⚔ Capítulo 11
AURIEL
Faltavam apenas duas semanas para o grande festival da primavera, evento mais aguardado por todos da cidadela, principalmente dentre os membros da corte de meu pai; mas ser um Príncipe significava ter responsabilidades e preocupações bem mais importantes. Festejar junto ao meu povo não entrava para a lista de afazeres. Ainda que eu ansiasse por participar, meus deveres com a coroa não me permitiam comemorar o equinócio como um homem comum.
Porque eu não era um homem comum. E odiava meu título a cada ano, estação e segundos passados.
Após viajar por vários dias incansáveis, todo o meu corpo doía como se mil agulhas penetrassem-me, uma a uma. As pontas afiadas fincavam na pele e , a cada trote do cavalo, as agulhas afundaram ainda mais. Então de novo e de novo, a perfuração tomava conta, principalmente na lombar e músculos dorsais. Após enfrentar alguns rebeldes na fronteira do sul, esperava ansiosamente por meu doce e sonhado descanso. Ao invés disso, ganhei mais dois dias de viagem, o odor forte de metal e calor insuportável das minas de escavação.
Era seguro dizer que eu não estava nada feliz.
Os túneis da mina eram desconfortáveis o suficiente para que eu desejasse a morte e fiscalizar o trabalho dos escavadores não deveria estar na lista de tarefas para um Príncipe Herdeiro. Mas, enquanto meu irmão continuasse viajando, atividades menores como aquelas acabavam caindo sob a minha responsabilidade. Todavia, evitava me prolongar em reclamações, afinal, algumas visitas não eram tão incômodas. E eu já estava familiarizado com a nova rotina, só não contava com um detalhe.
Assim que cheguei junto a pequena guarda no topo da colina, arrependi-me de não ter colocado uma armadura mais pesada naquela amanhã. Minha égua parou e, de onde estávamos, já era possível avistar a entrada para Salden — nome do território que unia a mina subterrânea de escavação e a ferrovia de distribuição. Atrás de mim, um grunhido animalesco se uniu aos gritos dos outros homens e a figura do terrível Nargo pousou a menos de dez metros de onde os membros da guarda estavam.
Eu não consegui esconder o choque, meus olhos saltaram, a inquietação e o pânico também afetaram minha montaria, que relinchava enquanto batia os cascos fortemente no gramado. A égua impulsionou-se para cima, movendo as patas no ar, quase me derrubando em um único movimento. Agarrei a correia e inclinei o corpo para frente, sussurrando palavras para acalmá-la.
Viajei por quase todas as cidadelas do Reino das Estrelas quando comecei a aprender sobre as políticas internas e, alguns anos depois, também visitei alguns outros territórios ao sul e leste de Lymurian, como o Reino de Cristais e o Reino de Areia. Encontrei diversas criaturas ao longo de meus vinte e cinco anos, mas era a primeira vez que me deparava com a odiosa fera das montanhas, o Nargo. Até então, acreditava-se que os nargos não passavam de seres mitológicos, como dragões ou fantasmas.
Mas aquele bicho diante de mim era tão real quanto eu.
As asas do animal se abriram, como se o bicho soubesse que infligiria medo aqueles homens com qualquer simples movimento. E ele parecia gostar do sentimento. Tomou o tempo para se exibir enquanto decidia a melhor forma de nos destroçar.
Reza a lenda que o Nargo era uma criatura mágica orgulhosa, como um pavão exibido de quatro metros de altura. Os olhos, pretos como carvão, miravam os alvos com desdém. Para ele, todos ali eram formigas prestes a serem esmagadas.
A fama da criatura, definitivamente, não se alastrara pelos territórios de Lymurian por sua doçura e simpatia.
O bicho possuía o esqueleto similar ao de um réptil, mas as asas eram tão grandes quanto as de um dragão. Claro que, ninguém nunca vira um dragão de verdade e não seria possível comprovar aquela suposição. Mas, para sorte ou azar, a semelhança entre as criaturas terminava ali.
Enquanto um se transformou em uma lenda-mítica prestigiada e digna de enfeitar bandeiras e brasões, os Nargos ganharam o ódio e medo associados ao seu nome. Eram assassinos cruéis e impiedosos, uma criatura sem qualquer senso de humanidade. Sua carcaça era tão negra quanto as pedras obsidianas e sua pele desmanchava-se em pó enquanto os ossos tornavam-se à mostra sempre que sofriam um ataque.
Era impossível feri-los.
Era impossível vencê-los.
Ainda montado em minha égua, suspirei aliviado quando ela se acalmou. Acariciei a pelagem, tão preta quanto a escuridão da Noite Sem Fim, e uma corrente gelada atravessou minha espinha quando senti os olhos afiados do Nargo sobre mim. Eu sabia que não poderia proteger nenhum de meus homens contra aquela fera, mas, ainda assim, levei a mão direita até o cabo da espada embainhada no cinto de couro ao redor da cintura.
O colete de proteção sob o uniforme fino de malha e couro de guerra esmagava a costela, mas a sensação não me incomodava àquela altura, era até reconfortante. Era uma proteção simples, mas teria de bastar.
O cabelo loiro-alaranjado balançava conforme o compasso da brisa, que o soprava para todos os lados. Meus olhos permaneceram fixados no Nargo como se pudesse parti-la com um único olhar. Mas eu era apenas um humano, e não tinha nenhum poder contra aquele bicho. Antes que pudesse avançar em sua direção, no entanto, o Nargo esboçou o que reconheci ser um sorriso, amargo e cheio de escárnio.
A criatura, em seguida, abaixou a cabeça e se impulsionou para cima, batendo as asas em direção ao norte. Boquiabertos e com as pernas tremendo, sem crer no que acabaram de presenciar, os soldados correram para a direção oposta.
— O que acha que aquela coisa veio fazer aqui? — perguntou Talius, que se remexeu ao meu lado, também montado em seu cavalo. Eu nem percebi que ele estivera ali, tão perto de mim, o tempo inteiro.
E me odiei por não conseguir parar de sorrir ao notar aquela preocupação cintilando nos olhos preto. Era uma reação puramente comum e nada dirigida a mim, eu sabia. Mas não conseguia impedir aquela agitação que tomava meu corpo sempre que Talius olhava-me daquele jeito.
Naquela manhã, antes de partirmos, Talius recebeu o título de supervisor-mor da guarda e esteve calado desde que saímos do castelo. Durante a viagem inteira ele parecia, antes de qualquer outra coisa, ausente.
Era bom vê-lo concentrado ema alguma coisa, em mim. Mas não pude deixar de me perguntar, naquele momento, se Talius já suspeitava do que poderíamos encontrar em Salden bem antes de chegarmos ali. No entanto, nada foi dito em voz alta. Ele costumava guardar muito do que pensava, e eu não podia julgá-lo por isso.
Deixando um suspiro escapar, encarei os olhos pretos e as linhas tensionadas no rosto dourado de Talius, meu amigo, e... nada, apenas isso. Bufei.
Eu ainda pensava em uma resposta, e o silêncio havia se tornado um incômodo.
— Creio que encontraremos as respostas lá dentro... — disse, finalmente. Antes mesmo que pudesse finalizar a frase, um grito grave e desesperado me cortou.
Em seguida, um estouro, que vinha do interior das montanhas, tomou a atenção de todos. Girei o corpo em direção ao estrondo. As colunas de pedra que se erguiam em direção aos céus estavam a poucos passos de distância, então optei por descer da montaria e seguir o restante dos homens a pé.
Ao meu lado, Talius fez o mesmo.
Na entrada da caverna, um homem de pele morena, com uma quantidade generosa de tecido amarrado na cabeça e suor pingando na testa, chorava e murmurava palavras em um idioma diferente enquanto balançava as mãos de um lado para o outro. Eu e Talius seguimos o homem até a fenda na montanha. Assim que atravessei a abertura e a escuridão nos cumprimentou totalmente, senti que a distância entre eu às paredes úmidas diminuía mais e mais à medida que avançávamos para baixo.
Meu coração batia acelerado, mas consegui reprimir a vontade dolorosa de correr para o outro lado. Preferia enfrentar cem Nargos a continuar preso por mais um segundo naquele casulo de pedras.
— Estamos quase chegando, Auriel. Aguente só mais um pouco. — Talius pousou a mão em meu ombro. Por sermos muito próximos desde a infância, ele era o único que só utilizava o honorífico em ocasiões formais ou quando estávamos na presença de meu pai, o Rei.
Aquilo era um alívio. Era muito mais confortável desse jeito, ter alguém me chamando pelo nome, especialmente Talius. As palavras me trouxeram alguma tranquilidade, não somente porque aquela tortura chegaria ao fim logo, mas porque sabia que não estava sozinho.
Enquanto estivesse com ele, eu ficaria bem.
— Aquele homem não falava nosso idioma — constatei, na tentativa de distrair a mente. Pensar em outras coisas ajudava em situações como aquela.
— É um dialeto Xiliano, acredito — respondeu Talius — ou Xinmalo, há tantas variações dos idiomas falados em Sarinab que não entendi muito bem o que ele disse.
Assenti com a cabeça e passei o resto do caminho me concentrando em manter a respiração regular. Percorremos mais alguns degraus para baixo e, então, começaram a surgir pequenos pontos de luz na escuridão. Tochas. Várias delas penduradas nas rochas salientes. O corredor de pedras por onde seguíamos ficou mais largo, dando lugar à área de mineração e separação de metais.
Ao final da caverna, uma abertura oval na montanha abria caminho para a floresta do lado de fora. Um fio de água corria entre os cascalhos do chão em direção aos arbustos e folhas verdes do lado de fora, desaguando no rio de Caluen logo abaixo do morro.
Do outro lado do rio, um trilho de ferro tomava lugar em meio ao verde das folhas. Andei mais alguns passos à frente para ver melhor e finalmente consegui respirar sem sentir uma tora de madeira pressionando meu peito, empurrando-me constantemente para baixo. Era bom não me sentir mais preso dentro de um ataúde, porque naquele instante conseguia ver uma saída.
A trilha de ferro continuava até onde os olhos não podiam mais ver, fazendo conexão entre as terras do leste, sul e oeste do Reino das Estrelas. Aquela linha, especificamente, ia diretamente para a cidadela vizinha, Guilea.
— Aqui! — alguém gritou, e outras vozes se misturaram ao caos e horror que ganhava vida gradualmente. Talius, como supervisor-mor, tomou à frente e correu até a margem para descobrir o que estava acontecendo. Acompanhei um pouco mais atrás, avançando com menos pressa. Assim que alcançamos o homem que gritava, entendi o alvoroço.
Os comboios de suprimento básico e materiais para a escavação haviam sido destruídos. A carcaça metálica fora quase completamente destroçada, estava tombada para o lado e arranhões marcavam toda a parte lateral superior do vagão. Ao meu lado, Talius gritou algo para os soldados que apenas consegui entender parcialmente, o dialeto falado em Sisabel ainda era estranho aos meus ouvidos.
Minha concentração estava fincada nos destroços.
E, então, eu vi.
Havia uma enorme quantidade de terra amontoada ao lado do comboio tombado e um rastro fino de fogo e fumaça emergia da parte de trás. Debaixo da terra, mãos e pés desmembrados apontavam para todos os lados, estáticos e ensanguentados. Sangue fluía com o filete de água que seguia para o rio e pedaços de carne humana queimada repousavam sobre os cascalhos.
— Alguns foram enterrados vivos — alguém disse, quase tão baixo que achei que estivesse apenas pensando alto.
— O que aconteceu? — Perguntei, a ninguém em particular, o horror estampado nos olhos. Havia visto batalhas que não causaram tanto estrago.
— O Nargo! Alteza! — um rapaz, baixinho, que tremia da cabeça aos pés, gritou enquanto corria em minha direção, ele abriu caminho entre os membros da guarda e fez uma curta reverência. Sangue tingia seu rosto rosado e lágrimas desciam de seus olhos azuis.
Observei um brilho sombrio familiar arder nos olhos do rapaz. Já tinha visto olhares como aquele antes, em meu próprio rosto. Era terror.
— Ele atacou primeiro o vagão das cargas novas e lançou labaredas na direção dos escavadores. — fogo? Nargos soltavam fogo? O rapaz se inspirou profundamente e apoiou as mãos no joelho. Ainda tremia. — Ele parou... E voltou para o céu. Achávamos que nos deixaria em paz... mas ele voltou com a fúria de mil cães do inferno e fez com que a terra desabasse sobre os que não conseguiram fugir. Morreram quase todos.
Eu podia sentir o olhar quente de Talius me fuzilando na nuca enquanto ouvia a história do garoto. Quis gritar com ele, mas eu era o príncipe, e estávamos em uma missão especial, cercado de súditos exaustos e feridos. Eu podia controlar meu desconforto, já estava acostumado com ele, afinal.
— É muito estranho — um homem alto e barbudo, o terceiro da fileira, conhecido como Kal, levou a mão esquerda até o queixo. O sotaque era arrastado, dançando entre as vogais e consoantes em um tom quase musical — Criaturas como os Nargos não costumam atacar dessa maneira...
— Sei muito bem o que vi! — insistiu o garoto, ainda tremendo. As vestes de cores simples, em tons de areia e o manto azul com a insígnia real na altura do peito indicava que ele não era um simples escavador. Senti pena e confusão. O que estaria ele fazendo ali?
— Ainda assim! — rosnou Kal. — Muito estranho...
— A menos que esteja sob o comando de alguém. — Talius concluiu, pensativo, em um tom que apenas eu pudesse ouvir, e um arrepio percorreu meu corpo. Odiava aquilo, odiava quando ele sussurrava palavras contra meu pescoço daquele jeito.
Talius deu as costas ao grupo de homens e foi conferir os danos que o Nargo deixou para trás uma última vez. Um burburinho tomou forma assim que ele retornou, mas todos se mantiveram contidos.
Era a segunda vez que eu visitava Salden, mas sentia-me como se fosse a primeira, já que antes eu era apenas um menino que brincava de se esconder entre as pedras da montanha. Para Talius, sempre foi muito mais simples liderar e dar ordens ali, principalmente porque ele estava acostumado com as visitas e todos os escavadores o conheciam.
Meu trabalho era marcar presença e observar, para que vissem que o Glorioso Rei Valkran e sua família real se importavam com o que estava acontecendo, que seus gritos e apelos desesperados estavam sendo ouvidos por alguém, que estávamos prontos para socorrê-los.
— Verifiquem se há mais algum sobrevivente e tragam todos para o lado de fora, incluindo os mortos... ordenou Talius aos membros da guarda. — Eu e Vossa Alteza voltaremos à Capital imediatamente — ele agora se dirigia aos escavadores —, vamos providenciar que os mortos e os vivos retornem às suas respectivas famílias. Em breve, uma carta com instruções promulgadas pelo Rei serão enviadas. Até lá, as escavações em Salden permanecerão interrompidas.
Os homens giraram em minha direção, e assenti com a cabeça, assegurando-os de que cada palavra seria cumprida. Talius terminou de repassar instruções breves sobre manuseio e cuidado com as vítimas que estavam feridas aos membros da guarda. Quando terminou, nenhum deles esperou mais nenhuma palavra para se locomoverem e atenderem ao pedido.
Antes que pudesse sentir o estômago embrulhar ao me deparar com os membros mutilados, segui Talius pelo corredor estreito e sufocante de pedras até conseguir ver a luz do sol e o céu do lado de fora outra vez. Só me dei conta do quanto era difícil pensar enquanto estivesse preso na montanha quando a brisa fina e o calor beijaram minha bochecha.
Aquele corredor estreito fazia eu me sentir como se estivesse dentro de um túmulo. Meu túmulo. Eu ainda respirava de forma pesada quando finalmente pousei os pés no gramado verde da colina.
Talius riu.
— Acha que seu medo vai acabar algum dia? — disparou Talius, e eu apenas revirei os olhos. Ele era o único que sabia da minha claustrofobia. Desde quando éramos crianças, era o único com quem me sentia seguro para compartilhar aquele segredo, o único com quem me sentia seguro para tudo, quase tudo.
— Cale a boca — ralhei. Ele riu de novo.
— Sabe, não é como se as paredes fossem lhe esmagar.
— Mas é exatamente isso que eu sinto. — rebati, marchando em direção à minha égua favorita. Ela destoava de todo o resto. Um ponto preto brilhante no meio do verde-capim da colina. — A propósito, de quem foi a ideia de construir uma passagem dentro de uma montanha?
Talius apenas deu de ombros.
— Costumava ser um refúgio — ele mirou o céu e usou a mão para cobrir os olhos, os feixes de luz solar iluminavam toda a pele amendoada. — É engraçado pensar que um lugar como este, que costumava ser símbolo de esperança e dias melhores, agora se transformou nisso.
Contive o suspiro. Observá-lo tão de perto daquele jeito provocava uma sensação torturante de prazer. Seus olhos reluziam em uma explosão de cores tímidas. Na sombra, o tom preto ficava ainda mais escuro, como carvão; mas ali, sob os raios de sol ao entardecer, eu percebia as nuances de violeta e azul ladeando a pupila.
Talius estava pensativo, talvez até mesmo um pouco abalado. Ainda estava bem fresco em minha memória o pânico em seu rosto ao ver a pilha de mortos soterrados. Decidi que seria melhor mudar o rumo da conversa.
— Acha mesmo que o Nargo pode ter agido sob as ordens de alguém?
O supervisor suspirou e montou em seu cavalo.
— Nenhuma criatura selvagem se comporta daquele jeito, mágica ou não... — concluiu, concentrando o olhar no horizonte. Ele juntou as mãos e estalou os nós dos dedos, o que sempre fazia quando estava pensativo. — Você notou como ele nos encarou? Aquilo não foi... natural. Os Nargos são como... cães raivosos, agressivos, principalmente quando encurralados. Assim que detectam ameaça, atacam. E este parecia... tranquilo, racional, eu diria.
Fechei os olhos e a imagem do Nargo invadiu meus pensamentos outra vez, a expressão debochada que parecia sorrir; olhos tão pretos quanto as sombras que dominavam o anoitecer pairavam à minha frente e, de súbito, abri os olhos. Talius estava certo, aquele comportamento para uma criatura animalesca como aquela não era natural.
Precisávamos voltar ao castelo.
— Parece que tudo está desmoronando — bufei. Peguei impulso e subi no dorso da égua, sentindo um gosto amargo no céu da boca ao ponderar retornar àquele mausoléu abandonado. — Às vezes sinto inveja de Dimitri — confessei, acariciando a pelagem de Princesa.
— Não fique tão triste. Você será rei algum dia e ele não, sei muito bem quem sente mais inveja... — Talius lançou um olhar significativo em minha direção antes de se virar para frente outra vez. — Eu também tenho, a propósito. — confessou, sorrindo. — Tenho inveja dos dois.
Gargalhei pela primeira vez naquele dia.
Talius movimentou as rédeas e as patas de seu cavalo movimentaram-se para frente, avançando com trotes rápidos colina abaixo. Demorei um pouco mais para sair do lugar, mas logo o alcancei. Princesa era veloz, e podia correr muito mais rápido do que aquilo, poderíamos chegar na cidadela e atravessá-la até o castelo em menos dias se estivéssemos sozinhos.
Mas Talius estava ao meu lado, e eu não queria deixá-lo para trás.
— Podemos trocar de lugar, se quiser — brinquei, obrigando-me a falar um pouco mais alto do que o som do vento. Ele ricocheteava meu cabelo para trás e cortava as palavras como uma foice afiada.
Talius deu de ombros.
— Pense positivo — gritou ele de volta, a voz grave e forte saía entrecortada. — Ao menos, voltaremos a tempo de aproveitar um pouco do festival.
Esbocei um sorriso torto e levantei a cabeça. Era verdade, ao menos, algo bom acabou resultando em toda aquela tragédia.
De onde estávamos, galopando colina abaixo em direção a estrada vermelha entre as florestas, era possível ver, na linha do horizonte, os pináculos cumpridos do castelo cortando as nuvens, como se fossem garras cinzentas de uma besta qualquer.
Uma pontada me atingiu no estômago ao pensar no castelo, mas não havia para onde ir senão à frente.
🎀Notas: Olá!! Muito obrigada por ter chegado até aqui! Estou tão feliz que estão gostando da história! Muito obrigada pelo engajamento, pelos comentários e pelos votos em EVE. Estou muito contente que estão gostando da nova versão e espero que se divirtam com a leitura. Para quem estava com saudade do príncipe Auriel, aqui está ele. Nesse capítulo não houveram alterações! E para os leitores novos: sejam bem vindos e espero que goste desses dois novos personagens que vão nos acompanhar até o final da história ♥
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