26- e volto pra você.


  Eu não sei lidar com o que eu fiz... Mesmo sendo clichê.

Vamos ver os lados ruins de uma revolução né?
ಥ‿ಥ

Sim, estou chorando por causa do fim desse cap. Me odeio por isso, mas é nescessário. É irrealista pensar em algo como uma revolução e trazer apenas felicidades.

AUTHORS' LIVES MATTER ok?

Tudo é questão de ponto de vista. Do seu ponto de vista, Kirishima entendia agora.

Enquanto, a quase dois anos atrás, ele estava aproveitando seus meses de verão com Katsuki, comendo morangos e pintando, pessoas passavam fome, uma revolução se movia, as engrenagens começavam a girar rumo ao novo e desconhecido.

Ele, em sua fazenda, descobrindo o amor, não percebeu, não percebeu que ele e sua família estavam sendo puxados para isso. Agora, as engrenagens começavam a girar mais, o puxando para os negócios e responsabilidades da alta sociedade.

Afastando aqueles pensamentos e momentos sobre o amor. Ele não conseguiu pedir o loiro em casamento, temia que não iria conseguir.

Ele andava ao lado de Todoroki pela mansão, seguindo por onde Bakugou tinha corrido.

— Vai mais devagar, tá fazendo barulho. — Todoroki disse, e Eijirou revirou os olhos.

— Vai embora então, não queria que viesse comigo. — Ele disse, segurando a arma, e caminhando pelo corredor.

— Só vou quando me falar do Izuku.

— Não tenho nada pra falar sobre ele.

— Ele está grávido?

— Porque eu devo te responder isso? — Eijirou virou mais um corredor, apontando a arma, caso alguém aparecesse.

Todoroki suspirou irritado. Ele só queria saber de Izuku, custava tanto assim?

— Eu tô te ajudando, pode me ajudar de volta?

Eijirou bufou, ele estava preocupado demais com Eri e Katsuki pra se preocupar com Todoroki.

— Não me ajuda então. — Ele respondeu. — Não preciso da ajuda de Todorokis. —

Todoroki sentiu o sangue esquentar.

— Dá pra parar? — Ele soltou. — Eu só quero a droga de contato com o meu ômega.

— Até onde eu saiba, Izuku é solteiro e não tem nenhum alfa.

Todoroki segurou a respiração. Ele precisava saber, pra proteger o bebê de Dabi, era sério o assunto. Mas não, Eijirou não ia dizer, porque ele presumia que Shoto era ruim por sua família. Aquilo o irritava.

— Porque você tem que ser assim? Eu to só tentando saber sobre ele, eu tô te perguntando nada sobre suas finanças e nem me importo com elas, como você deve ter suposto.

Eijirou se virou, respirando fundo.

— Eu tenho que ser assim, porque o seu irmão já veio com o mesmo papo e eu quase acabei morto, eu não confio em você e não vou te dar informações.

Todoroki pensou em responder de forma mal educada, xingar o ruivo, como ele merecia. Ele se achava superior por ser o filhinho das mães perfeitas, e isso irritava, ele julgava algo sobre o meio ruivo que não era verdade.

Mas ele não podia ser grosso. Por Izuku… se quisesse conseguir conversar com o esverdeado precisava não irritar o ruivo.

— Não fui eu que mandei alguém pra espiar. — retrucou. — Não tenho o menor interesse em ser como eles, droga, eu só quero saber do Izuku. Ele não envia cartas e nem responde as minhas, porque você não deixa não é?

— E eu deveria? Com todo esse período que o pais tá passando?

— Você nunca ligou pro período do país, para negócios, você passou 85 inteiro fumando maconha no interior e pintando. Você nunca fez grande parte da sociedade, só está fazendo agora porque quer casar, então não venha com essa desculpa pra justificar sua falta de confiança, se se importasse com essas coisas saberia que eu não sou como a minha família.

— E no que me ajudaria saber isso sobre você?

— Ajudaria a não ser um grande de um hipócrita que se acha o certo por suas filosofias e arte. —

— Desde quando você acha que pode falar isso sobre mim, seu merda?

— Desde quando você acha que pode falar que eu sou igual a minha família?

— Desde quando eu tenho motivos e isso não é da sua conta.

— Pelo amor! — Ouviram a voz de Bakugou surgir. — Se for pra brigar briguem direito, se xinguem! — Eijirou olhou, vendo o loiro com sangue até no cabelo, Eri agarrada ao braço dele suja de sangue na região das costas. Ela também estava com os olhos arregalados chorando.

[.....]

O sangue rolou e Eri se assustou, não entendendo de onde tinha vindo. A faca que estava no pescoço dela caiu no no chão e o homem atrás dela cambaleou. Ela não esperou muito, e tirou o braço dele de cima de si, o empurrando para a sacada e saindo pela direita.

Ao passar por ele, ela viu o corte profundo nas costas. Ele cambaleou para frente, e tombou pela sacada caindo longe.

Ela olhou para o loiro que está ali, recém sujo de vermelho. Ela olhou assustada, vendo o facão na mão dele.

Bakugou se aproximou da sacada, observando o homem resmungar de dor lá embaixo.

— Vamo descer e acabar com ele antes que ele grite por reforços. — Bakugou não sabia direito o que fazer, era o segundo cara que ele dava uma facada. Ao mesmo tempo que ele pensava em correr e ir embora dali com Eri para os outros guardas não os pegarem, ele também pensava que se os dois contassem para Dabi, o cara poderia ficar furioso e tentar machucar mais pessoas que Eijirou gostava.

Pensava em dar um fim nos dois, mas aquilo não era um livro onde ele conseguiria simplesmente ser o herói e matar os malfeitores, era a vida real, e se imaginar sendo capaz de matar alguém, assustava.

— El-ele ia me.. — Eri puxou o ar. Assustada demais para raciocinar. Ela queria ir pro seu quarto chorar, ser abraçada por Celeste e acolhida, ou por kiri. Ela queria ir embora dali agora. Ela nunca achou que… um dia isso quase poderia acontecer com ela, era algo inimaginável já que ela estava sempre com seus guardas e família a protegendo.

— Você é uma beta, esperava o que? _ ele respondeu, puxando ela e abraçando por ver o estado de choque dela. — Devia estar armada, você tem sempre que andar armada, se houver uma próxima vez você tem que conseguir resolver sozinha. — Ele já esteve lugar dela antes, ele entendia como era essa sensação de susto, e depois daquilo ele nunca mais largou seu facão, serviu de lição.

— Não é certo… — Ela resmungou, se sentando na cama, Bakugou a acompanhou.

— Não dá pra só fazer o certo, se não você não sobrevive. — Ele acudiu ela, e esperou ela estar melhor, para se levantarem e saírem do quarto. Ainda não sabia o que fazer com os dois caras, precisava falar com Eijirou. Como faria o ruivo subir? Tinha guardas lá em baixo.

Por sorte, quando ia abrir a porta, escutou vozes vindo do outro corredor e era do ruivo e do tal Todoroki.

— Kiri tá aqui? — Eri questionou, fungando e se mantendo agarrada a Katsuki.

— Acho que tá. — Eles saíram do quarto, seguindo as vozes, escutando a discussão que se iniciava.

— Afe, como pode, com guardas para todos os lados eles começam a discutir alto. — Ele resmungou virando um corredor e encontrando os dois.

— Pelo amor! Se for pra brigar, briguem direito! — Eijirou o olhou assustado, e Bakugou imaginou que o motivo era aquele monte de sangue.

— O que… — Ele olhou para o facão que ainda estava na mão de Bakugou, pingando sangue.

— Tentaram abusar de mim e da Eri, me defendi e subi pra ajudar ela, agora me ajuda porque tem dois caras sangrando e eu não faço a mínima ideia do que fazer com eles nesse caralho. — Ele respondeu, sentindo Eri sair do lado dele e ir até Eijirou o abraçando.

— Vocês tão bem? Esse sangue todo é deles, né? — Ele perguntou e Bakugou meneou um sim.— Onde eles tão?

— Um tá amarrado em uma escada caracol, o outro acabou de cair da varanda do quarto no quintal. O que a gente faz, deixa eles viverem? — Bakugou questionou

— Vão falar pro Dabi que foi você. — Ele respondeu.

— Então a gente mata? — Ele perguntou, engolindo o seco. Eijirou puxou o ar, nunca quis machucar ninguém, mas a situação pedia.

— Vamos. — Ele segurou a mão de Eri e eles voltaram a caminhar. Pelos corredores, os quatro. — Onde tá o cara amarrado? —

— Na escada que fica no outro corredor, mas tem um guarda lá, na porta da onde os outros ômegas estão presos. — Informou.

— O Dabi pegou só vocês? — Ele questionou.

— Só a Eri, eu ouvi os guardas dizendo que parece que outra pessoa pediu pra me machucarem. — Bakugou respondeu, olhando de canto a porta o guarda estava. — Como a gente passa? Se atirarmos, os de baixo vão ouvir. — Ele disse.

Eijirou o olhou, vendo uma arma na cintura dele.

— Essa arma que tá com você? — Ele perguntou, pegando ela. — Atirou com ela?

— Sim… porque?

— Ninguém ouviu nada de tiro, olha, ela tá com um silenciador e você nem percebeu. — Ele mostrou um silenciador pequeno e moderno na boca da arma.

— A gente vai matar mais uma pessoa?— Eri perguntou.

— Pior que esse daí não fez nada. — Ele suspirou.

— Você não sabe mesmo lidar com as coisas, não é? — Todoroki questionou. — Vá lá e assuste ele, você é um nobre, só basta ameaçar ele com seu dinheiro que ele deixa a gente passar.

— Eu não sou que nem a sua família.

— E então cogita matar ele do que usar seu poder e dinheiro? Uau, que moralidade.

— Eu meto um tapa nós dois se começarem a brigar. — Bakugou disse. — Inferno, já não basta toda a situação ainda tem que escutar alfa discutindo merda na minha orelha.

Todoroki olhou Bakugou, supressor com os palavrões e as frases, ele tinha mudado em segundos.

Eijirou percebeu o olhar e entendeu que agora Todoroki tinha uma carta na manga, ele podia arruinar Katsuki, depois de presenciar tudo.

— Vou te ensinar como se faz, Kirishima. — Ele disse com deboche, indo de encontro ao guarda.

— É o seguinte, eu sou irmão do seu chefe, e resolvi sair do meio daquela confusão. — Ele disse o guarda o olhou e permaneceu quieto. — Tem família? — O homem acenou um sim — Ótimo, então vice sabe como é trabalhar e querer chegar em casa e apenas descansar longe de toda a falação.

— O que o senhor quer?

— Me leve a uma sala de estar dessa mansão onde eu não possa ouvir toda a comoção lá embaixo.

— Eu na-

— Sim você pode. Meu irmão fez planos de se unir a mim, mas insubordinados como você não devem saber disso com antecedência, por isso não está me tratando corretamente. Me leve a um lugar para descansar agora, se não eu juro que você será demitido e sua família vai passar fome durante essa linda época da França. — Sorriu sínico e o guarda o olhou assustado. — Agora, merda.

[.....]

Celeste olhava pro papel, a pena em sua mão.

Dabi a olhava, sorrindo de orelha a orelha, todos tinham assinado o acordo, o acordo de nobres a favor da revolução.

— Vamos, diremos à população que vocês são uma família que queria o acesso à educação e arte para todos, no futuro, poderão até mesmo ter uma estátua, quem sabe. — Dabi debochou, bebendo seu vinho.

Celeste hesitou. Ela e Enya costumavam sempre tomar as decisões juntas depois de analisarem gráficos e fazerem a contabilidade de tudo. Ela odiava tomar uma decisão sem a esposa, foi assim que aconteceu da última vez.

Mas ela não tinha escolha e acabou assinando o papel, se juntando a aliança para ir contra a coroa francesa.

O que viria a seguir? Se a revolução não ocorresse Dabi podia jogar a culpa nela e em Enya de traição, elas seriam presas pela coroa. E se acontecesse? O que Dabi armaria para fazer mal a ela e sua família?

[....]

O homem que Katsuki tinha amarrado já havia morrido quando desceram a escada, o outro também tinha morrido, e por um segundo, Bakugou ficou imóvel enquanto Eijirou arrastava o último homem para a mata que tinha atrás da mansão.

Eri segurava uma pá, cavando um buraco na terra enquanto chorava.

Tudo pareceu aéreo enquanto eles faziam o que tinham que fazer, Bakugou ajudou a menina no automático a abrir o buraco. Eles tinham pegado pás que estavam lá na escada em caracol.

— Vamos dizer que eles pegaram vocês e que os machucaram, ok? Vocês dois foram acertados com uma faca, isso vai explicar o sangue e… depois eu cheguei, salvei vocês e coloquei em uma carruagem, nunca vão precisar saber disso. — Eijirou dizia, e Bakugou concordava com a cabeça, lançando terra em cima dos dois homens.

Depois disso tudo, Eijirou conseguiu sair de lá com os dois, avistando os guardas que estavam disfarçados.

— Senhor Eijirou? — Um deles questionou, se aproximando de Eijirou.

— Leve eles até a carruagem e mande ir pra casa das minhas mães, chame outra em seguida. — Ele instruiu.

— Você vai ficar? — Bakugou questionou.

— Vou, ainda tem coisas a serem resolvidas, vou segurar as pontas. — Ele disse, abraçando o ômega. Ele via nos olhos de Bakugou a culpa de ter matado alguém, não o remorso, mas a culpa que aquilo de certo modo carregava.

Ele fez algo que nunca achou que faria, queria fugir, mas ali estava ele, coberto de sangue e terra.

— Aqui. — Eijirou se soltou do abraço e tirou seu paletó que estava sujo e entregou ao guarda. Sua calça estava suja de terra, mas não de sangue, nem a camisa social de dentro, apenas o paletó.

— Avise a Kyoka para preparar um chá para os dois e atender o que quer que eles peçam. — Instruiu novamente o guarda.

— Vocês voltam pra casa, né? — Eri perguntou.

— A gente volta sim, daqui a pouco, apenas vá pra casa e durma, você precisa.

E assim os dois seguiram o guarda e foram até onde a carruagem estava.

Eijirou ficou sozinho por um tempo ali do lado de fora, a lua iluminado. Olhou na direção das árvores e se arrepiou.

Ele tinha mesmo enterrado pessoas de forma ilegal? Eram estupradores, segundo o que Bakugou disse, nenhum dos dois parecia estar sendo forçado a fazer aquilo, pareciam estar contentes com o ato.

Sacudiu a cabeça e limpou o suor. Precisava voltar lá para dentro, pro mundo de negócios e alianças.

[....]

Celeste entrou na carruagem, acompanhada do filho, assim como todas as outras pessoas da festa. Ela estava nervosa, e olhava para o filho.

— Não deve se casar. — Ela disparou, e Eijirou a olhou. — Dabi vai nos trair quando a bomba estourar, essa aliança não é de verdade para nós. E agora ele está mais próximo do que nunca da nossa família. — Ela pegou um cigarro e acendeu.

— … o Bakugou já tem um inimigo aparentemente, não precisa de outro. — Ele disse, se recordando que outro nobre mandou que abusassem do loiro.

— Eijirou, a situação é séria agora, espere ate a revolução. Vamos usar o dinheiro que você guardou para o casamento para podermos abrir outra galeria na Itália. Em dois anos teremos mais um negócio e fonte de renda. Vamos ter também que pegar da poupança de estudos da Eri pra investir. — Ela disse. — Também temos que contratar mais guardas para a nossa segurança.

— O que eu faço para ajudar? — Perguntou.

— Não engravide ninguém, em primeiro lugar, não se envolva em nenhum escândalo e… acredito que vou precisar de você mais tempo na cidade e em viagens, para fazer investimento em outros países pra mim.

— Vamos sair da França se a revolução ocorrer?

— Nossos negócios na Inglaterra estão bons, mas parece que o Enji está tentando derruba-los, o Dabi pode acabar com o nosso aqui na França, então precisamos investir secretamente em um outro país e guardar dinheiro, se ficar lá sem nada nós podemos apenas ir para lá e ficaremos bem, eu espero.

Eijirou levou a mão até o paletó que estava na carruagem, e tirou do bolso dele a caixinha com o anel de diamantes que tinha comprado.

Dabi estragou completamente aquilo que ele estava planejando.

[....]

Bakugou estava no quarto de Eijirou, sentado na cama, com o abajur aceso, esperando ansiosamente por ele.

A porta então se abriu e Bakugou vi o ruivo entrar, já tirando os sapatos, com um caixinha na mão.

Não deu certo o pedido, e Bakugou sentia que as coisas iriam mudar de um jeito ruim.

— Você tá bem? — Eles perguntaram juntos, se olhando. Ambos acenaram um sim.

— Como foi lá? O cara fez mais alguma ameaça? — Perguntou, se levantando da cama. Eijirou balançou um não, tirando a roupa.

— Não, fechamos uma aliança com ele… — Ele disse, suspirando. — Suki… a gente precisa conversar, sobre a gente, as coisas vão mudar. — Ele só de cueca se sentou na cama, e Bakugou se sentou ao seu lado.

— Me explica quem é esse Dabi primeiro, qual a história toda. Porque o Todoroki disse que você fumava? O que aconteceu nesse caralho?

Eijirou sentiu um amargor no peito.

— Fiz merda. — Confessou. — Eu sei que o Dabi faz as próprias escolhas, mas me sinto parcialmente culpado. — Respirou fundo, vendo as íris vermelhas de Bakugou o olhando numa mistura de apoio e seriedade.

Só a luz amarela do abajur os iluminava, e Eijirou decidiu contar a história.

— Dabi nunca se deu bem com o Einji, acredito que pelo nascimento de Shoto. Dabi é beta e foi um bebê frágil até onde sei e por ser o primogênito isso desapontou o pai. Conheci ele na faculdade, éramos jovens, ele estava fazendo escondido do pai. Me ofereceu seus cigarros e bebidas e eu aceitei. Tínhamos ideias juntos, e foi uma amizade boa até os 21 anos. Ele foi expulso de casa e eu abri a minha pra ele, mas ele era libertino e confundia a falta de conservadorismo com baderna. Trazia o bordel inteiro, bebia, fumava, e chegou um ponto onde ele passava um dia inteiro chorando e outro revoltado. Um dia ele surtou, gritou que eu tinha culpa, que eu tinha levado ele às reuniões de artistas e entre outros e isso fez ele ser expulso e odiado, que isso fez ele não conseguir produzir nada, que ele não tinha dinheiro, família, nem nossos antigos amigos. Pegou uma arma e apontou pra mim, minha mãe então bateu nas bolas dele com força e os guardas o choraram na rua com as coisas dele e as moedas que ele tinha. Ele sumiu, e voltou agora, uns… 5 anos depois. —

Bakugou o olhou.

— Meu apelido de pintor lunático estava certo então. — Ele soltou e Eijirou riu.

— Nunca me viciei, mas minhas mães ainda sim pagaram médicos pra mim e fizeram as pessoas ficarem quietas sobre esse assunto.

— Elas protegem mesmo o negócio de vocês.

— É, protegem, eu não as culpo, mas… é complicado, sei que elas queiram ter tido mais filhos. — Ele se jogou na cama.

— Elas nunca adotaram? —

— Não, a família da minha mãe Celeste é conservadora, se ela adotasse uma criança ela estaria morta pra eles, acho que foi por isso, não sei. — Bakugou se deitou ao lado dele.

— Porque se sente culpado pelo Dabi? Não foi você quem expulsou ele.

— Mas quis salvar. Acho que eu achei que era um herói, que eu iria fazer ele mudar a mente e o psicológico se mostrasse ele a ciência, se apoiasse o vício dele. Eu me lembro de dizer que "Você só tá assim com isso por causa do seu pai, se ele não tivesse te prendido tanto você não estaria assim. Aproveita enquanto ele não está perto." E ele bebia, bebia, dizia que era a única coisa que fazia ele não se sentir um bosta. Acho que fui hipócrita, porque disse pra ele que tava tudo bem em ir contra as boas maneiras impostas, que ela eram antiquadas, que as coisas tinham que mudar, quando na verdade eu nunca mesmo fui contra elas e sempre fiz o que minhas mães me instruíam e me ensinavam pra ser aceito.

— Você fez merda

Doeu ouvir Bakugou dizer aquilo. Principalmente porque ele estava indo fazer outra.

— É, eu sei.

— Mas todo mundo faz merda, porra, somos adultos, adultos entendem que as pessoas, principalmente adolescentes em época de faculdade falam merda e fazem merda. Esse Dabi não amadureceu, se não ele não estaria com essa pirraça com vocês.

— Pirraça?

— É, pirraça, brincadeira, ele fica indo e voltando, querendo assustar. Deve tá querendo mostrar superioridade ou algo assim, como uma criança que quer ser melhor que a outra. — Houve silêncio por minutos.

— Quando era camponês, você fazia algo assim? Merda, pra sobreviver?

— Eu roubei morangos Eijirou, morangos pra pagar passagem de carruagem — Ele disse, e riu um pouco disso. — Sim, eu fugi de casa como eu te disse, e acabei grávido. Eu já vendi meu corpo, já roubei comida, já até mesmo entrei em um orfanato e comi um pedaço de pão escondido. A verdade, é que não tem como ser 100% certo o tempo todo, a gente tem que sobreviver a… tudo isso que tá acontecendo. Mesmo que envolva… matar.

— Você não teve culpa, suki. — Eijirou segurou a mão dele. — Ele perdeu sangue, porque tentou encostar em você e só isso.

— E se ele tivesse uma família? Mesmo sendo um abusador ele podia ser casado. E você sabe como as coisa são o parceiro dele não deve ter renda própria, não vai conseguir se casar de novo, e se tiver crianças a coisa piora. —

Novamente, silêncio e Eijirou segurou a mão de Bakugou. Estavam ali, só contando como já foram pessoas ruins, apenas desabafando.

O coração de Eijirou parecia um chumbo no peito, se tão pesado, e ele tinha um nó na garganta. Ele não queria falar sobre aquilo.

— Não dá pra ser 100% certo… — Ele repetiu a frase, apertando mais a mão do omega. — Suki… Sobre nós…

Se olharam nos olhos, profundamente.

— Fala

— … Talvez seja melhor acabar, ou, ter um tempo. — As lágrimas pingaram em ambos os olhos.

— Hã?

— … A gente não pode casar, o dinheiro não vai mais dar, o-o Dabi vai querer t-te machucar e você já tem um inimigo, eu não quero isso pra você… e… — Ele começou a se embolar, e a soluçar.

— A gente casa de forma simples, inferno! — Bakugou disse, se levantando e se sentando.

— Não posso! Se a revolução acontecer eu perder meus negócios você vai ser levado junto, eu não quero arruinar seu futuro.

— Que se foda a revolução! — Ele Exclamou, limpando as lágrimas. — Ainda tem dois anos pra essa porra acontecer né? A gente fica junto, e quando chegar lá a gente vê o que faz, porra! Não pode ficar comigo até lá? Disse que isso era sério! — Sim, Bakugou se sentiu irritado com aquilo.

Eijirou se levantou.

— Isso é sério! Eu te amo, eu juro, você é a minha inspiração É uma coisa tão grande que eu sinto por você que nem sei explicar! Mas é o melhor… eu não posso ficar esses dois anos com você, eu vou ficar viajando pela Europa. Se nós casarmos, eu seria um marido ausente e você enfrentaria ainda mais problemas na nobreza, depois viria a Revolução e poderia ferrar com tudo suki. Tudo o que eu sinto por você é sério, eu juro. E justamente por te amar eu tô sugerindo isso, não quero que se case, fique preso, e ausente, sei que não iria querer viajar comigo pois isso te impediria de continuar sua carreira e seu dinheiro próprio, e se continuarmos a sermos namorados, só vou estar te prendendo por anos. — Bakugou encarou os olhos dele, vendo o quanto ele chorava. — Você entende?

Ele entendia. Ele não queria se casar para não ter marido, abandonar sua carreira era algo impensável. E imaginava que ficar longe por dois anos seria complicado. Eles teriam huts e cios, e não teriam um ao outro. Ele entendia o que Eijirou queria dizer, mas estava revoltado com o rumo das coisas.

— Se for pra ser, vai ser. Seu anel de aliança continua comigo. Eu vou dar o meu melhor e resolver as finanças, a revolução acontece, e aí, mesmo que o Dabi ataque ou os Todorokis, nós teremos dinheiro e ficaremos bem, e então, nos casamos sem dor de cabeça, e sem nenhum de nós dois ter passado dois anos de angústia. — Ele soltava as palavras, queria mostrar que a decisão não era nenhum pouco por falta de amor. Não era isso. Queria explicar, tanto pro loiro quanto pra si mesmo que tinha que tomar aquela decisão.

— Eu entendo… porra. — Ele Fungou, e seu olhar ficou mais sério. Katsuki se lembrou de tudo o que passou na vida, aquilo não era nada. Não era nada. Não doía tanto, não doía tanto. Ele não ia chorar e espernear porque um relacionamento não saiu como ele queria. Ele não ia. Não ia. Não ia doer como doía. Não ia doer. Não ia doer.

Ele não é mais aquele menino de 13 anos assustado precisando fingir ser raivoso e assustador. Ele é o Katsuki de 23, que é raivoso e assustador, o Katsuki que mesmo estando tendo um relacionamento rompido não passaria necessidades pois tinha seu próprio dinheiro.

Porque esses pensamentos não faziam parar de doer?

Eijirou percebeu a respiração desacelera e como o loiro olhava para um ponto específico no chão, chorando. E então ele abraçou o loiro, mesmo estando aos cacos.

Por minutos, eles ficaram ali chorando no escuro.

Era possível sentir saudade de algo que ainda sim nem foi embora?

— Eu te amo… — Bakugou soltou, necessitado de dizer aquilo. — Eu te amo merda, te amo demais pra isso não doer. — Eijirou o abraçou mais forte. Doía cada vez mais.

— Eu também te amo suki… te amo, te amo. —

Mais minutos se passaram, até o choro ir diminuindo.

— Quando você viaja? — Perguntou, olhando pro alfa novamente.

— Na próxima semana, em 6, 7, 8 dias… — Respondeu, e Bakugou mordeu o lábio.

— Volta vivo, inferno, se não eu te bato. — Eijirou riu, encostando sua testa na dele.

— Eu volto, e volto pra você.




••••••••••

Já ouviram aquela música, "Atlantis"?
"So high above, I feel it coming down
She said, in my heart and in my head
Tell me why this has to end
Oh, no, oh, no "

"Tão alto, sinto que estão caindo
Ela disse, no meu coração e na minha cabeça
Me diga por que isso tem que acabar
Oh, não
Oh, não"

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