18- Viver
Caro leitor, porquê você vive?
O que é viver pra você? Qual o sentido de continuar vivendo? Você tem um porquê? Um objetivo?
Quando Bakugou abriu os olhos, percebeu estar na cama de novo, ouvindo barulhos e conversas exaltadas em volta e um choro.
" o alfa tá chorando. " Seu ômega disse. " Porque a gente não consegue ter um bebê… o que vai ser da gente? A gente precisa dar um bebê pra ele. "
Ele tinha perdido, conseguia sentir no seu corpo que não tinha mais bebê ali e sentiu uma dor no peito e vontade de chorar.
"era um bebezinho tão pequeno, sem culpa de nada e agora morreu." Seu ômega choramingou e ele concordou
— Eu sabia que ia ser assim.. — Resmungou para si mesmo deixando lágrimas pingarem, se virou na cama, abraçando o travesseiro que Eijirou dormia.
Agora, mais acordado, ele ouvia melhor a conversa.
— Foi irresponsável não contar! — Ele ouviu Celeste dizer. — Eijirou, a primeira coisa a ser feita era ter chamado um médico, a gente comeu coisas no almoço que grávidos não podem! —
— Eu não preciso saber como eu falhei! — Ele disse, com voz de choro.
— Precisa ou vai repetir! — Ela disse.
— Celeste, chega! — Ouviu Enya. — Eu sei que tá chateada, mas não esqueça das vezes que nós duas passamos por isso.— A alfa pareceu se calar. — Me da a caixa Eijirou, vai lá ficar com o Katsuki. — Ela disse, terna, um pequeno momento de silêncio reinou, e Katsuki supor ser um abraço.
Se lembrou de Mitsuki… ela estaria fazendo comida pra ele naquele momento, suas palavras soariam doces, ela o daria um colo e falaria sobre ser forte e se erguer. Mas ela não estava ali, ele não tinha nenhuma família, e quando ele ia ter… ele não quis.
Devia ser karma por ele não ter amado o bebê de cara, agora vai ver Eijirou triste. Mas… ele não fez de propósito, ele estava assustado e com mil coisas na mente.
A porta do quarto se abriu e ele sentiu o aroma triste do alfa, e começou a chorar sentindo até o nariz escorrer.
Eijirou caminhou até ele em silêncio se sentando e colocando as costas nas cabeceiras vendo o ômega virado de costas pra ele chorando.
O aroma ficou pesado, só os dois ali, sentindo aquela merda amarga no coração.
— E-eu ia tentar… ter… s-se o cara fosse embora… — Ele confessou chorando, abraçando mais o travesseiro.
— Desculpa… — Eijirou disse, olhando o omega e levando a mão até os cabelos dele, fazendo carinho e Suspirou.
— A culpa é minha… não sua. — Ele disse. — Eu que pensei em tirar e-e… continuei fazendo as coisas normalmente e… —
— Não… — Eijirou disse, levando a mão até o ombro do outro. — Olha pra mim... — O ômega virou, vendo o rosto dele vermelho.
" tá vendo… a gente ia deixar ele feliz com o bebê, ele é um alfa tão bom, não merecia isso da gente." O ômega de Bakugou choramingou, e Bakugou cedeu ao pensamento, desabando em choro.
Eijirou o abraçou, num instinto de alfa mesmo, o puxou e o abraçou, e por um momento ambos deixaram os lados primitivos agirem.
O alfa, o abraçando e tentando proteger e cuidar, mas sempre com cuidado, até mesmo o alfa de Eijirou prezava pra sempre ser delicado quando o ômega estivesse triste.
E o ômega chorando, pedindo desculpas e sentindo uma necessidade de proteção. Foi a primeira vez que eles compartilharam algo assim, nunca tiveram isso antes, só no sexo, mas não em um momento tão mais… íntimo mesmo.
Era sobre a vida que eles tinham feito, sobre um ser, isso era mil vezes mais profundo e íntimo do que sexo.
Depois de minutos, os instintos se acalmaram, entraram em sincronia pela dor que eles compartilharam, com um só.
Os feromônios, começaram a ficar mais leves e dolorosos, menos densos.
— Você é perfeito, ômega. — Eijirou disse, na verdade, seu lado alfa que ele deixou falar aquilo.
— Você também, alfa… — Respondeu.
— Nada disso foi culpa sua… só de pensar em continuar, já te faz forte, eu não sei a dor que você sentiu antes… mas você superou, e vai superar de novo, e eu tô aqui agora. — Eijirou disse, tomando o controle do corpo enquanto fazia carinho no cabelo de Bakugou que continuava abraçado a ele.
— Você também tá sofrendo…
— Eu tô, eu realmente amei a ideia, mas talvez só não seja a hora ainda. — Ele disse. — Nós fizemos uma vida, apesar de tudo. —
— Que morreu.
— É… e isso é triste, muito triste, mas não é algo que a gente controle, não tinha como saber que logo de manhã ia ter um menino baleado na casa… não foi culpa sua, se a culpa cabe a alguém, é ao Dabi. — Ele disse.
Eijirou percebeu uma coisa, ao estar ali abraçado com o ômega, o consolando passando por um momento difícil, sentindo dor e amor, ele estava no auge de viver.
Viver
Ele sempre disse que viver era ir fundo na dor e voltar, mas agora, com a perda de um filho, ele realmente sentiu o fundo da dor, e ao sentir amor pelo ômega, ele sentia o impulso para sair de lá.
Viver
Viver para ver um próximo dia ao lado de quem ainda está aqui.
Viver para sentir, viver para amar e saber dar valor.
Viver...
[....]
Kyoka entregou o doce na mão de Bakugou, já era o outro dia e ele finalmente conseguiu se mexer melhor. Ele sangrou de novo depois e um médico veio para tirar o início de placenta que ele tinha.
Eijirou disse que não queria jogar o feto fora, era pequenino, mas já tinha quase três meses, pois aparentemente, ele tinha engravidado no campo de girassóis, mesmo tomando o chá, às vezes acontece, não é uma medida 100%, ela apenas ajuda. O médico também olhou o útero dele, dentro das medidas que a medicina ainda conseguia, ele disse, que o tamanho era normal e parecia normal ao ver dele, talvez o problema fosse algo mais profundo, mas isso ele não conseguia ver.
Eles enterraram o bebe numa caixinha pequena, em uma floresta, não queriam que Dabi os visse num cemitério, a pequena caixa estava aos pés de uma árvore grande e imponente. Bakugou não participou por estar com dor nas partes de baixo por causa do atendimento médico.
— Consegue comer hoje? — Kyoka perguntou, com a voz doce.
Bakugou acenou um sim, levando uma colher do doce à boca, sem muita vontade.
— Eu sinto muito… — Ela disse, de modo sincero. Bakugou apenas acenou um sim.
— Kyoka, pode nos dar licença? — Enya chegou, com sua voz angelical, assim como a sua imagem. A empregada acenou um sim e saiu do quarto, Bakugou a olhou.
Ela ia dizer que a culpa era dele, que deveriam ter contado pra elas, que deveriam ter tomado cuidado e…
— Eu sei como é… — Ela começou, sorrindo triste pra ele. — E isso não é culpa sua, mesmo que de início você não queria. —
Bakugou a olhou, sentindo as lágrimas voltarem nos olhos. Ela o olhou compreensiva, ela se lembrava de como era, a dor física, a dor emocional.
— O nosso corpo é um templo, sei que você sabe disso, mas não quer dizer que seja perfeito, as vezes o problema pode ser até no Eijirou, ou simplesmente pelo choque que você sofreu de manhã, mas não é culpa sua. —
— Mas eu não queria… —
— Porque tava com medo né? Eu não sei o seu passado, mas não querer ter um bebê pensando no bem estar dele é uma atitude nobre, mil vezes mais nobre do que as pessoas que tem por causa de outras pessoas e não cuidam. — Ela se aproximou, encostando na no cabelo dele, vendo ele chorar. — Um filho, é algo muito importante, e nunca deve ser imposto a nós ou vir em momentos errados, se não aconteceu, a culpa não é sua, não era o momento ainda, mas um dia esse momento vai chegar, se você quiser e desejar. — Ela disse tão terna que Bakugou sentiu vontade de abraçá-la
— Obrigado… — Ele disse, enxugando as lágrimas.
— Você tem um coração forte e bom, gosto muito de você. —
— Obrigado… — Ele sorriu compreensivamente. Entendia a dor, mas sabia que não tinha como ela ajudar mais, então se retirou.
[.... ]
— HAHAHAHA — Dabi ria freneticamente de dentro da carruagem. Seus olhos observavam pela fresta uma mulher de cabelos pretos escorridos. — Você tinha que escutar os gritos, Shigaraki, a menina desesperada pegando o namoradinho no colo.
O acinzentado o olhou, coçando o pescoço.
— E você fez isso e vai sumir? —
— Por alguns meses, qual a graça de fazer tudo de uma vez, daqui alguns meses eu volto, machuco outra pessoa, e outra e outra… até não sobrar ninguém. — Ele dizia.
— Deixe-me adivinhar, vai pedir pra puta da Momo colocar alguém pra espiar.—
— Exato. Agora, pegue ela por favor. — Ele disse, e a carruagem parou. Shigaraki abriu a porta e em uma ação rápida puxou a mulher pra dentro sem dar tempo de pensar. Segurou sua garganta com uma mão e os braços com outra.
Ela olhou atordoada para eles.
— Sabia… que viria atrás de mim, seu pedaço de merda. — ela soltou, cuspindo imediatamente na cara de Dabi que estava de frente pra ela.
— Momo… não tem medo da morte? — Perguntou, limpando o cuspe e sorrindo.
— Você nunca ousaria isso, sabe que meu pai acaba com você, então é melhor me soltar agora mesmo. — Ela ameaçou.
— Estou mais forte.—
— Ah claro, você subornou uns guardas do seu pai, tem uns 50 homens e um pouco de dinheiro, grande merda. O meu pai tem um império, apoio real, apoio da esquerda e da direita, ele pode te atacar de qualquer lado com a porra de um canhão. — Ela disse, sorrindo debochada. Dabi fechou os olhos em desagrado, ela tinha razão. Nada poderia derrubar ela ou a família. Eles tinham apoio da realeza e do povo ao mesmo tempo.
— E se eu te oferecer um acordo eu tenho…
— Pessoas? Deixe-me adivinhar, você tem armas, drogas e ômegas pra vender. Acontece, que eu não sou uma filha da puta a esse nível, tudo que eu faço é limpo, mon chéri, e não vou mudar isso, então pega sua proposta e enfia bem fundo no seu cu, beta de merda. — ela disse, e cuspiu de novo nele, com desdém.
Dabi a olhou, irritado com a audácia.
— Sabe momo… seria uma pena se um dia algo cortasse esse seu pescoço. — Ele disse, acenando com a cabeça pra Shigaraki que a soltou. — Some da minha frente.
— É melhor se esconder, eu não sou qualquer uma. — ela disse, antes de sair.
— Quais as chances de termos mais homens do que a família dela? — O acinzentado perguntou.
— Poucas, não vamos pensar nela agora, vamos focar no meu pai, daqui uns meses é ele quem vai sofrer.
A vida de Dabi se baseava naquilo agora.
Viver para se vingar.
Viver
Viver
Ao contrário do que o pai dele queria.
[....]
1 mês depois
O tempo começou a passar, sem sinal de Dabi. Eijirou e Bakugou se recuperaram da situação, dessa vez mais unidos e conectados. O alfa e o ômega entraram em sintonia, mesmo sem uma marca ou casamento, estavam bem e satisfeitos com a situação atual.
Um novo apartamento foi achado, Mina também se mudaria pra ele, e dessa vez seriam vizinhos de porta. Estavam organizando as coisas no novo apartamento.
— Hummm, aqui tem mais verde. — Eijirou disse olhando as árvores pela janela, sendo balançadas ao bel prazer do vento.
— Lá vai você cheirar mato igual um drogado. — Bakugou resmungou, colocando água no potinho pro gato. — Vamo, vem ajudar. — Ele disse, abrindo a caixa e as outras coisas. Seus móveis, suas panelas, suas xícaras caras, tudo queimado. Merda viu.
Pelo menos uma cama ele conseguiu, Eijirou deu a cama de um quarto de visitas que não era usado. Os armários vieram na casa, e eles estavam colocando os copos e pratos. Bakugou levou os mais caros, além das roupas, livros e alguns enfeites.
Se ele pegasse esse Dabi na rua, ele descia a porrada por isso. Melhor, descia o facão.
Eijirou se juntou a ele e começaram a tirar os copos e a limpar eles com um pano antes de colocar no armário. Eles fizeram tudo em silêncio, um silêncio, gostoso até. Se sentiam bem mais… conectados e inseparáveis do que antes.
Depois de ajeitar tudo na parte da cozinha, eles pegaram um livro e se sentaram nas almofadas que tinha na sala, indo ler. Eijirou estava deitado, com a cabeça na barriga de Bakugou, lendo um livro sobre vampiros e etc, enquanto o loiro lia seu novo volume de piano, concentrado enquanto uma das mãos fazia carinho nos cabelos do alfa.
Em certo momento, Eijirou suspirou e largou o livro, se virou de barriga pra baixo, escorando o queixo na barriga de Bakugou e o olhando.
Ele sentia mais necessidade de olhar pro loiro agora, seu alfa e todas as suas células pediam. Ele se lembrava da sensação de estar abraçado com o loiro, entrando em sincronia, entendendo perfeitamente os sentimentos do outro. Compartilharam da mesma dor, como um só, foi doloroso mas… intenso estar conectado com ele e sentir acolhido num momento como aquele. Ele nunca tinha perdido um filho antes, e doeu muito.
Bakugou tirou os olhos do livro e encarou o alfa, enquanto ainda lhe oferecia carinho nos cabelos, percebendo os feromônios calmos e pouco tristes.
Sem dizer nada, ele abaixou o livro e encarou os olhos do outro, enquanto ele encarava de volta e sorria apaixonado. Estava acontecendo de novo, estavam se conectando de novo. Seu ômega interno se sentiu cheio de amor, enquanto fitava aqueles olhos, repletos de amor. " É ele, não tem outro, é ele."
"É ele! É ele que trouxe o amor!" o alfa disse, soltando ainda feromônios contentes. Os dois continuaram o contato visual, suavemente e delicado. É amor.
— Agora eu entendo o que é amor… — Eijirou murmurou. — É você. — Bakugou sorriu, deixando uma lágrima cair.
— Eu te amo, cabelo de merda. — Soltou, de modo sincero e poético. Ele se sentia vivo…
Vivo.
Ele sentia a dor de uma perda, a culpa, mas do outro lado, sentia o amor e a calma, que só estavam nessa intensidade pelo momento difícil anterior…
Viver
Viver pra amar e sentir todas as sensações.
Viver...
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Eu amo tocar nesse ponto, vcs já perceberam né kskska. Isso é simplismente porque é a minha filosofia de vida, viver é sonhar, amar e sofrer, é desfrutar tudo que o mundo tem a te oferecer, e achar um objetivo.
Se você está passando por algo difícil, não vai ser o fim, você pode reescrever isso é tirar o melhor da situação, ou só chorar pra desabafar, tá tudo bem (◍•ᴗ•◍)❤
Momento couth acabou, votem e comentem aí seus cuzoes que eu amo.
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