disse que ele precisava da marca, de ter seu elo com Kirishima, para não correr o risco de perder o bebê.
Mas um alfa deprimido não consegue marcar alguém. E Eijirou estava muito deprimido com a morte de Eri.
Bakugou se levantou bufando.
Ele saiu do quarto e caminhou pelo corredor, pensando em ir para a varanda respirar ar puro e controlar os batimentos acelerados.
A ideia de abortar surgiu novamente na mente dele. Mas ele sacudiu a cabeça. Não. Eles ainda podiam ir pra Inglaterra. Lá estariam seguros, ele, Eijirou e o bebê. Ele só… precisava esperar o alfa melhorar um pouco. Ele melhoraria, eles se casariam e iriam. Ou foda-se, ele ia sem de casar, Aizawa podia manda-lo para lá, né? Assim ele ia antes de anunciar noivado ou casamento, não seria um alvo de Dabi.
-Não! - Ele ouviu a voz de Celeste vindo do quarto delas. - Eu falhei sim! Eu sou a alfa dessa casa, ela era minha responsabilidade! Eu deveria ter protegido ela!- A voz dela soava quebrada e revoltada. - Então não vem me consolar quando eu não cumpri o me-meu papel.
Bakugou sentiu um arrepio.
-Amor… não é sua..
-É minha culpa sim! Uma alfa deve proteger a família! No-nos enterramos ela… a Eri.. a-a.. porra.. ela era como uma filha e eu não protegi, assim como os bebês que você perdeu. Eu não consigo! Eu tento, eu tento prever tudo que pode acontecer Enya, mas parece que.. é... é inútil. - Ele ouviu então ela cair no choro.
Bakugou engoliu o seco.
-E tem um bebê vindo… eles precisam casar, Eijirou precisa marcar ele, mas o-o Dabi vai ver isso c-como mais alguém pra atingir o Eijirou. E-e…
-shi… Shi… - Enya pareceu dizer e então ele ouviu apenas o choro de Celeste.
Ele se encostou na parede respirando fundo. E tocou na barriga.
Estava na hora dele agir também. Ele era o que estava melhor da cabeça dali. Ele devia ajudar eles de algum jeito.
-Eu vou dar um jeito… - Ele passou o dedão pela barriga. - Aquele doido não vai encostar em mim ou em você. Remédio pra doido é um doido e meio e o seu pai ômega pode virar o capeta quando ele quer.
*******
Será que o Bakugou da conta de resolver isso?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top