40- Bastilha
Não me procurem, estou escondida.
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14/07/1789
08:20 da manhã
A cidade estava agitada de um jeito estranho. Eri sentia. Ela esticou o pescoço e olhou de sua janela, vendo a rua lá embaixo e as pessoas que andavam apressadas, as mães que seguravam firme na mão dos filhos. Para Eri ela pareciam aflitas.
-Senhorita? - Uraraka chamou, segurando uma ponta de cabelo branco.
- Ah, desculpe. - Ela disse voltando a cabeça e deixando a empregada arrumar o cabelo. - Tem alguma coisa acontecendo hoje? - Ela questionou.
- An… não que eu saiba. - Ela respondeu.
- Deve ser impressão então. - Ela respondeu, enquanto a morena enrolava a trança em um coque perfeitamente bem arrumado.
- Você está tensa, achei que ia estar feliz com a notícia, vai ter um neném na casa. -
Eri sorriu se lembrando de como o irmão e Bakugou chegam após o jantar e chamaram a família na sala de estar. Eri sabia que Kirishima iria pedir o loiro, achou que era essa a notícia. Bom, e realmente foi, mas em seguida Eijirou quis mostrar a elas o presente que Katsuki tinha dado a ele.
Eram dois Boys de bebê, feito de tricô, um bege e o outro marrom, era simples, mas parecia ser de ótimo material.
Foi uma comoção. Eri ficou super empolgada, Enya ficou contente, mas aparentemente ela já sabia. Celeste demonstrou mais preocupação que as outras duas, mas não deixou de ficar feliz, principalmente depois de saber que Bakugou já tinha ido a um médico e estava tudo bem.
O casamento seria em 4 semanas, e as coisas já estavam ficando doidas. Ela mesma tinha que sair e ir olhar com o bufê para ajudar os dois. Bom, primeiro ela ia ver Kouta, depois ia fazer as funções que pegou.
-Eu tô feliz, Ochaco, incluindo quando eu voltar da Miss. Délices eu já vou comprar algumas roupinhas de presente. - Ela se olhou no espelho, vendo o coque. - Você acha que vai ser oque? Menino, menina? Eu não consigo imaginar.
- Hummm… - Uraraka ponderou, enquanto prendi grampos no coque. - Eijirou tem muita cara de pai de menina babão, mas o Katsuki parece pai de menino pra mim. Mas de qualquer jeito, eu provavelmente vou ser a primeira a saber, já pensou nisso?
- Verdade né, você também é parteira.
- Pronto!- Ela disse
Eri levantou da cadeira vendo que estava pronta. Estava vestida com um vestido branco armado, delicado, com babados na região do busto e mangas, charmosamente enfeitado com pérolas na região do busto. Angelical.
-Devo deixar um chá especial preparado pra você, já que você vai tão cedo na Miss. Délices? - Ela disse irônica. Eri nunca disse nada a ela a respeito de suas visitas demoradas na casa do tio de Kouta. Mas Uraraka percebeu que um dia, depois de uma visita demorada, ela estava com expressão de cansada e preocupada, além de estar tentando fazer um chá para evitar.. bom, evitar dar a notícia que Bakugou e Kirishima deram. Desde então ela faz o chá, para ter certeza que foi feito da maneira adequada.
- Por favor. - Ela sorriu de lado, meio envergonhada.
[.......]
-Aqui. - Eijirou entrou no quarto, carregando uma bandeja de café da manhã. Bakugou bocejou. Estava desgrenhado, com as sobrancelhas franzidas e irritado. - Bom dia, Suki. - Ele sorriu pro loiro.
-Bom dia o caralho! Inferno! - Ele coçou o olho.
Ele tinha vomitado de noite, e ele odiava vomitar, então estava puto com o mundo. Puto com tudo naquele caralho.
-Tem panqueca de Mirtilo. - Eijirou disse e Bakugou olhou atento, menos enfezado.
-Hum, cadê? - Ele perguntou indo pegar, vendo o suco de limão, o croissant com molho pesto e alguma carne dentro e as panquecas. - Ele pegou o suco e bebeu. Eijirou beijou o topo da cabeça dele.
- Você sentiu muito enjoo, antes de me contar? - Ele perguntou, olhando o outro.
- Sim. Muito, mas não todos os dias e é mais de noite e de manhã. - Ele disse.
- Isso é sintomas de menina, não é? Deve ser menina, eu acho que é menina. - Bakugou pegou o croissant e mordeu com vontade.
-Bom pra caralho! - Resmungou de boca cheia satisfeito, sentindo sua raiva se dissipar. - Hum… - ele engoliu. - Você sempre acha que é menina. Mas tem razão, enjoo geralmente é menina. Mas tem que ver, minha mãe dizia que barriga redonda e vontade de doce são sintomas mais certos. - Ele disse.
Eijirou se encostou na cama olhando o loiro.
-Suki… você liga se a gente conversar sobre… seu primeiro bebê? - Ele perguntou delicadamente.
Bakugou mordeu mais uma vez e acenou um não com a cabeça.
-Não, faz tempo. - Ele disse de boca cheia e em seguida engoliu. - Quer saber o'que? - Ele pegou o suco e bebeu.
- Como… foi tudo? O… o cara? - Ele perguntou.
Bakugou o olhou.
-Era um mágico. Teve um grupo de ciganos que foi à minha cidade. Eu tinha 17. Esse cara usava máscara, cartola e fazia uns truques. Eu fugi de casa naquele dia, o arrombado do meu pai estava impossível. Eu fui até os trailers e pedi pra dormir numa barraca para uma loira meio doida. Eles me chamaram no outro dia pra almoçar com eles. Teve vinho, cordeiro assado, música, foi divertido. Ele tava lá, a gente conversou e bom… a gente foi pra um trailer. Eles ficaram lá uns 2 meses. Eu meio que morei com ele por umas duas semanas, mas eu descobri que ele era bandido e voltei pra casa. Eu descobri a gravidez e falei com ele. Ele disse que eu podia ir com ele. A gente não ia casar, mas eu podia ser “um dos parceiros dele”. Mas isso incluía ajudar com o trabalho dele, basicamente eu ia usar o bebê pra ter dó das pessoas enquanto ele roubava. Eu não quis e aí ele só foi mesmo. Tomei uns chás, mas acho que eu fiz errado, não funcionaram. Eu consegui esconder a gravidez do meu pai, a barriga cresceu no inverno e eu usava muita coisa pra cobrir. Foi de noite que eu senti que ia perder o bebê. Eu saí correndo pra rua, ele não podia descobrir. Um vizinho, o Masaru, me viu e me levou na casa de uma parteira… - Ele fez uma pausa. - Era um menino alfa, deu pra saber. Foi meio frio… a parteira só me disse isso e levou embora. Eu tava muito exausto, e sangrando e… sei lá, não raciocinei que só estavam levando ele pra.. jogar em algum lugar. - Ele disse, respirando fundo.
- Nunca… pegou ele no colo então? -
Bakugou acenou um não e voltou a beber seu suco.
-Eu sinto muito, suki.. - Eijirou abraçou ele.
Houve silêncio por um tempo e Bakugou parou de comer um pouco.
Eles ficaram quietos e Bakugou voltou a comer, quieto.
-Tenho que te contar uma coisa. Sobre a Jiro…
[.......]
9:10 da manhã
Realmente tinha algo diferente no ar. Eri sentia.
A carruagem parou e um guarda abriu a porta. Ela respirou fundo, vendo o beco. Sentindo inexplicavelmente uma ansiedade lhe subir. Ela cogitou em ir primeiro na doceria.
Não, era bobagem!
Ela desceu com ajuda do guarda e se dirigiu pro beco.
Olhou a casa, tinha uma janela com a luz acesa. Era o sinal de Kouta já estava lá e a porta aberta. Ela sorriu. Puxou o vestido e caminhou. A ansiedade ficou boa então. Ela estava animada, muito animada e bom… feliz pelo momento a sós que eles teriam. Ela já estava com saudade.
Foi quando o barulho de um tiro ecoou de muito perto dela, fazendo ela se assustar e olhar pra trás.
Algum bandido? Um guarda tinha atirado?
O coração dela disparou, devia entrar ou ir para a carruagem novamente?
Segundo tiro.
Ela correu e foi para a porta, tentando abrir a maçaneta. Trancada.
-KOUTAAAAA!- Ela gritou batendo na porta.
Uma figura surgiu do mesmo lugar de onde ela veio.
Cabelos brancos, pele ressecada, olheiras. Carregando uma Colt Root Revolver na mão.
Shigaraki, ajudante de Dabi. Ela sentiu o pânico crescer e começou a esmurrar a porta.
— SOCORRO! KOUTA! KOUTA ABRE! - Ela gritou tentando jogar o corpo contra a porta.
Não, não, não, não! Eles já tinham atirado em Kouta, mandaram abusar dela. Não, não! Eles eram maldosos, eram ruins, ela não podia cair nas mãos deles, precisava entrar. A janela estava longe. Ele ia abusar dela? Não, não! A feira que ela costumava ir era do lado, as pessoas ouviram os tiros, não era possível, alguém viria pra ver a situação.
— GUARDAS! KOUTA! SOCORRO! NO BECO, NO BE- Outro tiro, no barril ao lado dela.
Ela fechou os olhos assustada, deixando as lágrimas caírem.
-Shiii, ratinha. Seus guardas estão mortos. Eu sou bom em mira, foi direto na nuca. Então não me irrita, você vai querer seu rostinho perfeito no caixão, não vai? - Eri abriu os olhos, respirando fundo.
-O que você quer? Tem ouro na carruagem, não comigo. - ela disse. Precisava de tempo até alguém chegar. Alguém ia chegar, eles ouviram os tiros, ouviram.
- Não é isso que eu quero, algo mais precioso. - Ele disse maldoso.
- Eu não sou virgem, não vai conseguir me machucar assim para atingir o meu irmão. - Ela disse tentando ser forte, precisava ganhar tempo. Shigaraki riu.
- Não é? - Ele perguntou irônico. - Nem atrás?
Eri gelou.
Ela era beta, seu órgão sexual era a vagina, não o ânus como os homens ômegas. Enya tinha a ensinado isso… ela não deveria deixar, não era natural.
E por isso Dabi mandaria fazer isso com ela.
O pânico subiu de novo e ela se virou pra porta.
— KOUTAAAAAAAAAAAA! - ela gritou.
Que ele desse um tiro na nuca dela então. Mas ela ia berrar, gritar, chamar atenção, não ia deixar isso acontecer. Ela voltou a se jogar na porta, e Shigaraki olhou arqueando uma sobrancelha para ela.
A porta se abriu e ela caiu com força no chão.
Não raciocinou direito, e se arrastou para dentro, de barriga pra baixo.
-Fecha! Fecha! - Ela disse pra figura que ela não tinha olhado direito.
A porta não fechou. E ela olhou para a figura.
-Não precisa ter medo dele. - Dabi disse sorrindo para ela. - Não é ele quem vai te matar. - Ela arregalou os olhos. Se sentou e começou a se arrastar para trás, vendo Shigaraki chegar na porta.
Não, não, dois! Eram dois deles.
-Kouta… Kouta… - Ela olhou em volta. Ele tinha que estar ali, com a espingarda do tio, e ia atirar nos dois.- KOUTAAA!
- Ah, você ainda não entendeu, pêssego… - Dabi debochou. - Ele não vai te salvar, ele não é bobo. Te salvar e correr o risco de tomar outro tiro da gente? Naaaao. Você está sozinha com a gente. - Ele mostrou a chave para ela. A chave de Kouta. - Ele deixou a casa e você pra gente.- Ela engoliu o seco. Não! Não!
- Não… vocês mataram ele, não mataram, e pegaram a chave! Vo-vocês tentaram uma vez. - Ela disse, chorando.
- “Pêssego… Tenho uma novidade para você. Não vou mais viajar, meu pai finalmente me livrou disso. Acho que ele e meu tio discutiram, não entendi direito o motivo, mas isso não importa, não é? Podemos nos ver ainda essa semana. Pode vir me ver dia 14, às 9:00 no mesmo local de sempre? Eu fiz uma ótima feira hoje e quero fazer um café da manhã especial pra você, meu amor. Uma dica: tem uma receita de maçã envolvida. Te espero lá, meu amor. Com carinho, Kouta. “ - Ele repetiu a carta, sorrindo para ela, e esticando a mão para Shigaraki. - Pedi pra ele que a carta fosse o mais natural possível. - Ele pegou a arma e pegou o cartucho. Eri olhou em volta vendo um candelabro caído no chão ao seu lado. - Achou mesmo que ele continuaria amando uma menina esnobe e rica? - Ele olhou para a arma, carregando ela.
Eri não pensou duas vezes, se esticou e pegou o candelabro e com toda força e desespero ela jogou em direção a mão de Dabi.
Ela acertou o braço, e a arma caiu.
Ela pulou pra tentar ir em direção a arma. Estava sem cartucho, mas foda-se, ela tinha que fazer algo. Tentar resistir, ganhar tempo.
Shigaraki pisou na mão dela rapidamente. Ela esticou a outra para pegar, mas Dabi a puxou a arma com o pé. Ele suspirou, se abaixando e pegando a arma.
-ah-aaa… - Ela grunhiu de dor, sentindo Shigaraki pisar mais forte na mão dela.
Ela olhou, podia morder.
Antes de qualquer movimento, Touya agarrou o rosto dela com força.
-Olha, a gente não tem tempo, mas se você se fizer de difícil de matar eu vou ser obrigado a te levar pra outro lugar, e aí, eu vou aproveitar muito seu cuzinho antes de te matar- Apertou o rosto dela mais forte. Eri segurava o braço dele, tentando o afastar, tentou usar a força da perna para sair, se impulsionando para trás mas não adiantou. Era um homem musculoso segurando ela.
E então Dabi soltou o rosto dela e usou a mão para dar um tapa com o máximo de força que conseguia no rosto dela.
Foi tão forte que ela se sentiu tonta e bateu a cabeça no chão. Ardeu, doeu o osso do maxilar dela e fez ela se sentir zonza.
Ele se levantou e o comparsa parou de pisar na mão dela.
-Continuando… - Ele disse, colocando as balas que tinham caído. Eri se sentou no chão, zonza. Ela ergueu o rosto o olhando, vendo uma, duas, três balas serem colocadas. - Acha mesmo que um plebeu escolheria a ilusão de um amor, do que dinheiro que eu poderia oferecer? Assim, sua buceta deve ser uma delicinha, mas não valeria o risco. - Ele terminou de depositar as balas e olhou para ela.
Ela estremeceu, vendo a arma ser apontada , e o choro aumentou. Ela se apavorou, ia acontecer. Ela ia morrer. Ela… e os planos que ela e Kouta fizeram? Ele… devia estar morto… e se não estivesse e se ele tivesse realmente pegado dinheiro e traido ela?
-não…. você pode pedir um resgate… e-eles vão pagar por mim - Ela disse, com a voz desesperada embriagada pelo choro. - não.. não… pe-pensa direito… nao…
Ele sorriu de lado e mirou.
-Eu tenho dinheiro. - Ele disse e disparou.
O vestido branco ficou vermelho rapidamente, manchando o corset e seguindo pra saia.
Eri perdeu o ar, sentindo uma dor tão avassaladora na barriga que parecia ter tirado ela de órbita. A visão estava embaçada de lágrimas, e ela continuou a ver Dabi apontando para ela.
-Oque eu não tenho é o sabor da vingança. E você, pêssego, vai me proporcionar isso. Você vai sangrar, sangrar, sentir dor e morrer depois de um tempo. E quando ele souber… - O segundo tiro, acertando também a região da barriga dela. - Que você morreu perdendo sangue, chorando, depois de ser traída pelo seu amante, ele vai sentir tanto remorso de ter permitido. - O terceiro, mais em baixo, na região do útero dela.
-ar…arg…a - Ela arfou, fechando os olhos. Tentando se controlar, ignorar a dor. Gritar. Gritar por ajuda.
Ela abriu a boca, tentando pronunciar algo.. nada saia, a garganta parecia seca e áspera.
Não dava, ardia. Ardia.
Ela caiu deitada no chão, sentindo a cabeça girar. Era insuportável. Queimava.
Ela sentiu um impulso e tossiu, tossiu sangue que começou a possuir todo vestido branco dela e o chão de madeira.
Dabi sorriu. Não era o plano original para ela. A primeira versão, que deveria ter acontecido naquele baile, era muito mais sombria, mas por hora bastava.
-Vamo, tão chegando… - Shigaraki cutucou ele e os dois se puseram a andar para saírem pela porta da frente.
[......]
09:14 da manhã
-É a carruagem dos Kirishima! - Denki apareceu correndo para Mina. Ela estava na feira, escolhendo algumas frutas junto de sua criada. Denki estava lá e eles conversaram por um tempo, até os barulhos ecoarem. As pessoas estavam agitadas depois de ouvirem tiros. Alguns seguranças particulares foram olhar, e Denki de ingerido foi também.
-A do Kirishima? Ele tá na cidade. - Ela perguntou preocupada.
-Não, a marrom da casa. Mas… os guardas mortos, são os que andam com a Eri. Alguma pessoas ouviram gritos, uma menina gritando socorro e Kouta. - Ele disse aflito e mina engoliu o seco.
- O que está acontecendo agora lá?
- Dois guardas estão lá, para ninguém roubar a carruagem. O outro foi ao posto de delegacia.
- A gente precisa ir lá. E se… a Eri… - Ela disse aflita.
[.....]
9:16 da manhã
Mina foi até o local interditado, e viu o exato momento em que o policial saiu carregando Eri ensopada de sangue para fora, indo levá-la para a carruagem da polícia, para tentar estancar o sangue.
Ela se desesperou e foi até o guarda, falando quem ela era, que era amiga do irmão da menina. Ela insistiu até o policial permitir que ela entrasse na carruagem com a menina. Ela foi colocada no chão da carruagem que era onde havia mais espaço, e um outro policial entrou com um kit médico. Mina colocou a cabeça de Eri em seu colo e logo a carruagem começou a andar.
O médico abriu a parte de cima do vestido de Eri, arrancou o corset com força e rasgou a roupa de baixo dela para começar a trabalhar. Mina evitou olhar e ver os detalhes, era gráfico demais.
A carruagem balançava para lá e para cá, dificultando o trabalho do homem.
-A..ah… - Eri reclamava, enquanto encarava o teto da carruagem, com um olhar perdido.
Mina segurava a mão dela forte e mordia o lábio para não desabar chorando.
-A gente já vai chegar no hospital… você vai ficar bem. - Mina disse a ela, tentando convencer as duas, mas com toda aquela quantidade de sangue perdido era difícil se não chegassem rápido.
Alguns gritos começaram a soar do lado de fora, e a carruagem começou a ir mais devagar.
-pes-ssego… - Eri soltou lembrando de Kouta a chamando assim enquanto tocava a pele nua dela e em seguida a voz maldosa de Dabi dizendo o apelido. - e-ele… di-d..i..s-se q-que e-er..a e..e-esp..e.pe.c-cial..- Ela soltou deixando as lágrimas descerem e um gosto amargo subir na boca. Não era o goto do sangue, mas a lembrança de ouvir a boca asquerosa daquele Todoroki a chamar daquele jeito, quando era para ser um apelido carinhoso e significativo entre ela e Kouta. Ele disse a primeira vez durante a primeira vez deles, quando cheirou a pele dela de mais perto..
- Não fala… ei.. - Mina engoliu seco. - Guarda suas forças.
Eri escutava ela ao longe. Estava presa em suas memórias e no balançar do teto acima de si. Memórias da escola, da época que era Meio quem cuidava dela… de quando Kirishima deu um quarto pra ela fora da ala dos empregados… do campo… da casa de campo.. dos gritos da mãe biológica ao longe.
A carruagem parou bruscamente e Mina ouviu os gritos mais de perto, e não deu pra ignorar. Eram gritos de odoio.
-E-eu… fu-i-i-i a..só.. s-sex.. se-xo?- Eri se questionou, sentindo cada célula do seu corpo doer de desgosto. As cartas, as flores… o toque…. a delicadeza dele com ela… Tudo mentira? Kouta realmente… quis que ela morresse?
- Eri… - Mina olhou para ela e para fora, vendo um amontoado de pessoas em volta da carruagem, os cavalos resmungaram. As pessoas estavam com cara de ódio, seguravam foices e gritavam alto.
O policial que estava cuidando de Eri se levantou e olhou a situação.
-O que está acontecendo?- Mina perguntou
-Plebeus reclamões - Ele disse, limpando o sangue das mãos e colocando a cabeça pra fora.
- TEMOS QUE IR RÁPIDO PRO HOSPITAL! - Ele gritou para o cocheiro. - ELA TA PERDENDO MUITO SANGUE!
-TEM MUITA CARRUAGEM PARADA NA NOSSA FRENTE! - ele gritou
- DA A VOLTA! - Ele respondeu.
A carruagem de movimentou virando. Minha olhou em volta. Ela parou de repente e ouve o som de algo caindo. Mina se levantou e olhou. Outra carruagem havia batido neles. Havia cavalos no chão junto de seus montadores, lixo pegando fogo, e plebeus gritando com raiva. Ela foi até o outro lado da carruagem olhando a situação, e vendo as pessoas derrubando lixo na entrada da rua que eles iriam virar e colocando fogo.
Eri piscou lentamente lembrando do campo, do quintal… dos animais, do pato dela… do quarto dela..
-C..a..a-sa.. - ela soltou, sorrindo de lado, lembrando da brisa do campo, do ar, do cheiro da tinta de Eijirou.. dele a ensinando a andar de cavalo… Dela correndo com o cavalo pelos campos verdes, vendo as montanhas ao longe.
Do lado de fora as pessoas gritavam “ Queremos pão!” Cartazes estavam estendidos com desenhos que mostravam o rei e a rainha mortos.
Mina se apavorou.
-Nos precisamos ir até um hospital! - Ela disse ao policial.
O homem a olhou.
-Não vai dar tempo…
[......]
09:25 da manhã.
-E como você está se sentindo? - Celeste perguntou a Bakugou. Os dois estavam sentados no jardim, aproveitando a brisa da manhã.
- Cansado por conta da noite, mas tá tudo bem. - Ela acenou um sim.
-Não está passando nenhum estresse não né?- Ele acenou um não. Celeste sorriu sem graça. Ela não era tão próxima assim e Bakugou. Ela o ensinou muita coisa, mas depois daqueles dois anos que Eijirou ficou fora, ela temia parecer intrometida perguntando tanta coisa sobre a gravidez. Mesmo que ela soubesse que estava apenas preocupada.
- Vai ficar tudo bem. Eu vou conversar com Aizawa, ele pode me dar mais tempo de descanso com a desculpa que eu tenho que uma caralhada de coisa pro casamento, eu vou descansar e vai ficar tudo bem. - Ela ascendeu um sim.
- Eijirou está demorando. - Ela olhou para o fundo do jardim, onde o filho estava podando algumas flores. Ele gostava de ficar em contato com a natureza, então as vezes pegava o trabalho do jardineiro.
- Vai voltar todo sujo de terra. - Bakugou resmungou, pegando a xícara de chá.
Celeste sorriu. Era engraçado o jeito todo bruto de Bakugou e o jeito sereno de Eijirou. Combinava perfeitamente. Ela estava feliz que o filho tinha encontrado seu par, encontrado seu ômega e sua felicidade, assim como ela encontrou. Seu coração doeu ao lembrar da esposa, mas ela sacudiu a cabeça.
-Disse a Eri os sabores dos doces? - Ela perguntou.
-Sim, eu passei uma lista para ela. Eu comi alguns desses doces chiques de rico nos concertos e no palácio, assim é pequeno pra porra, mas é gostoso, então achoqnue vai ser eles, e o Eijirou concordou.
Ela acenou um sim.
-Daqui a pouco ela deve chegar com o orçamento então.
[......]
09:37 da manhã.
Mina segurava a mão da menina apreensiva. Estavam só as duas na carruagem naquele momento. Os gritos e o barulho continuavam alto do lado de fora. Eles tinham conseguido andar mais um pouco pela rua, se aproximando do bairro que os Kirishima moravam, mas então pararam completamente depois.
Eri estava com os olhos fechados agora, parecia que dormia.
-Eri.. Eri, aguenta.. só mais um pouco… - Ela sussurrou para a menina, apertando a mão dela. O coração dela estava acelerado. Merda! Merda!
-A gente tá perto de casa, pertinho… aguenta, aguenta… h-houve a minha voz.. - Ela passou a mão pelo cabelo da menina que estava na testa…
Os minutos passavam, passavam e nada do homem chegar…
Ela olhava em volta assustada, com medo que as pessoas começassem a atacar a carruagem da polícia. Várias carruagens de pessoas nobres tinham tido seu vidro quebrado.
A porta se abriu e o policial chegou com três capas.
-Rapido, me ajuda a tirar o vestido dela. - Mina acenou um sim. A parte de cima do vestido de Eri tinha sido rasgado pelo homem para fazer o enfaixamento e conter o sangue. Mina se pôs a trabalhar rápido, puxando a saia dela. Ele ajudou a puxar a armação de ferro.
Era perigoso sair naquela multidão com roupas nobres. Iriam ser assaltados. E isso com certeza não seria uma boa opção, quando eles precisavam passar rápido com a menina por eles.
-Toma, veste enquanto eu visto ela. - Ele entregou uma capa para Mina, enquanto colocava a sua própria.
Mina se virou e começou a tirar sua saia e sua armação do vestido. Pegou a capa e vestiu. Era longa e cobria duas roupas nobres.
Ela se virou e se deparou com o homem com uma cara de frustração. Ela olhou Eri no chão, vendo os lábios dela ficando roxo.
-Eri… - Ela se abaixou perto da menina, segurando a mão dela.
Fria.
-Eri… Eri… não, a gente tá indo pro-pro hospital… - Ela segurou então o pulso da menina.
Sem pulsação.
[.....]
9:58 da manhã
Eijirou estava concentrado em suas flores, tentando ignorar por hora a decepção que estava sentindo. Kyoka tinha o traído? Ela… ela passava informações para os Todoroki. Era uma bela facada nas costas.
-SENHORA KIRISHIMA! - Um dos guardas que vigiava o fundo do quintal e o portão de lá apareceu, com Mina ao seu lado. O coração de Eijirou se apertou. Ela vestia uma capa, sua cara estava com expressão de choro e as mãos dela estavam um pouco sujas de sangue.
Ele se aproximou sem pensar, sentindo uma ansiedade lhe subir. Um sentimento ruim.
-A Eri... - Mina disse pra ele, correndo e o abraçou chorando.
Ele olhou alem do guarda, vendo um policial segurando um… corpo?
-Nao deu tempo… el-ela perdeu tanto sa-sangue…kir-kiri… eu sinto muito. - Mina dizia no ombro dele. Ele travou. O corpo era Eri.
As lágrimas pingaram sem ele perceber. Ela…
Ele saiu do abraço de mina em um impulso e olhou para trás, vendo Bakugou e Celeste se aproximarem. Olhou novamente o corpo de Eri… e então Bakugou.
Ele se virou bruscamente não pensando de direito e indo rapidamente em direção a Bakugou.
-Vem… - Ele segurou o braço do loiro e puxou pra dentro da casa.
Não. Não. Ele ia proteger os dois dessa vez. Bakugou não ia ver um corpo, não ia desmaiar, não ia perder o bebê deles. Não. Não!
-Eijirou porra! -Bakugiu protestou sentindo a força com que Eijirou segurava o braço dele. - ME SOLTA INFERNO! - Ele gritou.
Oque… o que caralhos estava acontecendo? O'Que tinha dado em Eijirou? Ele não tinha o direito de agarrá-lo à força assim.
Eijirou não ouvia direito os protestos dele, sua mente tinha se entorpecido. Seu alfa gritava que ele precisava evitar que Bakugou visse aquilo.
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Perdão gente, perdaaaao!
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